Por que o BTG quer liquidar o pioneiro e maior FOF da bolsa brasileira — e como a operação pode destravar valor para os cotistas do BCFF11
O destino do fundo imobiliário está na mão dos cotistas, que decidirão se aceitam uma proposta de incorporá-lo a outro FII, o BTHF11

Um fundo imobiliário da B3 com 14 anos de história e pioneiro do segmento de FOFs pode deixar de existir em breve para dar origem ao maior FII do tipo hedge fund da indústria brasileira.
O destino do BTG Pactual Fundo de Fundos (BCFF11) está nas mãos dos cotistas, que decidirão se aceitam ou não uma proposta de incorporá-lo a outro FII, o BTG Pactual Hedge Fund (BTHF11).
A operação partiu da própria BTG Asset, responsável pela gestão dos dois FIIs, e prevê que toda a carteira do BCFF11 — a maior do segmento de FOFs em termos de patrimônio líquido — seja adquirida pelo BTHF11. Em contrapartida, o fundo vendedor ficará com 100% das cotas do comprador.
Posteriormente, o hedge fund, que é atualmente negociado no ambiente da Cetip, será listado na B3. Já o FOF do BTG será liquidado, entregando oficialmente as cotas do BTHF11 para sua base, que conta com mais 355 mil investidores.
Mas, para isso, ambos os fundos precisam obter o sinal verde dos cotistas, que devem se manifestar sobre a proposta de incorporação em uma consulta formal até 12 de agosto.
- Receber aluguéis na conta sem ter imóveis é possível através dos fundos imobiliários: veja as 5 top picks no setor para comprar agora, segundo o analista Caio Araujo
Os FOFs estão ficando ultrapassados?
Vale destacar que fusões entre FOFs e hedge funds estão se tornando cada vez mais comuns na indústria.
Leia Também
Um movimento similar ao proposto pelo BTG aconteceu entre o final de 2023 e o início deste ano, por exemplo, quando o portfólio do Mogno Fundo de Fundos (MGHF11) foi incorporado pelo Valora Hedge Fund (VGHF11).
Na visão de um gestor ouvido pelo Seu Dinheiro e que lida com os dois tipos de estratégia, o FOF está caminhando para o desuso pois apresenta uma grande assimetria frente ao hedge fund.
A classe pode investir não só em outros FIIs como também em títulos de crédito imobiliário, imóveis e até ações de empresas do setor.
“Enxergamos que daqui a cinco ou dez anos, provavelmente, o FOF terá uma grande desvantagem competitiva frente a esse irmão que é mais recente e tem artifícios mais versáteis de gestão”, diz o gestor.
Incorporação pode gerar ganho de capital de mais de 10% para o FOF do BTG
Essa ampliação das possibilidades para o portfólio é uma das principais vantagens que o BTG Pactual cita na defesa da incorporação de seus dois fundos.
Em material de apoio enviado aos cotistas, a gestão destaca que a ampliação do mandato do BCFF11 melhora a competitividade do produto. “O fundo evolui conforme o mercado, com maior agilidade para desinvestir de posições menos estratégicas”, diz a asset.
Vale destacar que a dificuldade para desfazer-se de alguns ativos é um dos fatores que prejudica as cotas do fundo de fundos no mercado secundário.
Parte da carteira é composta por teses mais antigas que não renderam os frutos esperados, como uma aposta no mercado corporativo do Rio de Janeiro. Apesar de representarem uma parcela de menos de 20% do portfólio, esses ativos rendem yields baixos ou têm um custo médio de aquisição acima do valor atual de mercado, o que leva à penalização das cotas.
O FII negocia a cerca de R$ 8,36 na B3 nesta quinta-feira (1), com um desconto de quase 11% sobre o valor patrimonial. Se considerado também os fundos que compõem a carteira, o “duplo desconto” ultrapassa os 24%.
A venda do portfólio para o BTHF11 deve permitir que o fundo destrave esse prejuízo sem que ele afete os ganhos ou rendimentos, pois a aquisição será feita considerando o valor patrimonial dos ativos.
Por isso, o analista de fundos imobiliários da Empiricus Caio Araújo avalia que a proposta de combinar os portfólios gera valor para os investidores.
“A incorporação promove um potencial ganho de capital imediato para os cotistas do BCFF11. Há também uma projeção de aumento de rendimentos”, afirma ele em artigo publicado no site da casa de análises.
Nos cálculos da própria gestão, o ganho de capital imediato é de 12%. Já o rendimento deve crescer de 11% a 16%.
Haverá ainda uma redução na taxa de administração, que cairá dos atuais 1,25% para 1,1% ao ano. Por outro lado, os cotistas estarão sujeitos a pagar uma taxa de performance de 20% sobre rendimentos que superarem o patamar de IPCA+6% ao ano.
Operação entre FIIs do BTG dará origem ao maior hedge fund do mercado
Para isso será preciso primeiro “sacrificar” todo o portfólio do BCFF11, que será completamente integralizado ao BTHF11, cujo patrimônio líquido ficará em R$ 2,4 bilhões.
O novo e turbinado fundo também será o quinto maior da B3 em termos de cotistas, com mais de 370 mil investidores.
Ainda segundo o BTG, o tamanho colossal do novo fundo é uma importante vantagem competitiva. Veja como deve ficar a divisão por ativos do novo portfólio:
A gestora relembra ainda que o BCFF11 já é o FOF mais líquido do mercado, com uma negociação diária média superior a R$ 2,8 milhões. E há possibilidade de aumentá-la ainda mais com a contratação de um formador de mercado.
Como votar
Antes de tudo isso, porém, é preciso obter a aprovação dos cotistas. E faltam poucos dias para o encerramento da consulta formal promovida pelos dois fundos.
É preciso atingir um quórum mínimo de 25% da base para que a deliberação seja válida. Terá direito ao voto quem estava entre os investidores do BCFF11 ou do BTHF11 na data de envio da consulta, publicada em 11 de julho.
Se você se enquadra nessa regra, para votar basta apenas acessar a área do investidor da B3. As informações sobre assembleias em aberto estão disponíveis na seção de “voto à distância” dentro da aba de serviços do portal.
Um novo segmento para os fundos imobiliários? Com avanço da inteligência artificial, data centers entram na mira dos FIIs — e cotistas podem lucrar com isso
Com a possibilidade de o país se tornar um hub de centros de processamento de dados, esses imóveis deixam de ser apenas “investimentos diferentões”
O pior está por vir? As ações que mais apanham com as tarifas de Trump ao Brasil — e as três sobreviventes no pós-mercado da B3
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5% assim que a taxa de 50% foi anunciada pelo presidente norte-americano, enquanto o dólar para agosto renovou máxima, subindo mais de 2%
A bolsa brasileira vai negociar ouro a partir deste mês; entenda como funcionará o novo contrato
A negociação começará em 21 de julho, sob o ticker GLD, e foi projetada para ser mais acessível, inspirada no modelo dos minicontratos de dólar
Ibovespa tropeça em Galípolo e na taxação de Trump ao Brasil e cai 1,31%; dólar sobe a R$ 5,5024
Além da sinalização do presidente do BC de que a Selic deve ficar alta por mais tempo do que o esperado, houve uma piora generalizada no mercado local depois que Trump mirou nos importados brasileiros
FII PATL11 dispara na bolsa e não está sozinho; saiba o que motiva o bom humor dos cotistas com fundos do Patria
Após encher o carrinho com novos ativos, o Patria está apostando na reorganização da casa e dois FIIs entram na mira
O Ibovespa está barato? Este gestor discorda e prevê um 2025 morno; conheça as 6 ações em que ele aposta na bolsa brasileira agora
Ao Seu Dinheiro, o gestor de ações da Neo Investimentos, Matheus Tarzia, revelou as perspectivas para a bolsa brasileira e abriu as principais apostas em ações
A bolsa perdeu o medo de Trump? O que explica o comportamento dos mercados na nova onda de tarifas do republicano
O presidente norte-americano vem anunciando uma série de tarifas contra uma dezena de países e setores, mas as bolsas ao redor do mundo não reagem como em abril, quando entraram em colapso; entenda por que isso está acontecendo agora
Fundo Verde, de Stuhlberger, volta a ter posição em ações do Brasil
Em carta mensal, a gestora revelou ganhos impulsionados por posições em euro, real, criptomoedas e crédito local, enquanto sofreu perdas com petróleo
Ibovespa em disparada: estrangeiros tiveram retorno de 34,5% em 2025, no melhor desempenho desde 2016
Parte relevante da valorização em dólares da bolsa brasileira no primeiro semestre está associada à desvalorização global da moeda norte-americana
Brasil, China e Rússia respondem a Trump; Ibovespa fecha em queda de 1,26% e dólar sobe a R$ 5,4778
Presidente norte-americano voltou a falar nesta segunda-feira (7) e acusou o Brasil de promover uma caça às bruxas; entenda essa história em detalhes
Em meio ao imbróglio com o FII TRBL11, Correios firmam acordo de locação com o Bresco Logística (BRCO11); entenda como fica a operação da agência
Enquanto os Correios ganham um novo endereço, a agência ainda lida com uma queda de braço com o TRBL11, que vem se arrastando desde outubro do ano passado
De volta ao trono: Fundo imobiliário de papel é o mais recomendado de julho para surfar a alta da Selic; confira o ranking
Apesar do fim da alta dos juros já estar entrando no radar do mercado, a Selic a 15% abre espaço para o retorno de um dos maiores FIIs de papel ao pódio da série do Seu Dinheiro
Ataque hacker e criptomoedas: por que boa parte do dinheiro levado no “roubo do século” pode ter se perdido para sempre
Especialistas consultados pelo Seu Dinheiro alertam: há uma boa chance de que a maior parte do dinheiro roubado nunca mais seja recuperada — e tudo por causa do lado obscuro dos ativos digitais
Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3), lança programa de BDRs na B3; saiba como vai funcionar
Os certificados serão negociados na bolsa brasileira com o ticker EVEB31 e equivalerão a uma ação ordinária da empresa na Bolsa de Nova York
Quem tem medo da taxação? Entenda por que especialistas seguem confiantes com fundos imobiliários mesmo com fim da isenção no radar
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, especialistas da Empiricus Research, da Kinea e da TRX debateram o que esperar para o setor imobiliário se o imposto for aprovado no Congresso
FIIs na mira: as melhores oportunidades em fundos imobiliários para investir no segundo semestre
Durante o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025, do Seu Dinheiro, especialistas da Empiricus Research, Kinea e TRX revelam ao que o investidor precisa estar atento no setor imobiliário com a Selic a 15% e risco fiscal no radar
Ibovespa sobe 0,24% e bate novo recorde; dólar avança e termina dia cotado em R$ 5,4248
As bolsas norte-americanas não funcionaram nesta sexta-feira (4) por conta de um feriado, mas o exterior seguiu no radar dos investidores por conta das negociações tarifárias de Trump
Smart Fit (SMFT3) falha na série: B3 questiona queda brusca das ações; papéis se recuperam com alta de 1,73%
Na quarta-feira (2), os ativos chegaram a cair 7% e a operadora da bolsa brasileira quis entender os gatilhos para a queda; descubra também o que aconteceu
Ibovespa vale a pena, mas vá com calma: por que o UBS recomenda aumento de posição gradual em ações brasileiras
Banco suíço acredita que a bolsa brasileira tem espaço para mais valorização, mas cita um risco como limitante para alta e adota cautela
Da B3 para as telinhas: Globo fecha o capital da Eletromidia (ELMD3) e companhia deixa a bolsa brasileira
Para investidores que ainda possuem ações da companhia, ainda é possível se desfazer delas antes que seja tarde; saiba como