Indefinível; mas não tente se matar, pelo menos esta noite, não…
As coisas vão melhor que o esperado para a economia do Brasil, mas o fenômeno também é visto lá fora — e há como aproveitar esse quadro
A maior expressão da angústia
Pode ser a depressão
Algo que você pressente
Indefinível
Mas não tente se matar
Pelo menos essa noite, não
(Lobão, em "Essa noite, não")
Eu: “Portugal está lindo. Há tempos eu não ia pra lá…”
Ele: “E você foi em Cascais? É o meu lugar português favorito.”
Eu: “Fui, sim. É legal mesmo.”
Ele: “No Alentejo você não foi, né?”
Eu: “Fui rapidinho, mas fui. Minha esposa queria conhecer a Cartuxa…”
Ele: “Ah, eu tenho preferido mais o Dão recentemente. Aposto que lá você não foi…”
Eu: “Dei uma passada, sim.”
Ele: “Mas quando você foi?”
Eu: “Em setembro.”
Ele: “Setembro é horrível! Você tinha que ter ido em maio. Porque quando eu fui em maio…”
***
A piada não é minha, é do Fábio Porchat. Tenho esse hábito de contar anedotas porque acho que aproxima um pouco mais as pessoas.
Algumas são tão inacreditavelmente ensimesmadas que não admitem a narrativa de qualquer experiência a partir da perspectiva do outro. Tudo precisa ser relatado — ou, até mesmo, transformado (se o caso original for de um terceiro) — a partir da própria vivência ou visão pessoal. Eu, eu, eu…
A literatura das Finanças Comportamentais batizou de “home bias” a tendência de exagerar na concentração dos investimentos em seu próprio país, ignorando os benefícios da diversificação regional e entre moedas. É, sem dúvida, um problema a ser endereçado.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Perdoem o politicamente incorreto, porém. Sei que o brasileiro investe pouco lá fora; também sei que nossa moeda é bastante exótica e não preserva muito valor no tempo. E, claro, estou ciente de que este país é uma bagunça e tudo pode mudar amanhã.
Tudo isso pede um discurso “do bem”, em prol da sofisticação dos portfólios e da exploração de oportunidades além-mar. Mas a real é que não estou muito preocupado com isso neste momento, taticamente.
Vejo o Brasil como um dos grandes polos de boas alternativas para se investir agora, mesmo em perspectiva global — até mesmo pela falta de opções; uma espécie de W.O. bem jogado.
O Brasil vai bem, mas não só ele
Estou mesmo interessado em outro tipo de “home Bias” ou ensimesmamento. Quando a S&P elevou a perspectiva da nota de crédito brasileira, citou uma maior resiliência de nossa economia, que derivaria, em grande medida, das reformas realizadas desde o governo Temer.
Vários economistas também têm se surpreendido com o vigor do PIB local, a despeito do rigoroso aperto monetário. A Selic saiu de 2% para 13,75% e ainda vamos crescer mais de 2% neste ano. Com efeito, há três anos o PIB realizado tem sido notadamente superior àquele apontado pelo relatório Focus (vai ser assim de novo em 2023).
Não quero diminuir os méritos nacionais. Tudo isso é verdadeiro e chega a ser surpreendente, além de demonstrar certo amadurecimento institucional: tivemos a aprovação de duas reformas bastante difíceis (Previdenciária e Tributária) num intervalo de tempo razoavelmente curto, sobretudo quando ponderamos por perspectivas históricas.
No entanto, essa maior resiliência da economia (ou das economias) tem sido um fenômeno global. Os EUA talvez sejam o caso mais icônico.
Há alguns trimestres, esperamos uma recessão chegando diante da elevação dos juros pelo Fed. Estamos à espera de Godot, a personagem do teatro do absurdo de Beckett que nunca chega. A taxa de desemprego norte-americana está entre as menores da história e cai mês após mês.
Algo parece ter acontecido com a economia global, em especial com o mercado de trabalho. Há várias potenciais explicações para o fenômeno, mas não dispomos ainda de rigor científico (até porque talvez nem tenhamos dados disponíveis suficientemente) para identificar relações de causalidade e possíveis soluções.
Enquanto isso, os modelos seguem desatualizados, trabalhando com uma curva de Phillips que não existe mais.
E o que explica?
Talvez ainda sejam as sobras da poupança dos estímulos fiscais e monetários da época da covid mudando a dinâmica do mercado de trabalho — se as transferências de renda aumentaram muito e sobrou poupança, muitos podem trabalhar menos.
Talvez seja uma questão mais ligada à dinâmica social, de que estejamos valorizando outras coisas além da ética do trabalho. O tal “Great Resignation” apenas como uma manifestação mais intensa de um fenômeno mais geral.
Se antes era descolado perseguir a ideia dos “PSDs” (Poor, smart and deep desire to be rich), agora essa espécie de “topa tudo por dinheiro” ficou cafona. O marido trabalha meio período ou folga na sexta, para poder ajudar a tomar conta das crianças, numa decisão autodeclarada, por mera vontade.
Possivelmente ainda tenhamos questões demográficas atuando. Sei lá, conheço pouco as explicações.
Seja como for, temos consequências dessa nova dinâmica do mercado de trabalho, claro. Se as taxas de desemprego são muito baixas, dificilmente os salários vão cair tão rápido, mesmo com juros mais altos.
Para fazer a inflação convergir às metas, precisaríamos de um aperto monetário ainda mais vigoroso. O juro não cairia tão rápido lá fora como se espera. A inflação de bens e materiais já desabou e deve continuar baixa.
Em serviços, a história seria diferente: a convergência também existiria, mas de maneira mais lenta. Os Bancos Centrais perceberiam isso e acabariam aceitando uma inflação um pouco mais alta, desde que em convergência. Teríamos inflação um pouco maior, juros nominais um pouco mais altos e juros reais ainda baixos.
É um cenário diferente daquele observado durante a chamada “Estagnação Secular”, que reinou na última década. Ainda assim, os juros reais baixos ainda podem significar um ciclo positivo para ativos reais.
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD