Com lucro em alta, dividendos mais do que triplicam no 3T24. Confira quem foram as vencedoras e perdedoras da safra de resultados na B3
Os proventos consolidados de empresas da bolsa brasileira chegaram a R$ 148,5 bilhões em setembro, um salto de 228% comparado ao 3T23, de acordo a Elos Ayta Consultoria
Quem investe em ações vivenciou uma verdadeira avalanche de notícias nas últimas semanas, com a safra de resultados corporativos do terceiro trimestre de 2024 (3T24) interrompendo o marasmo da bolsa brasileira. Com a temporada de balanços oficialmente finalizada, chegou a hora de entender em que pé estão as finanças das empresas da B3.
Em linhas gerais, o saldo dos resultados do 3T24 foi positivo, com crescimento expressivo na lucratividade e geração de caixa entre as companhias locais.
Mas a melhoria dos indicadores financeiros nem foi a verdadeira estrela deste fim de temporada de resultados. Na verdade, o real destaque esteve do lado da remuneração aos acionistas.
- Em busca de dividendos? Série Double Income reúne os melhores ativos para os investidores interessados em renda passiva.
Com lucratividade em alta, os dividendos das empresas brasileiras mais do que triplicaram no terceiro trimestre de 2024.
Os proventos consolidados passaram de R$ 43,5 bilhões entre julho e setembro do ano passado para os atuais R$ 148,5 bilhões — um salto de 228% comparado a 2023, de acordo com dados compilados pela Elos Ayta Consultoria.
É importante destacar que o levantamento considera apenas 297 companhias não financeiras listadas na B3 — ou seja, os bancos ficaram de fora — e também exclui a Americanas (AMER3) para evitar distorções provocadas por eventos extraordinários.
Leia Também
A última dança de Warren Buffett: 'Oráculo de Omaha' vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
A chuva de proventos das empresas da B3 no terceiro trimestre foi impulsionada pelas remunerações polpudas da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4). Combinadas, as duas gigantes das commodities chegaram a depositar R$ 56,2 bilhões adicionais no período.
Na avaliação do sócio fundador da consultoria, Einar Rivero, essa política de dividendos elevados reforça o compromisso das empresas em retornar valor aos acionistas — mas também levanta questões sobre a priorização entre distribuição de lucros e reinvestimentos para expansão.
Um raio-X nas finanças das empresas listadas na B3
O desafio máximo das empresas brasileiras continuou o mesmo ao longo do último trimestre: equilibrar eficiência operacional, aumento de receita e retorno aos acionistas em meio a um cenário macroeconômico ainda apertado.
Numa análise geral das empresas listadas na B3, o lucro líquido cresceu 53% entre julho e setembro em comparação com o mesmo intervalo de 2023, a R$ 103,5 bilhões.
Confira aqui os destaques do balanço dos balanços:
“Este aumento reflete a combinação de maior eficiência operacional e redução de despesas financeiras, além de ganhos em setores-chave, como commodities”, disse Einar Rivero, sócio fundador da Elos Ayta.
O balanço das empresas da B3 também trouxe avanços do lado do faturamento. A receita líquida consolidada subiu 12% na base anual, a R$ 1,08 trilhão no terceiro trimestre.
Por sua vez, o custo de produtos vendidos (CPV) também avançou em torno 12,8%, totalizando R$ 796,9 bilhões, o que resultou em um leve recuo de 0,54 pontos percentuais na margem bruta.
“A estabilidade da relação entre receitas e CPV sugere um controle eficaz sobre a produtividade, com destaque para a manutenção da margem bruta em níveis competitivos, apesar de uma leve queda”, disse o sócio fundador da Elos Ayta.
Na avaliação de Rivero, o desempenho pode ser explicado pela boa gestão das linhas de produção, que evitou pressões inflacionárias excessivas. É por isso que as empresas com maior eficiência de custos foram capazes de preservar a margem de contribuição ao longo do trimestre e suportar a volatilidade do mercado.
“A capacidade das empresas de manter margens saudáveis e aproveitar oportunidades de crescimento determinará o ritmo de seus resultados nos próximos trimestres”, acrescentou.
Por outro lado, o endividamento continuou em expansão no terceiro trimestre. A dívida líquida avançou 8,39%, a R$ 1,53 trilhão.
Apesar do patamar elevado de endividamento, o caixa das empresas cresceu 14,63% entre julho e setembro em relação a igual intervalo do ano passado e chegou a R$ 736,5 bilhões.
“Esse aumento na liquidez é um dado positivo, pois indica que as empresas estão reforçando suas reservas, possivelmente para enfrentar incertezas econômicas ou aproveitar oportunidades de crescimento futuro”, afirmou a consultoria, no levantamento.
- VEJA TAMBÉM - Investir na natureza dá retorno? Como as mudanças climáticas afetam a economia global e por que o investidor deve ficar de olho nisso?
Quem brilhou no 3T24?
Diante da melhora geral dos balanços corporativos do terceiro trimestre, a XP Investimentos elegeu quem foram as vencedoras de cada setor na B3.
O setor financeiro foi um dos destaques da temporada de balanços do terceiro trimestre, com melhorias na lucratividade e crescimentos saudáveis das carteiras de crédito. Se você quiser saber qual bancão brilhou no 3T24, é só clicar aqui.
Setor imobiliário
As construtoras de baixa renda também ocuparam o centro das atenções entre os investidores no 3T24, com forte crescimento da receita líquida em meio ao desempenho positivo de lançamentos e vendas.
A Cyrela (CYRE3) foi o destaque do setor, acompanhada pelos bons balanços da Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Tenda (TEND3).
Apesar de ter dado continuidade na missão de recuperar a rentabilidade, a MRV (MRVE3) continuou a sentir pressão do lado do lucro líquido e a geração de caixa.
Já no segmento de “income properties” (imóveis para aluguel), os shoppings reportaram sólidos números operacionais no terceiro trimestre, segundo a XP.
- Acima da Selic a 11,25% ao ano: conheça 8 ações que ainda podem valorizar acima da taxa de juros, segundo analista
Os players de commodities de destaque no 3T24
Na avaliação da XP, do lado da mineração e siderurgia, cinco empresas se destacaram positivamente no terceiro trimestre.
São elas a Vale (VALE3), a Gerdau (GGBR4), a Usiminas (USIM5), a Aura Minerals (AURA33) e a CBA (CBAV3).
Já no segmento de óleo e gás, os balanços das petroleiras foram pressionados pela queda no preço médio do petróleo do tipo Brent — referência para o mercado internacional —, além de questões operacionais que afetaram o desempenho de empresas como a Brava Energia (BRAV3) e a Prio (PRIO3).
Outro destaque entre as commodities veio do segmento de papel e celulose. Mesmo com a queda nos preços da celulose durante o trimestre, as empresas do segmento tiveram um desempenho sólido, apoiadas pela valorização do dólar e por volumes de vendas robustos.
Setor de saúde
A XP também escolheu os players do setor de saúde que mais chamaram as atenções dos investidores no terceiro trimestre de 2024 — por bem ou por mal.
Por um lado, a Hapvida (HAPV3) apresentou desempenhos positivos, com aumentos de preços e melhoria na sinistralidade.
Apesar da pressão sobre os prestadores hospitalares, os analistas avaliam que a Rede D’Or (RDOR3) é um dos “principais provedores hospitalares em meio ao processo de recuperação do setor”.
O Fleury (FLRY3) também apresentou resultados positivos, especialmente na geração de caixa, acompanhado pela Odontoprev (ODPV3), que expandiu o portfólio de planos corporativos para pequenas e médias empresas (PMEs), enquanto reduziu a sinistralidade.
Por sua vez, o setor farmacêutico teve um saldo misto de resultados no terceiro trimestre.
A Hypera (HYPE3) e a Viveo (VVEO3) foram os destaques negativos, com queda na receita e compressão de margens, enquanto a Blau Farmacêutica (BLAU3) brigou com o faturamento maior, expansão de margens e melhorias no ciclo de caixa.
O resultado positivo do setor de transportes
Já no setor de transportes, a XP destacou a performance de três empresas que se destacaram no terceiro trimestre: a Localiza (RENT3), a Movida (MOVI3) e a Azul (AZUL4).
Os analistas também avaliaram como positivos os resultados da Rumo (RAIL3) e da Priner (PRIN3).
Por outro lado, a Hidrovias do Brasil (HBSA3) teve um desempenho mais fraco no 3T24, com menor capacidade de volume e custos mais elevados.
Agronegócio
Para os analistas, o trimestre para as empresas de agronegócios foi fraco de maneira geral — mas a 3tentos (TTEN3) foi a exceção, com “resultados espetaculares significativamente acima das expectativas do mercado”.
Setor alimentício
O setor de alimentos e bebidas teve uma safra mista no 3T24, segundo os analistas da XP.
Os frigoríficos brilharam com o desempenho da JBS (JBSS3) e da BRF (BRFS3) diante do bom momento do ciclo em termos de oferta e demanda.
Já a Ambev (ABEV3) e a M. Dias Branco (MDIA3) reportaram números mais fracos que o esperado no trimestre.
O 3T24 do setor de varejo
Nas palavras da XP, a safra de resultados do 3T24 foi um “trimestre de histórias diferentes” no setor de varejo. No entanto, o saldo final dos números das varejistas veio melhor que o esperado.
Os destaques foram a Vivara (VIVA3), Azzas 2154 (AZZA3, resultado da fusão entre Arezzo e Soma), Grupo Mateus (GMAT3) e o Carrefour Brasil (CRFB3).
De olho na indústria
As empresas de bens de capital também tiveram uma temporada mista. A Marcopolo (POMO4), a Fras-le (FRAS3), a Kepler Weber (KEPL3) e a Iochpe-Maxion (MYPK3) mantiveram a trajetória operacional positiva.
Enquanto isso, a Weg (WEGE3) e a Embraer (EMBR3) reportaram números em linha com as expectativas do mercado. Já a Tupy (TUPY3) teve resultados mornos com volumes mais fracos e menor alavancagem operacional.
- VEJA MAIS: 40% dos gestores apontam o setor de serviços básicos como o favorito para investir agora – veja um papel que pode disparar e pagar dividendos neste cenário.
Utilities, tecnologia e telecom
Com resultados fortes no terceiro trimestre, a Equatorial foi uma das vencedoras da temporada de balanços, o que manteve as ações EQTL3 como as favoritas da XP para o setor de energia.
Entre as empresas de telecomunicações, mídia e tecnologia, a Vivo (VIVT3) e a Tim (TIMS3) se destacaram com o crescimento de receita e repasse de preços.
Já a Brisanet (BRIT3) foi na contramão e ocupou os holofotes negativos da safra de resultados depois da derrocada na margem Ebitda.
Apesar do balanço misto no 3T24, a Intelbras (INTB3) se tornou a ação favorita de tecnologia da XP após a queda das ações depois da divulgação dos resultados trimestrais criar “um bom ponto de entrada”.
Segundo os analistas, entre os destaques positivos do setor, estiveram os balanços da Totvs (TOTS3), Bemobi (BMOB3) e Eletromidia (ELMD3).
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.
‘Pacman dos FIIs’ ataca novamente: GGRC11 abocanha novo imóvel e encerra a maior emissão de cotas da história do fundo
Com a aquisição, o fundo imobiliário ultrapassa R$ 2 bilhões em patrimônio líquido e consolida-se entre os maiores fundos logísticos do país, com mais de 200 mil cotistas
Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11) e Nubank (ROXO34) são os bancos brasileiros favoritos dos investidores europeus, que veem vida ‘para além da eleição’
Risco eleitoral não pesa tanto para os gringos quanto para os investidores locais; estrangeiros mantêm ‘otimismo cauteloso’ em relação a ativos da América Latina
Gestor rebate alerta de bolha em IA: “valuation inflado é termo para quem quer ganhar discussão, não dinheiro”
Durante o Summit 2025 da Bloomberg Linea, Sylvio Castro, head de Global Solutions no Itaú, contou por que ele não acredita que haja uma bolha se formando no mercado de Inteligência Artificial
Vamos (VAMO3) lidera os ganhos do Ibovespa, enquanto Fleury (FLRY3) fica na lanterna; veja as maiores altas e quedas da semana
Com a ajuda dos dados de inflação, o principal índice da B3 encerrou a segunda semana seguida no azul, acumulando alta de 1,93%
Ibovespa na China: Itaú Asset e gestora chinesa obtêm aprovação para negociar o ETF BOVV11 na bolsa de Xangai
Parceria faz parte do programa ETF Connect, que prevê cooperação entre a B3 e as bolsas chinesas, com apoio do Ministério da Fazenda e da CVM
Envelhecimento da população da América Latina gera oportunidades na bolsa — Santander aponta empresas vencedoras e quem perde nessa
Nova demografia tem potencial de impulsionar empresas de saúde, varejo e imóveis, mas pressiona contas públicas e produtividade
Ainda vale a pena investir nos FoFs? BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos no IFIX e responde
Em meio ao esquecimento do segmento, o analista do BB-BI avalia as teses de seis Fundos de Fundos que possuem uma perspectiva positiva
Bolsas renovam recordes em Nova York, Ibovespa vai aos 147 mil pontos e dólar perde força — o motivo é a inflação aqui e lá fora. Mas e os juros?
O IPCA-15 de outubro no Brasil e o CPI de setembro nos EUA deram confiança aos investidores de que a taxa de juros deve cair — mais rápido lá fora do que aqui
Com novo inquilino no pedaço, fundo imobiliário RBVA11 promete mais renda e menos vacância aos cotistas
O fundo imobiliário RBVA11, da Rio Bravo, fechou contrato de locação com a Fan Foods para um restaurante temático na Avenida Paulista, em São Paulo, reduzindo a vacância e ampliando a diversificação do portfólio
Fiagro multiestratégia e FoFs de infraestrutura: as inovações no horizonte dos dois setores segundo a Suno Asset e a Sparta
Gestores ainda fazem um alerta para um erro comum dos investidores de fundos imobiliários que queiram alocar recursos em Fiagros e FI-Infras
FIIs atrelados ao CDI: de patinho feio à estrela da noite — mas fundos de papel ainda não decolam, segundo gestor da Fator
Em geral, o ciclo de alta dos juros tende a impulsionar os fundos imobiliários de papel. Mas o voo não aconteceu, e isso tem tudo a ver com os últimos eventos de crédito do mercado
JP Morgan rebaixa Fleury (FLRY3) de compra para venda por desinteresse da Rede D’Or, e ações têm maior queda do Ibovespa
Corte de recomendação leva os papéis da rede de laboratórios a amargar uma das maiores quedas do Ibovespa nesta quarta (22)
“Não é voo de galinha”: FIIs de shoppings brilham, e ainda há espaço para mais ganhos, segundo gestor da Vinci Partners
Rafael Teixeira, gestor da Vinci Partners, avalia que o crescimento do setor é sólido, mas os spreads estão maiores do que deveriam
Ouro cai mais de 5% com correção de preço e tem maior tombo em 12 anos — Citi zera posição no metal precioso
É a pior queda diária desde 2013, em um movimento influenciado pelo dólar mais forte e perspectiva de inflação menor nos EUA
