Rodolfo Amstalden: A disputa epistemológica entre números e narrativas tem um novo campeão
Uma certa mudança de Zeitgeist epistemológico pode ser capturada nas últimas décadas, demarcando aquilo que eu ousaria chamar de um renascimento de Dionísio no campo de estudos financeiros

Como era de se esperar, o filosófico embate entre o apolíneo e o dionisíaco encontra também terreno fértil dentro do mercado financeiro.
Se tomarmos por base a linha histórica daquilo que se convencionou nomear de Moderna Teoria de Finanças, podemos concluir que o domínio de Apolo se estendeu durante a maior parte do tempo.
Suas principais contribuições racionais para a investigação de ativos específicos foram a análise de balanços, a comparação de múltiplos, o fluxo de caixa descontado e Black & Scholes.
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Em paralelo, o arcabouço técnico para alocação de ativos se pautou em modelos de fronteira eficiente, CAPM e multifatorial - entre outras derivações posteriores.
Naturalmente, todas essas ferramentas continuam sendo úteis e absolutamente imprescindíveis para o financista moderno. Sempre poderemos criticá-las por suas falhas e lacunas intrínsecas, mas só depois de apreendê-las devidamente.
O renascimento de Dionísio
No entanto, uma certa mudança de Zeitgeist epistemológico pode ser capturada nas últimas décadas, demarcando aquilo que eu ousaria chamar de um renascimento de Dionísio no campo de estudos financeiros.
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Dois marcos teóricos razoavelmente recentes embasam anedoticamente essa mudança de rumos: os livros “A Economia Narrativa”, de Robert Shiller, e “Narrative and Numbers”, de Aswath Damodaran.
Cada qual à sua maneira, ambos desenvolvem a tese de preponderância da função retórica (antes destacada por Deirdre McCloskey e Pérsio Arida) desempenhada nos campos econômico e financeiro.
Não só a estrutura narrativa importa como importa muito, talvez mais do que qualquer outro multifator.
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WEG e a força da narrativa
Só para citar um contexto contemporâneo, peguemos o exemplo de WEGE3.
A empresa é sabidamente reconhecida por comprar outros negócios, menores, a valuations muito mais convidativos que o dela mesma, acumulando eventos de M&A acretivos para os seus acionistas.
E essa sempre foi a história padrão.
Mais recentemente, porém, e em meio a um maior ceticismo com o case (a ação cai -23% nos últimos 6 meses), ouvimos a compra da Heresite por 5x EV/Ebitda (contra as 20x Ebitda da própria WEG) ser tratada de outra maneira.
Será que foi mesmo mais um M&A genial ou WEGE3 é que está terrivelmente esticada a 20x?
A amostra factual é rigorosamente a mesma dentre tantas outras aquisições bem feitas ao longo das últimas décadas, mas algo da narrativa mudou.
Qual o impacto dessa mudança sobre a trajetória exemplar de WEG em longo prazo?
Confesso que não sei.
Não há como prever todas as implicações do retorno de Dionísio ao poder.
Todavia, com o ChatGPT facilitando o acesso ao ferramental clássico da Moderna Teoria de Finanças, podemos imaginar um mundo no qual os futuros Faria Limers terão que ser recrutados na Faculdade de Letras.
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