No Zoom, a remuneração dos funcionários dobra, enquanto o lucro cai 90%
Na história do Zoom, há um pouco de disrupção, mas muito de más práticas corporativas e um enorme desalinhamento entre executivos e acionistas
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Uma das histórias "pós-pandemia" mais interessantes entre as ações de tecnologia, em minha opinião, é o que vem acontecendo com as ações do Zoom (Nasdaq: ZM | B3: Z1OM34).
Na última terça-feira, o Zoom divulgou resultados e viu suas ações subirem 7% em resposta.
Essa alta foi um pequeno respiro num enredo dramático: depois de subir cerca de 500% nos meses posteriores ao início da pandemia, hoje a ação do Zoom negocia a preços aproximadamente 30% inferiores aos de fevereiro de 2020.
Nesta história, há um pouco de disrupção, mas muito de más práticas corporativas e um enorme desalinhamento entre os incentivos dos funcionários e dos acionistas.
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Zoom: produto era bom, mas não era difícil replicá-lo
Quando entramos na pandemia, outras grandes empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, possuíam seus serviços proprietários de videoconferência.
O Google Meets já era bastante conhecido dos usuários do Google e a Microsoft ainda tentava salvar o Skype.
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Apesar de bons o bastante, esses produtos careciam de funcionalidades aparentemente simples, como ser host (anfitrião) de reuniões com muitas pessoas, transmitir lives e manter chats organizados e outras funcionalidades simples que estavam presentes no Zoom.
A pandemia tornou essenciais essas funcionalidades.
Neste ponto, era natural que o Zoom tenha sido um produto melhor que o dos concorrentes. Afinal, a empresa era 100% focada nesse único nicho de mercado.
Essa dinâmica foi observada nos dados da empresa…
Ao final de 2020, a quantidade de empresas com mais de 10 funcionários utilizando o Zoom saltou de 82 mil para 467 mil.
Apesar da desaceleração, o crescimento seguiu forte em 2021, quando o Zoom adicionou mais 42,7 mil clientes.
Foi então que a concorrência começou a pesar.
Em junho de 2022, o sucesso do Microsoft Teams era tão grande que a Microsoft enfim foi capaz de enterrar o Skype, literalmente matando o produto.
O Google Meets já havia alcançado o Zoom em termos de performance e também contemplando a maioria das suas funcionalidades.
Apesar de em casos muito particulares ainda fazer sentido que uma empresa seguisse com múltiplos serviços de videoconferência, o Zoom simplesmente deixou de ser fundamental e único.
Um “zoom” no balanço
Além da concorrência, sou da opinião de que a pandemia tornou o Zoom uma empresa inchada e com baixo ritmo de inovação.
Eu posso resumir esse argumento numa única tabela. Abaixo estão as primeiras linhas do demonstrativo de fluxo de caixa do Zoom, referente ao seu último ano fiscal.
Uma rápida nota explicativa: o Zoom encerra seu ano fiscal em janeiro (e não dezembro).
Na tabela acima, há duas informações: o lucro líquido ("Net income", em inglês) e a remuneração em forma de ações paga aos funcionários ("stock-based compensation", também em inglês).
No seu último ano fiscal, enquanto o seu lucro líquido caiu mais de 90%, a remuneração em ações aos executivos e funcionários cresceu 169%.
Apesar de terem entregue um lucro de US$ 103 milhões aos acionistas, os funcionários e executivos do Zoom foram recompensados com US$ 1,2 bilhão em ações!
Nada mal, não?
Com a tamanha diluição que esse programa de incentivos trará aos acionistas, tenho muita dificuldade em justificar upside para as ações, mesmo sendo generoso na modelagem.
Os sinais estavam aí
É sempre mais fácil olhar para trás e tirar conclusões óbvias em retrospecto e julgar aqueles que não foram capazes de fazê-lo no calor do momento.
No caso do Zoom, porém, o gráfico que eu mostrei acima, com a queda avassaladora das ações, foi em certa medida antecipado por alguém com muito conhecimento sobre a empresa: o CEO, Eric Yuan.
Na tabela abaixo, estão as vendas de ações que Eric realizou em 2021. Na última coluna da direita estão os valores totais, em dólares, dessas vendas.
Independente de todo o cenário macro que nos atormenta há 18 meses, uma coisa era clara para o CEO do Zoom: naqueles preços, ele estava melhor embolsando sua fortuna, do que tentando aumentá-la.
Se há duas coisas que eu gostaria que você tirasse dessa história, são elas:
- Você deveria evitar ações de empresas cuja remuneração dos executivos está crescendo muito mais que seus lucros.
- E evitar empresas cujos fundadores estão vendendo quantidades muito elevadas de ações. Eles conhecem o negócio melhor do que você, não importa o quanto você estude.
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