Fundos imobiliários sentem o “efeito Campos Neto” e Fed nos juros, mas queda abre oportunidade para comprar FIIs com desconto
O IFIX iniciou o segundo trimestre da forma exatamente oposta à que começou o ano: o índice registra queda de 1% em abril

Apoiados por três pilares — a queda dos juros, o desconto nas cotas e as mudanças regulatórias em títulos isentos —, os fundos imobiliários tiveram um primeiro trimestre positivo e com sucessivas quebras de recordes no IFIX, índice que reúne os principais FIIs da B3.
Mas o primeiro desses pilares, o da política monetária, começou a rachar em meados de abril com a diminuição na expectativa de cortes nas taxas dos Estados Unidos.
E apresentou tantas trincas que deixou os investidores com medo de que a estrutura venha a ruir de vez, provocando uma fuga da classe que faz com que o IFIX inicie o segundo trimestre da forma exatamente oposta à que começou o ano: o índice registra queda de cerca de 1% em abril.
“Isso atrapalhou a política monetária de diversos países, entre eles o Brasil, pois não dá para o Banco Central continuar no mesmo ritmo”, afirma André Freitas, sócio-fundador e CEO da Hedge.
De fato, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “desmanchou de vez” o forward guidance — sinalização de manutenção da magnitude dos cortes nos juros.
Um dos primeiros reflexos foi a mudança radical na expectativa para o patamar da taxa Selic ao final deste ano: em apenas uma semana, os economistas consultados pelo Boletim Focus subiram as apostas de 9,13% para 9,50% ao ano. E os mais pessimistas já esperam que o BC encerre o atual ciclo de cortes com os juros ainda no patamar de dois dígitos.
Leia Também
Só pra contrariar: Ibovespa parte dos 140 mil pontos pela primeira vez na história em dia de petróleo e minério de ferro em alta
A vida aos 85 e como ter uma carteira de dividendos com "renda eterna"
- Uma renda extra de R$ 4.432,62 todo mês te interessa? Você pode receber este valor através do investimento nos fundos imobiliários certos; veja aqui uma carteira recomendada de 5 FIIs para buscar esta renda.
Por que os juros atrapalham os fundos imobiliários?
A abertura da curva de juros inclui também as taxas mais longas, que foram afetadas pela decisão do governo de rever a meta fiscal de 2025. Taxas de longo prazo mais altas diminuem a atratividade para ativos de renda variável como um todo, não apenas dos FIIs.
Com os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação superando os 6% ao ano em rentabilidade — patamar alto e considerado uma barreira de entrada importante para os investidores —, muita gente não vê motivo para arriscar em outras classes.
Nos fundos imobiliários, produtos ligados a um setor com grande necessidade de capital e famosos por pagarem dividendos mensais isentos de Imposto de Renda, o efeito pode ser ainda mais negativo devido à forte correlação com os juros.
“Hoje o título público está pagando IPCA + 6% ao ano, o que exige retornos maiores. Também tivemos um rali importante nos últimos meses e alguns players aproveitam para realizar lucro”, diz Caio Nabuco de Araújo, analista da Empiricus.
Outra consequência ruim do cenário é seu efeito sobre as emissões de cotas. Os fundos imobiliários movimentaram o mercado de ofertas no primeiro trimestre, captando R$ 12,8 bilhões entre janeiro e março — mais de um terço dos R$ 30 bilhões registrados no ano passado inteiro.
Para Marcos Baroni, head de fundos imobiliários e analista CNPI da Suno Research, alguns gestores podem deixar de vir a mercado em meio ao turbilhão dos juros. “Os preços indo para baixo no mercado secundário, com alguns fundos negociando abaixo do valor patrimonial, desincentivam as novas emissões. Acredito que, se esse cenário se prolongar por mais tempo, podemos sentir uma redução no ritmo de crescimento do patrimônio da indústria."
VEJA TAMBÉM — O choque de realidade de CAMPOS NETO: como ficam BOLSA e RENDA FIXA? I TOUROS E URSOS
Fundos imobiliários mantêm bons fundamentos e dividendos atrativos
O analista da Suno destaca que, apesar das dificuldades macroeconômicas, os fundamentos dos FIIs estão mantidos: “Essa condição de juros impacta a precificação, mas os fundos estão estáveis, distribuindo seus rendimentos por cota e a estrutura está preservada.”
Por isso, Baroni acredita que podemos dividir os investidores de FIIs em dois grupos. O primeiro, formado pelos conservadores, ficará mais retraído em meio à volatilidade. “Já quem tem um horizonte de investimentos mais longo olhará isso como uma oportunidade.”
André Freitas, CEO da Hedge Investments, também acredita que há boas opções e espaço no mercado, mesmo considerando que a taxa Selic termine o ano em um patamar mais elevado do que o inicialmente previsto.
“No tijolo, por exemplo, temos vários FIIs de shopping e logística que registram um dividend yield de 9,5%. É uma taxa bastante competitiva, levando em conta a qualidade dos ativos e o fato de não ter tributação.”
Vale destacar que os fundos de tijolo, assim conhecidos por comprarem ativos reais como escritórios, galpões e shoppings, são ainda mais sensíveis ao movimento dos juros e registram as maiores quedas do IFIX neste mês, superando a média do próprio índice. Veja abaixo:
Segmento | Variação em abril* |
Híbrido | -0,12% |
Papel | -0,81% |
IFIX | -0,97% |
Fundos de fundos | -1,05% |
Shoppings | -1,90% |
Renda Urbana | -1,96% |
Logística | -2,26% |
Escritórios | -2,86% |
- Como buscar um “aluguel” de R$ 4.432,62 com fundos imobiliários? Caio Araujo, analista de FIIs, encontrou 5 oportunidades que podem te render “aluguéis” todos os meses. Baixe AQUI o relatório gratuito para conhecer todos os FIIsrecomendados por ele e a tese de investimento de cada um.
Um fundo imobiliário de tijolo e outro de papel descontados e com bons portfólios
Dentro dos segmentos campeões negativos do mês, Caio Araújo, da Empiricus, cita o BTG Pactual Logística (BTLG11) como um exemplo de FII que apresenta um recuo “exagerado”.
O fundo cai mais de 4% em abril apesar de ter concluído uma captação bilionária e alocado recursos recentemente. “É um fundo que deve pagar um yield interessante na casa de 9%, vai ter reavaliação patrimonial em breve e nós prevemos uma valorização. Então, na nossa visão, essa queda é um pouco exagerada.”
Já os fundos de papel — que têm uma volatilidade menor em caso de abertura da curva de juros pois as carteiras são compostas por títulos de renda fixa — não sofreram um impacto tão forte.
Ou seja, não há tantas oportunidades no segmento, mas Araújo enxerga uma: outro FII que está caindo acima da média da indústria é o Mauá Capital Recebíveis Imobiliários (MCCI11), que tem uma carteira de qualidade, majoritariamente indexada à inflação, e não deveria negociar com um desconto.”
BTG Pactual Logística (BTLG11) quer colocar o portfólio do SARE11 na carteira; cotistas são convocados para decidir futuro do FII
Para a aquisição do portfólio completo do fundo imobiliário, o BTLG11 propõe duas possibilidades de pagamento
Contra avanço dos automáticos, carros manuais tornam-se joias sobre rodas
Eles viraram símbolo de experiência sensorial e conexão com o carro. Conheça quatro cultuados esportivos que te obrigam a trocar de marcha
Entre a frustração com o Banco do Brasil (BBAS3) e a surpresa com o Bradesco (BBDC4): quem brilhou e decepcionou nos resultados dos bancos do 1T25?
Depois dos resultados dos grandes bancos, chegou a hora de saber: o que os analistas estão recomendando para a carteira de ações?
Dupla listagem da JBS (JBSS3): consultoria recomenda que acionistas votem contra a mudança; votação à distância termina hoje (19)
Em carta aos acionistas, frigorífico critica recomendação da ISS e defende reestruturação da companhia
Mobly (MBLY3) vai “sumir” da B3: ação trocará de nome e ticker na bolsa brasileira ainda neste mês
Com a decisão da Justiça de revogar a suspensão de determinadas decisões tomadas em AGE, companhia ganha sinal verde para seguir com sua reestruturação
É igual, mas é diferente: Ibovespa começa semana perto de máxima histórica, mas rating dos EUA e gripe aviária dificultam busca por novos recordes
Investidores também repercutem dados da produção industrial da China e de atividade econômica no Brasil
Vai declarar ações ou fundos imobiliários no imposto de renda 2025? Saiba como obter o CNPJ de todas as empresas e FIIs da B3
Informar no imposto de renda o CNPJ da empresa emissora da ação ou do fundo emissor da cota é obrigatório
Em meio a novos recordes do Ibovespa, ação da Marfrig (MRFG3) registra maior alta da semana; Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque negativo
Ação da Marfrig (MRFG3) precisou apenas do pregão de sexta-feira para se destacar como a maior alta do Ibovespa na semana; papel do Banco do Brasil (BBAS3) acabou punido em reação a balanço
Pátria Escritórios (HGRE11) vai lucrar milhões com venda de imóvel em região quente de São Paulo
A venda do ativo já estava no radar dos investidores, mas o anúncio dá fôlego às cotas do fundo imobiliário nesta sexta-feira (16)
Desdobramento de cotas: ALZR11, HFOF11 e HGBS11 estão em nova tendência entre FIIs; descubra qual está no Top 5 da Empiricus para investir em maio
Movimento recente de desdobramentos nos fundos imobiliários pode aumentar liquidez e atrair novos investidores. Veja o que muda e qual FII ganhou destaque na Empiricus.
O mapa da mina: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil e fusão entre BRF e Marfrig
Bolsas internacionais amanhecem no azul, mas noticiário local ameaça busca do Ibovespa por novos recordes
Você está buscando no lugar errado: como encontrar as próximas ‘pepitas de ouro’ da bolsa
É justamente quando a competição não existe que conseguimos encontrar ações com grande potencial de valorização
Ibovespa melhor do que o S&P 500? Por que os gestores agora estão vendidos em bolsa americana, segundo pesquisa da Empiricus
O levantamento mostrou que bolsa americana entrou no campo vendido pela primeira vez desde o fim de 2023; descubra as razões
Americanas (AMER3): prejuízo de R$ 496 milhões azeda humor e ação cai mais de 8%; CEO pede ‘voto de confiança’
A varejista, que enfrenta uma recuperação judicial na esteira do rombo bilionário, acabou revertendo um lucro de R$ 453 milhões obtido no primeiro trimestre de 2024
Ação da Oi chega a subir mais de 20% e surge entre as maiores altas da bolsa. O que o mercado gostou tanto no balanço do 1T25?
A operadora de telefonia ainda está em recuperação judicial, mas recebeu uma ajudinha para reverter as perdas em um lucro bilionário nos primeiros três meses do ano
Exclusivo: Disputa bilionária da Bradespar (BRAP4) com fundos de pensão chega a momento decisivo
Holding do Bradesco, a Bradespar classifica a causa, que pode chegar a R$ 3 bilhões, como uma perda “possível” em seu balanço e não tem provisão
O novo normal durou pouco: Ibovespa se debate com balanços, PIB da zona do euro e dados dos EUA
Investidores também monitoram a primeira fala pública do presidente do Fed depois da trégua na guerra comercial de Trump contra a China
Queda de 90% desde o IPO: o que levou ao fracasso das novatas do e-commerce na B3 — e o que esperar das ações
Ações de varejistas online que abriram capital após brilharem na pandemia, como Westwing, Mobly, Enjoei, Sequoia e Infracommerce, viraram pó desde o IPO; há salvação para elas?
Moura Dubeux (MDNE3) alcança lucro líquido recorde no 1T25 e CEO projeta ano de novos marcos, mesmo com a Selic alta
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Diego Villar comentou os resultados do primeiro trimestre da companhia e projetou R$ 100 milhões em proventos até o fim do ano
Serena (SRNA3) de saída da B3: Actis e GIC anunciam oferta para fechar o capital da empresa de energia renovável; ações sobem forte
A oferta pública de aquisição vem em meio ao processo de redução de dívidas da empresa, que atingiu um pico na alavancagem de 6,8 vezes a dívida líquida/Ebitda