Ambipar (AMBP3) pavimenta caminho para recuperação judicial, com nova blindagem contra credores; ações derretem 50% na B3
Medida cautelar é só uma das dificuldades recentes que vem rondando o Grupo Ambipar; entenda as polêmicas na companhia

O que era verde começou a se tingir de vermelho. Depois de uma performance ruim dos green bonds (títulos de dívida verdes emitidos no mercado internacional) no exterior, a Ambipar (AMBP3), gigante de soluções ambientais, decidiu se antecipar e se proteger de cobranças dos credores.
Nesta quinta-feira (25), a Justiça concedeu pedidos liminares para uma ação de tutela cautelar em caráter antecedente ajuizada pelo Grupo Ambipar, que inclui a Ambipar, a Environmental ESG Participações e outras afiliadas do conglomerado.
A medida protege temporariamente a empresa de exigências de credores — em outras palavras, isso significa que, no momento, a companhia e suas subsidiárias não têm condições de pagar suas dívidas.
- CONFIRA: O podcast Touros e Ursos leva analistas de investimentos para um bate-papo sobre mercado financeiro e oportunidades; veja agora
A empresa de gestão de resíduos não revelou o prazo de blindagem contra credores. Mas, segundo documento judicial ao qual o Seu Dinheiro teve acesso, a proteção tem validade de 30 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 30 dias.
No despacho, o juiz Leonardo de Castro Gomes indicou quatro administradores judiciais capacitados para acompanhar o processo.
Esse tipo de ação funciona como um passo anterior à recuperação judicial, permitindo que problemas financeiros sejam tratados de forma mais amigável, sem a necessidade de um litígio longo.
Leia Também
As ações da Ambipar (AMBP3) derretem nesta manhã. Os papéis saíram de leilão de abertura com um tombo superior a 40% na B3.
Por volta das 11h37, as ações chegaram a perder metade do valor na bolsa, cotados a R$ 4,95. Na sessão passada, AMBP3 já havia desabado mais de 18% na B3.
Por que a Ambipar (AMBP3) quer proteção contra credores
Em fato relevante, a Ambipar explicou que a medida é resultado de operações recentes com derivativos ligadas aos green bonds, que “geraram consequências financeiras negativas em razão de variação na cotação e negociação de seus valores mobiliários”.
“O objetivo da medida cautelar é propiciar a continuidade das atividades empresariais do Grupo Ambipar e viabilizar a proteção a seus ativos, enquanto se busca junto aos credores uma alternativa viável para o adequado equacionamento de seus compromissos financeiros”, escreveu a companhia.
Entre os pedidos da Ambipar está a suspensão liminar de contratos que poderiam antecipar o vencimento das dívidas do grupo e de suas subsidiárias, além da exigibilidade de todas as obrigações relacionadas a esses contratos.
A Ambipar afirma seguir em “conversas positivas” com credores para tentar alcançar um acordo benéfico para todos os investidores.
Ao fim do segundo trimestre, o endividamento líquido da empresa somava quase R$ 6 bilhões, com uma alavancagem de 2,56 vezes o Ebitda anualizado do período.
Já no documento judicial, a Ambipar destaca que praticamente todos os contratos financeiros do grupo conteriam cláusulas de vencimento cruzado (cross-default).
Isso acarretaria, segundo a empresa, em um "gravíssimo risco de insolvência imediata" e um potencial do rombo financeiro de mais de R$ 10 bilhões, quando consideradas todas as operações com as instituições financeiras, que serão credoras do grupo em futuro pedido de recuperação judicial do grupo.
"A situação seria ainda mais grave porque determinadas instituições financeiras poderiam se apropriar de valores bilionários em contas correntes e investimentos das requerentes [empresas do Grupo Ambipar] sem sequer precisar ajuizar uma medida judicial", escreveu o juízo.
Entenda as polêmicas na Ambipar (AMBP3)
As turbulências da Ambipar não se limitam à ação de tutela cautelar. Nesta semana, a companhia anunciou sua sétima emissão de debêntures, de R$ 3 bilhões, para resgatar antecipadamente a terceira e a sexta emissões (EESG13 e AMBP16).
Ao mesmo tempo, houve uma debandada no alto escalão: o diretor financeiro (CFO), João Arruda, deixou o cargo após pouco mais de um ano, enquanto Pedro Borges Petersen renunciou à posição de diretor de RI.
Tudo isso ocorre em meio a um processo administrativo sancionador da CVM, que investiga suposta irregularidade na recompra de ações da Ambipar.
- Leia também: Ações e bonds da Ambipar (AMBP3) despencam, em meio a investigação da CVM e debandada no alto escalão
A atenção do mercado recaiu sobre a Ambipar em 2024, quando as ações dispararam de R$ 8 em maio para o pico de R$ 268 em dezembro.
O salto foi impulsionado por aquisições do controlador, Tércio Borlenghi Junior, programas de recompra e a entrada de fundos ligados a Nelson Tanure e ao Banco Master, que geraram um verdadeiro "short squeeze" nas ações AMBP3.
Há alguns meses, a área técnica da CVM chegou a levantar a hipótese de que a cotação das ações poderia ter sido inflada artificialmente, sugerindo que o controlador da Ambipar poderia ser obrigado a realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) devido às compras feitas em conjunto com os fundos ligados ao Banco Master e ao empresário Nelson Tanure.
Após a saída do presidente da autarquia, porém, a diretoria da CVM rejeitou a proposta e decidiu que o controlador da Ambipar não precisaria realizar a OPA — decisão que gerou desconforto no mercado e abriu espaço para críticas.
Iguatemi (IGTI11) tem potencial de valorização de 22%, na visão da XP; hora de ir às compras?
Corretora projeta crescimento nas vendas e nas taxas de ocupação dos shoppings da rede
Novo TikTok? Meta lança feed de vídeos por IA, mas usuários rebatem: “ninguém quer isso”
Disponível no app Meta AI e no meta.ai, recurso aposta em criação e remix — enquanto comentários negativos disparam
Embraer (EMBR3) compra combustível sustentável de aviação da Vibra (VBBR3) para acelerar pesquisa com biocombustíveis
O objetivo da fabricante brasileira é que suas aeronaves possam operar com uma provisão de 100% de combustíveis sustentáveis até 2030
O que é a microexplosão, fenômeno climático que devastou fábrica e forçou Toyota a adiar lançamento do Yaris Cross
Microexplosão em Porto Feliz destrói fábrica da Toyota e adia lançamento do Yaris Cross, afetando a produção de motores da marca
Direcional (DIRR3) ainda longe do topo: BB vê potencial para alta de mais 30% impulsionada por dividendos e Minha Casa Minha Vida
Constante no MCMV e com subsidiária Riva em ascensão, DIRR3 teve seu preço-alvo elevado pelo BB-BI para R$ 20, ante os R$ 14 anteriores
Quanto você pagaria por um botão? A Amazon precisou desembolsar US$ 2,5 bilhões por dificultar cancelamento do Prime
Amazon terá que reembolsar consumidores e facilitar o cancelamento de assinaturas de serviço Prime nos EUA
Ambipar (AMBP3) leva downgrade pesado: S&P rebaixa nota de crédito para nível de calote após pedido de proteção judicial
E não foi apenas a S&P que reagiu ao anúncio. A agência de risco Fitch também rebaixou a nota de risco da Ambipar, apesar de ter sido menos drástica
Agora vai? Braskem (BRKM5) contrata assessoria para ‘otimizar estrutura de capital’, em meio a sufoco financeiro
A gigante petroquímica tem sido estrangulada por prejuízos, alavancagem elevada e uma ininterrupta queima de caixa
Dividendos e JCP: Cury (CURY3) aprova distribuição de R$ 200 milhões em proventos
A construtora distribuirá o montante para os acionistas na forma de dividendos intermediários; confira as datas
Santander (SANB11) anuncia programa de recompra de units e ADRs; confira os detalhes
A iniciativa envolve a compra de até 37.463.477 units ou de ADRs do banco, correspondendo a aproximadamente 1% do total do capital social
Oi (OIBR3) não gera caixa suficiente e tem apenas nove meses de vida, diz observador da recuperação judicial
A avaliação foi solicitada pela 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro por causa do pedido de mudanças no plano de recuperação atual
Por que os investidores continuam otimistas com Itaú (ITUB4) e BTG (BPAC11) se as ações já não estão baratas? JP Morgan responde
Mesmo com sinais positivos para alguns bancos, o sentimento de cautela permanece forte entre os entrevistados pelo banco norte-americano
Vale (VALE3) vai turbinar dividendos aos acionistas? O BB Investimentos diz que sim — e vê ações brilhando ainda mais
A disciplina operacional da empresa e o cenário mais favorável para o minério de ferro vêm reforçando a atratividade da mineradora
Por que a JiveMauá topou financiar a Azevedo & Travassos (AZEV3), que “simplesmente não dá dinheiro”?
A gestora enxerga oportunidade no financiamento de duas concessões importantes para a Azevedo, a Rota Verde e a Rota Agro. Crédito faz parte de aposta em infraestrutura da JiveMauá
Minerva (BEEF3) foi barrada mais uma vez de comprar 3 plantas da Marfrig (MRFG3) no Uruguai
O negócio fazia parte do acordo firmado entre as empresas, que previa a transferência de 16 unidades de abate e processamento na América do Sul
BTG inicia a cobertura da Moura Dubeux (MDNE3) com recomendação de compra; o que o banco vê na construtora do Nordeste?
A construtora combina algumas das características mais importantes para uma construtora, segundo o banco
Azeite brasileiro quebra recorde no guia Flos Olei; veja quanto ele custa
Do reconhecimento global à prateleira do empório: o azeite Sabiá chegou ao topo do mundo com 98 de 100 pontos possíveis no Flos Olei
Assaí (ASAI3) processa Casino e pede bloqueio de todas as ações do GPA (PCAR3). O que está por trás da ação?
Rede de atacarejo busca se proteger de passivos tributários do Pão de Açúcar e evitar ser responsabilizada por dívidas bilionárias
Novos óculos inteligentes da Meta falham em evento com Zuckerberg — e a culpa não foi do wifi
No Meta Connect 2025, o Ray-Ban Display prometia ser o “iPhone dos wearables”, mas acabou protagonizando um fiasco com direito a bugs
Cyrela (CYRE3) anuncia data de pagamento de dividendos milionários; confira quem tem direito aos proventos
A construtora havia anunciado os proventos em 25 de abril deste ano, referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2024