Fundo imobiliário TORD11 explica por que vendeu imóveis com prejuízo milionário; cotas do FII acumulam queda de 55% na B3 em 2024
Além da cifra muito inferior à investida, o FII ainda aceitou receber uma entrada de 10% do preço negociado à vista e o restante em 24 parcelas mensais corrigidas pelo IPCA
Depois de deixar os investidores e o mercado à espera de uma resposta por quase dois meses, o fundo imobiliário Tordesilhas EI (TORD11) enfim veio a público esclarecer por que vendeu dois imóveis por um valor muito abaixo do que o investido.
O FII comunicou em setembro, via relatório gerencial, que uma empresa detida pelo TORD11, a Land Tordesilhas, negociou as propriedades Resort do Lago por R$ 4,6 milhões e Kawana Residence por R$ 5,4 milhões.
Ainda segundo o relatório, os imóveis — dois empreendimentos do tipo multipropriedade localizados em Caldas Novas, Goiás — custaram R$ 79,19 milhões e R$ 38,38 milhões ao fundo, respectivamente.
- VEJA MAIS: Em quais FIIs vale a pena investir na reta final de 2024? Esta ferramenta gratuita dá o veredito de cada fundo da bolsa.
Além da cifra muito inferior à investida, o FII ainda aceitou receber uma entrada de 10% do preço negociado à vista e o restante em 24 parcelas mensais corrigidas pelo IPCA.
Mas destacou que os valores estavam sujeitos a ajustes positivos via condições de earn out. O pagamento extra, que costuma estar atrelado ao cumprimento de metas previamente acordadas, poderia aumentar o valor total em até 40%.
Ausência de explicações desagradou cotistas do TORD11 e levou à questionamento da B3
Mesmo com a perspectiva do earn out, a transação não caiu bem entre os cotistas do TORD11, que tem uma base com mais de 76 mil pessoas físicas. Parte dos investidores utilizou fóruns especializados em fundos imobiliários para questionar a venda e a ausência de mais detalhes sobre a negociação.
Leia Também
Cinco bancos perdem juntos R$ 42 bilhões em valor de mercado — e estrela da bolsa puxa a fila
A situação também chegou aos ouvidos da B3, que enviou ao FII um ofício sobre o tema. No documento, a operadora da bolsa brasileira solicitou esclarecimentos a respeito da data da venda, a identificação do comprador e a justificativa do valor, entre outras dúvidas.
A Vórtx, administradora do Tordesilhas EI, respondeu ao ofício na última sexta-feira (25) e destacou que, antes de esclarecer todos os itens, primeiro era preciso contextualizar a situação dos imóveis.
“Ambos os ativos vinham apresentando vendas abaixo do esperado e demandando recursos expressivos para manutenção do andamento das obras, que consumiam recursos do fundo” disse a Vórtx, acrescentando que o fundo já se encontrava sem liquidez para fazer frente a essas despesas em 2023.
Além das contas altas, não havia capital para dar continuidade aos empreendimentos, o que atrapalhava novas vendas e aumentava o nível de distratos e inadimplência das unidades já comercializadas.
“Portanto, apresentado o cenário de dificuldade de caixa dos empreendimentos, da necessidade de recurso para mantê-los e dar continuidade a essas operações, foi tomada a decisão pelo desinvestimento com a venda dos ativos”, afirmou a administradora.
Procurada pelo Seu Dinheiro, a RCap Asset, gestora do fundo, também se pronunciou sobre o tema. "Cabe ressaltar que registramos uma taxa de aprovação de 69,17% em nossa última assembleia de demonstração financeira. Essa aprovação expressiva reflete a confiança dos cotistas com as decisões da gestora e demonstra o compromisso dos investidores com a valorização e recuperação do fundo", diz a nota enviada ao portal — confira o posicionamento na íntegra ao final do texto.
Parcelamento foi exigência do comprador
Estabelecido o contexto, a Vórtx voltou aos questionamentos da B3, mas explicou que, como os documentos de ambas as operações têm cláusulas de confidencialidade, algumas informações permaneceriam sigilosas. O nome do comprador é uma delas.
Já sobre o valor da venda e as condições de pagamento, a administradora afirmou que foram fruto da negociação entre as partes e consideraram “a situação já explicada de estresse financeiro, com a demanda de aporte de recursos e passivos relevantes atrelados”.
O custo de obra estimado para a fase dois do Resort do Lago é de R$ 8,7 milhões, enquanto a três e quatro são estimadas em R$ 76,4 milhões. Os passivos jurídicos somam R$ 76,4 milhões — incluindo ações trabalhistas e cíveis —, e a dívida financeira é de R$ 60 milhões.
Já o Kawana Residencial tem um saldo de obras remanescente de R$ 34 milhões e um custo estimado em R$ 66 milhões para as fases ainda não iniciadas. A operação também detinha R$ 29,3 milhões em passivos jurídicos e R$ 121,7 milhões a título de dívida financeira.
“Tendo em vista a necessidade de recursos disponíveis para serem aportados no ativo, o comprador somente aceitou prosseguir com o negócio se as condições de pagamento não afetassem as necessidades de aporte”, diz o comunicado.
- LEIA TAMBÉM: Analista entrevistado pelo SD Select libera 5 fundos imobiliários para comprar agora e buscar “aluguéis” na conta em forma de proventos
TORD11 não distribui dividendos há mais de um ano
Vale ressaltar que os dois empreendimentos goianos não foram os únicos ativos do fundo a gerarem dores de cabeça para os cotistas.
O TORD11 também tem Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) no portfólio e alguns deles precisaram ser renegociados nos últimos meses, com concessão de novos waivers e extensão da carência do pagamento de juros e amortização.
Dos oito CRIs em que o fundo investe, quatro foram reestruturados, ainda segundo informações do relatório gerencial.
Com os desafios enfrentados pela carteira, o Tordesilhas EI não paga dividendos desde março do ano passado. Além disso, as cotas do FII acumulam uma queda de 55,5% no mercado secundário.
O que diz a RCAP Asset
A RCAP Asset enviou um posicionamento ao Seu Dinheiro. Confira a íntegra abaixo:
"A alegação de que o Fundo Imobiliário TORD11 teve uma perda de R$ 200 milhões com a venda dos imóveis é incorreta. Os valores corretos das transações somam R$ 107,57 milhões, quando consideramos o custo dos ativos e o valor de venda.
Também cabe ressaltar que registramos uma taxa de aprovação de 69,17% em nossa última assembleia de demonstração financeira. Essa aprovação expressiva reflete a confiança dos cotistas com as decisões da gestora e demonstra o compromisso dos investidores com a valorização e recuperação do fundo.
As demonstrações contábeis e a aprovação das contas do Fundo estão disponíveis para consulta nos sites da administradora e demais canais exigidos pela regulamentação vigente. Nosso compromisso é melhorar continuamente a comunicação e a transparência com os investidores."
Petrobras (PETR4), Gerdau (GGBR4) e outras 3 empresas pagam dividendos nesta semana; saiba quem recebe
Cinco companhias listadas no Ibovespa (IBOV) entregam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas na terceira semana de agosto
Howard Marks zera Petrobras e aposta na argentina YPF — mas ainda segura quatro ações brasileiras
A saída da petroleira estatal marca mais um corte de exposição brasileira, apesar do reforço em Itaú e JBS
Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana
A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?
Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda
Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema
Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?
Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital
TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso
Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos
Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?
Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)
FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa
Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos
“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’
Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3
Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?
O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas
Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil
Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM
HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo
Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas
Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora
Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho
A Selic vai cair? Surpresa em dado de inflação devolve apetite ao risco — Ibovespa sobe 1,69% e dólar cai a R$ 5,3870
Lá fora os investidores também se animaram com dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12) e refizeram projeções sobre o corte de juros pelo Fed
Patria Investimentos anuncia mais uma mudança na casa — e dessa vez não inclui compra de FIIs; veja o que está em jogo
A movimentação está sendo monitorada de perto por especialistas do setor imobiliário
Stuhlberger está comprando ações na B3… você também deveria? O que o lendário fundo Verde vê na bolsa brasileira hoje
A Verde Asset, que hoje administra mais de R$ 16 bilhões em ativos, aumentou a exposição comprada em ações brasileiras no mês passado; entenda a estratégia
FII dá desconto em aluguéis para a Americanas (AMER3) e cotas apanham na bolsa
O fundo imobiliário informou que a iniciativa de renegociação busca evitar a rescisão dos contratos pela varejista
FII RBVA11 anuncia venda de imóvel e movimenta mais de R$ 225 milhões com nova estratégia
Com a venda de mais um ativo, localizado em São Paulo, o fundo imobiliário amplia um feito inédito
DEVA11 vai dar mais dores de cabeça aos cotistas? Fundo imobiliário despenca mais de 7% após queda nos dividendos
Os problemas do FII começaram em 2023, quando passou a sofrer com a inadimplência de CRIs lastreados por ativos do Grupo Gramado Parks
Tarifaço de Trump e alta dos juros abrem oportunidade para comprar o FII favorito para agosto com desconto; confira o ranking dos analistas
Antes mesmo de subir no pódio, o fundo imobiliário já vinha chamando a atenção dos investidores com uma série de aquisições
