Trump descarta demissão de Powell, mas pressiona por corte de juros — e manda recado aos consumidores dos EUA
Em entrevista, Trump afirmou que os EUA ficariam “bem” no caso de uma recessão de curto prazo e que Powell não reduziu juros ainda porque “não é fã” do republicano

Desde que voltou à Casa Branca, Donald Trump vem tecendo severas críticas ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e chegou a ameaçar demitir o dirigente do Banco Central (BC) dos EUA. Porém, neste domingo (4), o republicano abaixou o tom.
Em uma entrevista ao programa "Meet the Press" da NBC News, Trump descartou uma substituição antecipada de Powell. "Não, não, não. Por que eu faria isso? Eu terei a oportunidade de substituir essa pessoa em um curto período de tempo", disse o presidente norte-americano.
Porém, Trump voltou a cobrar Powell por uma redução nas taxas de juros, que estão, atualmente, na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano.
"Ele deveria baixá-las. E em algum momento, ele vai. Ele prefere não fazer isso porque não é meu fã. Ele simplesmente não gosta de mim porque acho que ele é um completo teimoso", afirmou o presidente na entrevista.
Vale lembrar que, na próxima quarta-feira (7), ocorre a chamada Super Quarta, quando o Comitê de Política Monetária brasileiro e o Federal Reserve (Fed) decidem, no mesmo dia, as taxas de juros nos dois países.
A expectativa é que o Fed mantenha os juros inalterados na próxima reunião. Dados divulgados na sexta-feira mostraram criação de 177 mil empregos nos EUA em abril, acima das projeções do mercado.
Leia Também
Na entrevista, Trump também comentou que outros países mantêm taxas de juros mais baixas, o que, segundo ele, coloca os Estados Unidos em desvantagem competitiva. "Estamos pagando muito mais do que outros países. Eles emprestam dinheiro a taxas muito mais baixas", declarou.
- VEJA MAIS: Ação brasileira da qual ‘os gringos gostam’ tem potencial para subir mais de 20% em breve; saiba o porquê
Trump sem medo de recessão
Trump também aproveitou a oportunidade para minimizar as preocupações com uma possível recessão no país, em meio às taxas impostas aos parceiros comerciais dos EUA e à desaceleração da economia.
Ao ser questionado sobre aceitar uma recessão como custo para alcançar seus objetivos econômicos, ele disse: “Está tudo bem. Eu disse que esse é um período de transição. Acho que vamos nos sair muito bem”.
O republicano também afirmou que os EUA ficariam "bem" no caso de uma recessão de curto prazo, uma vez que prevê, no longo prazo, que a economia ficará mais agitada quando suas políticas entrarem em vigor.
Trump ainda reforçou que as medidas adotadas por sua gestão visam fortalecer a economia no longo prazo, mesmo com eventuais efeitos negativos no curto prazo.
A declaração vem na esteira da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre dos EUA, que mostrou uma contração de 0,3% na taxa anualizada, a primeira queda desde o início de 2022.
- VEJA MAIS: A temporada de balanços do 1T25 começou – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
Norte-americanos, chegou a hora de gastar menos
O presidente dos EUA voltou a defender as tarifas comerciais elevadas durante a entrevista, especialmente contra a China. Segundo Trump, a imposição de alíquotas de até 145% é uma forma de proteger a indústria americana e corrigir o que chama de desequilíbrio comercial histórico.
"Nós perdíamos cinco a seis bilhões de dólares por dia com Biden. Agora, isso caiu drasticamente. Colocamos uma tarifa de 145%. Ninguém nunca ouviu falar disso.", afirmou.
Contudo, ao ser questionado sobre o impacto das taxas para os consumidores, Trump sugeriu que os americanos podem reduzir o consumo de produtos supérfluos.
“Eu não acho que uma garotinha de 11 anos precise ter 30 bonecas. Ela pode ter três ou quatro. Não precisamos gastar dinheiro com lixo vindo da China”, disse.
Além disso, ao falar sobre a principal promessa de campanha do republicano — que prometeu acabar com a inflação e turbinar a economia americana —, Trump argumentou que as tarifas reduzirão o déficit comercial dos EUA, gerarão receita para o governo e vão melhorar a economia doméstica.
Vale lembrar que dados recentes mostraram que, apesar de uma leve desaceleração na inflação anual, os preços de itens importados como pneus, utensílios domésticos e carrinhos de bebê seguem em alta.
Porém, Trump relativizou esses aumentos e disse que o foco deve ser a redução no preço da energia, como gasolina. “A gasolina é milhares de vezes mais importante do que um carrinho de bebê”, disse.
Já em relação à possibilidade de desabastecimento, o republicano negou que os norte-americanos devam esperar prateleiras vazias, mas insistiu que o consumo deve ser racionalizado. “Não estou dizendo que vai faltar. Só estou dizendo que as pessoas não precisam ter 250 lápis. Podem ter cinco”, afirmou.
A culpa é do outro: Trump sobre a gestão Biden
O republicano manteve a postura de vencedor da guerra comercial travada por ele e evitou fazer um mea culpa. Durante a entrevista, Trump negou que sua agenda econômica esteja causando danos estruturais. “As tarifas vão nos deixar ricos. Vamos ser um país muito rico”, declarou.
Até mesmo em relação à reação negativa de parte do mercado financeiro após o anúncio das novas tarifas, o presidente dos EUA conseguiu se esquivar. Ele afirmou que se responsabiliza pelas consequências, mas que está no cargo há apenas três meses.
“Ultimamente, eu me responsabilizo por tudo. Mas só estive aqui por pouco mais de 100 dias. Mesmo assim, já conseguimos reduzir custos. Estamos falando de uma economia que estava sangrando. Hoje temos um comércio muito mais equilibrado e parceiros que querem fazer acordos conosco. Mas tem que ser justo", disse em entrevista.
Trump criticou o ex-presidente Joe Biden e atribuiu a ele os problemas econômicos atuais.
"As partes boas da economia são minhas. As ruins são do Biden. Ele fez um trabalho terrível em tudo. Desde a economia até o uso do autopen, que ele nem sabia que estava assinando", disparou, fazendo referência ao episódio recente em que um indulto concedido a um aliado democrata foi atribuído ao mecanismo automatizado de assinatura do ex-presidente.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
As novas tarifas de Trump: entenda os anúncios de hoje com 14 países na mira e sobretaxas de até 40%
Documentos detalham alíquotas específicas, justificativas econômicas e até margem para negociações bilaterais
Trump dispara, mercados balançam: presidente anuncia tarifas de 25% ao Japão e à Coreia do Sul
Anúncio por rede social, ameaças a parceiros estratégicos e críticas do Brics esquentam os ânimos às vésperas de uma virada no comércio global
Venda do TikTok nos EUA volta ao radar, com direito a versão exclusiva para norte-americanos, diz agência
Trump já prorrogou três vezes o prazo para que a chinesa ByteDance venda as operações da plataforma de vídeos curtos no país
EUA têm medo dos Brics? A ameaça de Trump a quem se aliar ao bloco
Neste fim de semana, o Rio de Janeiro foi sede da cúpula dos Brics, que mandou um recado para o presidente norte-americano
Trump vai enviar carta para 12 países com proposta de ‘pegar ou largar’ as tarifas impostas, mas presidente não revela se o Brasil está na lista
Tarifas foram suspensas até o dia 9 de julho para dar mais tempo às negociações e acordos
Nem republicano, nem democrata: Elon Musk anuncia a criação de um partido próprio nos Estados Unidos
O anúncio foi feito via X (ex-Twitter); na ocasião, o bilionário também aproveitou para fazer uma crítica para os dois partidos que dominam o cenário político dos EUA
Opep+ contraria o mercado e anuncia aumento significativo da produção de petróleo para agosto
Analistas esperavam que o volume de produção da commodity continuasse na casa dos 411 mil bdp (barris por dia)
Onde investir no 2º semestre: Com Trump no poder e dólar na berlinda, especialistas apontam onde investir no exterior, com opções nos EUA e na Europa
O painel sobre onde investir no exterior contou com as participações de Andressa Durão, economista do ASA, Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, e Bruno Yamashita, analista da Avenue
Trump assina controversa lei de impostos e cortes de gastos: “estamos entrando na era de ouro”
O Escritório de Orçamento do Congresso estima que o projeto de lei pode adicionar US$ 3,3 trilhões aos déficits federais nos próximos 10 anos
Como a volta do Oasis aos palcos pode levar a Ticketmaster a uma disputa judicial
Poucos dias antes do retorno dos irmãos Noel e Liam Gallagher, separados desde 2009, o órgão britânico de defesa da concorrência ameaça processar a empresa que vendeu 900 mil ingressos para os shows no Reino Unido
Cidadania portuguesa: quem tem direito e como solicitar em meio a novas propostas?
Em meio a discussões que ameaçam endurecer o acesso à nacionalidade portuguesa, especialistas detalham o cenário e adiantam o que é preciso para garantir a sua
A culpa é de Trump? Powell usa o maior evento dos BCs no mundo para dizer por que não cortou os juros ainda
O evento organizado pelo BCE reuniu os chefes dos principais bancos centrais do mundo — e todos eles têm um inimigo em comum
Agência vai na contramão de Trump e afirma que Irã pode voltar a enriquecer urânio nos próximos meses; confira a resposta de Teerã
Em meio a pronunciamentos dos governos iraniano e norte-americano neste fim de semana, o presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou retorno do Irã à mesa de negociações
G7 blinda empresas dos EUA de impostos mínimos globais após pressão de Trump
O acordo para a tributação das companhias norte-americanas foi firmado em meio a uma decisão do governo Trump no megaprojeto de gastos
Trump tem vitória no Senado com avanço de megaprojeto de gastos, e Elon Musk solta o verbo: “Completamente insano”
Apesar da vitória, a votação não foi fácil. O projeto vem sendo criticado pela oposição e também por aliados, incluindo o CEO da Tesla
Recebendo currículos, Trump diz o que o candidato precisa ter para ser escolhido presidente do Fed
O mandato do atual chefe do banco central norte-americana acaba em maio do ano que vem e o republicano já está em busca de nomes para a sucessão
Será que deu ruim? Titãs de Wall Street passam por teste de estresse; confira se algum dos grandes bancos EUA foi reprovado
A avaliação considerou uma recessão global severa, com desemprego em 10% e queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) real de 7,8%
A guerra dos EUA com a China acabou? O sinal de Trump que pode colocar fim à disputa entre as duas maiores economias do mundo
Um ponto crucial para as tarifas serem suspensas teria sido acordado nesta semana, segundo fontes da Casa Branca
A guerra acabou, decreta Trump sobre Israel e Irã — mas nem ele mesmo tem certeza disso
Presidente norte-americano deu declarações conflituosas sobre o status do conflito entre os dois inimigos no Oriente Médio, que mantêm um cessar-fogo frágil
Trump dá aval para Powell subir juros, mas impõe uma condição para isso acontecer nos EUA
O presidente do banco central norte-americano participou do segundo dia de depoimentos semestrais no Congresso; já o republicano usou os holofotes da Otan para falar da política monetária norte-americana