A euforia com Trump vai durar? Os 5 fatores que podem fazer a onda vermelha se tornar um tsunami sobre os mercados
O estrategista-chefe do UBS Investment Bank listou os pontos de atenção para os investidores em caso de vitória do republicano em novembro

Desde o debate desastroso entre Joe Biden e Donald Trump, que culminou com a desistência do presidente dos EUA à reeleição, os mercados reduziram as chances da vitória democrata em novembro. Essa leitura favoreceu operações que se beneficiam de uma política fiscal mais flexível, tarifas comerciais mais altas e regulamentações mais brandas defendidas pelo republicano e que foi batizada de “Trump trade”.
Mas essa euforia pode ter data para acabar — e pouco tem a ver com o fato de Kamala Harris ser ou não oficializada a candidata na corrida à Casa Branca.
“O mercado parece estar utilizando o modelo do primeiro mandato de Trump para se posicionar para um potencial segundo. Isso é um erro. O contexto hoje não poderia ser mais diferente da onda vermelha de 2016”, diz Bhanu Baweja, estrategista-chefe do UBS Investment Bank.
- VOCÊ JÁ DOLARIZOU SEU PATRIMÔNIO? A Empiricus Research está liberando uma carteira gratuita com 10 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui e acesse.
A onda vermelha (republicana) e a onda azul (democrata)
O Trump trade pode significar que o mercado inicialmente considera a onda vermelha republicana como positiva, mas uma combinação mais fraca entre crescimento e inflação é o legado mais provável para quem ficar com a Casa Branca em novembro.
Em contraste, uma onda azul democrata pode inicialmente ser vista de forma negativa por um mercado despreparado para impostos mais elevados — pontos de partida de expectativas de lucros elevados, valorizações elevadas e pouco espaço fiscal sugerem um caminho estreito para retornos elevados.
“Um Congresso dos EUA dividido, onde as agendas mais extremas de ambos os partidos são diluídas, pode ser o resultado menos pior para os mercados”, diz Baweja.
Leia Também
POWELL VAI ARRISCAR CORTAR OS JUROS PERTO DAS ELEIÇÕES AMERICANAS?
Mercados no contrapé: os cinco pontos de atenção
O estrategista-chefe do UBS listou os cinco pontos que merecem atenção do mercado e que mostram que, se ganhar, o segundo mandato de Trump pode não ser como o primeiro.
1 - O ciclo econômico dos EUA
De 2017 até meados de 2019, tanto o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA como a expansão dos lucros do S&P 500 foram consistentemente revistos em alta. Hoje, é pouco provável que uma forte expansão econômica possa ser sustentada sem desencadear uma inflação e juros mais elevados.
2 - A dinâmica da dívida dos EUA
Ao longo dos anos de programas de flexibilização quantitativa para apoiar as economias e os mercados após a crise financeira, um “excesso de poupança” e a liquidez do banco central inundaram os mercados de dívida, ancorando as taxas de longo prazo.
Mas os balanços dos bancos centrais estão diminuindo e, em comparação com meados da década de 2000, as taxas médias ponderadas de poupança da OCDE, dos países da Ásia Oriental e do Médio Oriente caíram de 14,9% para 10,2% do PIB.
O ex-presidente do Federal Reserve (Fed), Alan Greenspan, confessou uma vez que os yields (rendimentos) estáveis das obrigações de longo prazo face às taxas mais elevadas do banco central norte-americano eram um enigma.
Agora, o risco é o oposto: o Fed pode cortar os juros, mas os yields das obrigações de longo prazo podem não responder tão fortemente, mantendo elevado o custo do capital para as empresas.
3 - Redução dos impostos e o impulso do PIB e dos lucros
As expectativas de consenso sobre os lucros antes e depois de impostos mostram que o mercado acredita que tributos mais baixos persistirão.
As margens de lucro das empresas do S&P 500 deverão aumentar dos já elevados 12,1% atuais para 14,3% em 2026, logo após o fim dos cortes fiscais de Trump — e isto não se deve apenas à inteligência artificial e às 7 magníficas (Apple, Amazon, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) que dominaram os mercados recentemente.
As margens das restantes 493 empresas também deverão subir para um novo máximo de 12,6%.
Uma onda vermelha nas eleições de novembro estará mais próxima de não ter novidades para o mercado. Uma onda azul, que poderá resultar em um muro fiscal em 2026, seria a verdadeira surpresa.
- “O dólar perfeito nunca vai existir”, diz analista Enzo Pacheco. Veja por que você não deve esperar a moeda cair para buscar lucros
4 - Spreads elevados
Em quarto lugar, uma contração no prêmio de risco fixado nos principais mercados foi um importante impulsionador dos retornos no primeiro governo de Trump.
Quando Trump assumiu a presidência, os spreads de high yield (alto rendimento) dos EUA contraíram-se de 5,10 pontos percentuais em relação aos índices de referência para 3 pontos, e o múltiplo preço-lucro futuro do S&P 500 foi reavaliado de 16,1 para 18,6 vezes.
Hoje, os spreads de high yield dos EUA já estão em 3 pontos percentuais e o S&P 500 está avaliado em 21,5 vezes os lucros futuros — resta pouco combustível para impulsionar avaliações mais altas.
5 - A China
Em 2016, a China lançou as sementes de uma recuperação global ao gastar na reconstrução de habitações antigas. Hoje, a China não tem nem a capacidade nem a vontade de arquitetar outra recuperação imobiliária.
E embora o estímulo interno da China em 2016 tenha alimentado a demanda em outros países, o impulso liderado pelas exportações para dar tração à economia hoje é bem menor.
O visto de US$ 5 milhões: EUA abrem inscrição para quem quer ter um Trump card
Se você não tem essa quantia, calma — o governo norte-americano tem outra opção, mas as exigências são elevadas
Vão voltar às boas? A nova declaração de Elon Musk que pode mudar os rumos da briga pública com Donald Trump
Há quem diga que um deles pode retomar a amizade depois de declarar arrependimento das declarações recentes
Trump anuncia conclusão de acordo entre EUA e China: ‘O relacionamento está excelente!’
Tarifas, no entanto, permanecem; veja o que disse o presidente americano na sua rede social, Truth Social
Sem prazo para acabar, mas com estratégia sem precedentes: os bastidores das negociações entre EUA e China em Londres
As negociações entre os representantes dos dois países acontecem depois que Trump manteve uma longa conversa por telefone com o presidente chinês, Xi Jinping
Elon Musk que se cuide! No hall da fama da WWE: a saga de Donald Trump nos ringues
O bilionário sul-africano talvez não saiba, mas a briga que ele está puxando é com uma verdadeira lenda certificada dos ringues
Bastidores revelados: o que Trump e Xi conversaram por mais de uma hora em meio à guerra de tarifas
Após meses sem contato direto, presidentes da China e dos EUA conversam por telefone sobre comércio entre as duas potências — mas não foi só isso
Presidente dos EUA quebra o silêncio e Musk dispara: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”
Briga entre Elon Musk e Donald Trump esquenta nesta quinta-feira (5); acusações envolvem subsídios para veículos elétricos, comando da Nasa e suposta “ingratidão” presidencial
A nova tacada de Milei para os argentinos tirarem o dólar debaixo do colchão
A grana guardada não é pouca: o Instituto Nacional de Estatística e Censo estima que US$ 246 bilhões estão fora do sistema bancário do país
Em clima de guerra: Elon Musk se junta à oposição e intensifica ataques ao plano econômico de Donald Trump
Após deixar o governo, Musk amplia críticas ao pacote orçamentário de Trump; bilionário fala em “escravidão por dívidas” e confronta presidente dos Estados Unidos
‘Abominação repugnante’ — Elon Musk e Donald Trump, do ‘match’ político à lavação pública de roupa suja
Elon Musk detona projeto de Donald Trump menos de uma semana após deixar governo dos Estados Unidos
Instabilidade no verão europeu: é seguro viajar para Itália, Turquia e Grécia após erupção do vulcão Etna e terremoto?
Fenômenos naturais atingiram alguns dos destinos mais populares para as férias de julho
Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal
Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento
Rússia lança maior ataque com drones contra a Ucrânia desde o início da guerra — e tensão no Leste Europeu volta a subir
Segundo a Força Aérea Ucraniana, Moscou lançou 472 drones contra o território ucraniano
Trump dobra tarifas sobre aço e irrita aliados — UE ameaça retaliação, Canadá e Austrália reagem
A decisão norte-americana entra em vigor no dia 4 de junho e reacende as tensões com parceiros comerciais. Veja as reações
Trump encerra a semana com mais um anúncio polêmico: aumento das taxas sobre importações de aço de 25% para 50%
A afirmação foi feita durante um comício para trabalhadores da siderúrgica U.S. Steel em Pittsburgh, na Pensilvânia.
Casa Branca leva a melhor: justiça dos EUA suspende decisão que barrava tarifas de Trump; governo ganha tempo para reverter sentença
Corte de Apelações suspende liminar que derrubava tarifas impostas por Trump; ações são unificadas e prazo para novas manifestações jurídicas vai até 9 de junho
Bolsas se animam com decisão de tribunal americano que barrou tarifas de Trump; governo já recorreu
Tribunal de Comércio Internacional suspendeu tarifas fixa de 10%, taxas elevadas e recíprocas e as relacionadas ao fentanil. Tarifas relacionadas a alumínio, aço e automóveis foram mantidas
Na dúvida, fica como está: ata do Fed indica preocupação com as possíveis consequências das tarifas de Trump
A decisão pela manutenção das taxas de juros passou pelo dilema entre derrubar a atividade econômica e o risco de aumento de inflação pelas tarifas
“Estou decepcionado”: Elon Musk reclama de projeto de Trump sobre impostos e gastos nos EUA
O bilionário soltou o verbo em relação a um importante projeto de lei do presidente norte-americano, que pode dar fôlego à política de deportações
Trump volta atrás de tarifa de 50% contra a UE; bolsas europeias recuperam fôlego com morde-assopra
Vale lembrar que, até então, as tarifas anunciadas para a UE incluíam apenas impostos de 20% sobre as importações do bloco