Façam suas apostas: a China deixou o “pódio dos emergentes” e deu espaço para os seus vizinhos?
Bônus demográfico e reformas econômicas favorecem a Índia, mas há outras alternativas à China entre emergentes

É da natureza humana querer ganhar dinheiro facilmente e em pouco tempo. Ficar milionário sem precisar ralar ao menos 40 horas por semana (geralmente muito mais) é a definição de “zerar a vida” para muita gente.
Há quem se inscreva em reality shows (alô, Big Brother Brasil), há quem jogue na Mega-Sena e até players mais ousados, como os jogadores de caça-níquel (lógico, dentro da legalidade de cada país) e de apostas esportivas – fenômeno no Brasil nos últimos três anos.
Quando criança, eu acompanhava o meu pai na ida a casa lotérica mais próxima para apostarmos nos seis números capazes de nos levar aos famigerados sete dígitos na nossa conta bancária.
Divertido? Muito. Mas, como é de se imaginar, nunca fomos agraciados com a chance de 0,000002% de acertar em cheio a sequência sorteada (nem mesmo uma quina, diga-se de passagem).
Você – e todo mundo – já deve ter ouvido a frase: “é mais fácil ser atingido por um raio do que ganhar na Mega” e mesmo assim já percebeu o enorme interesse das pessoas em apostar, principalmente quando a bolada é grande. O alto número de jogadores na Mega da Virada é a prova disso.
Não coloque todos os ovos em uma cesta só
Já no universo dos investidores, encontramos comportamentos similares. Quantos aplicaram quantias bem maiores do que o recomendado em Magazine Luiza lá em 2020, acreditando no potencial infinito da ação em multiplicar o seu patrimônio?
Leia Também
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Labubu x Vale (VALE3): quem sai de moda primeiro?
Ou quando muitos investiram pesado em criptomoedas totalmente desconhecidas, sem ao menos saber do que se tratavam?
É verdade quando dizem que não existe almoço grátis. Também pode acreditar quando falarem para você não colocar todos os ovos em uma cesta só.
Apostar em único ativo pode ser tão perigoso quanto uma noitada em um cassino. Isso também vale para a sua alocação geográfica, em um grau de risco menor (se estiver de fato diversificado entre classes).
Investir em um só país coloca o seu dinheiro vulnerável a questões fiscais e políticas deste local, para dizer o mínimo.
Ainda assim, segundo uma pesquisa feita pelo JP Morgan, cerca de 99,5% do dinheiro alocado de investidores brasileiros está exposto somente a ativos no Brasil, mesmo que o país seja representante de apenas 2,5% do PIB global.
Curioso, não? Até porque todos nós sabemos que não vivemos em uma nação-exemplo de estabilidade fiscal e política.
ONDE INVESTIR EM SETEMBRO? NOVO PROGRAMA MENSAL DO SD SELECT REVELA AS MELHORES APOSTAS PARA O MÊS; ASSISTA
Pois então, onde você deve investir?
O primeiro passo é alocar parte do seu dinheiro em economias desenvolvidas, mais estáveis por si só. Estados Unidos, Europa e Japão merecem um espaço no seu portfólio, ainda mais pela infinidade de investimentos e instrumentos disponíveis para você se expor a estes mercados e suas moedas.
Outra "caixinha” deve ser reservada para os investimentos em países emergentes além do Brasil. Por mais que não tenham uma economia no mesmo nível de estabilidade, essas regiões geralmente entregam um prêmio de risco mais interessante.
Quem sempre garantiu um “assento VIP” nessa categoria foi a China – mas, recentemente, ela vem sofrendo para manter seu lugar no pódio.
Há quatro décadas garantindo crescimento econômico acima das expectativas, a China foi a grande aposta de muitos gestores neste ano, quando o mercado acreditava em uma recuperação expressiva do país à medida que as restrições impostas pelo governo durante a pandemia fossem suspensas.
Contudo, em minha humilde opinião, essa foi de longe a maior decepção de 2023.
China em apuros?
Como explicado brilhantemente na carta mensal da Kinea (gestora de renome brasileira) de agosto, para chegar onde chegou, a China usou um modelo de crescimento econômico baseado no uso dos recursos internos para se financiar. Contudo, esse modus operandi parou de produzir o mesmo efeito após a pandemia.
Para que o país asiático continue crescendo o seu PIB (Produto Interno Bruto), o governo precisará lidar, antes de tudo, com a desaceleração do mercado imobiliário, a perda de dinamismo dos projetos de infraestrutura, os altos níveis de desemprego de jovens e a confiança das famílias em baixa – o que, vamos combinar, não deve ser uma tarefa fácil.
Derrick Yee, gestor especialista em ações asiáticas da Manulife Investment, de Hong Kong, com seus mais de 20 anos de experiência em ativos da Ásia, complementou esse discurso comentando as mais de 30 políticas implantadas pelo governo chinês para resolver o problema. Ele explica que este é um processo longo para conseguirmos enxergar os benefícios das medidas, sem ser possível datar quando a economia do país irá retomar o seu crescimento.
Yee relata que ainda existem oportunidades na China, justamente pela relação risco/retorno dos ativos estar bem descontada, mas ressalta um aumento de atratividade de outras regiões ainda na Ásia.
Ademais, os recentes conflitos entre China e EUA reduziram as exportações de insumos para o grande mercado norte-americano, o que abriu espaço para os países próximos da China, tão bons quanto na produção da maioria dos insumos, passarem a exportar e, inevitavelmente, crescer ainda mais.
Leia também
- O que você precisa saber antes de investir em um fundo de previdência
- Volatilidade? Não, obrigado! Existe outro indicador de risco melhor
- Vale a pena investir sob as orientações de um prêmio Nobel?
A aposta de Ray Dalio
Outro nome de peso no mercado a favor de olhar para outros países orientais na busca por oportunidades, é Ray Dalio, gestor e fundador da Bridgewater.
Dalio se encontrou recentemente com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e demonstrou profundo interesse no mercado indiano que, segundo ele, está em um momento de crescimento econômico similar ao chinês em 1980, época de ouro da China.
Nas últimas semanas, também pude conversar com a estrategista global do JP Morgan, Gabriela Santos, que comentou sobre a atual preferência dos investidores estrangeiros em outros países asiáticos excluindo a China.
Alternativas à China
A Índia foi destaque nesse tema, devido à demografia favorável e às reformas econômicas em andamento, assim como a Coreia do Sul e Taiwan, pela produção de semicondutores, e o Sul da Ásia, pelo retorno do turismo.
Sintetizando, o seu portfólio ideal precisará estar exposto aos mais diferentes mercados, desde países desenvolvidos aos emergentes, para que você aproveite ao máximo das oportunidades existentes.
A mensagem final que deixo hoje é: não deixe as fronteiras geográficas ditarem onde você deve (ou não) investir o seu dinheiro – muito pelo contrário.
Podemos até ter um “cavalo da vez”, que lhe proporcionará retornos interessantes no curto prazo, mas isso não será eterno.
Você pode apostar uma quantia dispensável nele, que não irá te incomodar caso a sua tese não se concretize, mas você deve lembrar de estruturar a sua carteira pensando no longo prazo, com a devida diversificação geográfica, representando a maior parte do seu patrimônio.
Afinal, oportunidades não estão faltando. Você irá me agradecer lá na frente.
Grande abraço e até a próxima,
Rafaela Ribas
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana
Época de provas na bolsa: Ibovespa tenta renovar máximas em dia de Caged, ata do Fed e recuperação judicial da Azul
No noticiário corporativo, o BTG Pactual anunciou a compra de R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro; dinheiro será usado para capitalizar o Banco Master