🔴 MARATONA ONDE INVESTIR 2º SEMESTRE: ASSISTA TODOS OS PAINÉIS DO EVENTO – CLIQUE PARA LIBERAR

Felipe Miranda: Ela é uma vaca, eu sou um touro

Diante da valorização recente, a pergunta verdadeiramente relevante é se apenas antecipamos o rali esperado para o segundo semestre, já tendo esgotado o espaço para a alta, ou se, somada à apreciação do começo de 2025, teremos uma nova pernada até o fim do ano?

5 de maio de 2025
20:26 - atualizado às 13:45
Imagem: Adobe Firefly

Quando o filósofo contemporâneo Alecsander Leite, conhecido popularmente como Dinho, vocalista dos Mamonas Assassinas, foi perguntado sobre as dificuldades de se lançar um segundo disco tão bom quanto o primeiro, respondeu com uma lógica de fazer inveja aos sofistas. Mandou algo mais ou menos assim:

“Olha, você tem razão. Normalmente, as bandas se preparam por anos, muitas vezes por décadas para seu primeiro disco. Na sequência, tem algo como um ano, um ano e meio para lançar o segundo. É muito mais difícil. Mas a gente já sabia disso. Então, lançamos o segundo disco em primeiro. E vamos lançar o primeiro disco como segundo. Problema resolvido!”

Qualquer conversa feita ao final de 2024 com o smart money interessado em ativos de risco brasileiros passaria por uma argumentação do seguinte tipo: “concordo que o kit Brasil, em particular as ações locais, ficaram baratas. No entanto, não há muito trigger neste primeiro semestre. A política fiscal ainda é muito ruim, o Trump Trade é ruim para mercados emergentes e os catalisadores potencialmente positivos só devem acontecer mais perto do final do ano, quando estaremos caminhando para redução da Selic e para a discussão do potencial rali eleitoral. Então, nosso time está cauteloso com a bolsa por enquanto. Talvez possamos aumentar risco mais pro final do ano.”

Em resumo, o eventual otimismo com os mercados brasileiros estaria reservado para o segundo semestre. Para o começo do ano, nada feito. As únicas saídas estavam no CDI e no dólar, sem apelar para a aceleração da fuga de cérebros do Brasil, daqueles que perderam em definitivo as esperanças e recorreram a uma solução mais definitiva: o aeroporto de Guarulhos. Afinal de contas, quem compraria mercado emergente e, em particular, um país cuja política fiscal é perdulária se Nvidia e as Mag7 oferecem o maior crescimento e representam o megatrend dos próximos 10 anos?

O jogo só acaba quando termina

Bom, ainda não terminamos o primeiro semestre e essa é sempre uma ressalva importante. Desempenhos patrimoniais e cotas de fundo são como trânsito, goleiro e árbitro de futebol. Você não pode elogiar enquanto o jogo não termina. Sob o risco de enveredarmos por um caminho semelhante à eleição de Oliver Kahn como melhor jogador da Copa do Mundo de 2002 às vésperas da final, arriscamos um balanço do primeiro semestre até aqui.

O EWZ, grosseiramente o índice mais acompanhado de ações brasileiras no exterior, sobe cerca de 20% no ano. O EWZS, mais focado em small caps, se valoriza 29%. Quando ninguém queria, quase sub-repticiamente, sem fazer muito barulho, a bolsa brasileira vive um rali vigoroso. Desafiando o consenso, o que se esperava para o segundo semestre acontece em alta velocidade nos primeiros meses de 2025.

Leia Também

Não é exatamente mérito próprio, esclareça-se. Talvez até possa haver um pouco de movimento idiossincrático de Brasil relacionado à reversão da minicrise que se instalou por aqui ao final de 2024. Corrigimos o pico do pessimismo com a nossa típica característica de reversão à média. Mas, fundamentalmente, a valorização dos ativos brasileiros se deve à inversão do Trump Trade e ao questionamento do excepcionalismo norte-americano.

Se, até o final do ano passado, as big techs norte-americanas e Wall Street em geral funcionavam como um aspirador de pó gigante na liquidez global, agora temos o contrário. Entramos no “sell America”, com o excepcionalismo americano, ao menos circunstancialmente, se transformando em repúdio e as Magníficas 7 ganhando a nova alcunha de Malévolas 7.

O dinheiro sai do dólar e vai alimentar outros países desenvolvidos e a periferia. Valorizações semelhantes à brasileira são vistas no México, na Colômbia, no Chile, e também em bolsas europeias.

Diante da valorização recente, a pergunta verdadeiramente relevante é se apenas antecipamos o rali esperado para o segundo semestre, já tendo esgotado o espaço para a alta, ou se, somada à apreciação do começo de 2025, teremos uma nova pernada até o fim do ano?

A bolsa e o próximo trigger

Minha primeira observação é de que essa história de tentar antecipar qual o próximo trigger para destravar uma determinada tendência em ativos financeiros é sempre capciosa.

Além da influência epistemológica das ideias de Nassim Taleb, de que os grandes movimentos são disparados por eventos imprevisíveis, de baixa probabilidade e alto impacto, há uma questão talvez ainda mais importante.

Se conseguimos a priori identificar um trigger relevante, o mercado já atribui probabilidade a esse evento potencial, de modo que, ao menos parcialmente, seus efeitos já estão no preço hoje. Ele já não é uma novidade.

Não à toa, os triggers, de fato, especiais são tipicamente conhecidos somente a posteriori. Um evento que não era esperado (e, portanto, não estava nos preços) acaba acontecendo e muda as coisas. Se era esperado, já estava em alguma medida incorporado às cotações.

Tentando agora responder mais pragmaticamente à pergunta acima, me inclino à percepção de que esse é apenas o início de um ciclo mais longo em favor dos mercados emergentes.

Se essa nova tendência está se dando, conforme já mencionado, por conta do pico (ou até mesmo do fim) do excepcionalismo norte-americano, falamos de um movimento de anos, e não de poucos meses.

O ciclo atual em prol da exuberância norte-americana e contrário aos mercados emergentes se iniciou em 2010. Foram 14 anos de construção! O ciclo anterior a esse ligado ao excepcionalismo dos EUA vigorara entre 1995 e 2000. E de 2000 a 2010 vivemos um momento favorável a emergentes e contrário a Wall Street. Placas tectônicas não se movem na velocidade do day trade.

As evidências de um dólar mais fraco, o que historicamente se correlaciona com alta dos mercados emergentes, se acumulam dia a dia.

A novidade do final de semana é a vigorosa e atípica valorização da moeda de Taiwan, cuja intensidade remete (com o sinal contrário) ao choque de Tailândia e Malásia de 1997.

Para nossos fins, vale observar o que a Gavekal escreveu a respeito (tradução livre): “Imagine agora um banqueiro central no Brasil, na África do Sul ou na Indonésia. De repente, o ambiente global é tal que: i) o dólar está fraco; ii) os preços de energia estão caindo; iii) os preços de alimentos recuam; e iv) a China estimula sua economia. Em resumo, o Natal chegou mais cedo para os Bancos Centrais de países emergentes.”

O fator Selic

Com efeito, essa é uma força poderosa à frente. Ao ciclo mais favorável para emergentes em geral, devem se somar elementos domésticos propriamente ditos para a valorização dos ativos brasileiros no segundo semestre.

O primeiro deles é justamente o prognóstico de redução da Selic a partir do final do ano — para efeitos de valuation, um juro básico de 15% é muito diferente de outro de 10%. Há estudos locais sugerindo que cada ponto percentual de redução da Selic pode impactar o preço justo de algumas ações em até 15%. Portanto, faça as contas.

Os impactos são de natureza distinta. Um custo de oportunidade do capital mais baixo implica múltiplos maiores (você pode pagar mais pelo mesmo lucro, porque o dinheiro demora mais para retornar naquela economia; princípio de não arbitragem). Portanto, a razão Preço sobre Lucro precisa subir. Mas, com juros menores, as despesas financeiras das empresas também caem. Sobra mais lucro.

Se o Lucro sobe e a relação Preço sobre Lucro também sobe, isso requer que os preços subam muito (se o denominador aumenta e a fração também aumenta, precisamos que o numerador aumente muito).

Além disso, um juro menor muda bastante a dinâmica do fluxo doméstico. Se hoje o investidor institucional local ainda é vendedor porque sofre resgates líquidos e a pessoa física só se interessa pela sopa de letrinhas das LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e afins, o cenário deveria mudar conforme a Selic caia. Isso transforma também a microestrutura do mercado.

Se hoje o fluxo é fundamentalmente gringo, há maior destaque, como corolário óbvio, das "ações de gringo”. O estrangeiro compra o que tem liquidez, ele conhece, o sell side tem modelo. Ele não vai comprar small caps brasileiras de pouca liquidez e desconhecidas. Esses são bichos muito sensíveis ao fluxo doméstico e à queda da Selic.

A tríade de ondas da bolsa

Se o primeiro momento trouxe uma concentração no setor financeiro e nas utilities, agora há uma segunda onda, de procura por ações cíclicas domésticas de maior duration — a introdução de Localiza e Cosan em carteiras recomendadas de grandes bancos neste mês não é mera coincidência. É um simbolismo de um movimento mais abrangente.

A terceira onda virá justamente nas small caps, quando virar o fluxo de resgates da indústria de fundos locais — e estamos caminhando pra isso.

Para completar a tríade, ao movimento de “sell America” em favor de emergentes e ao esperado início do ciclo de cortes da Selic no final do ano, se soma a incorporação da probabilidade de mudança do pêndulo de economia política em 2026 — lembre-se que o Merval começou a subir 14 meses antes da eleição de Javier Milei. Movimentos semelhantes acontecem na Colômbia e no Chile.

Se precisamos de evidências do quanto isso pode ser poderoso, basta lembrarmos do período recente de 2016 a 2019. Com o impeachment de Dilma Rousseff e a presidência de Michel Temer, o Ibovespa salta de 39 mil para 120 mil pontos. O movimento das small caps foi ainda mais vigoroso.

Se você ainda não viveu uma Temporada Microcap, pode se preparar. Não vai haver muitas chances adicionais. Um bull market brasileiro é coisa para presenciar três ou quatro vezes na vida. Basta um deles para mudar de patamar financeiro. Você só precisa dar certo uma vez na vida. Alguns podem achar otimismo exagerado neste momento de incerteza, mas prefiro isso a ser chamado de Dejair, facinho de confundir com João do Caminhão.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mantendo a tradição: Ibovespa tenta recuperar os 140 mil pontos em dia de produção industrial e dados sobre o mercado de trabalho nos EUA

2 de julho de 2025 - 8:29

Investidores também monitoram decisão do governo de recorrer ao STF para manter aumento do IOF

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os fantasmas de Nelson Rodrigues: Ibovespa começa o semestre tentando sustentar posto de melhor investimento do ano

1 de julho de 2025 - 8:13

Melhor investimento do primeiro semestre, Ibovespa reage a trégua na guerra comercial, trade eleitoral e treta do IOF

Insights Assimétricos

Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado

1 de julho de 2025 - 6:03

Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano

30 de junho de 2025 - 19:50

O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si

30 de junho de 2025 - 8:03

Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco

TRILHAS DE CARREIRA

Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada

29 de junho de 2025 - 7:59

De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE

27 de junho de 2025 - 8:09

Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF

SEXTOU COM O RUY

Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações

27 de junho de 2025 - 6:01

A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA

26 de junho de 2025 - 8:20

Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança

25 de junho de 2025 - 19:58

Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA

25 de junho de 2025 - 8:11

Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell

24 de junho de 2025 - 7:58

Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar

24 de junho de 2025 - 6:15

Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Precisamos (re)conversar sobre Méliuz (CASH3)

23 de junho de 2025 - 14:30

Depois de ter queimado a largada quase literalmente, Méliuz pode vir a ser uma opção, sobretudo àqueles interessados em uma alternativa para se expor a criptomoedas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nem todo mundo em pânico: Ibovespa busca recuperação em meio a reação morna dos investidores a ataque dos EUA ao Irã

23 de junho de 2025 - 8:18

Por ordem de Trump, EUA bombardearam instalações nucleares do Irã na passagem do sábado para o domingo

DÉCIMO ANDAR

É tempo de festa junina para os FIIs

22 de junho de 2025 - 8:00

Alguns elementos clássicos das festas juninas se encaixam perfeitamente na dinâmica dos FIIs, com paralelos divertidos (e úteis) entre as brincadeiras e a realidade do mercado

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tambores da guerra: Ibovespa volta do feriado repercutindo alta dos juros e temores de que Trump ordene ataques ao Irã

20 de junho de 2025 - 8:23

Enquanto Trump avalia a possibilidade de envolver diretamente os EUA na guerra, investidores reagem à alta da taxa de juros a 15% ao ano no Brasil

SEXTOU COM O RUY

Conflito entre Israel e Irã abre oportunidade para mais dividendos da Petrobras (PETR4) — e ainda dá tempo de pegar carona nos ganhos

20 de junho de 2025 - 6:03

É claro que a alta do petróleo é positiva para a Petrobras, afinal isso implica em aumento das receitas. Mas há um outro detalhe ainda mais importante nesse movimento recente. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã

19 de junho de 2025 - 9:29

Investidores terão um dia inteiro para digerir as decisões de juros da Super Quarta devido a feriados que mantêm as bolsas fechadas no Brasil e nos Estados Unidos

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar

18 de junho de 2025 - 14:40

Vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!). E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual? E qual deveria ser?

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar