‘COP paralela’ pode ser o reforço que a COP30 precisa para aquecer o debate entre empresas que não vão à Belém
Altos custos, falta de estrutura e desistências não apagam o potencial da conferência para redefinir o papel do país no financiamento climático e na transição ecológica
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para 10 a 21 de novembro em Belém (PA), vai acontecer sob o peso de grandes expectativas. A edição amazônica do evento carrega o simbolismo de colocar o mundo frente a frente com a floresta que se tornou o epicentro da questão climática — e da esperança global.
Apontada como “a COP da implementação”, a grande promessa é de que, desta vez, a conferência ganhe os holofotes menos pelas negociações arrastadas e mais por resultados concretos.
Para além dos debates e metas entre as delegações de países, a iniciativa privada tem seus próprios objetivos e planos. As empresas devem dividir suas atenções entre a COP30, em Belém, e a “COP paralela”, em São Paulo e outras cidades do país.
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Ana Paula Abritta, diretora de estratégia e inovação da BMJ Consultores Associados, afirma que a participação das empresas em encontros paralelos e eventos satélites é tradicionalmente forte nas COPs. Entretanto, neste ano ganhou mais força diante do cenário de dificuldades logísticas no local principal.
Os preços absurdos de hospedagens foram destaque do noticiário por meses devido ao ineditismo da situação. Empresas, Organizações Não Governamentais (ONGs) e representantes da sociedade civil alegam que os custos são proibitivos — até mesmo países diminuíram suas delegações ou cancelaram participação devido aos custos.
“Os eventos da ‘COP paralela’ oferecem uma alternativa para empresas que não conseguem ou não querem arcar com os custos e desafios de Belém, mas ainda desejam engajar-se na agenda climática, apresentar projetos e fazer networking”, diz Abritta.
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O jogo das empresas na COP30: metas verdes e busca por capital
Independentemente dos problemas de hospedagem e infraestrutura em Belém, as empresas brasileiras têm planos ambiciosos para a COP30.
Pressionadas por regulamentações locais e internacionais, e atraídas pelo potencial financeiro de novos negócios sustentáveis, muitas empresas enxergam o evento como uma vitrine global para apresentar projetos e captar investimentos.
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 54% das companhias demonstram interesse na COP30. Entretanto, quando questionadas se viam um “potencial de fortalecimento da imagem externa da indústria brasileira” após o evento, 75% dos respondentes afirmaram que sim.
O levantamento ouviu mil empresas, de pequeno, médio e grande porte, em todo o país. O uso sustentável dos recursos naturais aparece como principal (20%) tópico de interesse das empresas, seguido por redução de custos (16%) e reputação na sociedade e com consumidores (14%).
Atendimento às exigências regulatórias (12%) e atração de investimentos (8%) também têm destaque na pesquisa do CNI.
A COP30 é vista como uma oportunidade de atrair crédito especializado. Segundo a BMJ, as empresas engajadas planejam lançar produtos e serviços ligados à economia de baixo carbono, além de buscar conexões diretas com investidores verdes, principalmente internacionais.
Renata Amaral, sócia da Trench Rossi Watanabe, afirma que há muito interesse internacional na agenda sustentável no Brasil. O escritório de advocacia tem trabalhado com clientes globais na estruturação de crédito associado ao financiamento verde e ao mercado de carbono.
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília são os principais polos para os encontros “paralelos”.
“São reuniões que normalmente se dão no mesmo período do evento e no mesmo local. Mas, por força da circunstância, vão acontecer em outras cidades. Mas não entendo isso como algo negativo. Não é um esvaziamento proposital. A agenda ganhou novos lugares e todo o país sediará esse debate”, diz Amaral.
O impacto do fator Amazônia
Se os desafios logísticos colocam a COP30 sob pressão, o “fator Amazônia” pode transformá-la em um divisor de águas, segundo Amaral.
“A decisão de sediar a COP ‘na floresta’ foi do Brasil e da comunidade internacional. A limitação física era esperada e não é nada fora da curva frente outras dificuldades que já vimos em outras sedes”, diz a advogada.
Amaral também é presidente da ICC (International Chamber of Commerce ou Câmara Internacional do Comércio) Brasil e acompanhou as conferências dos últimos anos. Segundo ela, já houve casos de as sedes ficarem sem água e interditar banheiros, terem filas quilométricas para comer por falta de comida suficiente e problemas de locomoção nas estruturas principais.
Na sua opinião, o ponto central de Belém é a floresta amazônica, e pessoas do mundo todo vêm em busca dessa experiência. A floresta também é o centro da estratégia do Brasil, com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) — uma das principais propostas do Plano de Transformação Ecológica.
O objetivo do governo é atrair US$ 125 bilhões para o fundo, sendo US$ 100 bilhões provenientes de capital privado.
“Belém tem o seu papel e vai desempenhá-lo. É o momento do Brasil, e o país está posicionado para se firmar como líder do compromisso de financiamento de recuperação e preservação de florestas. Acredito que o saldo será positivo”, diz Amaral.
O TFFF cria um mecanismo de remuneração contínua para países que mantêm suas florestas em pé, alinhando retorno financeiro com preservação ambiental. Se o modelo funcionar e o fluxo de recursos for efetivamente captado, o fundo pode se tornar uma das bases estruturantes da economia verde brasileira.
Vai ter quórum, com empresas em destaque
Para a BMJ, o esvaziamento de delegações da COP30 em Belém é uma possibilidade real, e não apenas alarmismo. Entretanto, Abritta aponta que a confirmação de 162 países, mesmo com desafios de acomodação, sugere que o evento terá um quórum mínimo.
Mas os principais resultados dos eventos devem sair das reuniões do empresariado e outras entidades presentes no evento. A alcunha de “COP da implementação” não está restrita ao avanço do debate entre os países.
A Sustainable Business COP (SBCOP), articulada pela CNI, reúne representantes do alto escalão das indústrias nacional e internacional, com um foco na implementação. Neste ano, a organização deve levar aos empresários de 40 a 50 dos melhores cases de sustentabilidade do mundo que foram apresentados na New York Climate Week, um dos principais eventos globais sobre clima.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, em setembro, o presidente da SBCOP, Ricardo Mussa, afirmou que o objetivo é “sair da teoria” e “influenciar através do exemplo”.
“É o que a gente chama de engenharia reversa. Em vez de fazer um projeto novo, vamos olhar o que já está funcionando e escalar”, disse Mussa.
Como presidente do ICC, Amaral afirma que o empresariado estrangeiro está atento e engajado. Ela acredita que muitos planos devem sair do evento e afirma que isso não significa baixo resultado.
“A agenda de acordos e compromissos não se encerra na COP30. As negociações acontecem antes e continuam depois, é um trabalho dinâmico e construtivo”, disse.
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