Após ser bloqueado do Twitter e do Instagram, o rapper Kanye West compra rede social contra a “cultura do cancelamento”
Cantor enfrentou críticas por tecer diversos comentários considerados antissemitas e viu suas contas nas principais redes sociais serem restringidas após publicações com o mesmo teor

Após ser banido de outras redes sociais, o rapper Kanye West, também chamado de Ye, decidiu comprar a empresa de mídia social Parler, uma plataforma que se apresenta como uma alternativa de “liberdade de expressão” ao Twitter.
Conhecido por estar envolvido em diversas polêmicas, recentemente, o cantor enfrentou críticas por tecer diversos comentários considerados antissemitas e viu suas contas no Twitter e no Instagram serem restringidas após publicações com o mesmo teor.
“Ye está adotando uma postura ousada contra sua recente censura pelas Big Techs, usando seus talentos de longo alcance para liderar ainda mais a luta para criar um ambiente verdadeiramente ‘incancelável’”, disse a Parler, em nota.
Outro ponto da desaprovação de Ye foi o rapper ter vestido uma camiseta com a frase "White Lives Matter" (“vidas brancas importam”, em português) em um desfile de moda em Paris, remetendo aos protestos antirracistas “Black Lives Matter” após a morte de George Floyd em 2020, nos Estados Unidos.
"Em um mundo onde as opiniões conservadoras são consideradas controversas, temos que nos certificar de que temos o direito de nos expressar livremente", anunciou Ye, em comunicado à imprensa.
George Farmer, o CEO da Parlement Technologies, dona da Parler, saudou o cantor e disse que o acordo “mudará o mundo e mudará a maneira como o mundo pensa sobre a liberdade de expressão”.
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“Ye está fazendo um movimento inovador no espaço da mídia de liberdade de expressão e nunca terá que temer ser removido das mídias sociais novamente. Mais uma vez, Ye prova que está um passo à frente da narrativa da mídia”, escreveu Farmer, no comunicado.
A rede social popular entre os conservadores
Criada em 2018 pela Parlement Technologies, a Parler entrou sob os holofotes globais apenas em 2020, após as eleições nos Estados Unidos.
Isso porque a rede social se tornou uma espécie de refúgio e “paraíso” para os usuários banidos das principais plataformas de mídia social, como Instagram e Twitter, por discurso de ódio e desinformação — que, em grande parte, se relacionavam à direita ultraconservadora.
A plataforma foi temporariamente removida da internet no início de 2021, após ter sido acusada de permitir que grupos extremistas planejassem o atentado ao prédio do Capitólio.
Na época, a Apple, a Amazon e o Google retiraram o aplicativo das prateleiras de suas lojas virtuais, alegando falta de moderação de conteúdo após “ameaças de violência e atividades ilegais”.
Diversos usuários da direita política consideraram as remoções um aumento da “cultura do cancelamento” e da censura pelas grandes empresas de tecnologia, as big techs — o mesmo pensamento citado pela Parler no comunicado sobre a aquisição da rede por Kanye West.
Em fevereiro do ano passado, porém, a Parler foi recolocada nas lojas de aplicativos depois de concordar em analisar as publicações mais de perto.
Kanye West banido do Instagram
Na sexta-feira, Kanye West postou capturas de tela de uma conversa com o rapper Sean “Diddy” Combs, que questionou Ye por sua camiseta “White Lives Matter”, usada por Ye na Paris Fashion Week.
"Vou usar você como exemplo para mostrar ao povo judeu, que te disse para me ligar, que ninguém pode me ameaçar ou influenciar. Eu disse que isso era uma guerra”, disse West na publicação.
Logo, a conta do rapper no Instagram foi bloqueada pela Meta após as postagens serem consideradas antissemitas.
O banimento de Kanye West, Ye, do Twitter
Depois de ser removido do Instagram, o cantor mudou para o Twitter, criando uma postagem no sábado pela primeira vez em dois anos.
O tweet foi uma foto borrada do rapper cantando karaokê com Mark Zuckerberg, dono da Meta — a controladora do Instagram —, com a legenda: "Olhe para isso, Mark. Como você foi me expulsar do Instagram?".
Logo, o cantor foi recebido por Elon Musk, que está no processo de aquisição do Twitter. “Bem-vindo de volta ao Twitter, meu amigo!”, publicou o CEO da Tesla.
Porém, a presença de Kanye West também não durou muito tempo. Ainda no final de semana de seu retorno à rede social, Ye expressou sua indignação com o bloqueio no Instagram, e logo voltou aos comentários antissemitas.
“Vocês brincaram comigo e tentaram banir qualquer um que se opusesse à sua agenda", disse o cantor, em tweet.
Depois de ser banido no Instagram por acusar o rapper Sean Combs de ser controlado por judeus, West twittou: “I’m a bit sleepy tonight but when I wake up I’m going death con 3 On JEWISH PEOPLE.”
Aqui, a tradução é controversa. Não se sabe se Ye pretendia escrever “defcon” na frase ou se a intenção era realmente digitar “death con”.
A expressão “defcon” é utilizada por militares para caracterizar ameaças à segurança nacional, em que o nível 5 seria o mais baixo e 1, o mais alto.
Isto é, caso a intenção de Kanye fosse escrever “defcon”, o tweet indicaria que o cantor estava se preparando para algum tipo de ameaça do povo judeu; se fosse a segunda hipótese, porém, sugeriria que ele mesmo iria infligir algum tipo de violência à população judia.
Apesar de ter negado que a publicação fosse de teor antissemita, não demorou muito para que a postagem de Ye fosse removida da rede social por violação das regras da plataforma.
Antes de ser banido da rede social, West ainda questionou na plataforma sobre quem os usuários acreditavam ter “criado a cultura do cancelamento”.
“Na verdade, não posso ser anti-semita porque os negros também são judeus”, defendeu-se West.
Kanye West e George Floyd
No sábado, Kanye West alegou em um podcast que George Floyd teria morrido por abuso de drogas em maio de 2020, e não por violência policial.
Dois anos atrás, o policial Derek Chauvin foi condenado pelo assassinato de Floyd após ter se ajoelhado no pescoço de Floyd por cerca de nove minutos enquanto o homem — negro, desarmado e algemado — estava deitado de bruços na rua e repetindo, aos prantos, a frase “eu não consigo respirar”.
A afirmação de Ye no podcast Drink Champs foi feita enquanto o rapper discutia o novo documentário de Candace Owens, uma comentarista conhecida por seu conservadorismo, chamado de “A maior mentira já vendida: George Floyd e a ascensão do BLM [Black Lives Matter]”.
“Eles bateram nele com o fentanil, se você olhar, o joelho do cara não estava nem no pescoço dele assim”, disse West.
Segundo informações do jornal The Guardian, a família de George Floyd considera tomar medidas legais contra Kanye West e suas “declarações falsas sobre a forma de sua morte”.
O advogado de direitos civis Lee Merritt respondeu às alegações de Ye em nome da família de Floyd: “Afirmar que Floyd morreu de fentanil e não da brutalidade estabelecida criminal e civilmente diminui a luta da família Floyd.”
Apesar de o fentanil ter sido encontrado no sistema da vítima de violência policial, os resultados da autópsia de George Floyd consideraram a causa da morte uma “parada cardiorrespiratória complicando a aplicação da lei, contenção e compressão do pescoço”.
*Com informações de The Verge, Reuters, The Guardian e Time
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