A Netflix não quer que você compartilhe a sua senha com ninguém. Mas os resultados mostram que ela está certa
Netflix estima que 43% de seus mais de 230 milhões de clientes compartilham contas e conter a “pirataria” começa a dar resultados

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia.
Como analista de ações, meu trabalho é o de acompanhar a história de empresas, setores e mercados.
Se cada nova ação é um desafio novo e diferente, só o tempo e a disciplina de acompanhar os resultados de uma mesma empresa por um período realmente longo é capaz de criar o tipo de expertise que realmente diferencia um bom analista.
Há alguns anos eu acompanho os resultados da Netflix. Trimestre após trimestre, a empresa foi gradualmente deixando de ser vista pelos investidores como de alto crescimento e passou a ser vista por muitos simplesmente como madura, de crescimento baixo e pouco lucrativa.
Foi essa mudança de percepção que fez com que as ações saíssem dos US$ 680 para os US$ 180 entre 2021 e 2022.
Com esse histórico em mente, me permita te contar o que aconteceu na semana passada, com a divulgação do resultado do 1T23.
Leia Também
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Labubu x Vale (VALE3): quem sai de moda primeiro?
- Com a crise bancária, o bitcoin voltou a ser apontado por parte dos investidores como reserva de valor, revivendo a “profecia” que o BTC seria uma alternativa para o sistema financeiro. A questão é: você deveria comprar bitcoin para “se proteger” contra o colapso dos bancos? Veja a resposta aqui.
Tela meio cheia ou meio vazia?
Após a divulgação, as ações chegaram a cair 12% no pregão noturno, porém rapidamente se recuperaram, e fecharam o "after" praticamente estáveis.
Esse tipo de volatilidade, apesar de não ser tão rara, deixa claro que não existe um consenso em torno dos números.
As novidades, de fato, me pareceram mistas: pelo lado positivo, os gastos com conteúdo foram significativamente reduzidos na comparação anual e o produto de anúncios está com uma performance excelente.
Pelo lado negativo, as iniciativas da empresa para evitar o compartilhamento de contas entre usuários (e melhorar suas receitas), estão rodando numa velocidade inferior ao esperado.
Por fim, a receita da Netflix foi de US$ 8,16 bilhões (+3,7% na comparação anual) e a quantidade de usuários ativos, que somou 232,5 milhões, representou um crescimento de 4,9% na comparação anual.
Perceba como esses números se alinham à narrativa: a Netflix de fato tem encontrado muita dificuldade para seguir crescendo seu modelo atual.
Em termos de adições líquidas, os 1,75 milhões de novos usuários que se juntaram ao streaming no 1T23 representam uma reversão à média e uma notável desaceleração em relação ao último trimestre, quando a empresa havia adicionado 7,6 milhões de novos clientes.
A senha é sua, e a Netflix não quer que você a compartilhe com ninguém
Depois de implementar no Canadá e em alguns países europeus, a Netflix tem exigido que seus clientes definam uma localização primária para suas contas.
Isso significa que outros usuários cadastrados no mesmo perfil, porém em localizações diferentes, terão de pagar uma tarifa adicional ao valor da subscrição.
Com essa medida, a Netflix espera reduzir um pouco da "pirataria" que ainda existe na plataforma.
Pelas estimativas da empresa, cerca de 43% de seus mais de 230 milhões de clientes compartilham contas com outras pessoas que deveriam estar pagando suas próprias assinaturas.
O crackdown, porém, tem sido implementado lentamente.
O mercado esperava que a empresa já tivesse atacado todos seus grandes mercados já neste começo de 2023, mas a Netflix sequer começou a implementação nos EUA, seu mercado mais importante.
No geral, a abordagem me parece correta: com a implementação lenta, a empresa consegue identificar e testar as melhores estratégias.
Até aqui, o padrão observado tem sido o seguinte: primeiro, o usuário impactado pelo crackdown costuma cancelar sua conta. Alguns meses depois, a maioria deles retorna como um usuário novo, agora pagante.
Ou seja, há um impacto de curto prazo, porém parece haver um benefício real de longo prazo.
Foi impactado pelo crackdown? Que tal assinar o plano mais barato e com alguns anúncios?
Há alguns meses, circularam rumores de que os anunciantes estariam extremamente frustrados com a Netflix.
Os primeiros clientes, de acordo com os boatos, reclamavam de dificuldades técnicas ao utilizar a plataforma e de um patamar baixo de retorno sobre o investimento.
Importante mencionar: esses boatos nunca foram confirmados publicamente, nem pela empresa (obviamente), nem por seus clientes.
Agora, na teleconferência de resultados, a surpresa: os executivos da Netflix disseram que o produto de anúncios é um sucesso inquestionável.
Nos EUA a receita vindo desses planos mais básicos (os US$ 6,99 mensais e a receita de anúncios que a empresa recebe) já supera a receita total com o seu plano básico (que não tem anúncios e custa US$ 15,99 por mês).
Muitos clientes têm optado por reduzir o valor das suas assinaturas. Porém, conforme imaginado pela empresa, essa redução tem sido mais do que compensada pela receita com anúncios.
Mais uma vez, a Netflix está num processo de reinvenção, e os resultados iniciais são promissores.
- LEIA TAMBÉM: HBO Max vai acabar? Warner deve anunciar fusão de aplicativos de streaming e “cópia” da Netflix
É hora de comprar a ação da Netflix?
Um dos fatores que mais me chamou no último resultado foi a geração de caixa livre da Netflix, que totalizou US$ 2,1 bilhões. Trata-se de um salto de 263% frente ao mesmo trimestre do ano passado.
O grande fator que explica o salto na geração de caixa foram os gastos menores com conteúdo: no 1T23 a Netflix gastou US$ 2,45 bilhões em conteúdo, contra US$ 3,5 bilhões no ano passado.
A redução nos gastos está em linha com a história que a empresa conta ao mercado. A Netflix pretende estabilizar seus investimentos num patamar de manutenção (basicamente recompor a amortização) e passar a gerar mais caixa.
Para 2023, a companhia manteve seu guidance de uma geração de caixa livre de US$ 3 bilhões. Mas seus executivos disseram que US$ 3,5 bilhões é um número possível.
Neste momento, a empresa vale cerca de US$ 145 bilhões.
Mesmo sabendo que o mercado precifica a capacidade futura de resultados das companhias, um múltiplo 48x o fluxo de caixa dos próximos 12 meses, com crescimento de receitas em um dígito baixo, não me parece muito atrativo.
Ainda assim, essa é definitivamente uma ação que está no meu radar.
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana
Época de provas na bolsa: Ibovespa tenta renovar máximas em dia de Caged, ata do Fed e recuperação judicial da Azul
No noticiário corporativo, o BTG Pactual anunciou a compra de R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro; dinheiro será usado para capitalizar o Banco Master