Crise nos bancos regionais reacende luz amarela em Wall Street: NYCB registrou prejuízo com setor imobiliário
O balanço deflagrou uma onda de vendas de ações dos credores médios nas bolsas de Nova York, que evocou as turbulências que vitimaram o Silicon Valley Bank (SVB)
O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já havia avisado, repetidas vezes, que o setor de imóveis comerciais dos Estados Unidos representa uma das maiores ameaças à estabilidade financeira do país, em especial dos bancos regionais. Mas coube a um banco relativamente pequeno o fardo de expor ao mercado os riscos de um estresse mais amplo.
O New York Community Bancorp (NYCB) relatou na semana passada um inesperado prejuízo de US$ 252 milhões no quarto trimestre, e ampliou as provisões para perdas a US$ 552 milhões, em uma decisão que visa lidar com a "fraqueza" na área de escritórios.
O balanço deflagrou uma onda de vendas de ações dos credores médios nas bolsas de Nova York, que evocou as turbulências que vitimaram o Silicon Valley Bank (SVB) em março do ano passado.
À época, o NYCB comprou o patrimônio do Signature Bank — outro banco regional em apuros — e viu seus ativos superarem US$ 100 bilhões, justamente o nível a partir do qual os reguladores propõem a imposição de normas mais duras como parte de uma reforma em estudo.
Bancos regionais protagonizam crise nos EUA
Para o Bank of America (BofA), esse escrutínio mais rígido está entre os fatores por trás das preocupações com o NYCB, que deve ter um aumento nas exigências de capital.
"Tal como evidenciado no caso do NYCB, os reguladores parecem ter paciência limitada para quaisquer deficiências ou qualquer aspecto de uma instituição que possa fazê-la parecer fora da curva", diz a análise.
No entanto, o debate sobre a arquitetura regulatória é apenas uma parte da equação que explica os problemas do NYCB.
E a perspectiva é negativa
Nesta semana, a Moody's colocou em perspectiva negativa o rating do NYCB, destacando também preocupações com lucros fracos, queda significativa na capitalização, perdas "inesperadas" com escritórios e imóveis multifamiliares e crescente dependência em níveis elevados de financiamento.
Embora longe de terminar, a temporada de balanços do quarto trimestre de 2023 já demonstrou que os resultados do NYCB são apenas um reflexo dos bancos regionais americanos, abalados pela queda nos lucros com o setor imobiliário comercial em meio ao aperto das condições financeiras pelo Fed.
Efeito dominó nos bancos
Outros bancos também estão em apuros. Houve recuo de aproximadamente 90% do lucro líquido em relação ao ano anterior na KeyCorp, cerca de 70% no Citizens Financial Group, e mais de 40% no PNC Financial Services Group.
A Truist Financial registrou prejuízo. As empresas de médio porte também enfrentaram dificuldades, como a queda de cerca de 90% no lucro líquido da Comerica e de mais de 50% do Zions Bancorporation.
Ainda mais grave, a deterioração do segmento de imóveis comerciais acende a luz amarela em Wall Street por conta do portfólio relevante de crédito desse tipo que muitos bancos regionais detêm.
O temor agora é de que um eventual colapso do setor provoque um efeito dominó que se espalhe mundo afora.
As dificuldades em questão remontam principalmente à pandemia de covid-19, que acelerou transformações em favor do trabalho remoto.
Por que o setor imobiliário preocupa?
Embora o arrefecimento da crise sanitária tenha permitido um gradual retorno aos escritórios, a ocupação dos prédios comerciais ainda não voltou aos níveis pré-pandemia nas maiores metrópoles.
Em Manhattan, o centro financeiro de Nova York, o comparecimento às sedes das empresas representava, em dezembro, 67% do que era no final de 2019, de acordo com o Real Estate Board of New York.
O problema atinge os bancos porque muitos deles têm linhas de crédito diretas para incorporadoras e para proprietários de imóveis.
Efeito dominó nos bancos regionais (parte 2)
Em uma segunda camada, o estresse pode se espalhar por meio dos títulos lastreados nesses empréstimos comuns nas carteiras de investimentos de instituições bancárias.
A Fitch estima que há US$ 2,8 trilhões desse tipo de empréstimo nos balanços dos bancos dos EUA, dos quais 66% estão menores.
Para a agência, a piora no valuation dos escritórios dificultará o refinanciamento do crédito tomado quando os juros eram ínfimos. "Isso aumentará os custos de crédito de CRE (imóveis comerciais) para a indústria bancária", alerta.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Obrigada, Milei? Carros na Argentina devem ficar mais baratos com nova medida
O governo ainda anunciou que será mantida a isenção de direitos de vendas ao exterior para as exportações incrementais
Os EUA conseguem viver com os juros nas alturas — mas o resto do mundo não. E agora, quem vai ‘pagar o pato’?
Talvez o maior ‘bicho papão’ dos mercados hoje em dia sejam os juros nos EUA. Afinal, o que todo mundo quer saber é: quando a taxa vai finalmente começar a cair por lá? As previsões têm adiado cada vez mais a tesourada inicial do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA). Mas a questão é: a […]
É tudo culpa dos juros? PIB dos EUA vem abaixo do esperado, mas outro dado deixa os mercados de cabelo em pé
A economia norte-americana cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano, abaixo das projeções de expansão de 2,5% e menor também que os 3,4% do quarto trimestre de 2023, mas os investidores estão olhando para outro indicador que também saiu nesta quinta-feira (25)
A terapia de choque de Milei deu certo? Argentina registra o primeiro superávit trimestral em 16 anos. Veja como presidente conseguiu
O chefe da Casa Rosada fez um pronunciamento em rede nacional para comemorar o feito — e alfinetar o antecessor
Adeus, dólar: Com sanções de volta, Venezuela planeja usar criptomoedas para negociar petróleo
O país liderado por Nicolás Maduro vem utilizando o Tether (USDT), a terceira maior criptomoeda do mundo, para vender petróleo desde o ano passado
Deputados dos Estados Unidos aprovam novo pacote bilionário de apoio à Ucrânia — e Putin não deve deixar ‘barato’
O novo pacote também prevê ajuda a Israel e Taiwan; Rússia fala em ‘guerra híbrida’ e humilhação dos Estados Unidos em breve
Xô, Estados Unidos! China manda Apple retirar aplicativos de mensagens de circulação no país — mas Biden já tem uma ‘carta na manga’
WhatsApp, Threads, Signal e Telegram não estão mais disponíveis na loja de aplicativos no território chinês; deputados dos EUA aprovam projeto para banir TikTok
Por que a China deve colocar “panos quentes” para impedir que as coisas piorem (ainda mais) no Oriente Médio?
Enquanto as coisas parecem ficar cada vez mais delicadas no Oriente Médio, com os ataques do Irã a Israel no último final de semana, os mercados lá fora não parecem estar muito alarmados com a possibilidade de uma escalada no conflito — o que poderia ser desastroso para a economia global. E uma das explicações […]
É o fim da guerra das sombras? A mensagem do revide de Israel ao Irã para o mundo — e não é o que você espera
O mais recente capítulo desse embate aconteceu na madrugada desta sexta-feira (19), quando Israel lançou um ataque limitado ao Irã
A punição de Biden: EUA não perdoam ataque a Israel e castigam o Irã — mas o verdadeiro motivo das sanções não é econômico
O Tesouro norte-americano anunciou medidas contra uma dezena de pessoas e empresas iranianas e ainda avalia restrições ao petróleo do país, mas, ao contrário do que parece, medidas também mandam uma mensagem a Netanyahu
Leia Também
-
Prévia da inflação veio melhor que o esperado — mas você deveria estar de olho no dólar, segundo Campos Neto
-
Bolsa hoje: Dólar cai a R$ 5,11 com inflação nos EUA; Ibovespa retoma os 126 mil pontos com NY e avança 1% na semana
-
IRB Re (IRBR3): vale a pena comprar a ação que toca máxima após forte alta dos lucros em fevereiro?
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Preço dos imóveis sobe em São Paulo: confira os bairros mais buscados e valorizados na cidade, segundo o QuintoAndar
-
3
Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas