Um ano depois da bolha das meme stocks, algumas lições para você investir melhor na bolsa
Investir bem é esperar ativos de qualidade atingirem preços baixos o suficiente para oferecer um grande potencial de valorização
No início de 2021, um movimento completamente bizarro começou a acontecer nas bolsas de valores mundo afora.
Ações de companhias atoladas em problemas e/ou praticamente quebradas passaram a subir loucamente, sem qualquer mudança de fundamentos que explicasse esse movimento.
Como acabamos descobrindo mais tarde, as "meme stocks", como ficaram conhecidas, subiam por conta de recomendações feitas em fóruns sobre investimentos.
O objetivo era incentivar milhares de pequenos investidores a comprar loucamente ações com alto índice de vendedores a descoberto (short sellers), provocando um primeiro movimento de alta dos papéis.
Para se proteger dessa primeira onda, os vendedores a descoberto seriam obrigados a fechar suas posições comprando mais ações, o que ajudaria a fazer os papéis subirem ainda mais numa segunda onda – um fenômeno conhecido como short squeeze.
E a moda quase pegou no Brasil. Papéis queridinhos dos fóruns brasileiros, como IRB, Cogna e Via SA, que estavam cheias de problemas na época, até ensaiaram uma disparada com um movimento parecido que começou a se formar por aqui.
Leia Também
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
Eu escrevi sobre isso na época, sugerindo aos meus leitores ficarem bem longe dessa tramoia que tinha tudo para dar errado.
O que aprendemos um ano depois?
Dia 29 de janeiro de 2021…
Esse foi o dia que escrevi sobre as meme stocks americanas e outras ações brasileiras que estavam passando por uma situação parecida.
No caso mais conhecido e emblemático, o da Game Stop, as ações despencaram desde aquele dia, reflexo de resultados fracos que vierem em seguida e que não ajudaram a sustentar os preços daquela época.

É verdade que, apesar da derrocada, as ações ainda continuam bem acima dos níveis de quando tudo isso começou.
Mas é bom lembrar que isso só aconteceu porque o management foi bastante esperto e aproveitou aquele momento de euforia para emitir novas ações por preços elevados, o que trouxe um enorme alívio financeiro e capacidade de investimento para a companhia.
Não fosse isso, é muito provável que os preços estariam ainda mais baixos. Mesmo assim, a queda desde então já está em cerca de 60%.
Aqui também
Mas o "fenômeno" não se restringiu apenas aos Estados Unidos.
No dia 28 de janeiro de 2021, um dia antes daquela fatídica coluna, as ações do IRB (IRBR3) fecharam o pregão com uma alta de incríveis 17,8%.
O motivo? Os fóruns de investimento brasileiros começaram a incentivar a compra enlouquecida de ações da resseguradora para provocar um movimento de short squeeze nos papéis, assim como estava acontecendo com as meme stocks lá fora.
Muitos investidores pequenos viram ali uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil.
Mas eu espero que você não tenha embarcado nessa onda, porque desde então as ações despencaram 50%.

Como você pode ver no gráfico, o oba-oba não foi capaz de proteger as cotações de mais quedas que ainda viriam pela frente, provando que as ações continuavam caras mesmo depois de já terem caído 76% em 2020.
Vitória dos fundamentos mais uma vez!
A espera é a parte mais difícil
A verdade é que não existe jeito fácil de ganhar dinheiro no mercado financeiro.
Você até pode dar sorte de vez em quando, investindo numa bolha ou em algum ativo da moda que não carrega valor intrínseco algum mas que não para de subir.
Assim como os gráficos de Game Stop e IRB nos mostram, normalmente essas histórias terminam mal.
Investir bem é esperar ativos de qualidade atingirem preços baixos o suficiente para oferecer um grande potencial de valorização.
Essa espera pode demorar meses, anos ou até décadas em alguns casos. Essa é a parte mais difícil no processo de investimento. A paciência.
No entanto, quando elas finalmente aparecem, precisamos aproveitá-las.
Depois da derrocada de várias ações desde a metade do ano passado, muitas companhias de grande qualidade passaram a negociar com múltiplos que não víamos há anos.
Por exemplo, o gráfico abaixo mostra o múltiplo EV/Ebitda da Hypera (HYPE3) nos patamares mais baixos dos últimos cinco anos.

Outro exemplo. A companhia abaixo, que tem foco na produção de calçados femininos e está presente na série Oportunidades de Uma Vida, está no menor patamar de EV/Ebitda dos últimos cinco anos, mesmo alcançando resultados e crescimento recordes nos últimos trimestres.

Chegamos no fundo do poço? Impossível saber!
Mas o bom investidor sabe que seu objetivo não é adivinhar o fundo do poço.
Seu objetivo é comprar ações por preços interessantes o bastante para oferecer uma boa relação entre risco e retorno.
Em outras palavras, adquirir ações por preços nos quais ele perde pouco se errar e ganha muito se acertar.
Se você é do tipo que gosta de ganhos rápidos gerados por modismos, neste momento de pessimismo generalizado é bem provável que as ações não sejam um bom lugar para colocar o seu dinheiro.
Mas se o seu objetivo é ganhar dinheiro com a melhora do cenário no médio e longo prazos, esta janela nos parece um momento especial para comprar ótimas ações por ótimos preços.
No Empiricus Pass você encontra várias séries de renda variável que estão recomendando ações com grande potencial neste momento, como aquela calçadista presente no Oportunidades de Uma Vida.
Se quiser ter acesso a todas as séries essenciais da Empiricus com uma única assinatura, fica aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office