Mudança de rota: Campos Neto deixa claro que BC pode reduzir o ritmo de cortes na Selic a partir de maio
O presidente do Banco Central afirmou que as suas declarações não são como um guidance, mas sim um exercício de transparência
Sem uma 'bala de prata' engatilhada e envolto em incertezas no cenário macroeconômico, principalmente sobre os juros dos Estados Unidos, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reafirmou a mensagem de que a autoridade monetária pode reduzir o ritmo de cortes dos juros adiante.
Ele ponderou que suas declarações não devem ser entendidas como um guidance — ou seja, uma sinalização —, mas sim um exercício de transparência de como o BC observa a possível evolução de cenário em suas próximas decisões de política monetária.
Segundo Campos Neto, não houve mudança significativa no cenário do BC.
Porém, ele repetiu o recado que faz parte do mercado prever um corte de apenas 0,25 ponto porcentual da Selic na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom). Hoje, a Selic está a 10,75% ao ano.
"Podemos ter uma redução da incerteza, e assim seguir no caminho normal. Podemos ter um cenário no qual a incerteza permanece elevada, e aí poderemos falar em reduzir o ritmo", disse o presidente do BC durante o evento organizado pelo Bank of America (BofA).
O chefão do BC brasileiro disse ainda que pode haver um cenário no qual a incerteza começa a afetar as variáveis de maneira mais significativa, levando eventualmente a mudanças no balanço de riscos do Copom.
Caso as incertezas escalem ainda mais, a um "nível diferente", o cenário-base do Copom pode mudar.
Isso porque não há "bala de prata", nas palavras de Campos Neto. E que, apesar do último dado sobre inflação de serviços no Brasil ter sido mais positivo, as decisões não são tomadas com base em um único número.
O presidente do BC destacou que a autoridade monetária continuará tomando ações necessárias para ancorar as expectativas de inflação.
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Campos Neto de olho na inflação
Durante a reunião com investidores em Washington, nos Estados Unidos, Campos Neto disse que o Brasil registrou duas ou três leituras ruins na inflação de serviços.
O último dado, por sua vez, foi uma "boa surpresa". "Mas é importante olhar a média, os números estão convergindo para o que é razoável", disse.
A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou para 0,16% em março, de 0,83% em fevereiro. No ano, a inflação sobe 1,42% e tem alta de 3,93% em 12 meses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Campos Neto também afirmou que a atividade tem continuamente surpreendido no Brasil e que o mercado de trabalho aquecido já surpreende há um longo tempo.
Apesar do cenário, o dirigente do BC disse que as expectativas de inflação têm caído para 2024 e em horizontes mais longos.
Em relação ao patamar dos juros no Brasil, ele avaliou que são altos, mas ainda menores do que os que o País já teve no passado.
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Meta fiscal em jogo
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, também disse que as novas metas fiscais estabelecidas pelo governo para os próximos anos já foram precificadas pelo mercado.
Na última segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou a meta do ano que vem como déficit primário zero, assim como o alvo de 2024. Até então, a equipe econômica afirmava buscar um superávit primário de 0,5% do PIB no ano que vem.
Para Campos Neto, o trabalho a partir de agora é avaliar se as previsões dos investidores serão ou não alteradas.
*Com informações de Estadão Conteúdo
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