A semana começa sem refresco para os mercados financeiros. Os preços do petróleo seguem em disparada neste início de semana depois autoridades norte-americanas terem ventilado a possibilidade de sanções ao setor de óleo e gás da Rússia.
A cotação do petróleo já vinha em alta nas últimas semanas diante dos temores de escassez de oferta em meio à invasão da Rússia pela Ucrânia.
Na última sexta-feira (04), o Ibovespa seguiu seus pares internacionais e fechou o dia no vermelho com queda de 0,60%, aos 113.389 pontos. A moeda americana subiu 1%, a R$ 5,0783.
Mas os investidores ainda têm preocupações além da guerra. O mundo está a menos de dez dias da reunião do principal Banco Central do mundo e as atenções para o aperto monetário — que pode ser influenciado pelos caminhos tomados no conflito — começam a dar sinais de preocupação do mercado.
Por fim, a semana é marcada por indicadores de inflação, tanto aqui quanto nos Estados Unidos. Para fechar o panorama, os balanços locais não devem dar descanso à bolsa brasileira.
Saiba tudo que movimenta os mercados nesta semana:
Por trás da disparada
A situação deteriorou-se durante o fim de semana, depois que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse em entrevista à CNN que o governo norte-americano e seus aliados na Europa estariam estudando proibir as importações russas de petróleo e gás natural.
“Agora estamos conversando com nossos parceiros e aliados europeus para analisar de maneira coordenada a perspectiva de proibir a importação de petróleo russo, garantindo que ainda haja um suprimento adequado de petróleo nos mercados internacionais”, disse Blinken.
Em linha com os comentários do secretário de Estado, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, anunciou em carta a seus membros da bancada democrata que a casa está “explorando uma legislação dura” para proibir a importação de petróleo russo, uma medida que “isolaria ainda mais a Rússia da economia global”.
Consequências imediatas
Na noite de domingo, a cotação do Brent, cujo preço é a referência no mercado internacional de petróleo, chegou a US$ 139,13. Trata-se do nível mais alto desde julho de 2008.
A disparada perdeu parte da força durante a madrugada, mas a alta ainda é acentuada. Por volta das 6h15, o barril do Brent subia cerca de 7%, na faixa dos US$ 126.
Já o ouro subia 1,75% na manhã de hoje, pouco acima da marca de US$ 2 mil.
Nos mercados de ações, a queda era generalizada. As bolsas asiáticas fecharam em baixa acentuada, os índices da Europa abriram em forte queda e os futuros de Nova York sinalizavam abertura no vermelho.
No mercado de criptomoedas, o bitcoin (BTC) recua de volta à faixa dos US$ 38 mil enquanto o ethereum (ETH) busca manter o nível de suporte de US$ 2.500.
Indicadores lá fora
Os investidores estão em contagem regressiva para a reunião do Federal Reserve, o Banco Central americano. A decisão sobre a política de juros deve sofrer os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que pode fazer analistas recalibrarem suas estimativas.
A expectativa geral é de que o BC dos Estados Unidos eleve os juros em 25 pontos-base e inicie o ciclo de aperto monetário de maneira mais branda. Contudo, com a inflação nas máximas históricas, o Fed pode precisar utilizar todas as reuniões para alterar a política monetária dos EUA.
Inflação por lá
Por falar na inflação, nesta semana saem os números de preços ao consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos. Mesmo que o Fed tenha uma preferência pelo PCE, quaisquer dados de consumo ajudam a balizar a decisão de juros.
Com o CPI divulgado só na quinta-feira (10), o foco dos próximos dias fica para a balança comercial dos EUA, na terça-feira (08), e no relatório Jolts de emprego, na quarta-feira (09).
Balança da China
Durante a madrugada no Brasil, a China divulgou surpreendentes dados da balança comercial de janeiro e fevereiro. O país registrou alta de 16,3% nas exportações, acima das previsões do The Wall Street Journal de expansão de 15,4%.
Dessa forma, o superávit comercial da China totalizou US$ 115,95 bilhões entre janeiro e fevereiro, abaixo das estimativas de US$ 120,50 bilhões de especialistas ouvidos pelo Dow Jones Newswires.
Brasil de olho na Petrobras
No cenário local, os investidores acompanham os desdobramentos da indicação de Rodolfo Landim, atual presidente do Flamengo, para presidência do Conselho de Administração da Petrobras (PETR3 e PETR4).
Além disso, está marcada para esta terça-feira a reunião sobre uma possível alteração na cobrança de impostos sobre o preço dos combustíveis.
De acordo com informações do Broadcast, os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Alburquerque, bem como o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, devem participar da reunião.
E a inflação por aqui
O dado forte da semana vai para a divulgação da inflação de fevereiro, medida pelo IPCA.
Sem maiores indicadores para os próximos dias, os investidores aguardam também os balanços da semana.
Agenda da semana
Segunda-feira (07)
- China: Balança comercial de janeiro (00h)
- Banco Central: Boletim Focus semanal (8h25)
- Estados Unidos: Crédito ao consumidor de janeiro (17h)
Terça-feira (08)
- FGV: IGP-DI de fevereiro (8h)
- Estados Unidos: Balança comercial de janeiro (10h30)
Quarta-feira (09)
- IBGE: Pesquisa industrial mensal de janeiro (9h)
- Estados Unidos: Relatório Jolts de emprego em janeiro (12h)
Quinta-feira (10)
- FGV: Primeira prévia do IGP-M (8h)
- França: Taxa de desemprego da OCDE em janeiro (8h)
- Estados Unidos: Preços ao consumidor, medido pelo CPI (10h30)
- Estados Unidos: Pedidos de auxílio-desemprego (10h30)
Sexta-feira (11)
- IBGE: IPCA de fevereiro (9h)
Balanços da semana
Você pode conferir o calendário completo aqui.
Segunda-feira (07)
- Sem balanços programados
Terça-feira (08)
Após o fechamento:
- Marfrig
- Unidas
Quarta-feira (09)
Após o fechamento:
- CSN
- CSN Mineração
- Natura
- Via
Quinta-feira (10)
Após o fechamento:
- C&A
- Santos Brasil
- Tenda
- Braskem
Sexta-feira (11)
Após o fechamento:
- Gol