Como (não) escolhemos os melhores fundos de investimento
Conheça seis formas de análise que, apesar de comuns na indústria, ficam distantes de nossas avaliações de fundos – metodologia que você, investidor, também deveria aplicar em sua própria construção de carteira.

Se você acompanha o Linha D'Água há algum tempo, já deve estar familiarizado com os bastidores da série "Os Melhores Fundos de Investimento" da Empiricus Research, na qual cobrimos toda a indústria de fundos, local e global.
Buscamos os melhores gestores e estratégias para ganhar dinheiro para você. Para isso, nossa seleção de fundos é criteriosa, contando com indicadores qualitativos e quantitativos de longo prazo para orientar nossas decisões de recomendação e alocação de portfólio.
No entanto, tão importante quanto saber o que estamos buscando de melhor em um fundo é saber o que não usar como referência.
Hoje, apresentamos seis formas de análise que você, como leitor e investidor de fundos, também deve ficar atento em seu próprio portfólio de investimentos e avaliar se está caindo (ou já caiu) em alguma dessas armadilhas.
1. Não utilizamos o melhor retorno dos últimos 12 meses
Você provavelmente já viu sites de corretoras ou portais de notícias que apresentam os famosos "rankings de fundos". Muitas vezes, esse ranking é o fator decisivo para investidores que desejam aplicar seu dinheiro na opção mais lucrativa do momento.
No entanto, eles não se importam com períodos mais longos.
Leia Também
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje
Mesmo que um fundo tenha apenas seis meses de existência, caso apresente um retorno excepcional nesse período, o investidor não se interessará por um fundo mais antigo de 10 anos que tenha um desempenho de curto prazo inferior, porém com uma consistência a longo prazo muito melhor.
Tudo o que importa a ele é que o fundo mais novo esteja no topo do ranking de retorno.
Entretanto, como dizem os disclaimers, retornos passados – principalmente de curto prazo – não garantem retornos futuros. Por outro lado, consistência passada sinaliza, sim, consistência futura.
É O FIM DA RENDA FIXA? O 'PINGA-PINGA' DE 1% AO MÊS ACABOU, MAS ESTES TÍTULOS AINDA SÃO BOAS OPÇÕES
2. Não nos guiamos pelo “fundo do momento”
Geralmente, um fundo com bom retorno de curto prazo recebe muita atenção da mídia, que cria os "rankings de fundos" mencionados anteriormente.
No entanto, esse destaque pode – e, provavelmente, vai – atrair um passivo de baixa qualidade, ou seja, a aplicação de investidores sem o alinhamento correto.
Além disso, da mesma forma que foram atraídos pelo retorno positivo no curto prazo, eles certamente se afastarão rapidamente se houver um desempenho ruim em um período curto.
Isso inclusive afeta negativamente o passivo de qualidade, aqueles investidores que confiaram na gestão por um longo tempo. Afinal, os resgates em massa atrapalham a liquidez do fundo e levam a uma queda no preço dos ativos.
Por isso, valorizamos as gestoras que fazem uma gestão do passivo adequada, por exemplo, fechando seus fundos em momentos de euforia excessiva, prezando pelo alinhamento dos seus investidores.
Não nos sentimos atraídos por fundos muito divulgados, seja devido ao bom retorno a curto prazo ou a propaganda paga pela gestora – o que é ainda mais preocupante. Pelo contrário, nossa análise se torna mais criteriosa para entender os objetivos por trás dessa maior exposição.
3. Não avaliamos a volatilidade em análises de risco
A volatilidade de um fundo está relacionada à oscilação de seu retorno ao longo do tempo, ou seja, o quanto sua cota sobe e desce. Assim, maior volatilidade, em teoria, significa maior risco – isso é o que a maioria do mercado utiliza como métrica de risco.
No entanto, embora a volatilidade dê um indicativo do nível de exposição de uma determinada estratégia, ela apresenta falhas como medida de risco:
- A volatilidade é simétrica, tratando retornos positivos e negativos igualmente, o que penaliza o desempenho positivo como risco;
- A volatilidade não considera um objetivo de retorno relativo. Assim, se um fundo caiu 10%, mas seu benchmark (índice de referência) caiu 15%, o fundo teve um retorno relativo (alfa) positivo de 5% não capturado pela métrica;
- A volatilidade não leva em conta a ordem dos eventos, portanto o resultado é o mesmo para 12 dias consecutivos de queda ao longo de um ano ou esses mesmos 12 dias distribuídos em um mês. Isso afeta a decisão do investidor de resgatar ou não um fundo que tem uma sequência longa de perdas – o que deveria ser considerado;
- A volatilidade suaviza eventos extremos, diluindo “eventos de cauda” ao longo do tempo. No entanto, esses eventos são importantes para considerar a perda máxima e o comportamento da estratégia durante crises.
Para nós, risco é perda, acumulada, abaixo de um objetivo definido, em uma janela de tempo.
4. Não nos limitamos a só o que é ofertado em determinada plataforma
Recebemos com alguma frequência perguntas como essa: "Qual é o melhor fundo disponível no Banco do Brasil? Eu mantenho minha conta lá para ter acesso a benefícios e manter o relacionamento com o banco".
Somos agnósticos a corretoras. Nosso objetivo é oferecer apenas o melhor ao investidor e, claro, ele também deve estar disposto a expandir suas possibilidades caso sua plataforma preferida não ofereça o fundo recomendado.
Isso reforça nossa independência nas análises e nosso compromisso inabalável com nossos leitores e investidores.
Buscamos, em primeiro lugar, as melhores estratégias de investimento em toda a indústria de fundos para, em seguida, sugerimos ao investidor todas as plataformas onde ele pode encontrá-las.
5. Não recomendamos fundos de crédito com alta liquidez
Fundos de crédito são aqueles que investem, total ou parcialmente, em crédito privado (títulos de dívida de empresas privadas), portanto sem volatilidade – falando na linguagem do mercado – aparente. A liquidez, por outro lado, é o tempo até que a solicitação de resgate de um investidor se transforme em dinheiro.
Muitas vezes, encontramos fundos de crédito com liquidez diária (resgate no mesmo dia ou no próximo dia útil), conhecidos como "caixa turbinado", em plataformas de distribuição.
No entanto, para oferecer essa liquidez, ocorrem duas situações: ou o fundo precisa manter mais caixa do que o recomendado, reduzindo sua eficiência e potencial de retorno; ou o gestor precisa vender ativos a preços baixos para atender resgates rápidos.
Repare que crédito não “conversa”, de maneira alguma, com liquidez.
Por exemplo, no início do ano, os problemas na indústria de crédito, como a fraude contábil da empresa Americanas e a saúde financeira frágil da Light, resultaram em uma reprecificação negativa dos ativos de crédito. Isso afetou significativamente o desempenho dos fundos, levando os investidores a resgatarem em massa e causando uma queda ainda maior no mercado.
É crucial entender que a ausência de volatilidade não significa ausência de risco. Por isso, fuja de todo e qualquer fundo de crédito com liquidez diária (ou abaixo de 30 dias).
6. Não recomendamos os “substitutos”
Recebemos frequentemente perguntas sobre o que fazer quando um fundo recomendado está fechado para captação – e se há um substituo natural para ele.
A resposta é sempre a mesma: não há um substituto para nenhuma estratégia.
Uma recomendação de fundo leva em consideração diversos fatores, como retorno, consistência, risco, captação, além de aspectos institucionais, como a avaliação qualitativa da equipe de gestão e sinergias entre seus membros.
Quando um fundo não está disponível para investimento, reavaliamos as alternativas disponíveis e determinamos se a inclusão de um novo candidato é adequada em uma carteira de investimentos – mesmo assim, a manutenção do dinheiro em caixa ou em um fundo passivo de alta liquidez é uma alternativa válida, especialmente caso haja expectativas de reabertura da estratégia desejada.
Cada pessoa (e equipe) é única e, portanto, não existem duas estratégias idênticas.
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande
Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin
Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas
A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?
A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas
Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil
Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado