Juros ‘disfarçados’? Entenda por que a Senacon está de olho no Mercado Pago, na Stone e no PicPay
A secretaria deu um prazo para as empresas apresentarem um relatório de transparência detalhando as medidas adotadas para cumprir a decisão cautelar; as companhias respondem
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) abriu uma medida cautelar contra o PagBank (ex-PagSeguro), Mercado Pago, Stone e PicPay para que as empresas suspendam a oferta do “parcelado sem juros pirata”.
A decisão da Senacon vem na esteira da denúncia da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) feita no ano passado. De acordo com a Febraban, as quatro empresas cobram juros dos consumidores de forma dissimulada em alguns de seus produtos.
Em nota publicada pela Senacon, a entidade destaca que as companhias supostamente cobravam juros remuneratórios disfarçados na modalidade ‘parcelado sem juros’.
A denúncia da Febraban foi feita em meio às discussões sobre o crédito rotativo em 2023 entre a entidade, as maquininhas independentes e as fintechs sobre as mudanças no crédito rotativo.
Na época, os bancos exigiam uma restrição ao parcelado sem juros, argumentando que o produto é subsidiado pelos juros do rotativo.
Por sua vez, os demais agentes da indústria afirmavam que não havia relação entre os produtos, e que os bancos tentavam implementar uma agenda anticompetitiva.
Leia Também
Os parcelamentos de maquininhas como o Mercado Pago
No caso das maquininhas independentes PagBank, Stone e Mercado Pago, as plataformas permitiriam que os estabelecimentos repassassem ao consumidor os custos adicionais da maquininha através do chamado “parcelado comprador” — que são de responsabilidade do estabelecimento comercial.
Com esse mecanismo, os consumidores pagariam os juros, mas a maquininha inseria a transação no sistema da bandeira de cartão como se fosse um parcelado sem juros.
Os juros seriam de até 2,99% ao mês, de acordo com a Febraban, equivalente a aproximadamente 42,41% ao ano.
Enquanto isso, as carteiras digitais Mercado Pago e o PicPay foram denunciadas pela Febraban por supostamente cobrarem juros dos consumidores “disfarçados pelos mais diversos nomes” em transações parceladas, mas que também seriam inseridas nos sistemas das bandeiras como parcelados sem juros.
Segundo a nota da Senacom, esses juros seriam disfarçados como ‘’taxas de serviços’’ ou "taxas de uso do cartão."
Além disso, as carteiras digitais supostamente estariam concedendo empréstimos aos consumidores — e cobrando juros — de forma dissimulada.
De acordo com a denúncia, as empresas desenvolveram um produto denominado "Parcelado Sem Juros Pirata", no qual cobram juros dos consumidores, mas registram na fatura do cartão de crédito como se fosse uma modalidade de parcelamento sem juros.
“Apesar de cobrar juros do consumidor, a ‘maquininha independente’ insere, nos sistemas da bandeira do cartão, uma transação não verdadeira de ‘Parcelado sem Juros’”, afirma a nota.
Segundo a Febraban, na prática, as carteiras digitais estariam supostamente “registrando pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito, mas sem qualquer relação com a venda de mercadoria ou prestação de serviço”.
“As carteiras digitais, utilizam o limite do cartão de crédito das pessoas, antecipam recursos ao consumidor para transferências de dinheiro, pagamentos de contas, boletos bancários ou fatura de cartão, para depois serem pagos de forma parcelada, acrescidos de juros, mas lançando no cartão de crédito uma compra parcelada sem juros.”
- VEJA TAMBÉM: TOUROS E URSOS - Você acha que o Seu Dinheiro "fez o L"? Aqui vai nossa real opinião sobre o 1° ano de Lula
A decisão da Senacon
A Senacon determinou que as empresas devem apresentar em até 10 dias um relatório de transparência detalhando as medidas adotadas para cumprir a decisão cautelar, incluindo a forma como é realizada a cobrança de tarifas e juros remuneratórios, se os consumidores são avisados previamente e se houve restituição de tarifas ou juros.
Caso as companhias não atendam as solicitações dentro do prazo estipulado, os efeitos da cautelar devem ser aplicados.
Entre eles, estão a suspensão da cobrança de juros remuneratórios na modalidade 'parcelado sem juros', sob pena de multa diária de R$ 5 mil pelo descumprimento.
Além disso, a entidade ordenou que as companhias deixem claro ao consumidor todas as informações relativas às operações.
“Considerando o impacto nacional que essas empresas possuem no mercado brasileiro, a medida cautelar da Senacon visa proteger os consumidores e garantir a transparência nas operações financeiras”, afirma o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous.
A Senacon afirmou que também solicitará uma manifestação do Banco Central, do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e do Conar a respeito do tema e de outras instituições.
O que dizem o Mercado Pago e outras instituições
O Mercado Pago está analisando o pedido de esclarecimentos da Senacon sobre o ‘parcelado comprador’. A fintech afirma que a denúncia da Febraban contra o produto é uma tentativa de frear a concorrência no setor financeiro.
"O Mercado Pago está analisando o pedido de esclarecimento da Senacon e seguirá colaborando com a autoridade, que suspendeu os efeitos da ordem cautelar até que mais informações sejam oferecidas", disse a empresa.
De acordo com a fintech, todas as modalidades e condições de pagamento que oferece aos clientes são oferecidas de acordo com a regulamentação do setor, e apresentadas ao consumidor e aos vendedores de forma transparente e clara.
"Considerando que o tema já foi debatido e superado no passado junto à indústria e ao regulador, o Mercado Pago entende que se trata de mais uma tentativa de frear a concorrência por meio de uma ofensiva direcionada exclusivamente a empresas que não pertencem a grandes conglomerados financeiros", afirma a companhia.
Por sua vez, a Stone afirmou ao Broadcast que não recebeu um comunicado formal da Senacon sobre o parcelado comprador.
“Consideramos a denúncia da Febraban sobre o parcelado comprador improcedente. A diferenciação de preços é direito dos varejistas e contribui para a concorrência”, disse.
Já a Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag) afirmou que a denúncia contra o parcelado comprador vem de “interesses contrários à competição”.
“Repudiamos o uso da expressão parcelado pirata e distorção da atuação de independentes.”
BRK Ambiental: quem é a empresa que pode quebrar jejum de IPO após 4 anos sem ofertas de ações na bolsa brasileira
A BRK Ambiental entrou um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar um IPO; o que esperar agora?
Os bastidores da nova fase da Riachuelo (GUAR3), segundo o CEO. Vale comprar as ações agora?
Em entrevista ao Money Times, André Farber apresenta os novos projetos de expansão da varejista, que inaugura loja-conceito em São Paulo
O rombo de R$ 4,3 bilhões que quase derrubou o império de Silvio Santos; entenda o caso
Do SBT à Tele Sena, o empresário construiu um dos maiores conglomerados do país, mas quase perdeu tudo no escândalo do Banco Panamericano
Citi corta recomendação para Auren (AURE3) e projeta alta nos preços de energia
Banco projeta maior volatilidade no setor elétrico e destaca dividendos como diferencial competitivo
De sucos naturais a patrocínio ao campeão da Fórmula 1: quem colocou R$ 10 mil na ação desta empresa hoje é milionário
A história da Monster Beverage, a empresa que começou vendendo sucos e se tornou uma potência mundial de energéticos, multiplicando fortunas pelo caminho
Oi (OIBR3) ganha mais fôlego para pagamentos, mas continua sob controle da Justiça, diz nova decisão
Esse é mais um capítulo envolvendo a Justiça, os grandes bancos credores e a empresa, que já está em sua segunda recuperação judicial
Larry Ellison, cofundador da Oracle, perdeu R$ 167 bilhões em um só dia: veja o que isso significa para as ações de empresas ligadas à IA
A perda vem da queda do valor da empresa de tecnologia que oferece softwares e infraestrutura de nuvem e da qual Ellison é o maior acionista
Opportunity acusa Ambipar (AMBP3) de drenar recursos nos EUA com recuperação judicial — e a gestora não está sozinha
A gestora de recursos a acusa a Ambipar de continuar retirando recursos de uma subsidiária nos EUA mesmo após o início da RJ
Vivara (VIVA3) inicia novo ciclo de expansão com troca de CEO e diretor de operações; veja quem assume o comando
De olho no plano sucessório para acelerar o crescmento, a rede de joalherias anunciou a substituição de sua dupla de comando; confira as mudanças
Neoenergia (NEOE3), Copasa (CSMG3), Bmg (BMGB4) e Hypera (HYPE3) pagam juntas quase R$ 1,7 bilhão em dividendos e JCP
Neoenergia distribui R$ 1,084 bilhões, Copasa soma R$ 338 milhões, Bmg paga R$ 87,7 milhões em proventos e Hypera libera R$ 185 milhões; confira os prazos
A fome pela Petrobras (PETR4) acabou? Pré-sal é o diferencial, mas dividendos menores reduzem apetite, segundo o Itaú BBA
Segundo o banco, a expectativa de que o petróleo possa cair abaixo de US$ 60 por barril no curto prazo, somada à menor flexibilidade da estatal para cortar capex, aumentou preocupações sobre avanço da dívida bruta
Elon Musk trilionário? IPO da SpaceX pode dobrar o patrimônio do dono da Tesla
Com avaliação de US$ 1,5 trilhão, IPO da SpaceX, de Elon Musk, pode marcar a maior estreia da história
Inter mira voo mais alto nos EUA e pede aval do Fed para ampliar operações; entenda a estratégia
O Banco Inter pediu ao Fed autorização para ampliar operações nos EUA. Entenda o que o pedido representa
As 8 ações brasileiras para ficar de olho em 2026, segundo o JP Morgan — e 3 que ficaram para escanteio
O banco entende como positivo o corte na taxa de juros por aqui já no primeiro trimestre de 2026, o que historicamente tende a impulsionar as ações brasileiras
Falta de luz causa prejuízo de R$ 1,54 bilhão às empresas de comércio e serviços em São Paulo; veja o que fazer caso tenha sido lesado
O cálculo da FecomercioSP leva em conta a queda do faturamento na quarta (10) e quinta (11)
Nubank busca licença bancária, mas sem “virar banco” — e ainda pode seguir com imposto menor; entenda o que está em jogo
A corrida do Nubank por uma licença bancária expõe a disputa regulatória e tributária que divide fintechs e bancões
Petrobras (PETR4) detalha pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos e JCP e empolga acionistas
De acordo com a estatal, a distribuição será feita em fevereiro e março do ano que vem, com correção pela Selic
Quem é o brasileiro que será CEO global da Coca-Cola a partir de 2026
Henrique Braun ocupou cargos supervisionando a cadeia de suprimentos da Coca-Cola, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento
Suzano (SUZB3) vai depositar mais de R$ 1 bilhão em dividendos, anuncia injeção de capital bilionária e projeções para 2027
Além dos proventos, a Suzano aprovou aumento de capital e revisou estimativas para os próximos anos. Confira
Quase R$ 3 bilhões em dividendos: Copel (CPLE5), Direcional (DIRR3), Minerva (BEEF3) e mais; confira quem paga e os prazos
A maior fatia dessa distribuição é da elétrica, que vai pagar R$ 1,35 bilhão em proventos aos acionistas