Por que a rede Tron (TRX) está sendo chamada de “nova Terra (LUNA)”? Projeto cresceu 45% em um mês e aumenta tensão no mercado de criptomoedas
Investidores têm comparado as duas redes, mas elas guardam diferenças significativas entre si
O mercado de criptomoedas mal saiu da crise envolvendo a Terra (LUNA) — que ganhou uma repaginada total no último sábado (27) — e já sente os ventos de outra tempestade chegando. Estamos falando da terceira maior rede em finanças descentralizadas (DeFi) do planeta, a Tron.
A comparação tem certo fundamento: a Tron Network possui um token (criptomoeda) nativo, o Tron (TRX), e uma stablecoin do tipo algorítmica USDD (USDD) — entenda mais sobre stablecoins aqui. Ambos são geridos por pela Tron DAO, a organização autônoma descentralizada (decentralized autonomous organization) da rede.
Para quem não se lembra, a Terra Network também tinha o token Terra (LUNA) — agora chamado de Terra Classic (LUNC) — e a stablecoin TerraUSD (UST), que desapareceu após o renascimento da rede.
Tron, a Terra já contou essa história antes…
Diferentemente da antiga rede da Terra — focada no desenvolvimento de aplicativos descentralizados (DApps) —, a Tron é uma blockchain focada em finanças descentralizadas.
Recentemente, o protocolo se tornou o terceiro maior do mundo, perdendo apenas para o ethereum (ETH) e a rede da Binance, a Binance Smart Chain (BSC), somando US$ 5,93 bilhões em contratos on-chain.
O número é bem relevante, ainda mais quando levamos em conta que o projeto teve alta de 45% e atingiu esse montante em apenas um mês. Um desempenho que traz paralelos com o da Terra (LUNA), que também teve um salto expressivo nos últimos meses antes de desabar.
E o método de crescimento “anabolizado” da Terra e do Tron
A maneira como a rede cresceu também foi parecida com o que levou o protocolo Terra para o buraco. Recapitulando: a Terra Network realizava pagamentos por staking — uma espécie de dividendos em criptomoedas — por meio da rede Anchor.
De modo simplificado, o investidor pode emprestar suas criptomoedas e stablecoins para a rede e receber um pagamento por isso. As taxas podem variar, mas tanto a Terra quanto a Tron oferecem pagamentos astronômicos, na casa dos 20% ao ano.
Isso obviamente faz os olhos dos investidores brilharem, por se tratar de uma renda passiva relativamente segura, garantida pelo código da rede, dentro do universo das criptomoedas.
O tempo que cada uma levou para crescer
Vale ressaltar que a Terra Network foi oficialmente lançada em 2019 e, com pouco menos de três anos de vida, já era um dos maiores protocolos do mundo. O crescimento vertiginoso da primeira blockchain da Terra contou com falhas e pagou seu preço por isso.
Por outro lado, a Tron, lançada dois anos antes, é a 13ª maior criptomoeda do mundo com pouco menos de 5 anos de existência. Além disso, os criadores da Tron preferiram optar por ampliar a rede de maneira mais contida, focando menos na escalabilidade e mais na solidez do projeto.
O que levou a Terra a desaparecer
As stablecoins do tipo algorítmicas são geridas por código e, ao invés de serem lastreadas em moedas como dólar, euro ou real, seu preço é segurado por outra criptomoeda.
Quando a Terra (LUNA) passou a cair, o lastro da TerraUSD começou a perder valor. Para manter a paridade com o dólar, foram emitidas mais criptomoedas LUNA — e aí impera a lei do mercado: mais oferta, o valor cai ainda mais.
Essa “espiral da morte” desestabilizou o protocolo, e ambas criptomoedas entraram em queda livre. Os próprios desenvolvedores afirmam que se trata de um ataque hacker à rede Terra, mas alguns analistas entendem que foi um ataque coordenado, não necessariamente de sequestro de dados ou desestabilização do código do protocolo.
E o mesmo pode acontecer ao Tron?
O risco de um projeto em criptografia desaparecer sempre existe — vide os bilhões de dólares perdidos com a LUNA, que chegou a ser uma das dez maiores criptomoedas do mundo.
Mas cada vez que o mercado de moedas digitais sofre um baque desses, os próprios desenvolvedores se organizam para tornar a rede mais segura, sólida e difícil de ser burlada, manipulada ou hackeada.
O exemplo do que aconteceu com a Terra USD (UST) ligou o sinal amarelo para as demais stablecoins algorítmicas, que correram para os laboratórios para fortalecerem seus projetos. Isso inclui a própria USDD (USDD) e outras stables do gênero, como a Dai (DAI), da MakerDAO, um dos principais protocolos de finanças descentralizadas atualmente.
Em outras palavras, ficará cada vez mais difícil ver projetos grandes evaporarem sem muitas explicações. Mas, caso ocorra, vale lembrar que os analistas recomendam a alocação de até 5% do seu portfólio em criptomoedas de qualquer espécie.
PAPO CRIPTO #019 — Após a destruição, os próximos passos da Terra (LUNA)
Não perca o último Papo Cripto em que eu entrevisto Ray Nasser, CEO da Arthur Mining e especialista em moedas digitais:
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