De volta aos clássicos: ações de bancos e produtoras de commodities se destacam entre as principais indicações dos analistas para abril
Com muita incerteza no cenário e pressão sobre o preço do minério de ferro e do petróleo, os analistas apostam em peças resilientes da bolsa brasileira

O mês de abril começou em forma de morde e assopra para o mercado acionário brasileiro — que busca forças para se recuperar depois de um forte período de volatilidade, temores de uma crise bancária global e ruídos políticos.
A primeira notícia já era esperada e muito antecipada pelos investidores — a apresentação do novo arcabouço fiscal pelo governo federal, em uma tentativa de acalmar os ânimos e garantir que a confiança do mercado com relação às contas públicas não contamine o ambiente de negócios.
A segunda veio em forma de surpresa, quase que na calada da noite. Em uma decisão inesperada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), decidiu cortar a sua produção da commodity em mais de 1 milhão de barris por dia.
Se a nova âncora fiscal reduziu as incertezas, a pressão sobre o petróleo colocou outras mil na mesa, já que não se sabe o efeito que uma nova alta do preço do barril pode ter nos indicadores de inflação — e torna ainda mais incerto os próximos passos da luta dos bancos centrais contra a alta dos preços.
Em resumo: se parecia que estávamos prestes a decolar, agora voltamos à estaca zero — e envoltos em um mundaréu de incertezas.
Assim, logo se vê uma tentativa dos analistas de montarem uma carteira defensiva que tenha abertura para se expor aos riscos certos, em uma tentativa de maximizar os lucros em um momento de tanta turbulência.
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O pódio das ações mais indicadas por 13 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro possui exatamente essas características — resiliência e exposição ao novo boom das commodities que pode vir por aí.
Em abril, tivemos um caso de empate duplo. Em primeiro lugar, tanto a Vale (VALE3) quanto a PRIO (ex-PetroRio; PRIO3) ficaram com quatro indicações cada. Já a medalha de prata vai para o Itaú (ITUB4) e mais uma petroleira — a Petrobras (PETR4), ambas com três menções.
Confira o quadro completo com todas as indicações coletadas de 13 corretoras:

Entendendo a Ação do Mês: todos os meses, o Seu Dinheiro consulta as principais corretoras do país para descobrir quais são suas apostas para o período. Dentro das carteiras recomendadas, normalmente com até 10 papéis, os analistas indicam os seus três prediletos. Com o ranking nas mãos, selecionamos os que contaram com pelo menos duas indicações.
PRIO (PRIO3) e Petrobras (PETR4): dois lados do mesmo negócio
O ranking das favoritas do mês de abril chama a atenção por apresentar duas petroleiras entre as favoritas dos analistas — em um momento em que a forte alta do petróleo promete continuar nas manchetes.
A pressão de curto prazo no preço do barril deve seguir sendo um fator benéfico, uma vez que a guerra na Ucrânia segue longe de uma solução e a Opep está disposta a manter a commodity em patamares mais altos. Mas tanto a PRIO quanto a Petrobras apresentam elementos suficientes que as garantem entre as melhores ações da bolsa.
De um lado temos a maior petroleira privada do Brasil. Do outro, a líder do setor de óleo & gás. Duas petroleiras, mas histórias muito diferentes.
A PRIO, ação mais indicada para o mês, tem conquistado o mercado com resultados consistentes e um importante movimento de expansão e diversificação de ativos. Atualmente, o seu foco é na revitalização e aumento de produção de campos já maduros de petróleo.
Com o cenário favorável para a elevação dos preços da commodity e resultados operacionais que mostram uma boa gestão e execução de seus projetos estratégicos, a PRIO se destaca da Petrobras principalmente por não ter uma nuvem de ruídos políticos sobre a sua cabeça.
Enquanto a petroleira privada segue se provando por meio de seus números, a estatal ainda tem um caminho incerto. A sua nova gestão tomou posse há menos de uma semana e ainda pouco se sabe sobre como a nova administração lidará com a venda de ativos, os investimentos, o pagamento de dividendos e a política de preço de combustíveis.
Os primeiros sinais emitidos pela companhia parecem indicar um foco na transição energética e um menor pagamento de proventos, mas, de concreto mesmo, pouco se sabe.
Apesar de manter uma recomendação neutra para o papel, o Santander mantém o ativo em sua carteira e aponta que a visão para a companhia é construtiva — independente dos ruídos políticos.
“O fortalecimento de iniciativas ESG, por exemplo, com destaque para o compromisso de aceleração da descarbonização, pode contribuir para a confiança de investidores internacionais e ajudar a mitigar os riscos ambientais associados ao processo de extração, produção e refino de petróleo”, explica o banco.
Outro ponto leva os analistas a apostarem na estatal, ainda que o temor sobre o futuro não saia do radar: o patamar descontado das ações, com os papéis sendo negociados abaixo da média histórica e do visto em outras empresas globais de petróleo quando se analisa o múltiplo EV/EBITDA (o valor da empresa sobre o lucro antes de juros impostos depreciação e amortização).
Vale (VALE3): de carona no rabo do dragão
As ações da Vale (VALE3) seguem sendo uma aposta para aqueles que acreditam que é apenas questão de tempo até que a economia chinesa volte a mostrar o vigor de outros tempos.
Com o dragão asiático em pleno voo, a expectativa é que a empresa brasileira — bem consolidada como uma das maiores mineradoras do mundo — se destaque no cenário global.
Nos últimos meses, no entanto, os sinais de que a demanda chinesa está em ascensão têm sido mistos. Ainda assim, os analistas esperam que o fim das políticas restritivas impostas pela covid-19 logo mostrem o efeito desejado na atividade econômica. Apesar da recuperação lenta, o minério de ferro já avança cerca de 8% no ano.
A EQI Research destaca que uma das principais vantagens competitivas da companhia está em seu baixo custo de produção de minério quando comparado aos seus principais concorrentes.
Para o Santander, os preços mais elevados do minério de ferro devem persistir ao longo de 2023, acima da casa dos US$ 100 por tonelada, e os números recentes apresentados pela companhia — principalmente o de dívida líquida — mostram que a empresa pode seguir entregando retornos de caixa sólidos ao longo do ano.
Além da expectativa por dividendos, a Vale tem outro gatilho que pode destravar valor para as ações: a venda de parte de sua divisão de metais básicos. A companhia contratou Jerome Guillen — ex-braço direito de Elon Musk na Tesla — para avançar nas negociações.
Itaú Unibanco (ITUB4): sem pânico!
Apesar de o último mês ter sido de pânico entre os bancos internacionais — com o temor de uma quebradeira generalizada tomando conta do mercado —, os analistas não parecem esperar que as instituições locais sigam o mesmo caminho.
É certo que o ambiente de crédito segue desafiador, mas a leitura é de que o Itaú está bem posicionado para navegar o cenário mais adverso.
Um dos fatores positivos apontados pela EQI Research é a qualidade da carteira de crédito do bancão, superior às de seus pares. A corretora não acredita que as despesas de provisionamento para conter o risco de calotes continuem subindo no mesmo nível que as dos demais bancos brasileiros.
Os resultados apresentados no quarto trimestre de 2022 fizeram com que o Santander elevasse a recomendação para o Itaú de neutra para compra, uma vez que o patamar atual das ações está atraente, visto o retorno ao acionista gerado pela companhia.
Dentre os destaques da operação, os analistas apontam a estratégia digital da companhia, a boa aceleração da carteira de crédito e a qualidade de ativos sob gestão superior à média.
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