Mais bancos vão quebrar? Fantasma de 2008 assombra os EUA e o maior banco central do mundo faz previsão assustadora
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a alertar sobre a situação do mercado imobiliário norte-americano, que foi o gatilho da crise de 2008, em meio à renovação de problemas bancários no país
Na Idade Média o sal era usado para afastar os maus espíritos — jogava-se nas portas, janelas e chaminés como uma forma de proteger os ambientes. No caso do Federal Reserve (Fed), não há sal que baste para afastar um fantasma bem conhecido do banco central norte-americano: a crise que ronda o setor imobiliário dos EUA.
Em uma reprise de 2008 — que ninguém quer assistir —, os clientes do New York Community Bancorp fizeram fila para sacar o dinheiro depositado no banco após relatos na imprensa norte-americana de que o NYCB estava em busca de capital para manter suas operações.
Em uma coincidência desagradável, em março do ano passado, uma série de bancos regionais norte-americanos levaram ondas de choque aos mercados e o Fed precisou agir rápido para evitar que o filme da crise financeira de 2008 se repetisse em uma nova roupagem.
- VOCÊ JÁ DOLARIZOU SEU PATRIMÔNIO? A Empiricus Research está liberando uma carteira gratuita com 10 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui e acesse.
Fed vê o fantasma e joga sal na porta
O Fed já viu o fantasma da crise bancária rondando por aí. Falando no segundo dia de depoimentos ao Congresso, o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, voltou a falar dos problemas do setor imobiliário nos EUA.
“O número de casas disponíveis para venda é baixo. Temos um problema de oferta no mercado imobiliário que vem de longa data”, disse ele aos senadores.
“O mercado imobiliário está em uma situação dificílima”, acrescentou Powell, repetindo o alerta feito no dia anterior aos deputados.
Falando à Câmara na quarta-feira (6), o presidente do BC dos EUA afirmou que o setor imobiliário representa um problema sério para bancos norte-americanos, com algumas instituições financeiras mais vulneráveis que outras.
Powell, no entanto, está jogando sal nas portas e janelas para impedir que o fantasma da crise volte de vez. “Acredito que quando entrarmos em uma situação de política monetária normalizada, as coisas tendem a se ajustar no mercado imobiliário”, afirmou.
A assombração da quebradeira dos bancos
Embora saiba que quando os juros voltarem a cair nos EUA, o setor imobiliário norte-americano deve sentir o alívio, o Fed se prepara para o colapso de mais instituições financeiras.
Powell disse hoje esperar mais quebras de bancos norte-americanos à frente, como resultado das turbulências no mercado imobiliário comercial (CRE, na sigla em inglês).
“Os problemas não estão nos grandes bancos”, disse ele, lembrando que os bancos maiores têm exposição mais limitada a esse setor.
Powell lembrou que as dinâmicas relativas à pandemia de covid-19 reduziram o uso de prédios em centros comerciais nos EUA — muitos dos quais têm empréstimos ativos com os bancos.
Segundo ele, o Fed está em contato direto com as instituições bancárias com atuação elevada nesse segmento e também com aquelas que têm uma base alta de depósitos sem a proteção de seguro.
Basileia 3 Endgame não é nome de bruxa
Muito pelo contrário: é a Basileia 3 Endgame que pode ajudar a barrar o fantasma da crise de 2008 na casa do Fed — embora seja muito controversa.
Se não é bruxa, o que é? Basileia 3 é um conjunto de regulamentos bancários internacionais que tem como objetivo promover a estabilidade no sistema financeiro global. A Basileia 3 Endgame é como está sendo chamada a etapa final dessas regras, que surgiram após a crise de 2008.
Falando no Congresso, Powell disse esperar que os reguladores bancários adotem mudanças amplas e substanciais no aumento da exigência de capital de grandes bancos.
“Devemos apresentar as nossas propostas ainda este ano. Não temos pressa porque acredito que é melhor bem feito do que feito rápido”, disse Powell aos senadores.
Cálculos mostram que os bancos norte-americanos podem perder até US$ 35 bilhões em receitas em 2025 com a entrada em vigor da Basileia 3 Endgame — por isso o Fed estuda ajustes nas regras, já que os titãs de Wall Street alertaram para o risco de encolhimento do crédito nos EUA.
Cada país decidirá como aplicar as regras acordadas globalmente, podendo levar a diferenças na prática.
As regras nos EUA, por exemplo, são bem mais punitivas e estudos já mostram que os bancos europeus podem ganhar metade da receita perdida por seus pares nos EUA a partir do ano que vem.
- LEIA MAIS: Investimento em BDRs permite buscar lucros dolarizados com ações gringas, sem sair da bolsa brasileira – veja os 10 melhores papéis para comprar agora
Nova pesquisa eleitoral liga sinal amarelo para governo de Joe Biden: Donald Trump segue à frente do democrata
No topo da lista de prioridades do eleitorado norte-americano, estão a proteção à democracia — sendo considerada extremamente importante por 58% dos entrevistados
Exército russo tem avanço diário sobre Ucrânia, que enfrenta soldados exaustos após mais de dois anos de guerra
Na semana passada, os Estados Unidos aprovaram um novo pacote bilionário para ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan
O que a queda do lucro da indústria da China pode significar para o mundo neste momento? Exportação de carros elétricos preocupa EUA e Europa
No acumulado do trimestre, o lucro cresceu 4,3%, para US$ 208 bilhões, o que representa uma desaceleração em relação à recuperação após a pior fase da pandemia de covid-19
Desdobramentos da crise dos bancos regionais nos EUA: Fulton Bank assume todos os depósitos e ativos do Republic First Bank
A partir deste sábado (27), as 32 agências do Republic First em Nova Jersey, Pensilvânia e Nova York reabrirão como agências do Fulton Bank
Obrigada, Milei? Carros na Argentina devem ficar mais baratos com nova medida
O governo ainda anunciou que será mantida a isenção de direitos de vendas ao exterior para as exportações incrementais
Os EUA conseguem viver com os juros nas alturas — mas o resto do mundo não. E agora, quem vai ‘pagar o pato’?
Talvez o maior ‘bicho papão’ dos mercados hoje em dia sejam os juros nos EUA. Afinal, o que todo mundo quer saber é: quando a taxa vai finalmente começar a cair por lá? As previsões têm adiado cada vez mais a tesourada inicial do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA). Mas a questão é: a […]
É tudo culpa dos juros? PIB dos EUA vem abaixo do esperado, mas outro dado deixa os mercados de cabelo em pé
A economia norte-americana cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano, abaixo das projeções de expansão de 2,5% e menor também que os 3,4% do quarto trimestre de 2023, mas os investidores estão olhando para outro indicador que também saiu nesta quinta-feira (25)
A terapia de choque de Milei deu certo? Argentina registra o primeiro superávit trimestral em 16 anos. Veja como presidente conseguiu
O chefe da Casa Rosada fez um pronunciamento em rede nacional para comemorar o feito — e alfinetar o antecessor
Adeus, dólar: Com sanções de volta, Venezuela planeja usar criptomoedas para negociar petróleo
O país liderado por Nicolás Maduro vem utilizando o Tether (USDT), a terceira maior criptomoeda do mundo, para vender petróleo desde o ano passado
Deputados dos Estados Unidos aprovam novo pacote bilionário de apoio à Ucrânia — e Putin não deve deixar ‘barato’
O novo pacote também prevê ajuda a Israel e Taiwan; Rússia fala em ‘guerra híbrida’ e humilhação dos Estados Unidos em breve
Leia Também
-
Desdobramentos da crise dos bancos regionais nos EUA: Fulton Bank assume todos os depósitos e ativos do Republic First Bank
-
Prévia da inflação veio melhor que o esperado — mas você deveria estar de olho no dólar, segundo Campos Neto
-
Bolsa hoje: Dólar cai a R$ 5,11 com inflação nos EUA; Ibovespa retoma os 126 mil pontos com NY e avança 1% na semana
Mais lidas
-
1
Bolsa ou renda fixa? Como ficam os investimentos após Campos Neto embolar as projeções para a Selic
-
2
Carro híbrido com etanol vira a “bola da vez” na disputa com modelo 100% elétrico: mas qual é a melhor solução?
-
3
LCIs e LCAs ‘obrigam’ investidores a buscar outros papéis na renda fixa, enquanto a bolsa tem que ‘derrotar vilões’ para voltar a subir em 2024