Biden está brincando com fogo? Presidente dos EUA diz que defenderia Taiwan de um ataque chinês — e Pequim não curtiu nem um pouco
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim afirmou que os comentários de Biden enviaram um “sinal seriamente errado” às forças separatistas de Taiwan

O xadrez geopolítico entre a China e os Estados Unidos segue a todo o vapor — e o presidente norte-americano Joe Biden acaba de mexer uma nova peça do tabuleiro, com novas promessas de reações a uma possível invasão chinesa a Taiwan.
Em entrevista à emissora norte-americana CBS no último domingo (18), Biden disse que as forças militares dos EUA entrariam em defesa de Taiwan no caso de um “ataque sem precedentes”.
O entrevistador Scott Pelley questionou o líder americano se a promessa significava que os soldados dos Estados Unidos defenderiam Taipé no caso de uma invasão de Pequim, ao contrário da situação atual na Ucrânia.
Novamente, os espectadores ouviram um “sim” do presidente.
Esta foi a primeira vez em que Joe Biden pareceu ir além da estratégia norte-americana de “ambiguidade” de longa data em relação a Taiwan.
Uma só China
Outra questão foi a posição dos Estados Unidos sobre a independência de Taiwan. Logo no começo da entrevista, Joe Biden afirmou que a terra do Tio Sam mantém o princípio de “Uma China”.
Leia Também
“Concordamos com o que assinamos há muito tempo. Há uma política de Uma China, e Taiwan faz seus próprios julgamentos sobre sua independência. Não estamos nos movendo – não estamos incentivando a independência. Essa decisão cabe a eles.”
Basicamente, a política determina que o país que mantiver relações com a República Popular da China deve reconhecer a existência de uma só China.
No caso, Taiwan é exatamente a peça que falta para que a China complete seu quebra-cabeça de reunificação. O rompimento aconteceu em 1949, e, desde então, Pequim reivindica Taiwan como seu território.
Atualmente, Taiwan é plenamente reconhecido por pouco mais de uma dúzia de países. Nem mesmo os EUA mantêm relações diplomáticas plenas com Taipé nem reconhece formalmente o governo.
Biden está brincando com fogo?
O presidente Joe Biden sabe que é impossível agradar a todos — mas parece ter cutucado a onça com um graveto bem curto.
Enquanto o Ministério de Relações Exteriores de Taiwan agradeceu ao chefe norte-americano por sua reafirmação do “compromisso de segurança sólido do governo dos EUA com Taiwan”, a China não gostou nada das falas de Biden.
Em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Mao Ning, afirmou que os comentários de Biden enviaram um “sinal seriamente errado” às forças separatistas de Taiwan.
A porta-voz destacou que os Estados Unidos devem “compreender completamente a natureza extremamente importante e altamente sensível da questão de Taiwan e respeitar o princípio da China Única”.
Segundo Mao Ning, não fazer isso pode causar “mais danos às relações China e EUA e à paz e estabilidade” em Taipé. A representante ainda informou que a China se reserva o direito de tomar todas as medidas necessárias para combater o separatismo em Taiwan.
Clima tenso entre EUA e China
O relacionamento entre a China e os Estados Unidos está passando por um período conturbado e repleto de DRs — especialmente após a famigerada visita da presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan no mês passado.
A visita de Pelosi aconteceu em um momento em que a relação estressante entre Washington e Pequim ganhava contornos militares.
A tensão subiu tanto que Pequim interrompeu as negociações climáticas e militares e passou a realizar os exercícios militares mais próximos de Taiwan em décadas.
Enquanto isso, a Marinha dos Estados Unidos aumentou sua presença nos mares da região.
A última vez que um oficial norte-americano de escalão equivalente ao de Nancy Pelosi havia visitado Taiwan foi em 1997, quando o presidente da Câmara na época, Newt Gingrich, visitou a ilha e as relações entre EUA e China eram mais amenas.
Leia também:
Anúncios de Biden podem prejudicar Taiwan?
Os governantes de Taiwan parecem extasiados com as novas promessas de apoio feitas por Joe Biden. Acontece que, segundo especialistas, o “tiro” do presidente dos Estados Unidos pode sair pela culatra.
“A preocupação é que isso acentue o atual momento de alta tensão de Taiwan, em vez de reduzi-lo”, disse Lev Nachman, professor assistente da Universidade Nacional de Chengchi.
O professor explica que, apesar de esta não ter sido a primeira vez em que Biden tenha feito promessas do tipo, o atual contexto preocupa ainda mais, especialmente por conta dos recentes exercícios militares chineses no Estreito de Taiwan.
Em maio, o presidente respondeu positivamente quando perguntado se os EUA estavam preparados para se “envolver militarmente” se necessário.
Logo, a Casa Branca esclareceu que Biden queria dizer que o país forneceria equipamentos militares a Taiwan, não enviaria tropas para defender Taipei caso a China decidisse atacar.
Na época, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que o país estava “fortemente insatisfeito” e se opunha fortemente aos comentários de Joe Biden.
Cerca de dois meses depois, o presidente chinês, Xi Jinping, disse ao líder norte-americano que “aqueles que brincam com fogo perecerão por ele”.
*Com informações de CNBC e Bloomberg
Trump vs. Pix: o que pode estar por trás da implicância dos Estados Unidos com o sistema de pagamentos brasileiro
Citação indireta em documento comercial reacende incômodo antigo com o veto ao WhatsApp Pay e pressões sobre o Banco Central
Um delivery para Trump com entrega do Brasil: como a Coca-Cola entrou no meio da guerra comercial nos EUA
Um dispositivo inusitado, uma predileção e um pedido para a fabricante de refrigerantes esbarra no tarifaço do republicano
Governo Lula reage com ironia a Trump e defende o Pix: “É nosso, my friend”
Brasil responde a investida dos EUA contra o sistema de pagamento instantâneo com postagem nas redes sociais, e manda recado direto à Casa Branca
Quem amarelou? Trump enche os cofres dos EUA com US$ 50 bilhões em tarifas
China e o Canadá são, até o momento, os únicos países que contra-atacaram os EUA, enquanto as tarifas norte-americanas já atingiram o maior nível desde 1930
Trump se explica sobre demissão de Powell do comando do Fed; bolsa reage de imediato
A imprensa internacional foi tomada por notícias de que a demissão de Powell era iminente após uma reunião a portas fechadas na terça-feira (15); o republicano se explicou hoje sobre a polêmica
Os US$ 100 bilhões de Trump: para onde vai a fortuna em investimentos anunciada pelo presidente dos EUA — e vem mais por aí
De olho na concorrência chinesa, o presidente norte-americano anuncia investimento bilionário e volta a defender eficácia das tarifas comerciais
Putin bate de frente com Trump, ignora ameaça de tarifa e diz que não recua da Ucrânia
Presidente russo endurece exigências, mantém a ofensiva militar e aposta em pressão até 2025; para o Kremlin, a paz só virá em termos próprios
Fabio Kanczuk vê chance de recessão nos EUA e aqui estão os três dados que o mercado está negligenciando com otimismo cego
Ex-diretor do Banco Central participou de conversa com jornalistas organizada pelo ASA para falar sobre impactos da macroeconomia no segundo semestre
Nem a Rússia escapou: Trump ameaça Putin com tarifas e a motivação não é o comércio
Presidente dos EUA endurece discurso contra Moscou, anuncia plano com a Otan e promete sanções severas se não houver acordo em 50 dias
Gasto de US$ 2,5 bilhões tira Trump do sério e coloca Powell na berlinda (de novo)
A atualização da sede do banco central norte-americano é a mais nova fonte de tensão com o governo norte-americano; entenda essa história
Trump Media e Rumble acionam Justiça dos EUA contra Alexandre de Moraes após nova decisão do magistrado
Empresas ligadas ao presidente americano intensificam ofensiva contra ministro do STF; governo brasileiro aciona AGU para acompanhar o caso
Dólar fraco e juros altos nos EUA — o cenário do Itaú BBA para 2025 tem a China fortalecida após tarifas
Retomada das tarifas de importação diminuiu o otimismo do mercado em relação a corte de juros nos EUA e colocou em dúvida — de novo — a preferência pelo dólar
Trump anuncia tarifas de 30% sobre importações da União Europeia e do México a partir de agosto; veja os motivos
Déficits comerciais não foram a única razão mencionada pelo presidente norte-americano, que enviou cartas às líderes da UE e do país latino-americano
Trump always chickens out: As previsões de um historiador da elite universitária dos EUA sobre efeitos de tarifas contra o Brasil
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o historiador norte-americano Jim Green, da Brown University, analisou a sobretaxa de 50% imposta ao Brasil por Donald Trump
Trump ataca novamente: EUA impõem mais tarifa — desta vez, de 35% sobre importações do Canadá
Em carta publicada na rede Truth Social, o presidente republicano acusa o país vizinho pela crise do fentanil nos Estados Unidos
A visão do gringo: Trump quer ajudar Bolsonaro com tarifas de 50% e tenta interferir nas decisões do STF
Jornais globais sinalizam cunho político do tarifaço do presidente norte-americano contra o Brasil, e destacam diferença no tratamento em relação a taxas para outros países
Fed caminha na direção de juros menores, mas ata mostra racha sobre o número de cortes em 2025
Mercado segue apostando majoritariamente no afrouxamento monetário a partir de setembro, embora a reunião do fim deste mês não esteja completamente descartada
Trump cumpre promessa e anuncia tarifas de 20% a 30% para mais seis países
As taxas passarão a vale a partir do dia 1º de agosto deste ano, conforme mostram as cartas publicadas por Trump no Truth Social
Trump cedeu: os bastidores do adiamento das tarifas dos EUA para 1 de agosto
Fontes contam o que foi preciso acontecer para que o presidente norte-americano voltasse a postergar a entrada dos impostos adicionais, que aconteceria nesta quarta-feira (9)
O Brasil vai encarar? Lula dá resposta direta à ameaça de tarifa de Trump; veja o que ele disse dessa vez
Durante a cúpula do Brics, o presidente brasileiro questionou a centralização do comércio em torno do dólar e da figura dos EUA