Mais uma Super Quarta para nossa coleção: o que esperar das reuniões de política monetária aqui e nos Estados Unidos?
A semana guarda uma relevância ímpar para os mercados. Tanto no Brasil como nos EUA, os investidores estarão atentos ao comunicado que acompanha a decisão
Teremos mais uma vez aquele tipo especial de quarta-feira, em que coincidem as reuniões de política monetária no Brasil e nos EUA. A semana é especial e guarda uma relevância ímpar aos mercados. Para os brasileiros, a discussão reside sobre o início da flexibilização do tom por parte da autoridade monetária. Já no caso americano, o ponto central está no possível último aumento da taxa de juros.
Muitas críticas foram feitas sobre a atual gestão de nosso BC. O problema é que elas ganharam contornos políticos, carecendo muitas vezes de profundidade técnica, como as queixas do atual presidente Lula.
Vivemos hoje um processo conturbado de conversão da inflação para dentro das bandas da meta, o que deveria provocar uma acentuada desaceleração econômica, como um dos canais de transmissão sugere.

Historicamente, como podemos ver acima, desde que o regime de metas foi estabelecido, no final da década de 1990, o Brasil deixou de entregar a inflação dentro das bandas por sete anos, em linha com outros pares da América Latina, como Chile (oito vezes), Colômbia (oito) e Peru (oito). Provavelmente, chegaremos à nossa oitava vez ao final de 2023; assim, não estamos muito distantes dos exemplos regionais.
Não há muita discussão sobre o caminho a ser adotado pelo Comitê de Política Monetária nesta quarta-feira (no Brasil e nos EUA, a reunião começa na terça-feira e só é concluída na quarta-feira).
ASSISTA TAMBÉM: Banco Central entre a cruz e a espada. O que vai acontecer com a Selic e onde investir?
Espaço para ajuste de política monetária?
As projeções apontam para uma manutenção da Selic Meta em 13,75% ao ano. Concordo com a indicação. A inflação ainda está elevada, principalmente os núcleos, e deverá acelerar na segunda metade de 2023.
Leia Também
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

Só teremos uma conversão saudável para dentro da banda em 2024. Em outras palavras, o BC tem margem para manter sua política monetária contracionista por mais tempo, até mesmo porque o arcabouço acabou de ser apresentado ao Congresso e ainda precisa tramitar devidamente antes de chegar à mesa do presidente — mudanças podem acontecer no meio do caminho, como é de costume.
Com isso, o segredo fica por conta do comunicado, que pode dar os primeiros sinais de flexibilização. A redução dos juros deverá ficar apenas para a reunião de agosto, depois do encontro de junho, quando o arcabouço já tiver sido aprovado, tivermos mais clareza sobre o percurso da inflação no segundo semestre e o Ministério da Fazenda tiver desenhado melhor as formas de arrecadação que pretende se valer.
Lembre-se que não precisamos apenas controlar a inflação vigente, mas também ancorar as expectativas para os próximos anos, bem como reduzir a pressão fiscal sobre o mercado.
Chegaremos lá, mas o correto é que seja com responsabilidade e moderação. Não pode ser na canetada e, por isso, faz sentido que a taxa de juros só comece a cair no segundo semestre, gradual e marginalmente.
ASSISTA TAMBÉM: Banco Central entre a cruz e a espada. O que vai acontecer com a Selic e onde investir?
Nos EUA, a discussão também reside em torno do comunicado
Por lá, o mercado aguarda mais um ajuste positivo de 25 pontos-base, colocando a taxa de referência entre 5,00% e 5,25% ao ano. Pode ser o último ajuste deste ciclo de aperto monetário, principalmente depois de mais uma quebra bancária nos EUA — na segunda-feira (1º), o First Republic Bank se tornou a segunda maior falência bancária americana.

Isso trouxe a crise bancária de março de volta ao foco após uma relativa calmaria nas semanas desde que o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank faliram.
Os reguladores atuaram sobre o First Republic depois de algumas semanas tumultuadas em que os depositantes retiraram cerca de metade de seu dinheiro do banco.
Agora, o JPMorgan Chase está comprando o First Republic Bank. O movimento é um alívio para o Federal Reserve em uma semana importante.
Provavelmente, porém, a situação deve ser um dos pilares que pode sustentar um comunicado mais comedido por parte de Jerome Powell, presidente do Fed. Em sendo o caso, teremos sobrevivido ao ciclo de aperto monetário mais duro em 40 anos.
Sem dúvida, o início da década de 2020 ficará na história da política monetária para sempre.
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática