Divididos entre o conservadorismo salutar e a cautela exagerada, Copom e Campos Neto enfrentam um dilema
Os próximos passos do Copom dependem, em grande medida, da reação da economia norte-americana à política monetária do Fed

A última semana foi caracterizada por uma acentuada volatilidade nos mercados globais, com investidores atentos às recentes notícias econômicas vindas dos Estados Unidos, em especial aquelas ligadas ao mercado de trabalho.
A coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, que ocorreu após a reunião de política monetária de quarta-feira, teve um papel fundamental em mitigar as preocupações.
Isso se deu especialmente depois que o índice de custo de emprego para o primeiro trimestre mostrou um aumento acima do esperado.
Durante a coletiva, Powell reduziu as expectativas de um aumento nas taxas de juros para este ano, trazendo alívio aos mercados que temiam exatamente essa possibilidade.
Ele também mencionou que cortes nas taxas de juros poderiam ser considerados se ocorresse uma deterioração significativa no mercado de trabalho.
- VOCÊ JÁ DOLARIZOU SEU PATRIMÔNIO? A Empiricus Research está liberando uma carteira gratuita com 10 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui e acesse.
Mercado de trabalho dos EUA criou menos vagas em abril
Essa possibilidade ganhou força na sexta-feira, quando os dados de emprego divulgados ficaram aquém das expectativas, reanimando as esperanças de redução nas taxas de juros já nos meses de setembro e dezembro nos Estados Unidos.
Leia Também
O relatório de empregos de abril mostrou uma criação de vagas muito abaixo do previsto, marcando o menor aumento desde outubro de 2023. Esta foi apenas a quarta vez nos últimos dois anos em que os números ficaram abaixo das expectativas. A média móvel trimestral de criação de empregos diminuiu de 276 mil para 242 mil vagas.
A deterioração nos indicadores de emprego é um dos primeiros sinais de enfraquecimento da economia americana.
Além disso, houve um aumento na taxa de desemprego e os ajustes salariais foram inferiores ao esperado.
O aumento salarial anual está agora em 3,9%, marcando a primeira vez em quase três anos que fica abaixo de 4% — aproximando-se da média pré-pandemia de 3,3% ao ano.
Para nós, brasileiros, a evolução desses eventos é de extrema importância.
Como isso afeta o Copom
Esta semana, o Banco Central do Brasil realizará sua reunião de política monetária, que ocorre entre terça e quarta-feira.
O mercado está dividido quanto às expectativas para um possível corte na taxa Selic, oscilando entre reduções de 0,25 ou 0,50 ponto percentual na sessão do Comitê de Política Monetária (Copom).
Recentemente, a inclinação para um corte mais conservador de 25 pontos ganhou força, influenciada por cenários externos anteriormente considerados pelo Banco Central.
Segundo o Boletim Focus, a expectativa para a taxa Selic de referência para o final de 2024 subiu para 9,63% ao ano, um ajuste que parece refletir o robusto crescimento interno, o aumento do risco fiscal e a resiliência da economia dos EUA. Com esses dados, o mercado tende a esperar um corte de apenas 25 pontos.
O dilema do Copom
Portanto, o Banco Central enfrenta um dilema: ou reduz a taxa em 50 pontos, cumprindo o que foi indicado no último comunicado, adotando um tom mais rígido e possivelmente provocando volatilidade no câmbio; ou realiza um corte de 25 pontos, contrariando as expectativas anteriores sem endurecer tanto o comunicado, o que poderia fortalecer o real, mas trazer volatilidade aos ativos de risco.
De qualquer maneira, a autoridade monetária estaria abandonando completamente o forward guidance, destacando a complexidade da situação atual.
Considerando os mais recentes indicadores, como a inflação local abaixo do esperado no IPCA-15 de abril e um mercado de trabalho americano menos dinâmico, mantenho a perspectiva de que o corte de 50 pontos ainda é viável, idealmente com um comunicado mais conservador.
Contudo, a possibilidade de um corte de 25 pontos também é considerável, refletindo as incertezas e probabilidades do momento.
O motivo da dúvida
Conforme relatado na ata de março, alguns membros da comissão argumentaram que, mantendo-se um alto nível de incerteza prospectiva, um ritmo mais gradual de flexibilização monetária poderia ser mais adequado.
Sem dúvida, a incerteza, especialmente no cenário externo, aumentou desde a última reunião. Portanto, é improvável que a decisão do Copom seja unânime.
Nesse contexto, será crucial observar não apenas a decisão final e o conteúdo do comunicado, mas também como será a divisão de votos e como votarão Gabriel Galípolo e Paulo Picchetti, ambos cotados como possíveis sucessores de Roberto Campos Neto no próximo ano.
Gabriel Galípolo, que parece estar à frente na disputa pela presidência do Banco Central, provavelmente terá seu voto meticulosamente analisado.
No entanto, com a intenção de minimizar controvérsias, é pouco provável que ele se posicione de maneira divergente ao presidente do banco, independentemente da decisão tomada.
- Receba matérias especiais do Seu Dinheiro + recomendações de investimentos diretamente em seu WhatsApp.É só clicar aqui e entrar na In$ights, comunidade gratuita.
Comentários de dirigentes do Fed e IPCA no radar
Agora, após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e os recentes dados importantes sobre o mercado de trabalho, a agenda macroeconômica se volta para as falas dos dirigentes do Federal Reserve, que agora tentam moldar a narrativa.
Adicionalmente, a agenda econômica aguarda a divulgação do IPCA de abril na sexta-feira, com expectativas de um aumento mensal de 0,38%, o que significaria uma aceleração em relação aos 0,16% registrados em março.
Esta aceleração deve ser ampla, impulsionada por fatores como condições climáticas adversas que afetam os preços dos alimentos consumidos em domicílio, redução dos descontos em bens industriais duráveis aplicados em março, aumentos sazonais em vestuário e produtos farmacêuticos, além de elevações nos preços dos combustíveis.
Um resultado abaixo do esperado seria positivamente recebido pelo mercado, especialmente se acompanhado por uma queda na inflação de serviços, como algumas análises antecipam.
- LEIA TAMBÉM: Juro real de volta aos 6%: com bolsa na pior e dólar nas alturas, essa é uma nova oportunidade?
A falta que faz uma âncora
Por outro lado, as recentes indicações no âmbito fiscal foram desfavoráveis.
Em abril, a meta de resultado primário do governo foi revisada de 0% para 0,5% do PIB.
Embora essa alteração ainda represente um cenário mais otimista do que o previsto pelo mercado para as finanças públicas, ela reflete a continuidade de práticas fiscais questionáveis.
A expansão dos gastos governamentais tende a manter a demanda interna aquecida e os prêmios de risco elevados.
A ausência de uma âncora fiscal pesa significativamente sobre a política monetária.
Não seria surpreendente se esse contexto fosse mencionado de forma mais detalhada na ata, embora o BC provavelmente evite confrontar diretamente o governo agora.
Seja como for, a falta de credibilidade fiscal implica na manutenção de juros mais altos.
- O dilema não precisa chegar no seu bolso: Segundo o analista Matheus Spiess, o momento é de incerteza nos mercados – mas você não precisa ficar em dúvida quanto aos seus investimentos. Clique AQUI e confira gratuitamente as recomendações da Empiricus Research para o mês.
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Petrobras (PETR4) opera em queda, mas nem tudo está perdido: chance de dividendo bilionário segue sobre a mesa
A estatal divulgou na noite de terça-feira (29) os dados de produção e vendas do período de janeiro e março, que foram bem avaliados pelos bancos, mas não sobrevive às perdas do petróleo no mercado internacional; saiba o que está por vir com relação ao balanço
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Focus prevê IPCA menor ao final de 2025, mas ainda acima do teto da meta: veja como buscar lucros acima da inflação com isenção de IR
Apesar da projeção de uma inflação menor ao final de 2025, o patamar segue muito acima da meta, o que mantém a atratividade dessa estratégia com retorno-alvo de 17% e livre de IR
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
JP Morgan rebaixa Caixa Seguridade (CXSE3) para neutra após alta de 20% em 2025
Mesmo com modelo de negócios considerado “premium”, banco vê potencial de valorização limitado, e tem uma nova preferida no setor
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso
A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)