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Jasmine Olga
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É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e o setor de comunicação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
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Esqueça Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3): varejo de luxo desponta como setor queridinho entre gestores e analistas

A inflação alta e o baixo crescimento da economia não são empecilhos para que varejistas voltadas para as classes A e B sigam com a moral alta no mercado

Jasmine Olga
Jasmine Olga
29 de setembro de 2022
13:28 - atualizado às 19:23
Gisele Bundchen - Vivara (VIVA3) | varejo de luxo
Gisele Bündchen, em propaganda da Vivara - Imagem: Vivara / Divulgação

O mês de setembro é famoso no mundo da alta costura por concentrar as principais “semanas de moda” do mundo — com as marcas mais badaladas marcando presença em Nova York, Londres, Milão e Paris. Pois bem: a São Paulo Fashion Week já passou, mas as principais marcas de luxo seguem em alta na passarela da B3. 

Isso porque, apesar do crescimento mais lento da economia e da deterioração da renda da população, os super ricos continuam indo às compras — e você não precisa ter milhões no bolso para lucrar com isso. 

Para boa parte dos analistas, as empresas que atuam vendendo bolsas, sapatos e outros acessórios de luxo estão com um preço atrativo na bolsa, sem refletir a solidez operacional apresentada e a capacidade de expansão de suas marcas. 

Elas possuem muito em comum: estão nos endereços mais nobres do país, mostram resiliência perante a deterioração econômica e são capazes de gerar desejo e fidelidade em seus clientes. Com essa combinação, o varejo de alta renda é uma opção frente aos nomes tradicionais do setor de comércio, como Magazine Luiza (MGLU3) ou Via (VIIA3). 

O grande atrativo é o aparente descolamento entre o preço das ações de empresas deste segmento e os bons resultados que vêm sendo apresentados nos últimos trimestres. Mas nem tudo o que reluz é ouro — é preciso ficar atento aos detalhes. 

Para essa matéria, o Seu Dinheiro ouviu Leonardo Rufino, gestor da Mantaro Capital, e Andreas Ferreira, analista da Mantaro Capital; Ricardo Borges, analista da SFA Investimentos; Fernando Ferrer, analista de ações da Empiricus; e Gustavo Harada, analista da Blackbird

Por que investir na alta renda?

Se na primeira metade da pandemia as companhias com um e-commerce fortalecido dispararam e foram declaradas as vencedoras da covid-19, a reabertura econômica trouxe uma melhora de estimativas para varejistas de luxo — principalmente Arezzo (ARZZ3), Vivara (VIVA3), Grupo Soma (SOMA3) e Iguatemi (IGTI11).

Antes que você estranhe alguns dos nomes que eu acabei de citar, vale esclarecer: o conceito de varejistas de luxo abrange as companhias com foco nas classes A e B.

Com um público menos propenso aos solavancos da economia, essas companhias conseguem repassar preços com mais eficiência sem perder fatias do mercado — característica importante em tempos de inflação de dois dígitos. 

Com o coronavírus, a classe A e B viu-se com dificuldade para viajar e fazer compras no exterior. A saída, então, foi recorrer às roupas, joias e eletrônicos disponíveis no Brasil, inflando as estimativas de receita para as empresas do segmento de alto padrão. 

A retomada dos voos internacionais fez o mercado embutir uma desaceleração das vendas no preço dos ativos, mas a normalização pós-pandemia parece ter chegado ao fim sem grandes solavancos. 

“É difícil imaginar que daqui para frente as pessoas irão comprar menos sapatos da Arezzo, menos joias da Vivara. Dado o patamar do real para dólar atual e as diferenças fiscais, muitas vezes nem compensa”, aponta Andreas Ferreira, analista da Mantaro Capital

Os fatores comportamentais são importantes nas projeções otimistas dos analistas. Enquanto nas classes mais baixas existe uma preocupação de readequação de orçamento, as mais altas fazem suas escolhas com base no bom relacionamento com a marca, fidelização e sentimento de exclusividade. 

Fernando Ferrer, analista de ações da Empiricus, explica que isso leva a um movimento contraintuitivo. O impacto da inflação no preço dos produtos eleva o sentimento de maior exclusividade, o que se traduz em um aumento da demanda por produtos de luxo. 

As joias da coroa

Embora o potencial de ganho a ser explorado exista e seja atrativo, devido ao patamar atual dos preços das ações, os analistas e gestores consultados pela reportagem reforçam que se trata de um investimento de horizonte de médio e longo prazo, sem gatilhos que possam fazer o seu dinheiro multiplicar muitas vezes em pouco tempo. 

O “desconto” ao qual os especialistas se referem não está ligado a nenhum movimento de queda brusca recente. Na realidade, as empresas mais citadas como boas oportunidades só não refletem os ganhos operacionais apresentados, o valor de suas marcas e as boas expectativas para os próximos trimestres. 

Por ser a loja de departamentos com maior exposição às classes A e B, a Renner foi citada algumas vezes pelos analistas, mas as verdadeiras joias da coroa são outras: Arezzo, Vivara, Grupo Soma e Iguatemi. 

Todas elas estão no azul em 2022: a Arezzo (ARZZ3) é a empresa que acumula a maior alta anual, de 27,37%. Na sequência temos Iguatemi (IGTI11) com 17,45%, enquanto Vivara (VIVA3) e Grupo Soma (SOMA3) sobem 3,03% e 10,18%, respectivamente. 

Outra representante do segmento de luxo na B3, mas que foi menos citada como oportunidade pelos analistas com quem conversei, é a JHSF (JHSF3).

Iguatemi: o pacote completo

Aliando alocação de capital estratégica e uma das melhores vitrines para as marcas de alto padrão, o Iguatemi (IGTI11) surgiu como a grande favorita dos analistas. 

Ao fincar a sua bandeira nas principais áreas nobres de grandes cidades do país, o Iguatemi virou sinônimo de luxo e sofisticação, com uma disputa acirrada pelos seus espaços comerciais. A plataforma Iguatemi 365, um e-commerce que reúne suas principais marcas, ainda gera dúvidas, mas mostra todo o potencial para que a companhia se transforme em uma empresa full service

Os resultados operacionais recentes animam, mas o que levou a companhia de volta às manchetes foi a movimentação para adquirir a fatia restante do shopping JK Iguatemi. Para os analistas, a compra foi acertada, mas a forma de financiar a dívida, não — foi feita uma oferta secundária de ações que movimentou pouco mais de R$ 720 milhões.

A questão é que a operação elevou o temor quanto à diluição da base acionária e à venda dos papéis, num momento em que as ações do Iguatemi já operam com múltiplos considerados abaixo do ideal — no comparativo, a Multiplan (MULT3), que atua no mesmo segmento e com resultados semelhantes, já não apresenta tanto prêmio em seus papéis. 

Em linhas gerais, as ações de administradoras de shoppings são muito sensíveis à alta dos juros; mas, para Leonardo Mufino, da Mantaro Capital, o descolamento dos papéis de IGTI11 e MULT3 se deve ao fantasma da reorganização societária promovida pelo grupo Jereissati em 2021.

A operação tirou os antigos papéis IGTI3 do Iguatemi do Novo Mercado — o mais alto nível de governança da B3 — e iniciou a negociação das units IGTI11. 

Para o gestor, os papéis do Iguatemi devem continuar sendo penalizados até que se tenha uma compreensão melhor do impacto da mudança, e os investidores consigam olhar mais para os números trimestrais da companhia. 

Apesar de apontar que a reestruturação foi um passo para trás na questão de governança, Fernando Ferrer, da Empiricus, não acredita que esse seja um elemento importante para o mercado neste momento, já que, na prática, a empresa parece estar seguindo as mesmas regras do Novo Mercado, com exceção da listagem das ações preferenciais.

Arezzo e Grupo Soma: as fábricas de tendência

Há cerca de três anos, a Arezzo era basicamente uma empresa de calçados que operava com a própria marca Arezzo, além de Anacapri e Schutz; ela ainda estava longe de ser a “house of brands” dos dias de hoje. 

Atualmente, além de sapatos, a empresa também atua com vestuário, brechós online, licenciamento de marcas internacionais e uma plataforma digital unificada para a venda dos seus produtos. 

Isso sem falar no sucesso da utilização de dados na elaboração de estratégias, favorecendo a criação de novas coleções e a reprecificação de suas peças. 

A mudança de chave veio com a compra do Grupo Reserva (hoje AR&CO), que abriu espaço para que a empresa ampliasse o seu leque de atuação com outras marcas — Alexandre Birman, Fiever, Alme, Vans, TROC, ZZ Mall, Baw Clothing e MyShoes. 

Na época, a aquisição foi muito criticada pelo mercado, mas hoje a situação mudou. Com a criação de novas avenidas de crescimento, a admiração do mercado pela gestão da companhia cresceu — assim como a expectativa de que a Arezzo siga fazendo escolhas assertivas de investimento no futuro. 

Gustavo Harada, da Blackbird, ressalta os resultados operacionais da companhia: mesmo com uma elevação no custo de investimentos, a empresa tem apresentado crescimento de receita consistente e que deve seguir pelos próximos trimestres. 

Fernando Ferrer, da Empiricus, aponta que a Arezzo tem maior facilidade em criar os seus programas de fidelidade devido ao seu grande leque de atuação — um método compartilhado com o Grupo Soma.  

De acordo com os cálculos dos analistas, a Arezzo parece ser a empresa com o menor prêmio das quatro companhias mais indicadas — mas ainda é um investimento sólido e de qualidade para se ter na carteira. 

O Grupo Soma (SOMA3) trilha um caminho semelhante e também quer ser uma “house of brands”. Desde julho, os papéis da companhia já avançaram quase 50% — e os analistas apontam que há espaço para mais. 

O grupo começou com a fusão das marcas Animale e Farm e, hoje, já conta com mais oito nomes sob o seu guarda-chuva — Fábula, Foxton, Cris Barros, Off Premium, Maria Filó, NV, Hering e Dzarm. 

Para Ricardo Borges, analista da SFA Investimentos, a concentração inicial nas duas marcas fundadoras era uma preocupação do mercado, mas as últimas aquisições bem sucedidas diluíram o temor. 

A percepção, agora, é a de que existe um ganho de eficiência operacional; além disso, a independência criativa das marcas favorece o alcance dos produtos, já que diversos nichos são abraçados. 

Borges aponta que a figura de Roberto Jatahy, presidente do Grupo Soma, é essencial para o sucesso da companhia. Conciliador e discreto, o executivo tem sido eficiente na hora de administrar a alocação de capital — e o “ego” das chefias criativas por trás das marcas.

E, quando falamos em valor a ser destravado ao acionista, a Hering — um dos nomes mais tradicionais da indústria têxtil brasileira — parece ser a peça-chave. A missão, agora, é rejuvenescer a marca e trazer mais eficiência aos seus processos.

O potencial de ganhos a serem capturados com a Hering deve ser um importante gatilho de valorização dos papéis SOMA3, já que a cotação atual parece longe de incorporar todos os números. 

Segundo o TradeMap, das sete recomendações coletadas, seis são de compra e uma neutra, com a mediana de preço indo a R$ 18 — potencial de alta de 40%. Já a Arezzo tem 14 sugestões de compra e uma neutra. A mediana das estimativas apontam um potencial de alta de 10%. 

Não dá para esquecer, porém, que não existe uma receita pronta para o sucesso. Veja, por exemplo, o caso da Restoque (LLIS3), dona de marcas como Le Lis Blanc, Dudalina, John John, Bobó e Rosa Chá. A companhia tem um crescimento abaixo da média dos seus pares, e há um consenso no mercado de que suas marcas têm dificuldade de enfrentar a concorrência — seja na apresentação de suas coleções ou na disputa por participação de mercado. 

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Vivara: Medalha de prata

Enquanto a Arezzo e o Grupo Soma apostam em fusões para crescer, a Vivara (VIVA3) foi por um caminho mais tradicional.

Durante a crise da Covid-19, o fechamento de lojas e shoppings, assim como a disparada na cotação do dólar e do ouro, pressionou as margens da empresa. A recuperação no pós-pandemia, no entanto, impressionou o mercado. 

Para os especialistas, a gestão competente e o plano de crescimento orgânico bem executado foram essenciais para que a empresa superasse o momento ruim. 

Andreas Ferreira, analista da Mantaro Capital, aponta que a marca Life by Vivara, focada em joias de prata e com um tíquete médio menor, foi importante para esse sucesso. Além de maior penetração de mercado, a linha Life também possibilita a extração de margens maiores. 

Com uma operação robusta e capacidade de crescimento comprovada, o atual patamar das ações surpreende os especialistas. Para Rufino e Ferreira, da Mantaro, a empresa é penalizada pela baixa liquidez dos papéis na bolsa e também pela falta de profissionalização das joalherias brasileiras — o que dificulta a leitura e coleta de diversas métricas de mercado. 

De acordo com estimativas coletadas pelo TradeMap, das sete recomendações para os papéis de VIVA3, 6 são de compra e uma neutra. A mediana das projeções indica um potencial de alta de 23%.

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