Fed caminha na direção de juros menores, mas ata mostra racha sobre o número de cortes em 2025
Mercado segue apostando majoritariamente no afrouxamento monetário a partir de setembro, embora a reunião do fim deste mês não esteja completamente descartada

A quarta-feira (9) começou com o presidente norte-americano, Donald Trump, criticando — de novo — o Federal Reserve (Fed) por não cortar os juros nos EUA. O dia, no entanto, deve terminar com um aceno do banco central na direção do afrouxamento monetário ainda neste ano.
A ata da reunião de junho divulgada hoje mostrou que a maioria dos membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) prevê cortes de juros ainda em 2025. Atualmente, a taxa está na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. O problema é que as autoridades divergiram sobre a disposição para esses cortes.
Parte delas manifestou preocupação com a inflação alimentada por tarifas comerciais e pelos sinais de fraqueza do mercado de trabalho, enquanto outras olharam para o fortalecimento da economia norte-americana.
- E MAIS: Hora de ajustar a rota – o evento “Onde investir no 2º Semestre” reuniu gigantes do mercado financeiro com as principais oportunidades para o restante de 2025
“A maioria dos membros [do Fomc] avaliou que alguma redução da taxa básica de juros este ano provavelmente seria apropriada”, diz a ata, acrescentando que as autoridades viam as pressões inflacionárias induzidas por tarifas como potencialmente “temporárias e modestas”, enquanto o crescimento econômico e as contratações poderiam enfraquecer.
O mercado, por sua vez, aumentou levemente a chance de cortes de juros em setembro e manteve como probabilidade principal uma redução acumulada de 50 pontos-base (pb) até o fim do ano.
A ferramenta FedWatch de monitoramento do CME Group mostrava logo depois da divulgação da ata de junho que as chances de corte de juros em setembro subiu de 68,3% antes do documento para 70,2%.
Leia Também
A probabilidade majoritária continua de corte de 25 pb, que avançou de 43,2% para 43,4%. A possibilidade de corte de 50 pb avançou de 4,4% a 4,6%.
A chance de o BC americano retomar corte de juros em julho se manteve estável, a 6,7%, após divulgação de ata.
Até onde o corte de juros pode ir nos EUA
Considerando a maioria dos membros do Fomc que defende o corte de juros, as opiniões variam sobre o ritmo do afrouxamento monetário a ser conduzido pelo Fed.
Enquanto algumas autoridades disseram que o próximo corte poderia ocorrer já neste mês, algumas delas achavam na reunião de junho que nenhum corte neste ano seria apropriado.
A próxima reunião do Fomc está marcada para os dias 29 e 30 deste mês e nomes como Michelle Bowman e Christopher Waller já declararam publicamente que apoiariam a redução da taxa na ocasião se a inflação se mantiver sob controle até lá.
Olhando ainda mais de perto, a ata de hoje mostrou ainda que vários membros do comitê acreditam que o nível atual dos juros pode não estar longe de um nível neutro, o que significa que apenas alguns cortes podem estar por vir.
- Vale lembrar que o nível neutro é aquele em que os juros não freiam ou aceleram o crescimento da economia e que, na linguagem do Fed, a expressão “alguns membros” é maior do que “vários membros”.
ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE DE 2025: Investir no mercado internacional? Trump, IA, China, dólar
Trump, Powell e a pressão por juros menores
A divulgação da ata da reunião de junho do Fed ocorre em um momento em que Trump aumenta a pressão sobre o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, para a condução de cortes agressivos nos juros.
Horas antes da divulgação do documento de hoje, o republicano se referiu a Powell pela alcunha de "atrasado demais" e voltou a demandar o imediato corte de juros.
Segundo Trump, a taxa básica está 3 pontos percentuais acima do necessário.
"O 'atrasado demais' está custando aos EUA US$ 360 bilhões por ano em custos de refinanciamento", disse Trump na Truth Social, ao reiterar que os EUA não enfrentam inflação. "Corte os juros", acrescentou.
O índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) — a medida favorita do Fed para a inflação — acelerou para 2,3% em maio em termos anuais.
O Fed trabalha com uma meta assimétrica de 2% para a inflação no longo prazo. Isso significa que o banco central norte-americano não precisa esperar que a taxa esteja cravada em 2% para declarar que cumpriu a meta.
No entanto, Powell e outros membros do Fomc já manifestaram preocupação de que as tarifas comerciais de Trump ainda irão se refletir nos preços nos meses que virão.
"Muitos membros [do Fomc] observaram que o eventual efeito das tarifas sobre a inflação poderia ser mais limitado se acordos comerciais fossem firmados em breve, se as empresas conseguissem ajustar rapidamente suas cadeias de suprimentos ou se as empresas pudessem usar outras margens de ajuste para reduzir sua exposição aos efeitos das tarifas", diz a ata.
- VEJA MAIS: Já está no ar o evento “Onde investir no 2º semestre de 2025”, do Seu Dinheiro, com as melhores recomendações de ações, FIIs, BDRs, criptomoedas e renda fixa
O presidente norte-americano adiou mais uma vez a entrada em vigor das chamadas tarifas recíprocas, anunciadas no dia 2 de abril, mas já enviou cartas para uma dezena de parceiros comerciais com taxas que variam de 25% a 40%, além de ter mirado em outros setores com taxas elevadas a exemplo do cobre importado, que terá uma imposto de 50%.
Na reunião de junho, os membros do Fomc também observaram que “poderiam enfrentar compensações difíceis se a inflação elevada se mostrasse mais persistente enquanto as perspectivas para o emprego enfraquecessem”.
Nesse caso, segundo a ata, as autoridades disseram que avaliariam qual lado estaria mais distante das metas na formulação da política monetária. Além da inflação em 2%, o Congresso deu ao Fed a missão de garantir o pleno emprego.
Vale lembrar que a criação de vagas nos EUA desacelerou consideravelmente, embora o último relatório de emprego (payroll) tenha surpreendido os economistas de forma consistente.
Em junho, a economia norte-americana criou 147.000 vagas, bem acima da previsão de consenso de 110.000 postos de trabalho, enquanto a taxa de desemprego caiu inesperadamente para 4,1%.
O que Powell pode revelar em Jackson Hole: os três cenários mais prováveis para o investidor não ser pego de surpresa
Às 11h (de Brasília) desta sexta-feira (22), Powell deve fazer o que quase certamente será seu último discurso principal no conclave anual do Fed, que está sendo marcado por um dos períodos mais tumultuados de sua história
É o fim do reinado da Nvidia (NVDC34)? China fixa meta e traça plano para autossuficiência em chips
A DeepSeek já deu o primeiro passo e lançou uma atualização de seu principal modelo de IA apoiado em componentes fabricados no país
Do elogio ao bronzeado ao caso de amor bilionário: os detalhes do acordo entre Trump e a Europa que fixou tarifas em 15%
O acordo foi firmado no mês passado, mas novos detalhes sobre a estrutura desse entendimento só foram revelados agora e incluem tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores
Trump já comprou mais de US$ 100 milhões em títulos públicos e debêntures desde que chegou à Casa Branca
Algumas das empresas e instituições cujas dívidas agora pertencem a Donald Trump foram diretamente impactadas por suas políticas ou por decisões ligadas a seus negócios
O que pensam os dois dirigentes do Fed que remaram contra a maré e votaram pelo corte de juros nos EUA
Em uma divergência histórica, Michelle Bowman e Christopher Waller defenderam o corte de juros em 0,25 ponto percentual na reunião de julho
A mensagem do Fed sobre os juros que mudou os rumos da bolsa em Nova York
A ata da reunião de política monetária de julho foi divulgada nesta quarta-feira (20) e traz pistas sobre o que o mercado pode esperar do discurso de Powell em um dos eventos mais importantes realizados por um banco central
“Trump vai para o tudo ou nada no Fed de uma maneira que nunca vimos na vida”, diz Luis Stuhlberger
Segundo o gestor do fundo Verde, diante das perspectivas de queda do payroll, a política monetária será o grande trunfo de Trump; entenda o que ele quer dizer
Alô, Macron? O que Lula falou por quase uma hora com o presidente francês — e que pode tirar Trump do sério
A ligação do petista para o presidente francês faz parte de uma iniciativa para mostrar que o Brasil não está isolado em meio às tensões com os EUA
De peças automotivas a assentos infantis: mais de 400 itens entram na lista de tarifas de 50% sobre aço e alumínio de Trump
Com critérios de seleção pouco transparentes, itens como plásticos, partes de móveis, motocicletas e utensílios de mesa estão passam a ser tarifados pelos EUA
Bolsas na Europa celebram chance de encontro entre Putin e Zelensky, mas há muito em jogo — inclusive para Trump
Os principais mercados europeus fecharam esta terça-feira (19) com ganhos — a exceção do setor de defesa, que recuou — mas pode ser cedo demais para comemorar qualquer avanço na direção do fim do conflito entre Rússia e Ucrânia
Decisão de Flavio Dino, do STF, deixa os bancos em “situação inédita, complexa, sensível e insolúvel”; entenda
Representantes de grandes instituições financeiras do país relataram um impasse entre a determinação do governo dos Estados Unidos e a da Suprema Corte brasileira
Esta cidade brasileira é o segundo destino preferido dos nômades digitais para conjugar trabalho e lazer
Tóquio liderou o terceiro ranking anual de destinos preferidos dos nômades digitais para o chamado workcation
Zelensky admite pela primeira vez que Ucrânia pode trocar territórios em acordo de paz com a Rússia
Mudança de postura marca semana decisiva para um acordo, com líderes europeus reforçando apoio à Ucrânia em Washington
Eleições na Bolívia testam resistência de 20 anos de hegemonia política
Crise econômica, racha no MAS e ausência de Evo Morales transformam a eleição deste domingo em uma disputa aberta e histórica
Efeito Trump sobre investimento verde deve ser temporário, mas há receios de retração
A Net-Zero Banking Alliance sofreu sucessivas baixas logo no começo de 2025 e ainda há o receio de possíveis mudanças das agendas de instituições multilaterais, como o Banco Mundial
Agenda de tarifas do Trump: próximas semanas reservam novas taxas sobre chips e aço que podem chegar a 300%
Presidente dos EUA fala em taxações que podem começar mais baixas e subir depois, mirando semicondutores e metais em setores estratégicos da economia
Trump e Putin não selam acordo sobre guerra na Ucrânia; Zelensky entrará nas negociações
Enquanto Trump tenta mostrar força como negociador e Putin busca legitimar seus ganhos de guerra, Zelensky chega a Washington para não perder espaço na mesa de conversas
Nem Apple, nem UnitedHealth: a maior posição da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, é outra
Documento regulatório divulgado na quinta-feira (14) mostrou as atualizações de carteira do megainvestidor e deu indícios sobre suas apostas
Cidadania australiana para brasileiros: caminhos, desafios e as novas regras para viver legalmente no país
Com taxas mais altas e regras mais duras, brasileiros precisam de estratégia para conquistar cidadania na Austrália
Trump volta a criticar Brasil e diz que país “tem sido um parceiro comercial horrível” para os EUA
Presidente norte-americano também classificou o processo contra Jair Bolsonaro como “execução política” e defendeu tarifa de 50% sobre produtos brasileiros