Fundos imobiliários “racham” a conta dos custos das ofertas de cotas com investidores — até mesmo aqueles que não participam da operação
Prática não é ilegal e está de acordo com as regras da CVM, mas pode ser desvantajosa e prejudicar a rentabilidade dos investidores
As emissões de novas cotas são uma das ferramentas que os fundos imobiliários usam para captar recursos em grandes volumes no mercado e financiar o crescimento do portfólio. Ao mesmo tempo, a emissão atrai novos investidores e amplia a liquidez na bolsa.
Apenas neste ano, os fundos captaram R$ 20,7 bilhões com a emissão de cotas até outubro, um crescimento de 39,9% em relação ao mesmo período de 2022.
Mas fazer uma oferta no mercado envolve uma série de custos — de bancos a advogados, passando pelas corretoras que fazem a distribuição. Dependendo do volume da operação, as despesas para colocar de pé uma emissão de cotas podem chegar à casa dos R$ 30 milhões.
Em tese, essa conta deveria caber aos próprios investidores que participam da oferta por meio da taxa de distribuição primária. O valor da taxa é definido pelas gestoras e/ou coordenadores com base nas despesas previstas e soma-se ao preço de emissão para formar o custo total de subscrição das cotas nas operações.
O problema é que nem todos os fundos incluem a totalidade dos custos nessa taxa, deixando para trás um saldo que deverá ser arcado pelo próprio FII.
Um levantamento do Seu Dinheiro com base nas maiores ofertas realizadas ou em andamento nos últimos meses mostra que pelo menos três gestores decidiram “rachar a conta” dos custos com os cotistas do próprio fundo — até mesmo aqueles que decidiram não investir na oferta.
Leia Também
O que pode acontecer quando a taxa não paga a oferta de um FII?
Em primeiro lugar, vale destacar que a prática, apesar de “pouco ortodoxa”, não é ilegal, e está de acordo com as regras para emissões estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Mas pode ser desvantajosa e prejudicar a rentabilidade dos cotistas.
Uma análise mais detalhada do prospecto — aquele calhamaço de páginas que acompanha as ofertas — apresenta todos os custos da operação, inclusive aqueles que serão arcados pelo fundo.
O problema é que são pouquíssimos os investidores que fazem isso, o que pode levar à falsa conclusão de que o custo da oferta se resume à taxa de distribuição.
Mas o que leva um gestor a deixar os custos de fora da taxa de distribuição? O principal incentivo é tornar a oferta aparentemente mais atrativa aos investidores.
Desse modo, o preço por cota aparece com um “desconto” em relação às cotações do FII na bolsa que, na prática, não existe.
Entre os fundos que adotaram a prática de deixar parte dos custos fora da taxa de distribuição está o RBR Crédito Imobiliário Estruturado (RBRY11). O fundo anunciou em setembro a 6ª emissão de cotas do portfólio, com o objetivo de levantar pouco mais de R$ 408 milhões.
De acordo com os documentos divulgados, o preço de emissão era de R$ 97,34 e havia uma taxa de distribuição primária de R$ 2,16 por cota.
Consultando a seção do prospecto que contém os demonstrativos dos custos de distribuição, porém, é possível verificar que o total de custos da oferta é de R$ 3,53.
O documento esclarece ainda que “exceto pela Comissão de Distribuição, a qual será arcada com recursos provenientes da Taxa de Distribuição Primária, todos os custos e despesas da oferta serão de responsabilidade do fundo”.
Ou seja, mesmo os cotistas que optaram por não participar da oferta — que foi encerrada no início de novembro e levantou R$ 437 milhões — também vão arcar com as despesas, pois o valor não custeado pela taxa de distribuição sairá do caixa do RBRY11.
Procurada, RBR Asset Management, gestora do FII, não aceitou o pedido de entrevista até a publicação desta reportagem.
Também cabe destacar que a grande maioria dos gestores não adota esse procedimento. Em alguns casos, como o Suno Energia Limpas (SNEL11), o fundo faz questão de deixar claro o oposto. Ou seja, se o valor arrecadado com a taxa de distribuição for insuficiente para cobrir os custos, o saldo remanescente será pago pela gestora.
“Em nenhuma hipótese as despesas vinculadas à distribuição das Novas Cotas serão arcadas pelo fundo”, diz o prospecto.
ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO: VEJA RECOMENDAÇÕES GRATUITAS EM AÇÕES, FUNDOS IMOBILIÁRIOS, BDRs E CRIPTOMOEDAS
Fora da taxa, dentro da oferta: fundos imobiliários incorporam custos ao preço de emissão
Além de fazer com que cotistas que ficaram de fora paguem pela oferta, outra potencial consequência da prática é a diluição dos investidores em operações nas quais os custos são incorporados ao preço de emissão.
Esse é o caso das emissões anunciadas pelos fundos imobiliários Riza Terrax (RZTR11) e Guardian Logística (GALG11).
O RZTR11, por exemplo, estabeleceu um preço de subscrição R$ 101,86 por cota, mas a soma já embute um custo de R$ 1,53 arcado pelo fundo, segundo o prospecto. O FII cobra ainda uma taxa de distribuição de R$ 2,21.
O restante das despesas será pago pela gestora, conforme indica a tabela de custos da oferta.
A situação é similar à do GALG11. O FII estabeleceu um preço de subscrição de R$ 9,17 por cota, que já inclui um custo para o fundo de R$ 0,39. A taxa de distribuição, por sua vez, é de R$ 0,03.
Faz sentido o fundo arcar parte dos custos das ofertas de FII?
Gestores não ligados aos fundos citados e ouvidos pelo Seu Dinheiro argumentam que não é possível “fazer um juízo de valor geral” sobre o procedimento de fazer o fundo cobrir parte dos custos das ofertas de novas cotas.
“Um fundo pode estar fazendo uma oferta para comprar algum ativo oportunisticamente. Então a diluição dos cotistas atuais vale a pena se resultar, por exemplo, num fundo mais rentável”, diz um gestor.
Outro profissional de mercado argumentou que, se um fundo está em uma situação onde precisa de liquidez, mas negocia com desconto no mercado secundário, a prática também é válida desde que seja alinhada com os cotistas.
Porém, nos três casos utilizados para ilustrar a reportagem, o gestor enxergou essa necessidade apenas em um: o FII GALG11, que, de acordo com ele, precisava captar recursos para quitar despesas no curto prazo.
A Riza Asset, gestora do RZTR11, não aceitou o pedido de entrevista até a publicação do texto. Já a Guardian, responsável pelo GALG11, informou que não poderia participar da matéria pois estava em período de silêncio.
SPX reduz fatia na Hapvida (HAPV3) em meio a tombo de quase 50% das ações no ano
Gestora informa venda parcial da posição nas ações e mantém derivativos e operações de aluguel
Dividendos: Banco do Brasil (BBAS3) antecipa pagamento de R$ 261,6 milhões em JCP; descubra quem entra no bolo
Apesar de o BB ter terminado o terceiro trimestre com queda de 60% no lucro líquido ajustado, o banco não está deixando os acionistas passarem fome de proventos
Liquidação do Banco Master respinga no BGR B32 (BGRB11); entenda os impactos da crise no FII dono do “prédio da baleia” na Av. Faria Lima
O Banco Master, inquilino do único ativo presente no portfólio do FII, foi liquidado pelo Banco Central por conta de uma grave crise de liquidez
Janela de emissões de cotas pelos FIIs foi reaberta? O que representa o atual boom de ofertas e como escapar das ciladas
Especialistas da EQI Research, Suno Research e Nord Investimentos explicam como os cotistas podem fugir das armadilhas e aproveitar as oportunidades em meio ao boom das emissões de cotas dos fundos imobiliários
Mesmo com Ibovespa em níveis recordes, gestores ficam mais cautelosos, mostra BTG Pactual
Pesquisa com gestores aponta queda no otimismo, desconforto com valuations e realização de lucros após sequência histórica de altas do mercado brasileiro
Com quase R$ 480 milhões em CDBs do Banco Master, Oncoclínicas (ONCO3) cai mais de 10% na bolsa
As ações da companhia recuaram na bolsa depois de o BC determinar a liquidação extrajudicial do Master e a PF prender Daniel Vorcaro
Hapvida (HAPV3) lidera altas do Ibovespa após tombo da semana passada, mesmo após Safra rebaixar recomendação
Papéis mostram recuperação após desabarem mais de 40% com balanço desastroso no terceiro trimestre, mas onda de revisões de recomendações por analistas continua
Maiores quedas do Ibovespa: Rumo (RAIL3), Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) sofrem na bolsa. O que acontece às empresas de Rubens Ometto?
Trio do grupo Cosan despenca no Ibovespa após balanços fracos e maior pressão sobre a estrutura financeira da Raízen
Os FIIs mais lucrativos do ano: shoppings e agro lideram altas que chegam a 144%
Levantamento mostra que fundos de shoppings e do agronegócio dominaram as maiores valorizações, superando com sobra o desempenho do IFIX
Gestora aposta em ações ‘esquecidas’ do Ibovespa — e faz o mesmo com empresas da Argentina
Logos Capital acumula retorno de quase 100% no ano e está confiante com sua carteira de ações
Ibovespa retoma ganhos com Petrobras (PETR4) e sobe 2% na semana; dólar cai a R$ 5,2973
Na semana, MBRF (MBRF3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de mais de 32%, enquanto Hapvida (HAPV3) foi a ação com pior desempenho da carteira teórica do índice, com tombo de 40%
Depois do balanço devastador da Hapvida (HAPV3) no 3T25, Bradesco BBI entra ‘na onda de revisões’ e corta preço-alvo em quase 50%
Após reduzir o preço-alvo das ações da Hapvida (HAPV3) em quase 50%, o Bradesco BBI mantém recomendação de compra, mas com viés cauteloso, diante de resultados abaixo das expectativas e pressões operacionais para o quarto trimestre
Depois de escapar da falência, Oi (OIBR3) volta a ser negociada na bolsa e chega a subir mais de 20%
Depois de a Justiça reverter a decisão que faliu a Oi atendendo um pedido do Itaú, as ações voltaram a ser negociadas na bolsa depois de 3 pregões de fora da B3
Cogna (COGN3), C&A (CEAB3), Cury (CURY3): Veja as 20 empresas que mais se valorizaram no Ibovespa neste ano
Companhias de setores como educação, construção civil e bancos fazem parte da lista de ações que mais se valorizaram desde o começo do ano
Com rentabilidade de 100% no ano, Logos reforça time de ações com ex-Itaú e Garde; veja as 3 principais apostas da gestora na bolsa
Gestora independente fez movimentações no alto escalão e destaca teses de empresas que “ficaram para trás” na B3
A Log (LOGG3) se empolgou demais? Possível corte de payout de dividendos acende alerta, mas analistas não são tão pessimistas
Abrir mão de dividendos hoje para acelerar projetos amanhã faz sentido ou pode custar caro à desenvolvedora de galpões logísticos?
A bolha da IA pode estourar onde ninguém está olhando, alerta Daniel Goldberg: o verdadeiro perigo não está nas ações
Em participação no Fórum de Investimentos da Bradesco Asset, o CIO da Lumina chamou atenção para segmento que está muito exposto aos riscos da IA… mas parece que ninguém está percebendo
A bolsa ainda está barata depois da disparada de 30%? Pesquisa revela o que pensam os “tubarões” do mercado
Empiricus ouviu 29 gestoras de fundos de ações sobre as perspectivas para a bolsa e uma possível bolha em inteligência artificial
De longe, a maior queda do Ibovespa: o que foi tão terrível no balanço da Hapvida (HAPV3) para ações desabarem mais de 40%?
Os papéis HAPV3 acabaram fechando o dia com queda de 42,21%, cotados a R$ 18,89 — a menor cotação e o menor valor de mercado (R$ 9,5 bilhões) desde a entrada da companhia na B3, em 2018
A tormenta do Banco do Brasil (BBAS3): ações caem com balanço fraco, e analistas ainda não veem calmaria no horizonte
O lucro do BB despencou no 3T25 e a rentabilidade caiu ao pior nível em décadas; analistas revelam quando o banco pode começar a sair da tempestade
