🔴 META: ATÉ R$ 334,17 POR NOITE – CONHEÇA A ESTRATÉGIA

O mito dos rankings de fundos: o que eles escondem de você

Os sedutores rankings elencam tão facilmente os “melhores fundos de investimento”, mas causam uma grave distorção na análise do investidor

24 de abril de 2023
11:02 - atualizado às 11:19
Pódio
Um bom desempenho de curto prazo não significa necessariamente que o fundo é bom - Imagem: Shutterstock

Muito prazer! Sou o Pedro Claudino e é ótimo estar aqui com você compartilhando algumas reflexões nesta coluna de fundos. Hoje, fui gentilmente convidado pelo Alê e pela Rafa, idealizadores do Linha D’Água, a conduzir esta edição.

Tenho 20 anos, curso Ciências Econômicas na UNIFESP e faço parte da equipe de fundos de investimentos da Empiricus Research.

“Rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro” é uma frase que você muito provavelmente encontrará em qualquer material de divulgação de fundos de investimentos.

Trata-se de uma diretriz de boas práticas da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que oferece uma mensagem valiosíssima. Não é porque um gestor ganhou muito dinheiro para seus cotistas no passado que ele vai necessariamente repetir o feito no futuro.

  • Já sabe como declarar seus investimentos no Imposto de Renda 2023? O Seu Dinheiro elaborou um guia exclusivo onde você confere as particularidades de cada ativo para não errar em nada na hora de se acertar com a Receita. Clique aqui para baixar o material gratuito

Não dirija olhando apenas pelo retrovisor

Isso me lembra de uma velha analogia usada no mercado financeiro sobre a importância de não dirigir um carro olhando apenas para o retrovisor.

Se um fundo de sucesso no passado trouxe mudanças relevantes na equipe, como a saída do próprio gestor, suas chances de manter a boa performance são alteradas – se para melhor ou pior, só saberemos no futuro.

Similarmente, se a estratégia sofreu alguma alteração na política de investimentos ou de riscos, analisar o seu histórico seria como avaliar um fundo que não existe mais.

Agora imagine que, além de dirigir focado no retrovisor, durante o trajeto há um caminhão enorme à sua frente, aumentando a quantidade de pontos cegos da visão. Você que dirige com certeza já passou por esse desconforto.

Por que não fazemos ranking de fundos

É isso o que acontece quando você avalia os famosos “rankings de fundos”, especialmente aqueles que premiam os bons desempenhos de curto prazo.

Ao olhar as maiores rentabilidades da indústria em um recorte muito específico no tempo, o investidor está propositalmente colocando um obstáculo em seu campo de visão. Um bom desempenho de curto prazo não significa necessariamente que o fundo é bom. Nem mesmo que ele é ruim

Na verdade, essa avaliação do desempenho em janelas curtas diz pouquíssimo sobre ele.

Esse é um dos principais motivos pelo qual nós, da equipe Os Melhores Fundos de Investimento, nunca fizemos – ou faremos – um ranking dos “melhores fundos do ano” ou dos “melhores fundos para o próximo trimestre”.

No caso de um desempenho positivo, um gestor pode ter surfado a onda de um mercado muito favorável à classe, ter se exposto a um risco exagerado para o retorno obtido ou simplesmente ter sido abençoado com a sorte (acontece com mais frequência do que você imagina).

O mesmo pode acontecer com aquele que ficou em posição de menor destaque no tão aclamado “ranking de fundos”, e que acaba sofrendo com eventuais resgates por conta disso. Apesar do período aparentemente ruim, vale entender se o resultado é derivado de um momento de mercado difícil.

O tempo separa o joio do trigo

Mas, no longo prazo, o mercado sempre consegue separar o “joio do trigo”. Um gestor que toma risco de forma irresponsável eventualmente pode quebrar a cara, pois a sorte uma hora acaba.

É por isso que a análise de um fundo vai muito além de seu desempenho. As métricas de consistência, risco e controle do passivo – todas em janelas longas e equivalentes à estratégia – são tão importantes quanto.

Um fundo que bateu o benchmark (índice de referência) consistentemente durante uma década tem muito mais probabilidade de repetir o desempenho do que aquele acabou de nascer e possui dois bons anos.

Mais ainda se a equipe que trouxe esse sucesso aos cotistas se mantém, com boa sinergia e bem remunerada – importante, para reter talentos.

Desconsiderar o fator “tempo” é apenas um dos problemas que a maioria dos rankings de fundos cometem. 

Um ranking de fundos compara os resultados com o restante da indústria. Mas não adianta comparar “banana com laranja”, pois você com certeza irá tirar conclusões erradas.

Laranjas na cesta de laranjas

Você já deve ter ido ao mercado e, no momento da escolha de uma laranja, a apertou para sentir sua consistência, compara com as outras e procura a de melhor qualidade do cesto.

Mas e se todas as frutas estivessem jogadas em um único recipiente? Seria muito mais difícil procurar aquela laranja docinha, concorda?

Você já deve saber que não adianta comparar um fundo de ações com um de renda fixa. Muito menos um fundo multimercado com um de criptomoedas – acredite, acontece.

Entretanto, é comum que um ranking de fundos compare estratégias de diferentes classes entre si, ainda que cada categoria de fundos exija métricas específicas na análise.

Por exemplo, em um fundo de gestão passiva, aquele cujo objetivo é acompanhar o desempenho de um índice, será importante avaliar seus custos e sua aderência ao índice frente aos demais candidatos. Enquanto isso, em um fundo de gestão ativa, cujo objetivo é superar esse índice, o processo será outro.

Também existem grandes diferenças entre estratégias dentro de uma mesma categoria, como a renda fixa, onde há os fundos de crédito privado, que compram títulos de dívida de empresas privadas, e os de renda fixa ativa, que operam juros e inflação (sem crédito).

Dá para ir ainda mais além

Um fundo de crédito privado high grade (que compra títulos de maior qualidade de empresas) é diferente de um fundo de crédito privado high yield (que compra títulos de maior risco, porém com prêmios maiores). Ambos possuem perspectivas de retorno diferentes e isso deve ser levado em consideração na análise.

Percebe como são muitos fatores e que, ao colocar todos na mesma cesta, você terá uma conclusão imprecisa?

Vamos a um breve exemplo prático

Separei um grupo de fundos classificados como multimercados a partir de alguns filtros básicos. Retirei fundos exclusivos, espelhos, com patrimônio líquido muito pequeno e os destinados a investidores profissionais (aqueles com mais de R$ 10 milhões investidores e atestado por escrito) – filtros bem comuns em plataformas.

Classifiquei os 631 veículos encontrados de acordo com a maior rentabilidade de 2023 e dos últimos 12 meses, e os 15 maiores retornos foram estes:

Pelo nome de vários deles você deve ter percebido qual seria o problema de classificá-los como “os melhores fundos multimercados de 2023”.

Muitos são fundos que investem somente em criptomoedas, indústria que está com um desempenho muito expressivo em 2023. Outros, são fundos atrelados ao ouro ou temáticos de carbono.

Provavelmente, ao buscar pela comparação de fundos “multimercados”, o investidor na verdade esperava encontrar os multimercados macros, aqueles mais semelhantes às estratégias das aclamadas gestoras Verde e SPX, por exemplo, estes que – veja só – estavam posicionados só na metade do grupo.

Não há nada contra fundos de criptomoedas. O ponto é que eles não deveriam ser colocados na mesma caixa que os demais multimercados. Estratégias diferentes exigem processos de avaliação distintos e, definitivamente, não devem ser comparados em recortes de curto prazo.

Observe também que, estendendo o retorno para o período de 12 meses, que ainda não é uma janela de longo prazo (mas já é melhor que “no ano”), a rentabilidade desses fundos varia bastante. Alguns ficam no negativo e outros até melhoram.

Veja, portanto, que há três problemas principais:

  1. a avaliação de janelas curtíssimas, incompatíveis com o investimento em fundos;
  2. a comparação entre fundos de classes e estratégias diferentes; e
  3. a falta de métricas quantitativas (e qualitativas) adicionais para complementar a análise, como consistência e risco.

Ainda há muito trabalho a ser feito para educar o investidor – e, principalmente, as próprias plataformas – sobre a avaliação justa de um investimento que irá receber seu tão suado dinheiro.

Como dizem, ter um mapa errado é pior do que não ter mapa. Nossa missão, portanto, é te apresentar o GPS que te direcionará corretamente.

Compartilhe

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Com mundo de olho na abertura dos Jogos Olímpicos, mercado aguarda PCE para o pontapé inicial na bolsa

26 de julho de 2024 - 7:52

Além de Wall Street, Ibovespa também repercute hoje os números do Governo Central e o balanço da Vale no segundo trimestre

SEXTOU COM O RUY

“Caçadores de ações”: a empresa que ainda está fora do radar dos investidores, mas é por pouco tempo

26 de julho de 2024 - 6:08

A ótima prévia operacional nos deixa mais confiantes de que essa companhia está no caminho certo para voltar a dar lucro ainda em 2024, podendo inclusive se tornar uma boa pagadora de dividendos para quem tem paciência e pensa no longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bugs, bolhas e tecnologia: Big techs azedam o clima nas bolsas em dia de PIB dos EUA e de IPCA-15

25 de julho de 2024 - 8:07

Ibovespa ainda tem que lidar com petróleo e minério de ferro em queda e dólar em alta com mercado à espera do balanço da Vale

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Obrigado, mas não, obrigado

24 de julho de 2024 - 20:30

Recentemente, a startup de cibersegurança Wiz deixou passar uma oferta de US$ 26 bilhões feita pela dona do Google

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A maionese desanda na bolsa: Big techs e minério de ferro pesam sobre os mercados internacionais e Ibovespa paga a conta

24 de julho de 2024 - 7:47

Enquanto resultados trimestrais da Tesla e da dona do Google desapontam investidores, Santander Brasil dá início à safra de balanços dos bancões por aqui

CRYPTO INSIGHTS

Tudo o que você precisa saber sobre os ETFs de Ethereum (ETH) que acabaram de ser lançados

23 de julho de 2024 - 17:36

Segue um dashboard da Bloomberg mostrando as gestoras que estão criando seus respectivos ETF´s de Ether, tickers, taxas, exchanges de negociação e custodiantes

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ibovespa fica a reboque do exterior antes dos balanços das big techs

23 de julho de 2024 - 8:02

Enquanto temporada de balanços ganha tração em meio a agenda fraca, Ibovespa se prepara para os resultados dos bancões

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’

23 de julho de 2024 - 6:37

Rotação setorial coincide com esgotamento da valorização das ‘big techs’ em Wall Street e inflação desacelerando nos EUA

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Erro de design na indústria de multimercados

22 de julho de 2024 - 20:03

O que aconteceu para os conhecedores de política monetária restritiva perderem tanto dinheiro no começo de 2024?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O poder dos fatos novos: Ibovespa reage a desistência de Biden e corte de juros na China

22 de julho de 2024 - 8:04

A bolsa brasileira tem pela frente uma agenda carregada, com os balanços da Vale e do Santander e o IPCA-15; lá fora, PCE é o destaque

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar