Felipe Miranda: a farsa de Jair Pereira
Há uma mudança de paradigma em andamento — saem inflação e juros altos, entram discussões sobre corte de Selic; a bolsa é a grande beneficiada
“Mais vale asno que me carregue que cavalo que me derrube.” Há múltiplas possibilidades de aplicação da famosa frase de Gil Vicente, em “A farsa de Inês Pereira.” O sobrenome homônimo empurra o pensamento direto para Jair Pereira, com seu bordão “maré, maré, jacaré, jacaré…”
Ainda que haja dúvida se ele falou mesmo essa frase, se não o fez, foi por esquecimento! Ela combina com a figura do técnico bonachão, em pé, ao lado do gramado, com camiseta esportiva e shorts acima do joelho — por onde andam figuras como essas?
Desde que Moneyball saiu do beisebol para invadir os demais esportes, tenho a sensação de que foram aposentados pelos ternos de grife italianos — se usar echarpe, então, vira humilhação — e pela aparência científica e austera dos estudiosos.
Sou a favor da ciência, mas receio que o PVC não seria um bom técnico. Há certos conhecimentos que emanam da prática, da intuição, do reconhecimento de padrões, do respeito dos pares a partir da ciência de que há no líder também uma referência capaz de fazer no dia a dia, se necessário.
Jair Pereira era uma espécie de “Fat Tony”, aquela personagem de Nassim Taleb com inteligência de rua e ganhadora de dinheiro, contra os “empty suits” e os papagaios bem informados incapazes de pensar com a própria cabeça, que vomitam clichês e cedem aos perigos do groupthinking.
Agora que a Verde se disse otimista com bolsa, já pode comprar? Jair Pereira pode até não ser um gênio (longe disso), mas foi vencedor por quase todos os clubes por onde passou. Talvez tenha sido sorte, você tem razão. Nunca saberemos. O risco é um negócio curioso, porque ele nunca poderá ser medido de verdade e com precisão, nem mesmo a posteriori.
Leia Também
Quando deu certo, nunca saberemos qual a probabilidade de ter dado errado. Provavelmente, cederemos à tentação psíquica de achar que tomamos o caminho correto, tendo chegado lá por conta da concretude de um materialismo histórico que nunca existiu, nem nunca poderá existir. Foi de determinado jeito, mas poderia muito bem ter sido diferente, não fossem aquelas duas bolas na trave…
Entre um ganhador de dinheiro sortudo e um competente azarado, com quem você fica?
O momento de virada na bolsa
As ciências sociais, sobretudo em ambientes de elevada incerteza, muito suscetíveis à aleatoriedade e permeados por fenômenos complexos, terão enorme dificuldade em modelar o mundo. Mas, para ficar em posição de destaque perante a Academia e, mais especificamente, aos doutores das ciências naturais, tentarão fazer a realidade caber em suas planilhas de Excel e em seus arquétipos ultrassofisticados.
Essa fragilidade é particularmente grande em momentos de inflexão, por uma razão objetiva: os modelos se baseiam em dados históricos e, se estamos diante de uma quebra estrutural, a econometria das séries de tempo costuma funcionar mal. Seu modelo segue um determinado padrão, mas esse padrão está sendo rompido. Vai dar ruim.
Essa é uma das razões para os traders ganharem mais dinheiro do que os macroeconomistas. A curva de juros vai ser sempre mais rápida (e eficiente) do que o relatório Focus.
O ponto nevrálgico é que estamos justamente no momento da inflexão. Saímos de um mundo (e de um país) em que só se discutia inflação e alta de juro para outro em que se debate quando e quanto cai a Selic. Cresce a expectativa por um corte em agosto, possivelmente de 50 pontos.
Ainda mais interessante: na média, o consenso de mercado, ao longo dos últimos sete ciclos de afrouxamento monetário, subestimou os cortes da Selic em 150 pontos-base. Se estivermos falando de um PIB que cresce 2%, de uma inflação abaixo de 5% e de uma Selic de 8%, é um outro Brasil.
Calma, calma. Dispenso os ataques de comunista, ou a provocação infantil de “fazueli.” Em que pese o bom desempenho do ministro Fernando Haddad, as variáveis supracitadas derivam de pouco (ou quase nenhum) mérito do governo.
Alguns diriam que Lula é sortudo, que vai pegar, mais uma vez, a maré mudando em seu favor. Talvez baste. Uma recuperação cíclica natural depois de anos de muita inflação e aperto monetário global.
Daqui a pouco, será possível ler que a S&P estuda elevar o rating soberano brasileiro, citando os benefícios advindos das reformas estruturais implementadas desde o governo Temer. Talvez aí seja tarde demais para comprar.
P.S.: Há algum tempo estamos alertando sobre o quanto as microcaps estão amassadas e com muito espaço pra subir, nesse cenário de queda de juros e maior apetite por risco. Se você quiser um jeito fácil de se expor à tese, convido a conhecer aqui o veículo que se expõe diretamente ao mercado de micro e small caps.
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região