Será que o otimismo com a bolsa é realmente motivo para mudanças radicais?
Estar alocado em bolsa neste momento é crucial para capturar a virada do mercado, mas estou aqui para te alertar a tomar cuidado com o tamanho da dose
Como já temos seis meses desde que iniciamos a coluna Linha D’Água, acredito que seja hora de abrir um pouco mais da minha vida para vocês. Tudo irá fazer sentido já já.
Sou filha de um engenheiro com uma psicóloga. Cresci dentro de uma batalha entre razão versus emoção.
Para o meu pai, tudo poderia ser resolvido de forma racional, bem preto no branco. “Foi mal em uma prova? Estude mais.” “Seu relacionamento não deu certo? Vire a página, existem outras bilhões de pessoas no mundo para você.”
Para a minha mãe, totalmente o oposto. A razão por si só não era capaz de explicar tudo. “Foi mal em uma prova? Vamos conversar e entender juntas o que estava diferente dessa vez.” “Seu relacionamento não deu certo? Acredite na sua intuição. Agora você vai plantar numa terra fértil.”
Como me tornei engenheira e sempre fui amante das aulas de matemática e física, acreditava fielmente que estava no “time” do meu pai. As emoções não iriam interferir em nada.
Contudo, como você já deve saber, a vida não é bem assim e a sua própria emoção já deve ter interferido em momentos inoportunos. Hoje a nossa conversa será exatamente sobre isso.
Leia Também
Empreendedora já impactou 15 milhões de pessoas, mercado aguarda dados de emprego, e Trump ameaça Powell novamente
Felipe Miranda: 10 surpresas para 2026
A bolsa e a razão
As últimas semanas têm sido recheadas de notícias sobre as valorizações do Ibovespa (principal índice do mercado acionário brasileiro).
Para quem passou um 2022 só ouvindo comunicados ruins sobre o mercado, parece que finalmente teremos, de fato, dias mais ensolarados pela frente.
O IPCA (indicador de inflação do país) de maio demonstrou níveis abaixo do esperado pelos economistas, junto com outros indicadores tão relevantes quanto, como o IGP-DI e o IPCA-15.
O gráfico abaixo, elaborado pela Laís Costa, responsável pela análise de renda fixa da Empiricus Research, evidencia como o IPCA se comportou ao longo dos anos e tem cada vez mais convergido à meta:
Explicando brevemente o que cada linha no gráfico representa:
- Média dos núcleos (vermelha): média do núcleo do IPCA, ou seja, excluindo itens voláteis e temporários do índice;
- Preços administrados (cinza): itens do IPCA determinados ou influenciados pelo governo;
- Preços livres (azul): itens do índice que não sofrem nenhum tipo de controle;
- Meta IPCA (preta): meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com o objetivo de controlar a taxa de inflação e manter a estabilidade de preços no país.
Queda da Selic vem por aí
Além disso, o mercado tem precificado a queda da taxa de juros a partir da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de agosto, o que anda em paralelo com a grande parte dos discursos dos participantes do Banco Central mais favoráveis à possibilidade do início dos cortes ainda este ano.
O gráfico abaixo representa o fechamento de sexta-feira (16) da curva de juros prefixados, obtida por meio dos contratos futuros de DI (depósito interfinanceiro). Note como a curva do dia (em vermelho) precifica maiores cortes do que a de um mês atrás (em preto).
- LEIA TAMBÉM: Já é hora de “aplicar” em prefixados? Uma explicação sobre posições em juros e perspectivas à frente na renda fixa
A bolsa e a emoção
Aliado ao senso comum de que a bolsa ainda está barata, o otimismo tem tomado conta da Faria Lima.
Para você que tem acompanhado a coluna, já deve saber que o Alê (meu parceiro aqui do Linha D’Água) está à frente da nossa pesquisa mensal que reúne mais de 40 gestoras de fundos multimercados. Por meio dela, compreendemos o sentimento dos gestores em relação à indústria.
Surpreendente ou não, o sentimento para bolsa brasileira melhorou significativamente este mês, alcançando um dos maiores patamares de otimismo desde o início da pesquisa, em julho/2021, como fica evidente no gráfico abaixo:
Agora você deve estar se perguntando: com todos esses fatores macroeconômicos, somados ao otimismo dos maiores especialistas do mercado com a bolsa, como não devo ficar animado?
Hipócrita seria eu se dissesse para não ficar.
Muita calma nessa hora
Já sou conhecida como a positividade em pessoa, mas, retomando o tema da introdução, precisamos controlar a emoção e ter cautela nas decisões.
Estar alocado em bolsa neste momento é crucial para que você capture a provável virada do mercado. Entretanto, estou aqui para te alertar a tomar cuidado com o tamanho da dose.
Novamente, bato na mesma tecla que sempre trago para discussão por aqui: a diversificação.
VEJA TAMBÉM: TUBARÕES DO MERCADO "FIZERAM O L"; AGORA A APOSTA É QUE BOLSA DE VALORES PODE SUBIR MAIS, COM DÓLAR EM QUEDA
Errar na dose, assim como pode te entregar lucros astronômicos, também pode te fazer perder tudo. Ter de tudo um pouco sempre fez (e fará) diferença para quem quer prosperar no longo prazo.
Se não acredita em mim, deixo essa citação de Daniel Kahneman, psicólogo renomado e detentor de um Nobel de Economia, falar por si só: “Há uma limitação desconcertante da nossa mente: nossa confiança excessiva no que acreditamos saber, e nossa aparente incapacidade de admitir a verdadeira extensão da nossa ignorância e a incerteza do mundo em que vivemos.”
Grande abraço,
Rafaela Ribas
De Volta para o Futuro 2026: previsões, apostas e prováveis surpresas na economia, na bolsa e no dólar
Como fazer previsões é tão inevitável quanto o próprio futuro, vale a pena saber o que os principais nomes do mercado esperam para 2026
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
De Trump ao dólar em queda, passando pela bolha da IA: veja como o ano de 2025 mexeu com os mercados e o que esperar de 2026
Esquenta dos mercados: Investidores ajustam posições antes do Natal; saiba o que esperar da semana na bolsa
A movimentação das bolsas na semana do Natal, uma reportagem especial sobre como pagar menos imposto com a previdência privada e mais
O dado que pode fazer a Vale (VALE3) brilhar nos próximos dez anos, eleições no Brasil e o que mais move seu bolso hoje
O mercado não está olhando para a exaustão das minas de minério de ferro — esse dado pode impulsionar o preço da commodity e os ganhos da mineradora
A Vale brilhou em 2025, mas se o alerta dessas mineradoras estiver certo, VALE3 pode ser um dos destaques da década
Se as projeções da Rio Tinto estiverem corretas, a virada da década pode começar a mostrar uma mudança estrutural no balanço entre oferta e demanda, e os preços do minério já parecem ter começado a precificar isso
As vantagens da holding familiar para organizar a herança, a inflação nos EUA e o que mais afeta os mercados hoje
Pagar menos impostos e dividir os bens ainda em vida são algumas vantagens de organizar o patrimônio em uma holding. E não é só para os ricaços: veja os custos, as diferenças e se faz sentido para você
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade