Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
O pianista Claude Debussy sugeria que a qualidade de um som deveria ser definida por meio do silêncio entre as notas musicais.
De fato, sua composição mais famosa, Clair de Lune, orienta o ouvinte através dos respiros e nuances de velocidade — uma aula útil para o investidor que ambiciona trocar paciência por lucros além da média-variância.
Mas, antes de sermos investidores, um dia fomos crianças.
- VEJA TAMBÉM: CHINA vs EUA: Começou uma nova GUERRA FRIA? O que está em jogo nessa disputa - assista o novo episódio do Touros e Ursos no Youtube
E fomos treinados, desde a primeira infância, a buscar gatilhos nas coisas que estão para acontecer: a ansiosa expectativa pelo próximo aniversário; em breve, o papai noel vai descer a chaminé; a fada madrinha chegará com uma moedinha assim que o seu dente cair.
Não está errado; é óbvio que, via de regra, gatilhos derivam daquilo que acontece, dos turning points da existência narrativa. No entanto, eles também podem nascer daquilo que não acontece.
As notas do Ibovespa
Então, o que aconteceu para o clima ter melhorado tanto por aqui?
Leia Também
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
Neste fim de ano, experimentamos uma melhora substancial do risk-on em Brasil, ilustrada pela guinada de +11,58% do Ibovespa de 28 de julho a 28 de outubro.
De repente, a disputa bélica entre Trump e Lula não se confirmou, Galípolo não virou Tombini e o governo não dobrou a aposta em graves desatinos fiscais.
Todos esses vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, liberando o carry trade, sustentando o câmbio e reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026.
- LEIA TAMBÉM: Tenha acesso às recomendações mais valorizadas do mercado sem pagar nada; veja como receber os relatórios semanais do BTG Pactual com o Seu Dinheiro
Por outro lado, o investidor bitolado no novo ciclo eleitoral se decepcionou amargamente durante os últimos meses, distraiu-se com a perda de seu querido gatilho e viu passar inúmeros bondes rentáveis.
Em suma, tratou aquilo que deveria ser uma opcionalidade como obrigatoriedade.
A situação política até pode se reverter, não tenho dúvidas.
Veja só: apenas um mês atrás, o governo de Javier Milei foi enterrado vivo, e agora ressuscita em plenas forças.
Se a centro-direita brasileira tiver um candidato a presidente minimamente competente e aglutinador, começará o jogo, de pronto, com um piso generoso de 45% dos votos.
- Leia também: Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
Esqueça o ciclo eleitoral
Ainda assim, se eu quisesse lhe dar uma única recomendação financeira para este fim de ano, diria o seguinte: tente esquecer tudo isso de ciclo eleitoral por um momento e concentre-se na deliciosa letargia do tempo presente.
Se tivermos sorte e calhar de mais uma coisa ruim não acontecer, iremos rapidamente para os 160 mil pontos.
Um pedacinho das dívidas vai começar a virar equity em 2026.
Eu sei, é uma história entediante para a Netflix, mas perfeitamente adequada para o streaming sonolento da B3.
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano