Como a SLC Agrícola (SLCE3) pretende combater os efeitos das mudanças climáticas nas lavouras — e ainda pagar dividendos aos acionistas
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, o CEO Aurélio Pavinato revela as estratégias da produtora agrícola para manter o crescimento e proventos nos próximos anos

Os últimos meses foram de calor intenso nas grandes cidades brasileiras, mas o clima não esquentou apenas nos centros urbanos. No mês passado, a SLC Agrícola (SLCE3) chamou a atenção do mercado ao anunciar a redução das projeções (guidance) para a safra de 2023/2024.
CEO da principal produtora agrícola com ações negociadas na B3, Aurélio Pavinato não se ilude: a temperatura não deve dar trégua aos negócios da SLC nos próximos anos.
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Pavinato afirma que não será possível escapar dos eventos climáticos nos próximos anos. E o “culpado” disso é um fenômeno já conhecido: o aquecimento global.
“São eventos climáticos que nós convivemos de longa data, mas que estão sendo mais intensos e provocando oscilações de produções também mais fortes”, disse o CEO.
Como consequência do aumento das temperaturas provocado pelo El Niño, a SLC deixou de semear soja em 16 mil hectares em Mato Grosso, com uma redução de 7,3% no potencial produtivo da soja em relação à estimativa inicial.
Menos plantação significa menos colheita — e receita — lá na frente, ainda que uma quebra de safra seja em parte amenizada por um aumento de preços.
Leia Também
Mas se as mudanças climáticas são um fenômeno sem volta, a SLC também não espera ficar à mercê de eventos como o El Niño, segundo Pavinato.
A estratégia da SLC (SLCE3)
Para combater os impactos dos eventos climáticos no negócio, a SLC Agrícola adota uma estratégia bem conhecida dos investidores: a diversificação.
“O plano está se fortalecendo, no sentido de diversificar cada vez mais produtos e, à medida do possível, diversificar regiões”, me disse Pavinato, que esteve na redação do Seu Dinheiro durante uma passagem em São Paulo.
O CEO afirma que a empresa avalia oportunidades para novas aquisições nas áreas em que já está localizada, mas destaca a possibilidade de expansão para outras regiões.
“A gente tem uma estratégia de médio e longo prazo de continuar o crescimento, mas as regiões em que estamos localizados são as melhores regiões do país. Então o crescimento nessas áreas faz parte da nossa estratégia, mas novas regiões para o portfólio não estão fora do escopo agora.”
Vale lembrar que a SLC hoje tem presença em sete estados brasileiros, na região do Cerrado, e matriz em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
O “efeito El Niño” já passou para a SLC Agrícola (SLCE3)?
Trabalhar com diferentes culturas e no manejo do solo é fundamental para minimizar os efeitos de eventos climáticos como o El Niño, segundo Pavinato. Atualmente, a SLC Agrícola (SLCE3) trabalha na produção de algodão, milho e soja, com o cultivo de segunda safra.
“Nós temos que conviver com esses eventos climáticos e conviver com os extremos. A forma de administrar isso é trabalhar sempre com alguma margem de segurança.”
Isso porque a diversificação de plantio ajuda a compensar perdas de produção na companhia — como aconteceu na safra de 2023/2024 devido à redução de produtividade no Mato Grosso —, uma vez que as diferenças de desempenho entre as safras se balanceiam.
O CEO da SLC Agrícola espera que a recuperação dos preços das commodities agrícolas compense a perda de produção da última safra.
Na visão de Pavinato, porém, a pior fase dos eventos climáticos de 2023 e 2024 já passou. Afinal, ainda que o El Niño se mantenha até abril, a expectativa é que os efeitos sobre o clima sejam menores à medida que o evento caminhe para o fim.
Mas o alívio não deve durar muito, já em agosto está previsto o início do La Niña. De todo modo, o CEO vê efeitos limitados sobre a produção.
“Anos de La Niña são anos de produção normais para a operação da SLC, mas de quebra de safra na Argentina e no Sul do Brasil, o que leva a preços melhores. Então a perspectiva para a safra 2024-2025 é positiva.”
Para além da diversificação da safra, Pavinato ressalta a importância do manejo do solo. “Um solo mais profundo, com maior cobertura para proteger a umidade também ajuda a mitigar os efeitos das mudanças de clima.”
Na visão do executivo, a segunda safra deve ser positiva para a SLC Agrícola, uma vez que a empresa antecipou as plantações por conta da seca e do calor. “Isso acabou por antecipar o ciclo da soja e já plantamos o algodão e o milho antes do esperado.”
Desse modo, se o ciclo das chuvas nos próximos meses vier dentro da previsão, a recuperação da produção após o efeito do El Niño pode acontecer acima do projetado inicialmente, segundo o CEO.
- VEJA TAMBÉM: ONDE INVESTIR EM 2024: AÇÕES, RENDA FIXA, DIVIDENDOS, FIIS, BDRs E CRIPTOMOEDAS - INDICAÇÕES GRÁTIS
SLC Agrícola (SLCE3): crescimento e dividendos
A crise climática não tirou o foco da SLC dos planos de crescimento. Pelo contrário, a expectativa é a de que os novos negócios ajudem a companhia a diversificar as fontes de receita.
Pavinato citou como exemplo desses esforços a SLC Sementes. “Apesar de trabalhar com as mesmas culturas [soja e algodão], esse é um negócio de comércio que não depende do clima ou da safra. Ou seja, ele roda em paralelo e gera uma resiliência maior para a empresa.”
A SLC ainda atua com a criação de gado, que é considerada uma “terceira safra” pelo executivo. O sistema de Integração Lavoura-Pecuária usado pela companhia unifica as práticas de culturas anuais e pecuária em um mesmo espaço, garantindo ganhos de eficiência e a conversão de pastagens para agricultura.
O plano de crescimento da SLC deve ser financiado pela geração de caixa própria da companhia. Ou seja, Pavinato não prevê ofertas de ações e captações com novos investidores no curto prazo.
A perspectiva da SLC para os próximos anos inclusive é manter o ritmo de crescimento, mas sem deixar para trás a fama de boa pagadora de dividendos.
Pavinato espera que a companhia seja capaz de manter a estratégia atual de payout, de distribuição de 50% do lucro líquido para os investidores na forma de proventos.
O CEO cita de cabeça o dividend yield [rendimento com dividendos] da SLC, que ficou em 4,8% ao ano em média nos últimos cinco anos.
Já em relação ao retorno para o acionista, o retorno sobre o capital investido (ROIC) nos cinco últimos anos atingiu a marca de 22%, considerando o rendimento da operação e a apreciação das terras.
Na visão do executivo, do lado financeiro, ainda é necessário trabalhar com um nível de segurança maior em relação ao fluxo de caixa de endividamento para evitar sofrer quando acontecerem eventos extremos.
O que esperar das ações SLCE3?
Desde a abertura de capital, em 2007, as ações da SLC Agrícola (SLCE3) acumulam uma valorização da ordem de 968%.
É verdade que o desempenho recente não foi dos mais animadores, com uma queda de 8% nos últimos 12 meses.
Mas a visão geral entre os analistas que cobrem a empresa é positiva. De oito recomendações para os papéis, cinco são de compra, duas de manutenção e uma de venda, de acordo com dados da plataforma Trademap.
Os analistas do BTG Pactual estão entre os que indicam a compra das ações da produtora agrícola, com um preço-alvo de R$ 29,50 por papel — implicando em um potencial de alta de 55,9% em relação ao último fechamento.
Já o Itaú BBA fixou um preço-alvo de R$ 23 por ação da SLC Agrícola, equivalente a uma valorização potencial de 21% para os próximos 12 meses.
Além das instituições financeiras, um grupo de bilionários está tão confiante no futuro da companhia que decidiu abocanhar parte do negócio.
Uma das famílias mais tradicionais do agronegócio no Brasil, a família Scheffer anunciou recentemente a compra de uma participação de 5,37% da companhia, equivalente a aproximadamente R$ 440 milhões.
Em entrevista ao Brazil Journal, um dos sócios da SLC, Guilherme Scheffer, acredita que a empresa deveria valer de 2 a 2,5 vezes mais. O valor de mercado da companhia hoje é da ordem de R$ 8,25 bilhões na B3.
Acionistas minoritários são favoráveis à fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) — mas ainda há outras etapas para oficializar o casamento
Nos votos à distância reportados pela BRF, houve 35% favoráveis à fusão, ante 16% contrários
Do canteiro de obras ao mercado financeiro: como uma incorporadora de alto padrão conseguiu captar meio bilhão com títulos verdes
Tegra estrutura política de sustentabilidade e capta R$ 587 milhões com debêntures e CRI verdes; experiência aponta caminhos possíveis para o setor
Nelson Tanure contrata Rothschild para estruturar oferta pela Braskem (BRKM5), diz jornal
O empresário pretende adquirir a participação da Novonor indiretamente, comprando as ações da holding que controla a fatia da petroquímica
Alpargatas (ALPA4) fecha acordo com Eastman Group, que será distribuidora exclusiva da Havaianas nos Estados Unidos e Canadá
O acordo de distribuição marca uma mudança importante no modelo de operação da companhia na América do Norte
Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3), fecha contrato bilionário para decolar com seus ‘carros voadores’ nos céus de São Paulo
Atualmente, a capital paulista possui mais de 400 helicópteros registrados e cerca de 2 mil decolagens e aterrissagens diárias
“Investir sem se preocupar com impacto é quase uma irresponsabilidade”, afirma Daniel Izzo, da Vox Capital
O sócio-fundador da primeira venture capital de impacto do país conta como o setor vem se desenvolvendo, quem investe e os principais desafios para a sua democratização
Após três anos da privatização, Eletrobras (ELET3) ainda não atingiu as expectativas do mercado; entenda o que está travando a ex-estatal
A companhia do setor elétrico avanços nesse período, contudo, o desempenho das ações ainda está aquém do esperado pelo mercado
Dividendos e JCP: saiba quanto a Multiplan (MULT3) vai pagar dessa vez aos acionistas e quem pode receber
A administradora de shopping center vai pagar proventos aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio; confira os detalhes
Compra do Banco Master: BRB entrega documentação ao BC e exclui R$ 33 bi em ativos para diminuir risco da operação
O Banco Central tem um prazo de 360 dias para analisar a proposta e deliberar pela aprovação ou recusa
Prio (PRIO3): Santander eleva o preço-alvo e vê potencial de valorização de quase 30%, mas recomendação não é tão otimista assim
Analistas incorporaram às ações da petroleira a compra da totalidade do campo Peregrino, mas problemas em outro campo de perfuração acende alerta
Estreia na Nyse pode transformar a JBS (JBSS32) de peso-pesado brasileiro a líder mundial
Os papéis começaram a ser negociados nesta sexta-feira (13); Citi avalia catalisadores para os ativos e diz se é hora de comprar ou de esperar
Minerva (BEEF3) entra como terceira interessada na incorporação da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3); saiba quais são os argumentos contrários
Empresa conseguiu autorização do Cade para contribuir com dados e pareceres técnicos
“Com Trump de volta, o greenwashing perde força”, diz o gestor Fabio Alperowitch sobre nova era climática
Para o gestor da fama re.capital, retorno do republicano à Casa Branca acelera reação dos ativistas legítimos e expõe as empresas oportunistas
Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3), Copasa (CSMG3) e Neoenergia (NEOE3) pagam R$ 1 bilhão em proventos; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da B3, a operadora da bolsa brasileira, que anunciou na noite desta quinta-feira (11) R$ 378,5 milhões em juros sobre capital próprio
Radar ligado: Embraer (EMBR3) prevê demanda global de 10,5 mil aviões em 20 anos; saiba qual região é a líder
A fabricante brasileira de aviões projeta o valor de mercado de todas as novas aeronaves em US$ 680 bilhões, avanço de 6,25% em relação ao ano anterior
Até o Nubank (ROXO34) vai pagar a conta: as empresas financeiras mais afetadas pelas mudanças tributárias do governo
Segundo analistas, os players não bancários, como Nubank, XP e B3, devem ser os principais afetados pelos novos impostos; entenda os efeitos para os balanços dos gigantes do setor
Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem
O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?
O sinal de Brasília que faz as ações da Petrobras (PETR4) operarem na contramão do petróleo e subirem mais de 1%
A Prio e a PetroReconcavo operam em queda nesta quinta-feira (12), acompanhando os preços mais baixos do Brent no mercado internacional
Dia dos Namorados: por que nem a solteirice salva apps de relacionamento como Tinder e Bumble da crise de engajamento
Após a pandemia, dating apps tiveram uma queda grande no número de “pretendentes”, que voltaram antigo método de conhecer pessoas no mundo real
Bradesco (BBDC4) surpreende, mas o pior ficou para trás na Cidade de Deus? Mercado aumenta apostas nas ações e diretor revela o que esperar
Ações disparam após balanço e, dentro da recuperação “step by step”, banco mira retomar níveis de rentabilidade (ROE) acima do custo de capital