🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 2T25 VAI COMEÇAR: ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

Maria Carolina Abe

Maria Carolina Abe

É jornalista formada pela ECA-USP, com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais para Jornalistas pela B3. Tem mais de 25 anos de experiência e passagem pelas principais redações do país - entre elas, Estadão, Folha, UOL e CNN Brasil. Atualmente, é editora de Empresas no Seu Dinheiro.

QUER PAGAR QUANTO?

Por que a Stone vendeu a Linx por menos da metade do preço que pagou por ela em 2020

Entenda por que houve uma mudança de valor tão grande na empresa de tecnologia e quais as consequências para as três companhias envolvidas

Maria Carolina Abe
Maria Carolina Abe
22 de julho de 2025
14:26 - atualizado às 14:34
Linx
Imagem: Shutterstok

A empresa de maquininhas Stone ganhou uma concorrência acirrada em 2020 e comprou a empresa de tecnologia Linx por R$ 6,7 bilhões. Mas o negócio não saiu como esperado, e a Stone acabou decidindo revender a Linx, agora para a Totvs (TOTS3), por R$ 3,05 bilhões.

Se você reparar bem nos valores, tem algo estranho nessa equação, que contraria a lógica do mundo dos negócios. A Stone vendeu a Linx por menos de metade do que pagou por ela cinco anos atrás. Não deveria ser o contrário?

Afinal, o que explica esse “desconto” na hora de passar a Linx para frente? Será que houve um erro de avaliação na época em que a Stone fez o cheque de R$ 6,7 bi? E quais são as consequências agora para as três companhias — Stone, Linx e Totvs?

O Seu Dinheiro ouviu alguns gestores e analistas de mercado para tentar explicar. Confira a seguir.

Afinal, por que mudou tanto o valor da Linx?

Para entender um pouco por que a Stone acabou desembolsando um valor tão alto em 2020, é preciso lembrar do contexto, aponta Marcos Camilo, CEO da Pulse Capital.

Em primeiro lugar, naquele ano, o lockdown da pandemia havia impulsionado a transformação digital, aumentando muito a demanda por digitalização e deixando o mercado de tecnologia super aquecido. E a Linx é uma empresa desse segmento.

Leia Também

  • VEJA TAMBÉM: O que você precisa saber para investir agora? O Touros e Ursos, podcast do Seu Dinheiro, convida os principais especialistas do mercado para dar o veredito; assista aqui

Além disso, o mercado de capitais também estava muito aquecido, com taxas de juros em níveis historicamente baixos no Brasil e no mundo, governos imprimindo muito dinheiro e forte liquidez. 

“Nesta época, teve muito deal inflacionado, sobretudo no mercado de tecnologia. Agora o mercado está se ajustando ao pós-pandemia e os valuations estão voltando aos parâmetros mais técnicos”, avalia Camilo.

E não é só isso. Vale lembrar também que, naquele momento, havia uma série de empresas querendo levar a Linx — inclusive a própria Totvs fez propostas altas. “A Stone fez uma proposta agressiva para levar. Faz parte.”

Houve uma falha de avaliação da Stone?

Para Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, “é razoável” dizer, sim, que houve uma falha de avaliação por parte da Stone. 

“A empresa apostou numa expansão agressiva para além do seu core em adquirência, num momento em que o mercado valorizava crescimento e plataformas integradas. No entanto, a execução falhou. A integração entre os sistemas foi mais difícil do que o previsto, as sinergias prometidas não se realizaram plenamente e o ambiente macroeconômico virou contra o modelo de negócio”, afirma Belitardo.

“O valuation pago foi elevado, num momento de múltiplos inflados pelo cenário de juros baixos e excesso de liquidez. A própria Stone reconheceu isso implicitamente ao realizar a venda com deságio expressivo”, conclui o gestor.

Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp, pondera que “não foi um erro absoluto, mas uma expectativa que não se concretizou”, algo a que as empresas estão suscetíveis de acontecer.

“Na época, a Stone apostou que a integração da Lynx com o portfólio dela poderia trazer ganhos significativos de sinergia, especialmente no que diz respeito a aumentar a atuação no varejo, que é um mercado estratégico para eles”, explica a analista.

“Mas o que se viu foi um descompasso entre o que foi prometido e o que efetivamente foi alcançado. (...) Acho que a gente não pode chamar de erro, mas talvez uma avaliação excessivamente otimista dos benefícios dessa compra.”

Quais as consequências do acordo para Stone, Totvs e Linx?

Agora que o (novo) negócio está fechado, como ficam as três envolvidas?

  • Stone

Sanchez vê o movimento como positivo para a empresa, que conseguiu se desfazer de um ativo que não estava gerando o retorno esperado e agora pode focar nas suas operações principais. 

Belitardo concorda com este ponto, e acrescenta que a Stone reduz sua complexidade operacional e libera caixa. Por outro lado, cristaliza um prejuízo contábil relevante, impactando sua credibilidade em M&A.

  • Linx

Para a Linx, sob nova direção, o cenário é de reestruturação e recuperação de competitividade. 

“A Totvs é líder em software de gestão no Brasil, tem sinergia clara com o core da Linx (varejo e meios de pagamento), além de know-how para integração. A tendência é que a Linx ganhe fôlego dentro de uma estrutura mais sólida e focada, com potencial de sinergias reais em canais de distribuição, base de clientes e desenvolvimento tecnológico”, segundo o gestor da Hike.

Para a analista da Levante, a Totvs tem uma presença geográfica e uma capacidade de atendimento que “pode fazer com que a Linx ganhe uma nova dimensão do mercado”.

  • Totvs

Para a Totvs, o negócio foi estratégico, avalia Belitardo, pois fortalece seu braço de soluções para o varejo, amplia a base de clientes e integra novas verticais. “A aquisição foi feita a um preço atrativo, com potencial de retorno elevado se houver sucesso na integração. Consolida ainda mais sua posição como maior empresa de software corporativo da América Latina.”

Camilo concorda que a Totvs sai ganhando com o negócio, já que tem muitas sinergias de produtos e mercados com a Linx. 

“A Linx tem bons produtos de software para grandes redes de varejo, targets pouco explorados pela Totvs. E a Totvs agora terá também um forte canal para vender seus produtos via cadeia da Linxs. A Totvs tem muitos produtos, comprou muitos negócios nos últimos anos e tem um portfólio grande para gerar receitas na rede da Linx. E a Linx tem um produto que a Totvs não tem.”

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
BOLA DE CRISTAL NA B3

Banco do Brasil (BBAS3), C&A (CEAB3), Vivo (VIVT3) e mais: os destaques positivos e negativos do 2T25 na opinião do Santander

22 de julho de 2025 - 16:13

Em meio a um cenário macroeconômico conturbado, além do BB, Lojas Renner (LREN3), BTG Pactual (BPAC11), RD Saúde (RADL3) também estão no radar dos investidores

NO DETALHE DO PROJETO

Vale (VALE3), CSN Mineração (CMIN3), Gerdau (GGBR4) e mais: megaprojeto chinês é risco ou oportunidade para as empresas brasileiras? 

22 de julho de 2025 - 14:58

Analistas ponderam sobre a consistência do rali diante da megaobra chinesa e mantêm cautela para o setor de mineração e siderurgia no Brasil

PRESSÃO AÇUCARADA

Após pedido de Trump, Coca-Cola lançará versão adoçada com açúcar de cana nos Estados Unidos

22 de julho de 2025 - 14:11

Nova fórmula deve estrear no outono americano e amplia portfólio da marca; presidente pressionou empresa a trocar o xarope de milho por “açúcar de verdade”

TOUROS E URSOS #231

Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4), Petrobras (PETR4), Vale (VALE3): o que esperar dos balanços das brasileiras no segundo trimestre? 

22 de julho de 2025 - 12:05

No Touros e Ursos desta semana, a analista da Empiricus Larissa Quaresma compartilha suas perspectivas sobre os principais balanços das companhias listadas na B3

SEM LUZ E SEM ÁGUA

Lembra dos apagões de 2023 e 2024 em São Paulo? Enel realmente falhou, conclui CGU

22 de julho de 2025 - 11:18

A falta de energia elétrica, que ocorreu após temporais que atingiram a região metropolitana, chegou a afetar o fornecimento de água da Sabesp

FINALMENTE SAIU DO PAPEL

Totvs (TOTS3) enfim abocanha a Linx, da Stone, por mais de R$ 3 bilhões. O que está por trás da compra bilionária?

22 de julho de 2025 - 8:49

A Totvs conseguiu fechar uma das maiores transações no setor de tecnologia e software no Brasil dos últimos anos. Veja os detalhes da operação

CARTEIRA DE PEDIDOS

Embraer (EMBR3) faz história e atinge US$ 29,7 bilhões em pedidos no 2T25; confira os setores que lideraram a expansão

21 de julho de 2025 - 19:34

Segundo a fabricante brasileira de aeronaves, o impulso veio de novos contratos, das entregas aceleradas e de uma forte expansão internacional

LOOK COMPLETO

Surpresa positiva na moda: Itaú BBA tem uma favorita para o 2S25 — saiba qual das três ações está no radar do banco

21 de julho de 2025 - 18:45

Com uma temporada forte de resultados se aproximando, o desempenho dos papéis das empresas do setor do vestuário já estão refletindo boa parte desse efeito

VENDER, VENDER, VENDER

CEO da Nvidia (NVDC34) aperta o botão de venda e se desfaz de ações da empresa; saiba o que está por trás do movimento

21 de julho de 2025 - 17:15

Jensen Huang abre mão de milhares de papéis da fabricante de chips após atingir a marca de primeira empresa do mundo a superar US$ 4 trilhões

WORKAHOLIC

‘Vou dormir no escritório’: o plano de Elon Musk para voltar a trabalhar sete dias por semana ajuda ações da Tesla (TSLA34)

21 de julho de 2025 - 15:56

Declaração acontece após as empresas do bilionário sentirem na pele os efeitos da dedicação do homem mais rico do mundo à política dos EUA

O QUE ESPERAR?

Um dos piores momentos da história recente da Intelbras (INTB3) passou e agora é hora de dar chance a ação, segundo o Santander

21 de julho de 2025 - 14:46

A expectativa do banco é que o segundo trimestre seja um ponto de inflexão para a empresa, que sofreu com troca de um sistema interno

MAIS UMA ATUALIZAÇÃO

Programa de fidelidade do Nubank (ROXO3) ganha nova versão; veja o que muda no NuCoin

21 de julho de 2025 - 14:27

O novo ecossistema da fintech inclui parceiros, como Shopee, Magazine Luiza e Amazon

HOT OR NOT?

O que esperar da safra de balanços do 2T25? BTG traça previsões para Embraer (EMBR3), Localiza (RENT3), Tupy (TUPY3) e Weg (WEGE3), entre outras

21 de julho de 2025 - 13:47

A previsão do mercado é de resultados sólidos, mas nada espetacular entre os setores — resta saber quais serão as estrelas da temporada

MERCADO ALIVIADO

Petróleo cai 1%, mas Petrobras (PETR4) sobe. Entenda o que faz as ações da estatal reverterem as perdas

21 de julho de 2025 - 12:11

Ministro de Minas e Energia diz que há espaço para que a petroleira reajuste para baixo o preço dos combustíveis, mas é outra notícia que mexe com os papéis nesta segunda-feira (21)

SEM VÍTIMAS

Incêndio atinge galpão em Barueri e afeta unidade da Positivo (POSI3); entenda a extensão dos danos

21 de julho de 2025 - 10:11

O incêndio no galpão da companhia vem em um momento delicado para a companhia brasileira de tecnologia

NEGÓCIOS EM FAMÍLIA

Vivara (VIVA3) troca comando do conselho: Marina Kaufman assume presidência no lugar do pai, Nelson Kaufman

21 de julho de 2025 - 9:48

Mudança marca transição geracional na joalheria e reforça continuidade da gestão familiar; Paulo Kruglensky retorna como vice

UMA NOVA UNIÃO?

Rede D’Or (RDOR3) e Fleury podem criar novo gigante da saúde para bater de frente com Dasa e Amil; ações FLRY3 saltam na B3

21 de julho de 2025 - 9:21

Segundo o colunista Lauro Jardim, d’O Globo, o principal objetivo da Rede D’Or seria a incorporação do Grupo Fleury; saiba o que isso significa para o setor e para os acionistas

ENTREVISTA EXCLUSIVA

C&A com preço de Zara? CEO refuta críticas e detalha estratégia por trás do valor na etiqueta: “tudo é relativo”

21 de julho de 2025 - 6:30

Em entrevista ao Seu Dinheiro, CEO da C&A, Paulo Correa, defende a estratégia de precificação da marca, que visa tornar a moda acessível a diferentes perfis de consumidores, com foco na personalização e adaptação às realidades regionais e climáticas do Brasil

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Como a C&A (CEAB3) está “desafiando” o cenário macro ao dobrar na bolsa com a Selic a 15% ao ano; CEO explica a estratégia

21 de julho de 2025 - 6:01

O Seu Dinheiro conversou com o CEO da C&A Brasil, Paulo Correa, para entender o que está por trás do sucesso na bolsa muito maior que o das concorrentes e do avanço dos resultados da empresa

VALE A PENA?

Ajustes estratégicos da Copel (CPLE6) para o Novo Mercado rendem recomendação de compra para as ações

20 de julho de 2025 - 16:52

Santander vê com otimismo a transição, projetando ganhos em liquidez e governança para a companhia

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar