O mercado de criptomoedas tem enfrentado dias difíceis em relação à segurança dos tokens. No mais recente episódio relacionado, o portal oficial da Tether (USDT), maior stablecoin do mundo e terceira maior moeda digital do planeta, sofreu um ataque hacker no final da última segunda-feira (20).
Esse tipo de ataque, chamado DDOS, é comum principalmente no caso de criptomoedas que tentam otimizar a escalabilidade da rede. Também é chamado de “investida de múltiplos acessos”, pois os criminosos simulam um congestionamento dos sites ou canais de comunicação — e chegam até mesmo a tirar blockchains do ar.
Felizmente, de acordo com o CTO da Tether, Paolo Ardoino, apenas o site teve um congestionamento. A rede da stablecoin USDT não foi afetada. Até o início da manhã de hoje, o portal ainda continha um aviso de “under attack” (“sob ataque”, em inglês), mas ele foi retirado no decorrer do dia.
Por que o ataque ao site gera preocupação?
De modo geral, os portais das criptomoedas são utilizados para fazer a conexão com as blockchains e facilitar as negociações dos clientes que não têm contas em corretoras de cripto (exchanges).
Um ataque a esses sites poderia reduzir o volume e o valor negociado por essas criptomoedas, derrubando as cotações — além de, é claro, poder comprometer a segurança dos tokens dos investidores.
Tether (USDT): a crise das stablecoins se amplia
Desde a crise do protocolo Terra (LUNA), que culminou na criação da Terra 2.0, as stablecoins têm sofrido de diversas maneiras. Mas a principal delas é a perda da paridade (ou “peg”, no jargão do mercado) com o dólar, no caso das stablecoins lastreadas na moeda americana.
Recapitulando, essas criptomoedas geralmente têm lastro em moedas fiduciárias, como dólar, real ou euro. Ainda existe a classe das stablecoins lastreadas em commodities, como o ouro ou outros metais preciosos.
Stablecoins: nem tão “stable” assim
Os problemas com a Terra (LUNA) foram resolvidos, mas deixaram suas marcas. Isso porque o desaparecimento da stablecoin do tipo algorítmica TerraUSD (UST) colocou em xeque esse modelo de criptomoedas.
Algumas stablecoins conseguiram se recuperar, mas outras, como a USDD (USDD), da Tron (TRX) — uma das stablecoins algorítmicas que sobreviveu ao baque do mercado em um primeiro momento — e o próprio Tether, seguem relativamente instáveis.
Há mais de um mês o USDT está abaixo de US$ 1,00 — justiça seja feita, o Tether perde nas casas decimais, valendo cerca de US$ 0,9991. Alguns analistas entendem que não passa de um “ajuste”, tendo em vista que as cotações do Coin Market Cap e outros agregadores representam uma média de preços negociados nas blockchains e corretoras.
O que acontece com a stablecoin USDD?
Mas o caso da USDD é mais grave: essa stablecoin do tipo algorítmica é negociada a US$ 0,9743, uma diferença significativa. A Tron, empresa por trás da emissão da USDD, vem injetando milhões de dólares para manter a paridade da criptomoeda com a moeda americana, sem muito sucesso.
De acordo com a página oficial que acompanha o tesouro da USDD, essa stablecoin tem um lastro 300% maior do que o necessário. Isso significa que existe mais dinheiro em caixa do que tokens em circulação para garantir a paridade com o dólar.
A empresa por trás da emissão da USDD alega que o mercado vive um momento de FUD (sigla em inglês para medo, incerteza e dúvida), e por isso sua criptomoeda é penalizada.
Uma nova Terra? Stablecoin algorítmica ameaçada
Seja como for, os investidores permanecem atentos aos movimentos da USDD. Vale lembrar que a TerraUSD também era uma stablecoin algorítmica e foi o estopim para a crise do protocolo.
O desaparecimento da Terra (LUNA) foi um dos motivos que levou o mercado global de criptomoedas a uma queda de 25% no último mês.
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