Transição energética impulsiona corrida por minerais críticos, mas essa mineração gera novos problemas ambientais e sociais, aponta estudo
Estudo do Observatório da Mineração analisa impactos acumulados da mineração em quatro estados brasileiros — Pará, Minas Gerais, Bahia e Piauí — e revela riscos climáticos, hídricos e sociais associados à corrida por minerais críticos como lítio, cobre e níquel
A transição energética, necessária para conter as mudanças climáticas, está provocando uma verdadeira corrida global por minerais críticos como lítio, cobalto, níquel, grafite e cobre.
Esses insumos são essenciais para tecnologias de energia limpa, como baterias elétricas, painéis solares e turbinas eólicas.
O Brasil tem se posicionado como um dos principais fornecedores de minerais para a transição energética, com previsão de investimentos na ordem de US$ 64 bilhões (aproximadamente R$ 361 bilhões) até 2028 para a expansão do setor mineral no país, de acordo com relatório recém-lançado pelo Observatório da Mineração.
- VEJA MAIS: A temporada de balanços do 1T25 começou – veja como receber análises dos resultados das empresas e recomendações de investimentos
No entanto, o levantamento mostra como essa demanda crescente por minerais críticos está aprofundando riscos socioambientais já existentes em áreas marcadas por vulnerabilidades sociais, ambientais e climáticas.
“A mineração tem se vendido como uma ‘solução’ verde sustentável para a transição energética. Estamos saindo de uma dependência fóssil para outra ainda maior de base mineral que requer a abertura de centenas, talvez milhares, de minas em áreas sensíveis, como a Amazônia e o Cerrado”, explicou o diretor do Observatório da Mineração, Maurício Angelo.
O estudo “Riscos Climáticos Cumulativos: transição energética e a nova corrida minerária no Brasil” tem como foco quatro estados brasileiros com grande presença de mineração e potencial para novos projetos voltados à transição energética: Minas Gerais, Pará, Bahia e Piauí.
Leia Também
De acordo com o relatório, os quatro estados brasileiros foram escolhidos por apresentarem características específicas que potencializam os riscos socioambientais decorrentes dessa corrida por minérios críticos, a saber:
- Alta concentração de requerimentos e concessões minerárias para minerais estratégicos;
- Sobreposição com territórios de comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos;
- Cenários de estresse hídrico e desmatamento crescente, que podem ser agravados com novos empreendimentos.
Riscos climáticos cumulativos: conceito-chave do estudo
O estudo propõe o conceito de riscos climáticos cumulativos para descrever situações em que os impactos de diferentes fatores — como desmatamento, escassez hídrica, mudanças no regime de chuvas e desigualdades sociais — se somam e se reforçam mutuamente, gerando consequências mais graves do que se fossem analisadas isoladamente.
“Os riscos climáticos cumulativos surgem quando múltiplos estressores se sobrepõem em determinada região ou sistema, gerando vulnerabilidades mais intensas, menos previsíveis e de difícil reversão”, diz o relatório.
A expansão da mineração nos quatro estados analisados pelo estudo tende a gerar efeitos climáticos como calor e chuvas fortes fora de época, aumento dos dias secos consecutivos, perda anual de chuvas e temperaturas extremas, entre outros.
“Uma empresa de mineração de lítio chegou ao Vale do Jequitinhonha [MG] e derrubou mil árvores em uma região semiárida como a nossa. O impacto para a qualidade do ar e da água é muito grande. O Rio Araçuaí e o Rio Jequitinhonha estão quase desaparecendo”, alertou a indígena Cleonice Pankararu.
Minas Gerais detém 80% das reservas nacionais de lítio, e o principal polo de extração é o Vale do Jequitinhonha. “Com mais sete projetos em andamento, espera-se que a produção de lítio aumente cinco vezes até 2028 e atraia US$ 6 bilhões em investimentos na próxima década”, diz o estudo.
Outro impacto negativo da corrida por minerais críticos da transição diz respeito às emissões de gases de efeito estufa decorrentes da atividade mineradora em si. Nesse sentido, segundo Angelo, não basta trocar uma economia de base fóssil por uma de base mineral se não houver uma mudança nos padrões de produção e consumo.
Água, clima e mineração: uma combinação crítica
O estudo alerta que a disponibilidade de água é um fator-chave nos riscos climáticos cumulativos. A mineração para transição energética exige grande volume hídrico, e ocorre frequentemente em regiões com balanço hídrico negativo (mais evaporação que recarga) e marcadas por conflitos pelo uso da água.
“A extensão dos rios já diminuiu em grande parte de Minas Gerais, Goiás e Bahia, apontando para a redução da disponibilidade de água e o aumento da competição por recursos”, diz o levantamento.
Além disso, eventos extremos como secas prolongadas e enchentes severas têm se tornado mais frequentes e podem interromper atividades industriais, contaminar reservas hídricas e intensificar deslocamentos populacionais.
A pesquisa enfatiza ainda que a mineração pode prejudicar o fornecimento de energia elétrica no Brasil na medida em que nossa maior fonte vem das hidrelétricas.
“O gerenciamento dos impactos adversos da mineração exigirá das empresas uma abordagem proativa para a gestão de riscos, estruturas políticas sólidas para garantir incentivos eficazes e supervisão robusta por parte das autoridades”, diz o documento.
*Com informações da Agência Brasil
BRK Ambiental: quem é a empresa que pode quebrar jejum de IPO após 4 anos sem ofertas de ações na bolsa brasileira
A BRK Ambiental entrou um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar um IPO; o que esperar agora?
Os bastidores da nova fase da Riachuelo (GUAR3), segundo o CEO. Vale comprar as ações agora?
Em entrevista ao Money Times, André Farber apresenta os novos projetos de expansão da varejista, que inaugura loja-conceito em São Paulo
O rombo de R$ 4,3 bilhões que quase derrubou o império de Silvio Santos; entenda o caso
Do SBT à Tele Sena, o empresário construiu um dos maiores conglomerados do país, mas quase perdeu tudo no escândalo do Banco Panamericano
Citi corta recomendação para Auren (AURE3) e projeta alta nos preços de energia
Banco projeta maior volatilidade no setor elétrico e destaca dividendos como diferencial competitivo
De sucos naturais a patrocínio ao campeão da Fórmula 1: quem colocou R$ 10 mil na ação desta empresa hoje é milionário
A história da Monster Beverage, a empresa que começou vendendo sucos e se tornou uma potência mundial de energéticos, multiplicando fortunas pelo caminho
Oi (OIBR3) ganha mais fôlego para pagamentos, mas continua sob controle da Justiça, diz nova decisão
Esse é mais um capítulo envolvendo a Justiça, os grandes bancos credores e a empresa, que já está em sua segunda recuperação judicial
Larry Ellison, cofundador da Oracle, perdeu R$ 167 bilhões em um só dia: veja o que isso significa para as ações de empresas ligadas à IA
A perda vem da queda do valor da empresa de tecnologia que oferece softwares e infraestrutura de nuvem e da qual Ellison é o maior acionista
Opportunity acusa Ambipar (AMBP3) de drenar recursos nos EUA com recuperação judicial — e a gestora não está sozinha
A gestora de recursos a acusa a Ambipar de continuar retirando recursos de uma subsidiária nos EUA mesmo após o início da RJ
Vivara (VIVA3) inicia novo ciclo de expansão com troca de CEO e diretor de operações; veja quem assume o comando
De olho no plano sucessório para acelerar o crescmento, a rede de joalherias anunciou a substituição de sua dupla de comando; confira as mudanças
Neoenergia (NEOE3), Copasa (CSMG3), Bmg (BMGB4) e Hypera (HYPE3) pagam juntas quase R$ 1,7 bilhão em dividendos e JCP
Neoenergia distribui R$ 1,084 bilhões, Copasa soma R$ 338 milhões, Bmg paga R$ 87,7 milhões em proventos e Hypera libera R$ 185 milhões; confira os prazos
A fome pela Petrobras (PETR4) acabou? Pré-sal é o diferencial, mas dividendos menores reduzem apetite, segundo o Itaú BBA
Segundo o banco, a expectativa de que o petróleo possa cair abaixo de US$ 60 por barril no curto prazo, somada à menor flexibilidade da estatal para cortar capex, aumentou preocupações sobre avanço da dívida bruta
Elon Musk trilionário? IPO da SpaceX pode dobrar o patrimônio do dono da Tesla
Com avaliação de US$ 1,5 trilhão, IPO da SpaceX, de Elon Musk, pode marcar a maior estreia da história
Inter mira voo mais alto nos EUA e pede aval do Fed para ampliar operações; entenda a estratégia
O Banco Inter pediu ao Fed autorização para ampliar operações nos EUA. Entenda o que o pedido representa
As 8 ações brasileiras para ficar de olho em 2026, segundo o JP Morgan — e 3 que ficaram para escanteio
O banco entende como positivo o corte na taxa de juros por aqui já no primeiro trimestre de 2026, o que historicamente tende a impulsionar as ações brasileiras
Falta de luz causa prejuízo de R$ 1,54 bilhão às empresas de comércio e serviços em São Paulo; veja o que fazer caso tenha sido lesado
O cálculo da FecomercioSP leva em conta a queda do faturamento na quarta (10) e quinta (11)
Nubank busca licença bancária, mas sem “virar banco” — e ainda pode seguir com imposto menor; entenda o que está em jogo
A corrida do Nubank por uma licença bancária expõe a disputa regulatória e tributária que divide fintechs e bancões
Petrobras (PETR4) detalha pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos e JCP e empolga acionistas
De acordo com a estatal, a distribuição será feita em fevereiro e março do ano que vem, com correção pela Selic
Quem é o brasileiro que será CEO global da Coca-Cola a partir de 2026
Henrique Braun ocupou cargos supervisionando a cadeia de suprimentos da Coca-Cola, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento
Suzano (SUZB3) vai depositar mais de R$ 1 bilhão em dividendos, anuncia injeção de capital bilionária e projeções para 2027
Além dos proventos, a Suzano aprovou aumento de capital e revisou estimativas para os próximos anos. Confira
Quase R$ 3 bilhões em dividendos: Copel (CPLE5), Direcional (DIRR3), Minerva (BEEF3) e mais; confira quem paga e os prazos
A maior fatia dessa distribuição é da elétrica, que vai pagar R$ 1,35 bilhão em proventos aos acionistas
