M. Dias Branco (MDIA3) desaba mais de 10% após balanço frustrar até “investidores mais pessimistas”; o que fazer com as ações agora?
Entre os indicadores que amargaram no paladar dos investidores esteve o lucro líquido, que caiu pela metade no comparativo anual, para R$ 124,7 milhões

Na bolsa brasileira, os investidores correm para deixar as ações da M. Dias Branco (MDIA3) de fora do carrinho no pregão desta segunda-feira (11) depois de a empresa de massas e biscoitos frustrar os ânimos do mercado com um balanço aquém das expectativas no terceiro trimestre de 2024.
Os papéis da dona das marcas Piraquê e Adria lideram as perdas fora do Ibovespa nesta manhã. Por volta das 12h, as ações caíam 10,93%, cotadas a R$ 22,50. No acumulado do ano, a desvalorização chega a 41%.
Entre os indicadores que amargaram no paladar dos investidores esteve o lucro líquido, que caiu pela metade (51,9%) no comparativo anual, para R$ 124,7 milhões.
O desempenho foi explicado pelo aumento nos custos variáveis em função da alta das commodities agrícolas e da menor diluição dos custos fixos devido à redução do volume vendido, de acordo com a empresa.
“No 3T24 e nos 9M24 [nove primeiros meses de 2024], apresentamos resultados aquém do potencial da M. Dias Branco. Enfrentamos um cenário competitivo intenso, varejistas reduzindo os níveis dos estoques, volatilidade das commodities e desvalorização do real. Adicionalmente, nos últimos meses, não chegamos a uma formação adequada de preço, volume e margens”, disse a empresa, em apresentação de resultados.
O resultado da M. Dias entre julho e setembro foi tão fraco que, nas palavras do BTG Pactual, o problema não foram só os números apresentados no terceiro trimestre — mas sim a falta deles.
Leia Também
Segundo o Itaú BBA, os números provavelmente “decepcionaram até os investidores mais pessimistas do mercado”.
As principais linhas do balanço da M. Dias (MDIA3) no 3T24
A M. Dias Branco (MDIA3) enfrentou pressões em praticamente todos os principais indicadores financeiros no terceiro trimestre. Caixa, faturamento, volume de vendas, todos eles frustraram as expectativas.
Confira as principais linhas do resultado do 3T24:
- Receita líquida: R$ 2,4 bilhões (-12,1% a/a);
- Ebitda: R$ 228,9 milhões (-48,1% a/a);
- Geração de caixa operacional: R$ 67,2 milhões (-93,1% a/a);
- Caixa líquido: R$ 28,6 milhões;
- Volume de vendas total: 419,3 mil toneladas (-6,9% a/a).
A fabricante de alimentos adotou uma nova estratégia de preços entre julho e setembro, elevando os valores médios em linha com a escalada de custos do trigo neste trimestre, cujos preços subiram 10% na comparação trimestral.
No entanto, o reajuste de preços não foi suficiente para compensar a queda nos volumes vendidos. A retração não aconteceu só em base anual, mas também trimestralmente, com recuo de 17% — a primeira vez na história da companhia em que é vista uma retração sequencial tão acentuada.
Por sua vez, os custos dos produtos vendidos (CPV) recuaram 9% na base anual, a R$ 1,7 bilhão, mas passaram a representar um percentual maior da receita líquida, a 70,9%. Segundo a empresa, a mudança acompanhou uma menor diluição dos custos fixos.
- GRÁTIS: Reportagens, análises e tudo o que você precisa saber sobre esta temporada de balanços para investir melhor; cadastre-se gratuitamente para acessar
Por trás do fracasso do trimestre
Na avaliação do BTG Pactual, o balanço da M. Dias Branco (MDIA3) no 3T24 veio “pior do que o esperado em todos os aspectos”, com uma queda repentina e inesperada para margens e volumes.
Para o Itaú BBA, a M. Dias enfrentou uma tempestade perfeita no 3T24, incluindo um cenário de preços competitivos intensos, varejistas reduzindo estoques, um ambiente volátil para commodities agrícolas e desvalorização cambial.
De acordo com o JP Morgan, o resultado também demonstrou que a empresa ainda não ajustou a equação de volume e preço, o que levou ao desempenho ruim da receita.
“Não achamos que esse tipo de trimestre prove que a M. Dias seja uma história de fracasso, mas certamente é mais cíclica do que deveria ser. Dito isso, esperamos por sinais melhores de virada de ciclo, a qual achamos que não acontecerá no quarto trimestre, o que pode realmente implicar algum risco de queda nas estimativas do consenso de 2025”, afirmaram os analistas.
A própria M. Dias fez um “mea culpa” do balanço na teleconferência de resultados nesta manhã. Segundo a apresentação a analistas, a companhia não alcançou uma combinação adequada de preço, volume e margens.
Na conferência, a empresa apresentou uma série de iniciativas para melhorar a eficiência e a produtividade. Entre as medidas, estão:
- Revisão da política de preços
- Fortalecimento das exportações
- Ajustes na malha logística, de produção e de distribuição
- Foco em redução de despesas com vendas e administrativas (SG&A)
- Otimização da estrutura organizacional, com realocação de equipes e criação de novos times
Na visão do BTG, da maneira como a empresa se expressou, parece que “grande parte do fracasso do terceiro trimestre veio de desorganizações internas”.
“Isso traz pouca esperança no curto prazo, ou pelo menos de ações que possam reverter a situação em termos de estratégia e execução”, disseram os analistas.
- Vai ter rali de fim de ano na bolsa? “Com certeza”, aponta analista da Empiricus. Veja as 10 ações mais promissoras para investir
O que fazer com as ações da M. Dias Branco (MDIA3) após o balanço fraco do 3T24
O BTG Pactual manteve recomendação neutra para a M. Dias Branco, dada a perspectiva mais fraca após o balanço, pouca visibilidade sobre o que esperar das novas iniciativas da empresa e agora um valuation mais caro frente aos pares, em torno de 15 vezes a relação preço/lucro (P/L) para 2024.
Os analistas também cortaram o preço-alvo para R$ 25 para os próximos 12 meses, o que implica em uma leve desvalorização de 1% em relação ao último fechamento.
O Itaú BBA também acompanhou a visão mais conservadora para as ações e continuou com recomendação “market perform”, correspondente a neutro, com preço-alvo de R$ 34 para o fim do ano que vem, uma alta potencial de 34% frente ao fechamento anterior.
O JP Morgan já assumiu uma perspectiva mais cética para os papéis MDIA3 e manteve recomendação "underweight", equivalente à venda.
Segundo os analistas, a recomendação é baseada na expectativa de que drivers semelhantes (ou piores) persistirão no quarto trimestre, como a luta para tentar equacionar os preços e as margens e a piora nos custos médios.
A perspectiva é que essa situação dificilmente será totalmente resolvida até o final do ano, a menos que os preços reajam fortemente no próximo trimestre — o que é improvável, segundo o banco norte-americano.
Santander (SANB11) bate expectativas do mercado e tem lucro de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025
Resultado do Santander Brasil (SANB11) representa um salto de 27,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024; veja os números
Petrobras (PETR4): produção de petróleo fica estável em trimestre marcado pela queda de preços
A produção de petróleo da estatal foi de 2,214 milhões de barris por dia (bpd) entre janeiro e março, 0,1% menor do que no mesmo período do ano anterior, mas 5,5% maior na comparação trimestral
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Santander (SANB11), Weg (WEGE3), Kepler Weber (KEPL3) e mais 6 empresas divulgam resultados do 1T25 nesta semana – veja o que esperar, segundo o BTG Pactual
De olho na temporada de balanços do 1º trimestre, o BTG Pactual preparou um guia com suas expectativas para mais de 125 empresas listadas na bolsa; confira
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Weg (WEGE3), Azul (AZUL4) e Embraer (EMBR3): quem “bombou” e quem “moscou” no primeiro trimestre do ano? BTG responde
Com base em dados das prévias operacionais, analistas indicam o que esperam dos setores de transporte e bens de capital
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa