🔴 SELECIONAMOS AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DO BTG PACTUAL PARA VOCÊ – ACESSE GRATUITAMENTE

Larissa Vitória

Larissa Vitória

É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril. Hoje é editora-chefe do Seu Dinheiro.

A CONTA DO 'FIM DA FARRA'

Mudança nas regras de LCI, LCA, CRI e CRA deve pesar mais para pessoas físicas; fundos imobiliários podem ‘passar ilesos’

As novas regras miram em impedir casos emblemáticos como o do Burger King, que utilizou um CRA para financiar a compra de carne dos hambúrgueres, mas devem acabar acertando também empresas que de fato fazem parte da cadeia agro ou imobiliária

Larissa VitóriaJulia Wiltgen
2 de fevereiro de 2024
19:19 - atualizado às 10:08
Vista aérea de uma cidade com muitos prédios | Fundos imobiliários fundo imobiliário
Fundos imobiliários (FIIs) - Imagem: Shutterstock

Ainda não é possível prever matematicamente qual será o impacto das mudanças implementadas pelo governo na indústria trilionária de títulos imobiliários e agrícolas isentos de Imposto de Renda. Mas especialistas afirmam que o movimento deve diminuir a oferta de ativos — especialmente no caso dos certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA).

“Entendemos que o mercado observará uma importante redução no volume das emissões desses tipos de papéis devido às severas restrições impostas pela resolução”, avalia Pedro Ferronato, analista de crédito estruturado da Brio Investimentos.

Vale relembrar que as novas regras, divulgadas na última quinta-feira (1) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), proíbem a estruturação de CRIs e CRAs com lastro em títulos emitidos por companhias abertas não relacionadas ao agronegócio e ao mercado imobiliário.

A restrição mira em impedir casos emblemáticos como o do Burger King, que utilizou um CRA para financiar a compra de carne dos hambúrgueres.

No entanto, deve acabar acertando também empresas que fazem parte da cadeia agro ou imobiliária, mas não tem mais de dois terços de sua receita consolidada vindos do setor — patamar exigido pelas novas regras —, e criar uma “zona cinzenta” jurídica.

“Haverá espaço para interpretação sobre que tipos de atividades podem ser consideradas inerentes ao mundo imobiliário ou do agronegócio. Há situações evidentes, uma construtora, no imobiliário, e um produtor rural, no agronegócio, por exemplo, mas há outras circunstâncias limítrofes que podem ser discutidas”, afirma o advogado José Alves Ribeiro Jr., sócio de mercado de capitais do escritório VBSO Advogados.

Leia Também

  • VEJA TAMBÉM EM A DINHEIRISTA - Posso parar de pagar pensão alimentícia para filha que não vejo há anos? A resposta está no novo episódio

Fundos imobiliários não devem sofrer, mas oferta de CRI e CRA para pessoas físicas pode diminuir

Já Carlos Ferrari, sócio-fundador do NFA Advogados e especialista em securitização, avalia que, mesmo com alguns casos ainda abertos à discussão, as mudanças limitam o uso de CRI e CRA no mercado.

“Ao fazer uma alteração que resulta na diminuição, ainda que parcial e segmentada, a mudança vai representar um retrocesso, reduzir o volume total da indústria e provocar alguns desafios para a retomada da estrutura que se tinha até hoje”, avalia Ferrari. 

E a redução dessa indústria deve ser mais sentida na ponta das pessoas físicas, responsáveis pela subscrição de mais da metade dos CRIs e CRAs emitidos no ano passado — R$ 48,2 bilhões de um total de R$ 90,97 bilhões, segundo informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

“A legislação se debruça mais especificamente sobre companhias abertas e estruturas de pagamento de aluguel, um pedaço grande da indústria e que tem mais investidores pulverizados e não institucionais”, explica o especialista.

Para os advogados do escritório VBSO, as novas restrições, combinadas com algumas exigências da resolução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) n. 60, que versa sobre as companhias securitizadoras, “em termos práticos torna muito difícil novas emissões de CRA destinadas ao público não qualificado”. Investidores não qualificados são aqueles com menos de R$ 1 milhão em aplicações financeiras, ou seja, o investidor de varejo.

Já os fundos imobiliários de “papel” — que recebem esse apelido justamente por investirem nos títulos imobiliários — não devem sentir tanto as mudanças, pois já focam em ativos que atendem às novas normas.

“A princípio, pode ter uma redução de pipeline, mas boa parte dos portfólios estaria enquadrada. Talvez seja necessário um novo aperfeiçoamento da regra pelo CMN para esclarecimento. De qualquer forma, CRIs atrelados a projetos de incorporação, home equity, contratos de compra e venda de imóveis já são predominantes nas carteiras dos FIIs”, destaca Caio Araújo, analista da Empiricus.

O analista da Brio, que gere FIIs com CRIs no portfólio, também prevê pouco impacto na casa: “Não temos em nosso pipeline qualquer operação de crédito corporativo que venha a sofrer restrições.Talvez o único impacto que tenhamos é algum ajuste mínimo no volume dos CRI para excluir eventual parcela de reembolso do lastro de emissão, mas nossa estimativa é de que o ajuste será mínimo, devido ao perfil de risco e tipo de estrutura que utilizamos aqui.”

Mas, apesar do número possivelmente menor, ainda poderá haver casos que esbarram na legislação. Ferrari — que atuou na assessoria jurídica em mais de 300 ofertas públicas em operações estruturadas e de securitização de recebíveis que totalizam mais de R$ 10 bilhões em captação — cita alguns exemplos.

O primeiro são as alocações complementares ou para fins de ajuste patrimonial de liquidez, nas quais CRIs de menor remuneração e emitidos por companhias abertas “eram muito bem usados e bem-vindos nas carteiras institucionais”.

Títulos com lastros em contratos de aluguel em operações que tenham partes relacionadas, algo comum em operações de sale and leaseback ou negócios intra-grupo, também não estão mais autorizados e podem fazer falta.

Quando esses ativos vencerem certamente terão que ser substituídos ou ocupados por outros tipos de CRI com lastros tradicionais, e esperamos que essa demanda seja suprida pelo crescimento da indústria imobiliária e do agronegócio. Mas temos uma postura antagônica por parte do Conselho Monetário em dissonância com o conceito de avanço do mercado e em prol quase exclusivamente de um desejo arrecadatório naquele que talvez não seja o lugar mais adequado, pois pode causar efeitos que não temos certeza da proporção

Carlos Ferrari, NFA Advogados

ONDE INVESTIR EM FEVEREIRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS, BDRS E CRIPTOMOEDAS — MELHORES INVESTIMENTOS

Mudanças também afetam LCIs e LCAs

Além dos CRIs e CRAs, as mudanças também afetam outros papéis conhecidos dos pequenos investidores e muito populares entre as pessoas físicas, como as letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA) e as letras imobiliárias garantidas (LIG).

Entre as principais novidades, o CMN decidiu ampliar de três para nove meses o prazo mínimo de emissão das LCA e para 12 meses o das LCI.

Em relação à LCA, o governo impôs limites para a aplicação dos recursos pelos bancos. A partir de julho, por exemplo, os recursos não poderão mais ir para operações que contam com subsídios da União.

Para José Alves Ribeiro Jr., do VBSO, as novas regras podem tornar mais escassas as emissões de LCI e LCA, pois o rol de ativos elegíveis para servir como lastro a esses títulos foi reduzido.

“Na LCI, as operações de home equity com pessoa jurídica ou home equity envolvendo imóvel comercial ficam de fora. Para LCA, saem diversos tipos de dívidas, como ACC, NCE, CCE, CRA e debêntures, e há uma redução escalonada do uso de operações de crédito rural subsidiado até que se torne proibido em 2025”, explica o advogado.

Mas vale destacar que, para todos os tipos de papéis, as novas regras só valerão para emissões futuras. Para quem detém algum desses instrumentos financeiros, tudo permanece como está até o vencimento do título.

A medida também não afeta as emissões de CRI e CRA que já se encontram em análise na CVM.

*Matéria alterada para corrigir os prazos mínimos de emissão de LCIs e LCAs.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TAXAÇÃO GERAL

Não são só as LCIs e LCAs! CRI, CRA e debêntures incentivadas também devem perder isenção; demais investimentos terão alíquota única

9 de junho de 2025 - 11:59

Pacote de medidas para substituir o aumento do IOF propõe tributação de 5% em todos os títulos de renda fixa hoje isentos, além de alíquota única de 17,5% nas demais aplicações

COMPENSAÇÃO DO IOF

Ainda vale a pena investir em LCI e LCA com o imposto de 5% proposto por Haddad? Fizemos as contas

9 de junho de 2025 - 10:36

Taxação mexe com um dos investimentos preferidos do investidor pessoa física; LCI e LCA hoje são isentas de imposto de renda

RENDA FIXA

Neon lança CDB que rende até 150% do CDI, de olho em novos clientes; veja como investir

4 de junho de 2025 - 15:49

Os Certificados de Depósito Bancário tem aporte mínimo de R$ 100; promoção será válida por dois meses

MAIS UMA

Petrobras (PETR4) está considerando emitir R$ 3 bilhões em debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda

26 de maio de 2025 - 19:41

Oferta da estatal seguiria outra oferta bilionária de dívida anunciada na semana passada, a da Vale

EMISSÃO BILIONÁRIA

Vale (VALE3) anuncia emissão de R$ 6 bilhões em debêntures isentas de imposto de renda com retorno inferior ao dos títulos públicos

22 de maio de 2025 - 20:31

Com isenção, porém, papel deve se manter atrativo em relação aos títulos Tesouro IPCA+; oferta será restrita a investidores profissionais

COLHER DE CHÁ

CMN reduz prazo de carência de LCIs e LCAs de nove para seis meses, mas fecha um pouco mais o cerco a CRIs, CRAs e CDCAs

22 de maio de 2025 - 19:22

Órgão afrouxa restrição imposta em fevereiro de 2024 a LCIs e LCAs, mas aperta um pouco mais as regras para outros títulos isentos de imposto de renda

SIMULAÇÃO

Vencimento de Tesouro IPCA+ paga R$ 153 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?

15 de maio de 2025 - 7:30

O Seu Dinheiro simulou o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro IPCA+ e em outros papéis de renda fixa; confira

CRÉDITO PRIVADO

Retorno recorde nos títulos IPCA+ de um lado, spreads baixos e RJs do outro: o que é de fato risco e oportunidade na renda fixa privada hoje?

12 de maio de 2025 - 15:17

Em carta a investidores, gestora de renda fixa Sparta elenca os pontos positivos e negativos do mercado de crédito privado hoje

NOVO AUMENTO

Retorno da renda fixa chegou ao topo? Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 14,75%

7 de maio de 2025 - 19:15

Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (7), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; mas ajuste pode ser o último do ciclo de alta

O QUE COMPRAR

Onde investir na renda fixa em maio: Tesouro IPCA+ e CRA da BRF são destaques; indicações incluem LCA e debêntures incentivadas

6 de maio de 2025 - 18:30

Veja o que BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos recomendam comprar na renda fixa em maio, especialmente entre os ativos isentos de IR

OBRIGADO, TRUMP!

Selic em alta atrai investidor estrangeiro para a renda fixa do Brasil, apesar do risco fiscal

6 de maio de 2025 - 12:58

Analistas também veem espaço para algum ganho — ou perdas limitadas — em dólar para o investidor estrangeiro que aportar no Brasil

NOVOS FORMATOS

Criptoativos de renda fixa: tokens de crédito privado oferecem retorno de até CDI+4% ao ano; é seguro investir?

4 de maio de 2025 - 9:02

Empresas aproveitam o apetite do investidor por renda fixa e aumentam a oferta de criptoativos de dívida, registrados na blockchain; entenda os benefícios e os riscos desses novos investimentos

DINHEIRO NO BOLSO

Tesouro Direto pagará R$ 153 bilhões aos investidores em maio; veja data de pagamento e qual título dá direito aos ganhos

1 de maio de 2025 - 16:37

O valor corresponde ao vencimento de 33,5 milhões de NTN-Bs, que remuneram com uma taxa prefixada acrescida da variação da inflação

VALE O RISCO?

CDBs do Banco Master que pagam até 140% do CDI valem o investimento no curto prazo? Títulos seguem “baratos” no mercado secundário 

15 de abril de 2025 - 19:26

Investidores seguem tentando desovar seus papéis nas plataformas de corretoras como XP e BTG, mas analistas não veem com bons olhos o risco que os títulos representam

O PAÍS DA RENDA FIXA

As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR

15 de abril de 2025 - 14:32

Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem

VALE A PENA?

Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA

9 de abril de 2025 - 18:35

Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual

ONDE INVESTIR

Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados

9 de abril de 2025 - 8:12

O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês

NEM QUE ME PAGUE

CDBs do Banco Master pagam até 160% do CDI no mercado secundário após investidores desovarem papéis com desconto

7 de abril de 2025 - 17:48

Negócio do Master com BRB jogou luz nos problemas de liquidez do banco, o que levou os investidores a optarem por resgate antecipado, com descontos de até 20%; taxas no secundário tiram atratividade dos novos títulos emitidos pelo banco, a taxas mais baixas

ABAIXO DO PREÇO

O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa

3 de abril de 2025 - 14:53

Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”

REDUÇÃO DE RISCO?

Banco Master diminui taxas de CDBs em meio à possível compra pelo BRB; veja como ficam as remunerações agora

2 de abril de 2025 - 19:13

O grupo Master já soma R$ 52 bilhões em CDBs investidos, mas o Banco de Brasília assumiria apenas uma parte desse passivo — que agora pode aumentar ainda mais

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar