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Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.

Balanço dos investimentos

Tesouro IPCA+ e prefixados sofrem em setembro com alta dos juros futuros no mundo; veja quais foram os melhores e piores investimentos do mês

Bitcoin e Tesouro Selic tiveram as maiores altas do mês, que foi marcado pela cautela e desempenhos modestos

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
29 de setembro de 2023
17:59
Homem puxa juros para cima
Imagem: Shutterstock

Setembro foi um mês marcado pela cautela nos mercados, o que acabou resultando num desempenho de morno para ruim nos principais ativos e indicadores. Tanto que os melhores investimentos do período tiveram desempenhos que podem ser considerados modestos.

A maior alta, por exemplo, foi a do bitcoin, que subiu apenas 5,29% em reais, percentual baixo para um ativo tão volátil quanto uma criptomoeda.

Em segundo lugar veio o dólar, puxado pela alta dos rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano. Na cotação à vista, a moeda americana fechou em alta de 1,53%, a R$ 5,0268.

Em seguida veio o investimento mais conservador da economia brasileira: o Tesouro Selic, título público que acompanha o desempenho da taxa básica de juros, com um retorno de pouco mais de 1%.

A bolsa e os fundos imobiliários (FIIs) até conseguiram terminar o mês no azul, mas a alta foi comedida. O Ibovespa terminou setembro em alta de 0,71%, aos 116.565 pontos, e o IFIX, principal índice de FIIs, subiu somente 0,20%.

Os destaques, desta vez, ficaram na ponta negativa da tabela, com as fortes quedas dos títulos públicos prefixados (Tesouro Prefixado) e indexados à inflação (Tesouro IPCA+), fortemente impactados pela grande âncora dos mercados no mês: a alta dos juros futuros no mundo.

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Veja a seguir o ranking completo dos investimentos no período:

Os melhores investimentos de setembro

InvestimentoRentabilidade no mêsRentabilidade no ano
Bitcoin5,29%54,79%
Dólar PTAX2,94%-4,02%
Dólar à vista1,53%-4,80%
CDI*1,13%9,88%
Tesouro Selic 20291,11%-
Tesouro Selic 20261,10%-
Ibovespa0,71%6,22%
Poupança nova**0,68%6,20%
Poupança antiga**0,68%6,20%
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)*0,32%7,75%
IFIX0,20%12,28%
Tesouro Prefixado 2026-0,40%14,56%
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)*-1,17%6,16%
Tesouro Prefixado 2029-2,42%17,36%
Ouro-2,57%-1,27%
Tesouro IPCA+ 2029-2,93%-
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032-2,97%11,13%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033-3,02%15,26%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040-4,75%11,66%
Tesouro IPCA+ 2035-5,18%11,65%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055-5,61%11,90%
Tesouro IPCA+ 2045-6,57%14,05%
(*) Até dia 28/09.
(**) Poupança com aniversário no dia 28.
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.

Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..

Discurso duro do Fed puxou juros e dólar para cima

Em setembro, o grande tema nos mercados globais foi o aumento das taxas de juros dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, o que fortaleceu o dólar globalmente e levou à disparada dos juros futuros por aqui.

Embora o Federal Reserve tenha mantido a taxa de juros entre 5,25% a 5,50% ao ano, e o Banco Central brasileiro tenha cortado a Selic em mais 0,50 ponto percentual, para 12,75%, essa alta na expectativa para as taxas no futuro se deveu ao tom mais duro do Fed ao comunicar sua decisão ao mercado.

Com isso, os investidores passaram a esperar que os juros nos Estados Unidos se mantenham altos por mais tempo que o inicialmente esperado, o que sacrificou os ativos de risco.

Depois de um mês de agosto terrível, o Ibovespa até conseguiu alguma recuperação, mas foi segurado por essa piora na percepção de risco. Não ajudou que o mercado ainda esteja desconfiado das medidas do governo para aumentar a arrecadação e da sua capacidade de cumprir suas metas fiscais.

Maiores altas do Ibovespa em setembro

EmpresaCódigoDesempenho
CSN MineraçãoCMIN313,55%
BRFBRFS312,83%
HapvidaHAPV310,56%
Petrobras ONPETR39,50%
São MartinhoSMTO38,66%
SuzanoSUZB38,24%
Petrobras PNPETR48,14%
SabespSBSP35,32%
KlabinKLBN115,10%
TIMTIMS35,05%
Fonte: B3/Broadcast

Maiores quedas do Ibovespa em setembro

EmpresaCódigoDesempenho
Grupo Casas BahiaBHIA3-50,39%
Pão de AçúcarPCAR3-28,74%
Magazine LuizaMGLU3-22,83%
VamosVAMO3-16,74%
Lojas RennerLREN3-15,34%
EztecEZTC3-14,61%
PetzPETZ3-13,87%
CarrefourCRFB3-13,26%
EmbraerEMBR3-11,70%
Rede D'OrRDOR3-11,34%
Fonte: B3/Broadcast
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Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado foram os piores investimentos do mês

A alta dos juros futuros, porém, foi particularmente dura sobre os títulos públicos prefixados e indexados à inflação, que tendem a se desvalorizar quando essas taxas – e consequentemente suas rentabilidades – avançam, como você pode ver na tabela.

Na última quarta-feira (27), os papéis Tesouro IPCA+ de prazos mais longos chegaram a voltar a prometer uma remuneração de mais de 6% ao ano mais IPCA para quem os comprasse naquele momento e os levasse até o vencimento.

Essa rentabilidade, historicamente alta para esse tipo de investimento, não era vista há algum tempo, dado que o mercado vinha precificando queda na taxa Selic, o que de fato vem ocorrendo.

Ainda assim, no ano os juros futuros ainda recuam, o que faz com que os títulos Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+ de diferentes vencimentos ainda apresentem valorizações de mais de 10% no acumulado de 2023.

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