Gestor da Itaú Asset aposta em rali de fim de ano do Ibovespa com alta de até 20% — e conta o que falta para a arrancada
Luiz Ribeiro é responsável pelas carteiras de duas famílias de fundos de ações da Itaú Asset e administra um patrimônio de mais de R$ 2,2 bilhões em ativos
Que a bolsa brasileira está barata, os investidores locais já cansaram de ouvir. A dúvida, na realidade, agora é: em que momento essa situação vai se reverter e o Ibovespa de fato começará a andar? Para Luiz Ribeiro, gestor de renda variável da Itaú Asset, a resposta é: logo.
Responsável pelas carteiras de duas famílias de fundos com mais de R$ 2,2 bilhões da gestora ligada ao maior banco privado brasileiro, Ribeiro vê elementos para um rali de fim de ano do Ibovespa.
“Dada a posição técnica, eu acho provável uma alta de 15% a 20% em relação aos patamares em que estamos hoje”, afirmou, em entrevista ao Seu Dinheiro.

Um dos gatilhos potenciais para a arrancada do Ibovespa no curto prazo é o anúncio de um pacote fiscal robusto pelo governo. Atualmente, não há uma data certa para a divulgação do plano de corte de gastos, mas a expectativa é que aconteça já nos próximos dias.
- VEJA MAIS: ações do varejo decolam após Haddad dar sinais sobre o plano de corte de gastos – onde investir para poder ‘surfar’ no cenário atual?
“Estamos em uma fase do ano historicamente favorável para ações. A bolsa pode vivenciar um novo rali de curto prazo se o pacote fiscal for consistente. Isso teria potencial para derrubar a atual percepção de risco muito alta, especialmente considerando que existe uma alocação em bolsa muito baixa entre investidores locais e estrangeiros em relação à média histórica”, disse.
Uma saída para o beco fiscal que a economia se meteu poderia trazer as taxas de juros de longo prazo para níveis melhores, abaixo de IPCA+6%. Nesse cenário, a bolsa poderia se aproximar dos múltiplos históricos, de 11 vezes a 11,5 vezes a média de preço sobre lucro dos últimos 10 anos — atualmente o Ibovespa negocia abaixo de 8 vezes/lucro.
Leia Também
Por que a bolsa brasileira está barata?
Para o gestor da Itaú Asset que cuida das famílias de fundos de ações Dunamis e Asgard, o atual desconto da bolsa brasileira não representa um problema com as empresas ou com o mercado brasileiro.
Afinal, o saldo da nova safra de balanços corporativos do terceiro trimestre é majoritariamente positivo até agora, com diversos resultados robustos, redução de endividamento e lucros sustentáveis.
E mesmo do lado macroeconômico, o país vivencia um crescimento do PIB (produto interno bruto) na casa de 3% enquanto o desemprego encontra-se a níveis bem mais baixos em relação à média histórica.
“À medida que as companhias performam bem em termos de resultado, o mercado fica cada vez mais barato, porque os lucros vão crescendo e o preço da ação não move. Uma hora, você vai ter um catch up desse nível de valuation e desse múltiplo”
De acordo com Ribeiro, o principal motivo por trás do desempenho negativo do Ibovespa neste ano — que acumulou queda de quase 5% desde janeiro — é a atual percepção de risco do mercado. A aversão ao risco catalisada pelas incertezas do lado macroeconômico bate diretamente nos juros de longo prazo.
“Você não pode estar com uma NTN-B [Tesouro IPCA+, título público corrigido pela inflação] longa e pagando IPCA mais quase 7% e esperar que a bolsa vá negociar a um múltiplo muito mais alto do que está hoje”, disse o gestor.
E por que isso faz preço na bolsa? Pois os juros de longo prazo são o referencial do mercado para descontar o fluxo de caixa das empresas.
“A bolsa vai continuar negociando a um múltiplo baixo até que tenha uma visibilidade melhor com relação à taxa de juros de longo prazo. Esse é o jogo hoje. É difícil dizer que a bolsa vai negociar a um múltiplo de 11 vezes o P/L de novo com a curva longa atual. Mas esse patamar é possível em um cenário de médio e longo prazo”, disse o gestor.
Segundo o gestor, é preciso uma percepção de risco mais baixa, especialmente do lado das contas públicas, para que o mercado volte a subir de maneira mais consistente.
Os setores favoritos na bolsa do setor da Itaú Asset
Pela política do Itaú, Ribeiro não comenta sobre ações específicas, mas indicou as principais alocações setoriais da carteira dos fundos.
Em uma postura atualmente mais defensiva, o gestor aposta em papéis de utilities — que engloba os segmentos de saneamento básico e energia elétrica —, que tendem a performar bem diante de eventuais relaxamentos monetários, além de empresas no setor industrial e exportadoras, que se beneficiam em momentos de dólar mais forte.
O portfólio dos fundos Dunamis e Asgard também tem posições em consumo não discricionário, com preferência por farmácias e varejistas de alimentos.
Outro setor que compõe a carteira dos fundos geridos por Ribeiro é o financeiro, que é beneficiado pela melhora na economia e menos sensível às altas taxas de juros. Os bancos ainda vêm registrando resultados robustos, com queda da inadimplência e melhores crescimentos de carteiras de crédito.
- Acima da Selic a 11,25% ao ano: conheça 8 ações que ainda podem valorizar acima da taxa de juros, segundo analista
Outros riscos no radar do Ibovespa
Para além das preocupações domésticas, com incertezas fiscais e juros em alta, a bolsa brasileira e outros mercados emergentes podem vivenciar uma pressão vinda do exterior, especialmente após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Isso porque a vitória do republicano na corrida à Casa Branca gera algumas implicações para mercados emergentes, a começar pelo dólar mais forte no mundo inteiro.
“Quando foi confirmada a vitória do Donald Trump, houve um um aumento na curva de juros norte-americana mais longa devido à expectativa de inflação maior e também por conta de um fiscal um pouco mais solto nos EUA. Tudo isso combinado leva ao fortalecimento do dólar, o que gera uma ligeira piora no cenário exterior para mercados emergentes.”
A expectativa de inflação maior nos EUA deve-se ao potencial inflacionário das políticas de Trump para a economia norte-americana. Entre as medidas trumpistas que podem ter efeito direto na alta de preços por lá, estão:
- Fiscal: estímulo maior às empresas americanas;
- Tarifária: protecionismo, com aumento de impostos para negócios estrangeiros;
- Imigração mais restritiva: efeito direto no custo de mão de obra.
Ribeiro avalia que a desregulamentação e os estímulos fiscais defendidos por Trump também favorecem os ativos norte-americanos e tendem a drenar fluxo de investidores para mercados como o Brasil.
“O mercado americano passa a ser mais atrativo, pelo menos no curto prazo. Ainda não dá para dizer se ele vai realmente colocar tudo o que vem dizendo no discurso em prática. Mas, a princípio, parece ter um efeito mais negativo do que positivo para a bolsa”, disse.
Para o gestor, é fato que o cenário externo ficou um pouco mais complicado. No entanto, há potenciais ventos positivos para o Ibovespa, como uma possível diminuição das tensões na Europa e no Oriente Médio.
Além disso, apesar da desaceleração, as economias globais continuam com crescimentos razoáveis — mesmo a China, que recentemente anunciou um pacote de 10 trilhões de yuans (R$ 8 trilhões, no câmbio atual), num período de 5 anos, com intuito de dar suporte à dívida dos governos locais.
Previsão de chuva de proventos: ação favorita para dezembro tem dividendos extraordinários no radar; confira o ranking completo
Na avaliação do Santander, que indicou o papel, a companhia será beneficiada pelas necessidades de capacidade energética do país
Por que o BTG acha que RD Saúde (RADL3) é uma das maiores histórias de sucesso do varejo brasileiro em 20 anos — e o que esperar para 2026
Para os analistas, a RADL3 é o “compounder perfeito”; entenda como expansão, tecnologia e medicamentos GLP-1 devem fortalecer a empresa nos próximos anos
A virada dos fundos de ações e multimercados vem aí: Fitch projeta retomada do apetite por renda variável no próximo ano
Após anos de volatilidade e resgates, a agência de risco projeta retomada gradual, impulsionada por juros mais favorável e ajustes regulatórios
As 10 melhores small caps para investir ainda em 2025, segundo o BTG
Enquanto o Ibovespa disparou 32% no ano até novembro, o índice Small Caps (SMLL) saltou 35,5% no mesmo período
XP vê bolsa ir mais longe em 2026 e projeta Ibovespa aos 185 mil pontos — e cinco ações são escolhidas para navegar essa onda
Em meio à expectativa de queda da Selic e revisão de múltiplos das empresas, a corretora espera aumento do fluxo de investidores estrangeiros e locais
A fome do TRXF11 ataca novamente: FII abocanha dois shoppings em BH por mais de R$ 257 milhões; confira os detalhes da operação
Segundo a gestora TRX, os imóveis estão localizados em polos consolidados da capital mineira, além de reunirem características fundamentais para o portfólio do FII
Veja para onde vai a mordida do Leão, qual a perspectiva da Kinea para 2026 e o que mais move o mercado hoje
Profissionais liberais e empresários de pequenas e médias empresas que ganham dividendos podem pagar mais IR a partir do ano que vem; confira análise completa do mercado hoje
O “ano de Troia” dos mercados: por que 2026 pode redefinir investimentos no Brasil e nos EUA
De cortes de juros a risco fiscal, passando pela eleição brasileira: Kinea Investimentos revela os fatores que podem transformar o mercado no ano que vem
Ibovespa dispara 6% em novembro e se encaminha para fechar o ano com retorno 10% maior do que a melhor renda fixa
Novos recordes de preço foram registrados no mês, com as ações brasileiras na mira dos investidores estrangeiros
Ibovespa dispara para novo recorde e tem o melhor desempenho desde agosto de 2024; dólar cai a R$ 5,3348
Petrobras, Itaú, Vale e a política monetária ditaram o ritmo dos negócios por aqui; lá fora, as bolsas subiram na volta do feriado nos EUA
Ações de Raízen (RAIZ4), Vibra (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3) saltam no Ibovespa com megaoperação contra fraudes em combustíveis
Analistas avaliam que distribuidoras de combustíveis podem se beneficiar com o fim da informalidade no setor
Brasil dispara na frente: Morgan Stanley vê só dois emergentes com fôlego em 2026 — saiba qual outro país conquistou os analistas
Entenda por que esses dois emergentes se destacam na corrida global e onde estão as maiores oportunidades de investimentos globais em 2026
FII Pátria Log (HGLG11) abocanha cinco galpões, com inquilinos como O Boticário e Track & Field, e engorda receita mensal
Segundo o fundo, os ativos adquiridos contam com características que podem favorecer a valorização futura
Bolsa nas alturas: Ibovespa fecha acima dos 158 mil pontos em novo recorde; dólar cai a R$ 5,3346
As bolsas nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia também encerraram a sessão desta quarta-feira (26) com ganhos; confira o que mexeu com os mercados
Hora de voltar para o Ibovespa? Estas ações estão ‘baratas’ e merecem sua atenção
No Touros e Ursos desta semana, a gestora da Fator Administração de Recursos, Isabel Lemos, apontou o caminho das pedras para quem quer dar uma chance para as empresas brasileiras listadas em bolsa
Vale (VALE3) patrocina alta do Ibovespa junto com expectativa de corte na Selic; dólar cai a R$ 5,3767
Os índices de Wall Street estenderam os ganhos da véspera, com os investidores atentos às declarações de dirigentes do Fed, em busca de pistas sobre a trajetória dos juros
Ibovespa avança e Nasdaq tem o melhor desempenho diário desde maio; saiba o que mexeu com a bolsa hoje
Entre as companhias listadas no Ibovespa, as ações cíclicas puxaram o tom positivo, em meio a forte queda da curva de juros brasileira
Maiores altas e maiores quedas do Ibovespa: mesmo com tombo de mais de 7% na sexta, CVC (CVCB3) teve um dos maiores ganhos da semana
Cogna liderou as maiores altas do índice, enquanto MBRF liderou as maiores quedas; veja o ranking completo e o balanço da bolsa na semana
JBS (JBSS3), Carrefour (CRFB3), dona do BK (ZAMP3): As empresas que já deixaram a bolsa de valores brasileira neste ano, e quais podem seguir o mesmo caminho
Além das compras feitas por empresas fechadas, recompras de ações e idas para o exterior também tiraram papéis da B3 nos últimos anos
A nova empresa de US$ 1 trilhão não tem nada a ver com IA: o segredo é um “Ozempic turbinado”
Com vendas explosivas de Mounjaro e Zepbound, Eli Lilly se torna a primeira empresa de saúde a valer US$ 1 trilhão
