🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Camille Lima

Camille Lima

Repórter de empresas no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.

Vinícius Pinheiro

Vinícius Pinheiro

Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores

SD ENTREVISTA

Exclusivo: Mercado Livre ainda está no meio da curva de crescimento — e desta vez não vai abrir mão da rentabilidade, diz cofundador

Ao Seu Dinheiro, Stelleo Tolda revelou que quer manter o ritmo de crescimento na América Latina — e Mercado Pago e iniciativas em inteligência artificial são pontos centrais da estratégia

Camille LimaVinícius Pinheiro
30 de setembro de 2024
6:08 - atualizado às 18:31
Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre (MELI34).
Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre (MELI34). - Imagem: Divulgação

Quem segura o “trator argentino”? Aos 25 anos, mas com um ritmo de expansão que mais parece o de uma startup, o Mercado Livre (MELI) ainda tem muito espaço para avançar. Com planos de dobrar a operação logística no Brasil, a gigante do e-commerce encontra-se apenas no “meio da curva de crescimento”.

A visão é de ninguém menos que Stelleo Tolda, o executivo que ajudou a empresa a nascer ainda nos primórdios da internet, há 25 anos.

Mais precisamente, a gigante do e-commerce encontra-se apenas no “meio da curva de crescimento”, e isso vale tanto para o negócio de varejo como para o banco digital do grupo, o Mercado Pago.

“Quando a gente olha para números de outros países onde esses negócios já estão há mais tempo, vemos penetrações mais altas desses serviços, e não há nenhum motivo pelo qual isso não possa acontecer por aqui”, afirmou Stelleo, em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro durante a Meli Experience, o megaevento anual para os vendedores da plataforma.

Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre (MELI34).
Stelleo Tolda, cofundador do Mercado Livre (MELI34), em painel durante evento Meli Experience 2024

Empresa mais valiosa da AL

Em meio a seguidos balanços robustos e acima das expectativas, o Meli já puxa a fila de empresas mais valiosas da América Latina, à frente de nomes como Petrobras (PETR4), Itaú (ITUB4) e Nubank (ROXO34).

A empresa tem ações listadas na bolsa norte-americana Nasdaq e BDRs negociados na B3, com o código MELI34. O grupo vale hoje pouco mais de US$ 100 bilhões (R$ 544 bilhões, no câmbio atual).

Leia Também

Ao contrário do que ocorreu no passado recente, desta vez o Mercado Livre não precisará sacrificar o retorno ao acionista para sustentar o crescimento, de acordo com o executivo, que assumiu recentemente uma cadeira no conselho de administração.

Desde a criação, o Mercado Livre precisou se conectar às tecnologias do momento — e não será diferente com a inteligência artificial, segundo Stelleo. A inovação traz oportunidades e ameaças para a companhia, mas ele vê esse saldo como positivo. Ou seja, o Meli tem mais a ganhar com os avanços que a IA vai permitir.

“Quando você tem uma ferramenta com a qual pode interagir mais, ela dá margem para um nível de personalização que você não tinha antes. Na prática, vai ser literalmente ‘ao gosto do freguês’”, disse.

No embalo do aniversário do Seu Dinheiro, perguntamos a Stelleo Tolda como ele enxerga o Mercado Livre daqui a seis anos. Leia a resposta e a íntegra da entrevista a seguir:

Aos 25 anos, o Mercado Livre ainda tem números “de startup” nas principais métricas de resultado. É possível manter esse ritmo de crescimento?

Eu gosto de brincar que o Mercado Livre é um “sucesso repentino de 25 anos”. É uma construção que começa lá atrás, em um momento bem inicial da internet. Apesar desse crescimento e de já termos um tamanho relevante — afinal, somos a maior empresa da América Latina —, ao mesmo tempo, estamos em um espaço onde o potencial é gigantesco. 

Essa é a combinação perfeita: uma empresa que já é grande, mas que ainda tem oportunidade de muito crescimento. Isso se aplica tanto para o negócio de e-commerce, do próprio Mercado Livre, quanto em serviços financeiros, no Mercado Pago.

Os dois ainda estão “no meio da curva”. Quando a gente olha para números de outros países onde esses negócios já estão há mais tempo, vemos penetrações mais altas desses serviços, e não há nenhum motivo pelo qual isso não possa acontecer por aqui — não só no Brasil, como na América Latina como um todo.  

Temos uma marca muito conhecida e tecnologia e logística próprias que desenvolvemos ao longo desses 25 anos. São várias avenidas e é uma confluência de fatores que nos levam a vislumbrar esse crescimento no futuro. 

É possível entregar esse crescimento todo com rentabilidade?

Antes de falar do futuro, acho que vale lembrar um pouco do passado. O Mercado Livre foi uma empresa muito rentável durante muitos anos. Nós trabalhávamos no modelo de marketplace, por isso era mais fácil do que para quem estava trabalhando com estoque próprio e tinha toda uma infraestrutura também logística. Dez anos atrás, era uma empresa com margens de Ebitda de quase 40% naquele momento.

Já entre 2017 e 2018, a gente enxergou uma oportunidade muito grande de começar a investir mais fortemente no negócio, particularmente no frete grátis.

Acontece que o “frete grátis” só é gratuito para o consumidor, porque alguém precisa pagar essa conta — e quem majoritariamente o fez durante os primeiros anos de investimento forte foi o Mercado Livre, com a parceria dos seus vendedores. 

A partir desse momento, a gente começa a ver também uma curva de crescimento acelerada, então passamos a reinvestir no negócio e ainda montamos uma infraestrutura logística. Só que perdemos dinheiro. Nesse tempo todo, nós já éramos uma empresa pública e precisamos ser muito transparentes com o mercado sobre a nossa estratégia. 

Nós estávamos em um ciclo de investimento, e hoje nos beneficiamos desse investimento que foi feito ao longo de vários anos, de uma tecnologia própria que foi desenvolvida, de uma infraestrutura logística que foi criada e uma escala muito maior. Agora até o volume maior faz com que tenhamos um custo de logística diluído.

Olhando para frente, já estamos numa escala muito importante e continuamos reinvestindo no nosso negócio, especialmente em áreas como bens de consumo e supermercado. Vemos muito potencial, é uma área que deve gerar recorrência de compra ainda maior dos nossos usuários, mas ainda demanda investimento.

Nós ainda temos um ciclo de investimento, mas já estamos falando de um negócio com escala muito maior em que a rentabilidade já existe e deve continuar para a frente, mesmo com investimentos e as iniciativas que temos impulsionado. 

O Meli tem planos de expandir para outros países fora da América Latina?

O nosso foco tem sido na América Latina e ele vai continuar no futuro. Vemos que o potencial não está só no Brasil, mas em todos os países. Toda essa visão de ecossistema que temos, com Mercado Livre, Mercado Pago, logística, programas de afiliados e de fidelidade, são coisas que queremos ter em todos os países. 

O Brasil costuma se beneficiar de ser o maior e o primeiro país onde lançamos muitas dessas novas iniciativas, mas pretendemos fazer a mesma coisa nos outros países da região. Nós somos latino-americanos, entendemos o consumidor latino-americano e temos um grande potencial ainda na América Latina. 

O Mercado Pago vem expandindo cada vez mais a atuação. Uma eventual separação ou IPO estão no radar? 

O Mercado Pago tem essa vida dentro do Mercado Livre, mas também um potencial gigantesco fora. A nossa visão para a fintech é de um banco digital completo. Ele nasceu com pagamentos, evoluímos para a oferta de crédito, depois surgiram investimentos e seguros. 

Vemos o Mercado Pago como muito estratégico, com valor intrínseco por si só, mas também junto ao Mercado Livre, nessa ideia de ecossistema. Os consumidores do Mercado Livre se beneficiam de ter o Mercado Pago integrado e os vendedores do Mercado Pago têm a possibilidade também de usar o Meli como um grande canal de distribuição.

É por isso que, em relação à possibilidade de abrir o capital do Mercado Pago, essa não é a nossa ideia. A gente enxerga valor nessa integração entre as partes.

Inovações como a IA são uma ameaça ou oportunidade para o Meli?

A tecnologia se movimenta de forma muito rápida, então dá margem para ter inovações que podem ser muito disruptivas. Mas nesses 25 anos de história, já vimos muito disso. Hoje, a inteligência artificial é uma oportunidade para a gente.

A gente vem usando essa tecnologia de forma mais ampla, atuando em segmentos diversos, como prevenção a fraudes e modelos preditivos com relação a crédito, mas também vislumbramos uma oportunidade para, no futuro, usar a IA no atendimento aos usuários. 

Com a inteligência artificial, teremos a realização de uma promessa antiga: a da hiperpersonalização. Quando você tem uma ferramenta com a qual pode interagir mais, ela dá margem para um nível de personalização que você não tinha antes. É quase que você abrir a fronteira, crescer em escala ao mesmo tempo em que faz ofertas mais personalizadas. Na prática, vai ser literalmente “ao gosto do freguês”. 

Durante a nossa história, a gente também soube dizer não para aquilo que acredita que era só o “sabor do momento”, como foi o metaverso. O tempo provou que o Mercado Livre estava certo em apostar que não era isso, a gente não mudou o nome da empresa e nem fez grandes investimentos.

Esse não é o caso da inteligência artificial. Estamos diante de uma grande transformação, de uma plataforma extremamente poderosa e existem oportunidades de captura de eficiência. No entanto, existem riscos possíveis pela novidade. 

Quem serão os concorrentes do Mercado Livre no futuro: as varejistas ou os bancos?

A gente já atua num mercado que é extremamente competitivo há muito tempo. A concorrência não é novidade. Só que a América Latina se tornou uma região relevante para players globais por possuir uma combinação muito especial de tamanho relevante e potencial de crescimento muito grande. 

Para qualquer empresa mundial que atua em comércio eletrônico ou serviços financeiros, hoje a América Latina é muito atraente. Digo que estamos jogando a Champions League, é o melhor torneio do mundo contra os melhores times do planeta. Não importa o segmento, se é comércio ou se é financeiro, a gente acredita que o ambiente vai se tornar ainda mais competitivo e concorrido no futuro.

De olho no futuro, como vê o Mercado Livre daqui a seis anos?

Muita coisa acontece em seis anos. Em 2018, o Mercado Livre estava só começando a investir fortemente em logística própria… veja o que aconteceu em seis anos.

Uma previsão é que a incerteza vai permanecer no mercado. Em seis anos, vamos conviver com o risco e a incerteza. Isso faz parte.

Mas do nosso ponto de vista, queremos ser ágeis, responder de forma rápida e assertiva para não nos perdermos em coisas que não são relevantes. Queremos efetivamente participar do crescimento daquilo que tem impacto na vida das pessoas. Em seis anos, eu acredito que esse impacto do Mercado Livre vai se intensificar.

"O que o Mercado Livre se tornou em 25 anos é realmente uma rede com um poder de distribuição inigualável. Isso vai gerar muita oportunidade nos próximos seis anos."


Stelleo Tolda, Mercado Livre

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
DIÁRIO DOS 100 DIAS

Donald Trump: um breve balanço do caos

29 de abril de 2025 - 21:00

Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

ROUPA NOVA

Shein ainda é a varejista de moda mais barata no Brasil, mas diferença diminui, diz BTG Pactual

29 de abril de 2025 - 13:29

Análise do banco apontou que plataforma chinesa ainda mantém preços mais baixos que C&A, Renner e Riachuelo; do outro lado da vitrine, a Zara é a mais cara

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

MERCADO DE METAIS ESSENCIAIS

Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis

29 de abril de 2025 - 9:15

Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

CHINA NO VOLANTE

Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro

29 de abril de 2025 - 8:16

O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas

O PIOR JÁ PASSOU?

Valendo mais: Safra eleva preço-alvo de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3). É hora de comprar?

28 de abril de 2025 - 19:01

Cenário mais turbulento para as empresas não passou despercebido pelo banco, que não alterou as recomendações para os papéis

TOP PICK

Mercado Livre (MELI34) é a ação favorita do Safra para tempos difíceis: veja os três motivos para essa escolha

28 de abril de 2025 - 18:35

O banco é otimista em relação ao desempenho da gigante do comércio eletrônico, apesar do impacto das “dores de crescimento” nos resultados de curto prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

AÇÕES EM PETRÓLEO

Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI

26 de abril de 2025 - 16:47

Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.

CONCESSIONÁRIAS

Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1

26 de abril de 2025 - 12:40

Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira

BOLSA BRASILEIRA

Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano

26 de abril de 2025 - 11:12

Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.

3 REPETIÇÕES DE SMFT3

Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP

25 de abril de 2025 - 19:15

Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre

DUO ONIPRESENTE

A coruja do Duolingo na B3: aplicativo de idiomas terá BDRs na bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 18:48

O programa permitirá que investidores brasileiros possam investir em ações do grupo sem precisar de conta no exterior

QUEDA LIVRE

Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea

25 de abril de 2025 - 18:03

No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar