Vinte dias no vermelho: os três fatores que fizeram o Ibovespa perder quase 7 mil pontos no começo de 2024 — e o que esperar agora
A bolsa brasileira caiu dos 134 mil pontos para o nível próximo aos 127 mil pontos, o que representa uma queda de quase 5%
Após alcançar as máximas históricas no fim de 2023, a bolsa brasileira virou o ano com grandes expectativas. Mas os primeiros 20 dias de janeiro foram uma verdadeira ducha de água gelada nos investidores.
O Ibovespa — principal índice de ações da B3 — caiu dos 134 mil pontos para o nível próximo aos 127 mil pontos, o que representa uma queda de quase 5%. Ao mesmo tempo, o dólar saltou 1,51%.
Houve um alívio na sexta-feira, é verdade. Mas também é fato que o sentimento de euforia deu lugar à cautela no mercado. A visão positiva para a bolsa continua, mas a expectativa agora é que esse caminho seja mais acidentado.
A mudança brusca no humor dos investidores nos primeiros dias de 2024 passa por três principais fatores. Saiba mais sobre o que provocou a queda da bolsa e o que esperar daqui para frente.
1. Juros nos Estados Unidos
O principal motivo para as sucessivas quedas do Ibovespa em janeiro não é inédito — e a bolsa brasileira “provou do mesmo fel” há pouco mais de seis meses: os juros nos Estados Unidos.
Em agosto do ano passado — quando o Ibovespa registrou a maior sequência de quedas consecutivas na história, com 13 recuos —, a principal preocupação dos investidores era, justamente, sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed) — o banco central norte-americano, que resultou na escalada das taxas (yields) dos títulos do Tesouro do país, os Treasurys.
Leia Também
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
A preocupação agora é a mesma, mas sob condições diferentes. Se antes o mercado temia por novas altas dos juros pelo Fed, hoje a incerteza paira sobre quando o BC norte-americano vai começar a cortar as taxas.
Há menos de um mês, a expectativa do mercado era de início de corte nos juros em março.
Contudo, os dados recentes da economia norte-americana frustraram os investidores, segundo Willian Castro, estrategista-chefe da Avenue.
“Todos os indicadores da economia norte-americana têm vindo mais fortes do que o esperado. Todos esses diferentes dados ajudam a construir esse cenário de uma economia mais resiliente, mais forte e, consequentemente, de uma economia que não conversa com um corte de juros tão acelerado”, afirma.
Além disso, declarações dos dirigentes do Fed acenderam um ”sinal de revisão” da perspectiva de redução dos juros em breve.
Na última terça-feira (16), o diretor do Fed Christopher Waller reconheceu que a inflação está desacelerando nos Estados Unidos, mas que "ainda é preciso mais dados para ter certeza sobre uma queda sustentada da inflação, que não tenha repiques ou resistência excessiva".
Segundo Waller, o Fed deve reduzir os juros em 0,75 ponto percentual neste ano, com três cortes de 0,25 ponto percentual — o que contrariou as expectativas do mercado de redução entre 1,50 e 1,75 ponto percentual — e mais tarde do que o projetado.
Em consequência, o mercado deu “um passo atrás”. Embora as chances de primeiro corte nos juros em março sejam superiores a 50% e esta aposta continue sendo dominante, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, essa probabilidade era de cerca de 70% no fim de dezembro e início de janeiro.
Como de praxe, a mudança na perspectiva na maior economia do mundo veio acompanhada da elevação dos rendimentos dos Treasurys, o que pressiona os ativos de risco mundo afora, incluindo a bolsa brasileira.
O curioso é que, desta vez, as bolsas norte-americanas não sofrem com o maior aperto no mercado de juros. O estrategista da Avenue tem uma explicação para o movimento:
“O Brasil teve um consenso muito positivo desde novembro de que o país era uma alternativa, mas agora falta o comprador marginal, aquele que ainda não investiu aqui.”
2. Briga entre Congresso e Governo
Além dos juros nos Estados Unidos, o cenário doméstico tem uma parcela importante na explicação das quedas recentes do Ibovespa.
Nas últimas semanas, aumentaram os ruídos sobre o ambiente fiscal do Brasil, com foco nas discussões sobre a arrecadação e renúncias tributárias, como a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos — com o veto do presidente Lula derrubado pelo Congresso Nacional.
Como alternativa, o governo apresentou uma proposta de reoneração gradual da folha — que tem enfrentado resistência dos deputados e senadores em Brasília.
Nesta sexta-feira (19), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a medida provisória que retoma os impostos será revogada.
"Há o compromisso do governo federal de reeditar a medida provisória para revogar essa MP na parte que toca a desoneração da folha de pagamento. Esse é o compromisso político que fizemos e é assim que vai acontecer e se encaminharem as coisas", disse ele, durante o Brazil Economic Forum em Zurique, na Suíça.
Em reação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a medida apresentada pelo governo e afirmou que os benefícios dados às empresas não geraram mais emprego e aumento de salário, em linha com as declarações recentes do presidente Lula.
Para o analista político da Warren Investimentos, Erich Decat, o desencontro da fala de Pacheco com a entrevista de Haddad demonstra que pouco ou quase nada se avançou nos últimos dias.
“Mais do que isso, mesmo depois de se reunir com Haddad e Lula, Pacheco, conhecido pela cautela na política, deixou publicamente clara a sua posição em relação ao tema”, disse Decat.
3. Conflito no Oriente Médio
A escalada do conflito no Mar Vermelho também se tornou um fator de preocupação para os investidores.
Embora distantes, as tensões no Oriente Médio podem impactar nas cotações do petróleo, e consequentemente, na inflação global, além de dificultar a redução dos juros nas maiores economias do mundo, afirma Fernando Ferrer, analista da Empiricus.
Para ele, a questão geopolítica é o “grande tema potencialmente negativo” para as bolsas, inclusive a brasileira.
Contudo, os impactos ainda não são fortemente sentidos, disse Rafael Passos, da Ajax Asset Management. “Os preços do petróleo estão relativamente comportados”. O cenário, porém, pode mudar caso o barril da commodity tenha uma escalada nos preços adiante.
O Ibovespa pode voltar a subir?
Apesar das quedas recentes, o mercado ainda vê potencial de crescimento para a bolsa brasileira ao longo do ano.
Isso porque, considerando o desempenho histórico do Ibovespa em meio a cenários passados de cortes de juros, o risco-retorno das ações brasileiras segue atrativo.
“Com o rali no final do ano, o índice se recuperou, mas ainda está abaixo do desempenho mediano que vimos nos últimos ciclos. Caso o Ibovespa volte a repetir esses padrões históricos, entendemos que pode existir espaço para entregar bons retornos à frente”, escrevem os analistas da XP Investimentos Fernando Ferreira, Jennie Li, Thales Carmo e Julia Aquino, em relatório recente.
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
Bolsa nas alturas: Ibovespa fecha acima dos 158 mil pontos em novo recorde; dólar cai a R$ 5,3346
As bolsas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia também encerraram a sessão desta quarta-feira (26) com ganhos; confira o que mexeu com os mercados
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
Ibovespa avança e Nasdaq tem o melhor desempenho diário desde maio; saiba o que mexeu com a bolsa hoje
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações cíclicas puxaram o tom positivo, em meio a forte queda da curva de juros brasileira
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: mesmo com tombo de mais de 7% na sexta, CVC (CVCB3) teve um dos maiores ganhos da semana
Cogna liderou as maiores altas do índice, enquanto MBRF liderou as maiores quedas; veja o ranking completo e o balanço da bolsa na semana
JBS (JBSS3), Carrefour (CRFB3), dona do BK (ZAMP3): As empresas que já deixaram a bolsa de valores brasileira neste ano, e quais podem seguir o mesmo caminho
Além das compras feitas por empresas fechadas, recompras de ações e idas para o exterior também tiraram papéis da B3 nos últimos anos
A nova empresa de US$ 1 trilhão não tem nada a ver com IA: o segredo é um “Ozempic turbinado”
Com vendas explosivas de Mounjaro e Zepbound, Eli Lilly se torna a primeira empresa de saúde a valer US$ 1 trilhão
Maior queda do Ibovespa: por que as ações da CVC (CVCB3) caem mais de 7% na B3 — e como um dado dos EUA desencadeou isso
A combinação de dólar forte, dúvida sobre o corte de juros nos EUA e avanço dos juros futuros intensifica a pressão sobre companhia no pregão
Nem retirada das tarifas salva: Ibovespa recua e volta aos 154 mil pontos nesta sexta (21), com temor sobre juros nos EUA
Índice se ajusta à baixa dos índices de ações dos EUA durante o feriado e responde também à queda do petróleo no mercado internacional; entenda o que afeta a bolsa brasileira hoje
O erro de R$ 1,1 bilhão do Grupo Mateus (GMAT3) que custou o dobro para a varejista na bolsa de valores
A correção de mais de R$ 1,1 bilhão nos estoques expôs fragilidades antigas nos controles do Grupo Mateus, derrubou o valor de mercado da companhia e reacendeu dúvidas sobre a qualidade das informações contábeis da varejista
Debandada da B3: quando a onda de saída de empresas da bolsa de valores brasileira vai acabar?
Com OPAs e programas de recompras de ações, o número de empresas e papéis disponíveis na B3 diminuiu muito no último ano. Veja o que leva as empresas a saírem da bolsa, quando esse movimento deve acabar e quais os riscos para o investidor
Medo se espalha por Wall Street depois do relatório de emprego dos EUA e nem a “toda-poderosa” Nvidia conseguiu impedir
A criação de postos de trabalho nos EUA veio bem acima do esperado pelo mercado, o que reduz chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em dezembro; bolsas saem de alta generalizada para queda em uníssono
Depois do hiato causado pelo shutdown, Payroll de setembro vem acima das expectativas e reduz chances de corte de juros em dezembro
Os Estados Unidos (EUA) criaram 119 mil vagas de emprego em setembro, segundo o relatório de payroll divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento do Trabalho
Sem medo de bolha? Nvidia (NVDC34) avança 5% e puxa Wall Street junto após resultados fortes — mas ainda há o que temer
Em pleno feriado da Consciência Negra, as bolsas lá fora vão de vento em poupa após a divulgação dos resultados da Nvidia no terceiro trimestre de 2025
Com R$ 480 milhões em CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai 24% na semana, apesar do aumento de capital bilionário
A companhia vive dias agitados na bolsa de valores, com reação ao balanço do terceiro trimestre, liquidação do Banco Master e aprovação da homologação do aumento de capital