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Carolina Gama

Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.

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O que deu errado para Zuckerberg? Ação da dona do Instagram cai mais de 18% mesmo com lucro acima da meta

A Meta aumentou as expectativas dos investidores devido justamente ao desempenho financeiro mais robusto dos últimos trimestres, deixando pouco espaço para erros

Carolina Gama
24 de abril de 2024
18:20 - atualizado às 19:05
meta facebook instagram mark zuckerberg
Mark Zuckerberg em montagem chorando, com as logos do Instagram e do Facebook ao lado. - Imagem: Adobe Stock/Montagem: Giovanna Figueredo

O que leva o mercado a punir uma empresa que supera as projeções para seus resultados financeiros trimestrais? Nesta quarta-feira (24), Mark Zuckerberg assiste de camarote as ações da dona do Instagram, Whatsapp e Facebook despencarem no after market em Nova York

Os papéis chegaram a recuar mais de 18% mesmo depois de a Meta ter reportado lucro líquido de US$ 12,369 bilhões no primeiro trimestre de 2024 — um resultado 2,1 vezes maior do que o obtido no mesmo período do ano anterior. 

O lucro por ação também surpreendeu: US$ 4,71 entre janeiro e março deste ano (+114% em base anual), enquanto a receita somou US$ 36,46 bilhões, um aumento de 27% em comparação com os três primeiros meses de 2023. 

Wall Street projetava lucro por ação de US$ 4,30 e receita de US$ 36,12 bilhões, de acordo com estimativas compiladas pela Bloomberg.

"Importante salientar que os números do trimestre só não foram melhores dado o prejuízo operacional incorrido no segmento Reality Labs — que engloba as frentes do metaverso e dispositivos de realidade aumentada, que totalizaram US$3,846 bilhões no primeiro trimestre de 2024. No ano anterior, as perdas somaram US$3,992 bilhões", diz o analista da Empiricus, Enzo Pacheco.

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O que deu errado para Zuckerberg?

O mercado torceu o nariz não para o feito da Meta nos primeiros três meses de 2024, mas para o que está por vir para a dona do Instagram.

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Isso porque a Meta aumentou as expectativas dos investidores devido justamente ao desempenho financeiro mais robusto dos últimos trimestres, deixando pouco espaço para erros. 

As ações da dona do Instagram subiram cerca de 40% este ano, depois de quase triplicar no ano passado. Em fevereiro de 2023, Zuckerberg disse aos investidores que seria o “ano da eficiência”, o que deu início à recuperação.

Por isso, a previsão da própria companhia para o segundo trimestre foi o gatilho para as ações da gigante das redes sociais caírem mais de 18% após a divulgação do balanço.

"Esse derretimento da ação, zerando quase a totalidade dos ganhos obtidos desde a divulgação do resultado do quarto trimestre de 2023, quando subiu 20% no dia seguinte, me parece uma reação exagerada do mercado", afirma o analista da Empiricus.

A Meta diz que terá receita entre US$ 36,5 bilhões e US$ 39 bilhões entre abril e junho deste ano. As estimativas indicavam pelo menos US$ 38,3 bilhões.

Embora muito próxima do intervalo previsto pela companhia, o guidance se soma à expectativa de grandes bancos como o JP Morgan de que a empresa de Zuckerberg enfrentará ventos contrários ao crescimento no futuro diante “da falta de novos impulsionadores em relação a 2023”. 

Além disso, a Meta espera que os custos e despesas do ano fiquem entre US$ 96 bilhões e US$ 99 bilhões, ante estimativa anterior entre US$ 94 bilhões e US$ 99 bilhões.

E os investimentos da dona do Instagram também foram revistos para cima, passando de um intervalo entre US$ 30 bilhões e US$ 37 bilhões para algo entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões — devido à necessidade de desenvolver a infraestrutura relacionada ao plano de inteligência artificial para os próximos anos.

"Outro ponto importante é que, ainda que não passe as projeções além de 2024, a direção entende que esses investimentos serão crescentes para fazer frente a necessidade do seu plano agressivo de IA", diz Pacheco.

Segundo ele, ainda que as projeções dos analistas tenham que ser ajustadas para baixo dada as novas estimativas da companhia, um valor 10% menor do que o atual faz com que a Meta Platforms (B3: M1TA34 | Nasdaq: META) seja negociada com um múltiplo preço/lucro projetado de 21 vezes — considerando os números para 2025, o múltiplo estaria próximo das 19 vezes.

"Para aqueles que ainda não possuem a ação na carteira, essa pode ser uma oportunidade de montar uma posição aos poucos — uma vez que ainda podemos ver novas quedas no papel nos próximos dias. Mas nesse patamar de valuation entendo que vale a aposta na companhia", afirma o analista da Empiricus.

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Mas nem tudo está perdido para a dona do Instagram

Apesar desse potencial vento contrário, a Meta tem uma série de pontos fortes no horizonte, incluindo a proibição do Congresso norte-americano ao TikTok, que o presidente Joe Biden sancionou nesta quarta-feira (24). 

Vale lembrar que a proibição precisa sobreviver a desafios legais, mas se o aplicativo for bloqueado definitivamente nos EUA, os usuários e criadores serão forçados a recorrer a plataformas rivais como o Instagram. 

Além disso, a Meta fez uma série de anúncios sobre esforços de inteligência artificial (IA) nos últimos meses, incluindo a estreia do chatbot Meta AI e modelo de linguagem Llama 3 em 18 de abril. 

Mesmo com a ênfase da Meta na IA, Zuckerberg não desiste de dar vida ao metaverso.

Na segunda-feira (21), ele deu mais um passo para aumentar o número de headsets AR/VR no mercado, anunciando que a Meta tornará o sistema operacional Horizon para headsets de código aberto, permitindo que empresas terceirizadas o utilizem para construir seus próprios dispositivos.

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