Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo
A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves

Imagine dirigir um carro com uma neblina tão densa que a única opção é reduzir a velocidade e aumentar a distância de frenagem para ter mais tempo de reação em caso de perigo. Ao julgar o que fazer com os juros nesta quinta-feira (7), o Federal Reserve (Fed) não precisou de manobras.
Seguindo a trilha de uma economia mais brilhante do que há um mês, de dados distorcidos do mercado de trabalho e de uma eleição presidencial que acabou de acontecer — e que colocou Donald Trump, um crítico do Fed, na Casa Branca novamente —, o banco central norte-americano realizou um corte menor de juros hoje, de 0,25 ponto percentual (pp), colocando a taxa entre 4,50% e 4,75% ao ano.
Diferente de setembro, a decisão foi unânime e não houve mudanças na política de redução da participação do Fed nos títulos do Tesouro e nos títulos lastreados em hipotecas, os chamados MBS.
O mercado não foi pego na curva com a decisão, embora tenha perdido um pouco do suporte. Dados compilados pelo CME Group já mostravam 97% de chance de a redução deste encontro ser inferior à de setembro, quando o BC dos EUA cortou os juros em 0,50 pp e deu início ao ciclo de afrouxamento monetário depois de quatro anos.
Em Wall Street, o S&P 500 subia 0,59%, enquanto o Nasdaq avançava 1,31% e o Dow Jones operava próximo da estabilidade
Por aqui, o Ibovespa seguiu em queda de 0,50%, aos 129.691,38 pontos, enquanto o dólar no mercado à vista avançava 0,17%, a R$ 5,6842.
Leia Também
- TRUMP ELEITO, E AGORA? Saiba onde investir e entenda os possíveis desdobramentos econômicos a partir de agora
A visibilidade do Fed na decisão dos juros de hoje
Um nevoeiro pode ficar mais denso inesperadamente, por isso, a dica para o condutor é, em caso de visibilidade muito reduzida, parar em local seguro.
Na decisão de hoje, no entanto, o Fed não saiu da estrada mesmo com a visão distorcida pelos furacões Milton e Helene, que devastaram partes da Carolina do Norte e da Flórida, e pela greve dos trabalhadores da Boeing — eventos que, embora temporários, pesaram sobre o mercado de trabalho norte-americano.
Em outubro, a economia norte-americana criou apenas 12 mil vagas, bem abaixo das projeções que passavam de 100 mil para o período e das 254 mil de setembro.
"Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Desde o início do ano, as condições do mercado de trabalho têm melhorado em geral, e a taxa de desemprego tem subido, mas continua baixa. A inflação progrediu em direção ao objetivo de 2% do Comitê, mas continua um pouco elevada", diz o comunicado com a decisão.
O documento também trouxe mudanças. Em setembro, o Fomc dizia que "ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%" — um trecho retirado do comunicado de hoje.
TRUMP ELEITO: Como ficam DÓLAR, JUROS e em quais AÇÕES INTERNACIONAIS apostar
Uma eleição no espelho retrovisor
A paisagem em rápida mudança — afetada por dados que podem um dia parecer fortes e, em outros, preocupantes — ilustra o nível de visibilidade do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) para definir os juros.
Para complicar ainda mais o percurso do banco central norte-americano, a decisão de hoje coloca o Fed sob faróis políticos — algo que os membros do Fomc frequentemente tentam evitar.
Na véspera desta reunião, Trump conseguiu uma vitória acachapante sobre a rival democrata Kamala Harris — o que significa um problema duplo para o Fed:
- o republicano é um crítico contumaz do banco central norte-americano e de seu presidente, Jerome Powell;
- muitas das propostas que Trump pretende implementar no segundo mandato tem um potencial significativo de acelerar uma inflação que, a custo de um aperto monetário agressivo, só agora se aproxima da meta de 2% ano.
O Seu Dinheiro detalhou os efeitos do Trump 2.0 para a política monetária e para os mercados e você pode conferir tudo aqui.
- GRÁTIS: Reportagens, análises e tudo o que você precisa saber sobre esta temporada de balanços para investir melhor; cadastre-se gratuitamente para acessar
Powell, o condutor da decisão dos juros com Trump pedindo passagem
No nevoeiro, o mais recomendado é usar faróis baixos ou de neblina — jamais faróis altos. E foi assim que Jerome Powell, o presidente do Fed, chegou para conduzir mais uma coletiva após a decisão sobre os novos juros nos EUA.
Com cautela, o chefão do Fed repetiu pelo menos quatro vezes que o banco central norte-americano persegue o mandato duplo determinado pelo Congresso: estabilidade de preços e máximo emprego.
Imaginando o que estava por vir, Powell fez questão de reforçar que a autoridade monetária não segue um curso predeterminado e que toma decisões "reunião por reunião" e com base em indicadores econômicos.
Mas, assim que abriu a coletiva para perguntas, o presidente do Fed logo foi questionado sobre como a vitória de Trump poderia mudar os planos da política monetária norte-americana. E ele disse que, no curto prazo, a política tem efeito nulo sobre as decisões do banco central.
"A política não define nossas decisões. É difícil projetar a economia em um prazo mais longo; não sabemos os efeitos que as políticas de um governo podem ter. Também não tentamos adivinhar ou especular sobre isso", disse Powell.
"Mas qualquer política do Congresso ou de um governo podem afetar a economia e nossas decisões e, por esse canal, a gente acompanha o que vai acontecer", acrescentou.
Com a conhecida pressão de Trump sobre o Fed e sobre o próprio Powell, o chefão do BC dos EUA foi questionado sobre a possibilidade de deixar o cargo — e ele foi curto, grosso e direto: "Não".
Muito se especula sobre a chance de Trump retirar Powell do cargo — uma possibilidade que o republicano chegou a cogitar em seu primeiro mandato e que seria sem precedentes na história recente da política monetária norte-americana.
- Trump e cripto: relatório disseca como a volta do republicano à Casa Branca pode moldar o futuro da inovação financeira
A próxima curva do Fed: a decisão de dezembro
Agora, o que o mercado quer saber é o que os aguarda na próxima curva: a última reunião do ano, marcada 17 e 18 de dezembro.
Uma pista vem das apostas medidas pelo CME Group por meio da ferramenta FedWatch. Após o corte desta quinta-feira (7), a curva futura ampliou a precificação de uma manutenção dos juros na próxima reunião. Ainda assim, a probabilidade de mais um corte de 0,25 pp segue como a mais provável.
"Até dezembro teremos mais dados, mais um relatório de emprego, mais dois relatórios de inflação e muitos outros dados. Tomaremos uma decisão quando chegarmos a dezembro", disse Powell, acrescentando que não tem pressa para atingir uma taxa mais neutra de juros — aquela que não superaquece e nem esfria a economia.
"Enquanto nos aproximamos de juros neutros, poderemos reduzir o ritmo de cortes", completou.
Powell também foi questionado sobre uma mudança no comunicado de hoje que retirou a expressão que indicava que a inflação "progrediu ainda mais" na direção da meta do Fomc.
"Mudanças neste comunicado não são sinais de que o Fed vai fazer uma pausa em dezembro", afirmou. "O ponto é que ganhamos confiança de que a inflação está caminhando para os 2%", disse. "A questão do 'progrediu ainda mais' do comunicado de setembro era uma espécie de teste: sabemos o destino, mas não sabemos o ritmo no qual vamos chegar lá. Havia uma certa incerteza sobre isso", acrescentou.
B3 se prepara para entrada de pequenas e médias empresas na Bolsa em 2026 — via ações ou renda fixa
Regime Fácil prevê simplificação de processos e diminuição de custos para que companhias de menor porte abram capital e melhorem governança
Carteira ESG: BTG passa a recomendar Copel (CPLE6) e Eletrobras (ELET3) por causa de alta no preço de energia; veja as outras escolhas do banco
Confira as dez escolhas do banco para outubro que atendem aos critérios ambientais, sociais e de governança corporativa
Bolsa em alta: oportunidade ou voo de galinha? O que você precisa saber sobre o Ibovespa e as ações brasileiras
André Lion, sócio e CIO da Ibiuna, fala sobre as perspectivas para a Bolsa, os riscos de 2026 e o impacto das eleições presidenciais no mercado
A estratégia deste novo fundo de previdência global é investir somente em ETFs — entenda como funciona o novo ativo da Investo
O produto combina gestão passiva, exposição internacional e benefícios tributários da previdência em uma carteira voltada para o longo prazo
De fundo imobiliário em crise a ‘Pacman dos FIIs’: CEO da Zagros revela estratégia do GGRC11 — e o que os investidores podem esperar daqui para frente
Prestes a se unir à lista de gigantes do mercado imobiliário, o GGRC11 aposta na compra de ativos com pagamento em cotas. Porém, o executivo alerta: a estratégia não é para qualquer um
Dólar fraco, ouro forte e bolsas em queda: combo China, EUA e Powell ditam o ritmo — Ibovespa cai junto com S&P 500 e Nasdaq
A expectativa por novos cortes de juros nos EUA e novos desdobramentos da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo mexeram com os negócios aqui e lá fora nesta terça-feira (14)
IPO reverso tem sido atalho das empresas para estrear na bolsa durante seca de IPOs; entenda do que se trata e quais os riscos para o investidor
Velocidade do processo é uma vantagem, mas o fato de a estreante não precisar passar pelo crivo da CVM levanta questões sobre a governança e a transparência de sua atuação
Ainda mais preciosos: ouro atinge novo recorde e prata dispara para máxima em décadas
Tensões fiscais e desconfiança em moedas fortes como o dólar levam investidores a buscar ouro e prata
Sparta mantém posição em debêntures da Braskem (BRKM5), mas fecha fundos isentos para não prejudicar retorno
Gestora de crédito privado encerra captação em fundos incentivados devido ao excesso de demanda
Bolsa ainda está barata, mas nem tanto — e gringos se animam sem pôr a ‘mão no fogo’: a visão dos gestores sobre o mercado brasileiro
Pesquisa da Empiricus mostra que o otimismo dos gestores com a bolsa brasileira segue firme, mas perdeu força — e o investidor estrangeiro ainda não vem em peso
Bitcoin (BTC) recupera os US$ 114 mil após ‘flash crash’ do mercado com Donald Trump. O que mexe com as criptomoedas hoje?
A maior criptomoeda do mundo voltou a subir nesta manhã, impulsionando a performance de outros ativos digitais; entenda a movimentação
Bolsa fecha terceira semana no vermelho, com perdas de 2,44%; veja os papéis que mais caíram e os que mais subiram
Para Bruna Sene, analista de renda variável na Rico, “a tão esperada correção do Ibovespa chegou” após uma sequência de recordes históricos
Dólar avança mais de 3% na semana e volta ao patamar de R$ 5,50, em meio a aversão ao risco
A preocupação com uma escalada populista do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o real apresentar de longe o pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities
Dólar destoa do movimento externo, sobe mais de 2% e fecha em R$ 5,50; entenda o que está por trás
Na máxima do dia, divisa chegou a encostar nos R$ 5,52, mas se desvalorizou ante outras moedas fortes
FII RBVA11 avança na diversificação e troca Santander por nova locatária; entenda a movimentação
O FII nasceu como um fundo imobiliário 100% de agências bancárias, mas vem focando na sua nova meta de diversificação
O mercado de ações dos EUA vive uma bolha especulativa? CEO do banco JP Morgan diz que sim
Jamie Dimon afirma que muitas pessoas perderão dinheiro investindo no setor de inteligência artificial
O que fez a Ambipar (AMBP3) saltar mais de 30% hoje — e por que você não deveria se animar tanto com isso
As ações AMBP3 protagonizam a lista de maiores altas da B3 desde o início do pregão, mas o motivo não é tão inspirador assim
Ação do Assaí (ASAI3) ainda está barata mesmo após pernada em 2025? BB-BI revela se é hora de comprar
Os analistas do banco decidiram elevar o preço-alvo das ações ASAI3 para R$ 14 por ação; saiba o que fazer com os papéis
O que esperar dos mercados em 2026: juros, eleições e outros pilares vão mexer com o bolso do investidor nos próximos meses, aponta economista-chefe da Lifetime
Enquanto o cenário global se estabiliza em ritmo lento, o país surge como refúgio — mas só se esses dois fatores não saírem do trilho
Tempestade à vista para a Bolsa e o dólar: entenda o risco eleitoral que o mercado ignora
Os meses finais do ano devem marcar uma virada no tempo nos mercados, segundo Ricardo Campos, CEO e CIO da Reach Capital