Bolsonaro reage na disputa contra Lula, mas quem o mercado vai escolher na corrida para o Planalto?
Eleições só terão influência na bolsa se Lula e Bolsonaro estiverem próximos nas pesquisas antes da votação. Nesse caso, o mercado será realista, como sempre foi

Até pouco tempo, as eleições presidenciais de 2022 pareciam definidas. Lula liderava com folga. Por sua vez, Bolsonaro perdia pontos e via sua rejeição aumentada.
Na última pesquisa Datafolha, a diferença encolheu. Lula agora tem 43% das intenções de votos para o primeiro turno, contra 26% de Jair Bolsonaro.
Mesmo que se juntem apoiando um único nome, não vejo chances para os candidatos da chamada Terceira Via. Isso porque Bolsonaro está se afastando deles, em direção a Lula, e não recuando para as proximidades do segundo escalão.
Outra pesquisa mostrou que, se Sérgio Moro desistir da Presidência, boa parte de seus votos migrará para o capitão. Isso é gente que não vota no PT nem morta.
Em determinado momento, chegou a dar pinta de que Lula poderia ganhar o pleito já no primeiro turno. Aliás, isso talvez até acontecesse, caso ele se limitasse a ficar de bico calado.
Mas não consegue.
Leia Também
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal; basta clicar aqui
Lula derrapa, Bolsonaro aproveita
Para horror dos liberais, disse que pretende fazer uma política externa voltada para a África, Venezuela, Cuba e Nicarágua. Mostrou-se totalmente contrário às privatizações.
Num dia se manifestou favorável ao aborto. Como os evangélicos se escandalizaram, o petista, menos de 24 horas depois, e na maior cara de pau, se disse pessoalmente contrário ao procedimento.
Faltando seis meses para o primeiro turno, tudo indica que os bolsonaristas continuarão sendo bolsonaristas; os petistas, petistas.
Fica então a decisão para quem não é uma coisa nem outra.
É bom a gente não se esquecer que Jair Bolsonaro leva a vantagem da caneta.
Antes crítico dos programas distributivos de renda, que chamava de de caridade, o capitão agora cria um atrás do outro: auxílio Brasil, crédito para caminhoneiros, vale-gás, vale-diesel, vale-isso, vale-aquilo.
O que o povo olha
Não podemos nos esquecer que não sou eu que estou escrevendo estas linhas, nem você que as está lendo, que elege o presidente da República. Somos gotas d'água no oceano.
Quem faz isso é o povão. O povão que perdeu o emprego, o povão que depende dos programas assistencialistas.
Para esse pessoal, Bolsonaro é quem está lhes proporcionando os caraminguás sem os quais não chegariam ao final do mês.
Sabe-se lá (e aqui estou pensando por eles) se Lula terá condições de fazê-lo novamente?
Outro aspecto interessante de Jair Bolsonaro é que ele consegue ser, ao mesmo tempo, presidente da República e oposição ao governo.
Se a Petrobras eleva o preço dos combustíveis, por causa da alta da cotação do barril de petróleo no mercado internacional, Bolsonaro é o primeiro a se insurgir contra o aumento.
Como choveu muito no verão, os reservatórios se encheram d'água. Sobradinho, por exemplo, chegou à sua capacidade máxima.
O capitão se apressa a dizer que vai passar a bandeira das contas de energia direto do vermelho para o verde, sem passar pelo amarelo.
Prestem atenção: é ele que vai baixar e não o efeito das chuvas.
Eleição será mais apertada
Por todas essas razões, é bem possível que tenhamos um segundo turno apertado. Ou menos folgado para Lula como se supunha antes.
Aí, e essa opinião é minha, o mercado vai optar por Bolsonaro. É ele que está prometendo privatizar a Petrobras e outras estatais.
Para Lula e seus companheiros, isso seria um tremendo sacrilégio.
Para o grande eleitorado, tal coisa (Petrobras em poder dos gringos, por exemplo) já não causa nenhum constrangimento.
O padrão de vida dos brasileiros da base da pirâmide social caiu tanto que as pessoas agora querem apenas comer.
Arroz, feijão, farinha e bife de panela já tá bom demais.
Foi-se o tempo que o sonho (realizado por muitos) era viajar de avião.
Mercado vai de Lula ou Bolsonaro?
O mercado será realista, como sempre foi.
Uma vez que o segundo turno acontecerá no dia 30 de outubro, se lá pelo dia 20 Lula estiver com 10 ou mais pontos de vantagem sobre Bolsonaro, o mercado precificará o petista.
Por outro lado, se ambos chegarem na data fatal empatados dentro das margens de erro das pesquisas, a Bolsa será dos touros em caso do capitão Jair e dos ursos na hipótese Luiz Inácio. Subirá forte com a vitória do primeiro e despencará se vencer o segundo.
Suponho que, tal como aconteceu em 2002, emissários de confiança de Lula se aproximarão dos banqueiros e principais homens de negócio. Dirão algo como:
“Lembram-se da eleição que nós ganhamos? Pusemos o Palocci, elevamos a meta de superávit primário e saneamos as finanças. Faremos a mesma coisa desta vez.”
Só que há três grandes diferenças em relação àquela ocasião:
- Se Lula vencer, Jair Bolsonaro irá prejudicar a transição ao máximo, tal como Trump fez com Biden.
- Em 2002, os banqueiros e empresários contribuíam com dinheiro para a campanha. Agora é financiamento público.
- Não há hipótese de Lula levar a cabo um programa de privatização, programa esse que poderá vir a ser essencial para a recuperação das finanças do país.
De Collor a Jânio
Acho que o melhor parâmetro para se avaliar o comportamento do mercado em caso de uma disputa equilibrada será o que aconteceu nas eleições de 1989.
Fernando Collor de Mello defendia o enxugamento do Estado, liberação das importações e privatizações em massa.
Luiz Inácio Lula da Silva era o Lula de antigamente, de barba desgrenhada, a favor de moratória interna e externa e de estatização de bancos, entre outras medidas antimercado.
Collor venceu com seis pontos percentuais de vantagem e a então Bovespa experimentou forte alta no dia seguinte, talvez não tão grande quanto seria a baixa em caso de vitória de Lula.
Foi a única ocasião em que a Bolsa se deixou influenciar por eleições presidenciais.
Na época do regime militar, a gente tomava conhecimento do presidente seguinte com uns seis meses de antecedência.
A eleição direta anterior acontecera 29 anos antes, entre Jânio Quadros e Henrique Lott, com a vitória do primeiro. Durante a campanha, nenhum dos dois se mostrara hostil ao mercado de ações.
Em épocas mais remotas, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, que era a que valia, assemelhava-se mais a uma grande roda de pôquer do que a um item importante na economia brasileira, mais ligada às oscilações do preço do café.
- Leia também: Petróleo a 200 dólares? Como um novo choque de preços deve mudar a política da Petrobras (PETR4) para os combustíveis
Caras conhecidas
Resumindo: só se Lula e Bolsonaro estiverem próximos um do outro nas pesquisas na proximidade das eleições é que elas terão influência na B3 este ano.
Caso contrário, o mercado tomará seu rumo antes, seja com o sindicalista, seja com o capitão.
É importante lembrar que o país já tem farta experiência com os dois. Sabe o que eles dizem e, principalmente, o que fazem quando estão com a caneta na mão.
Leia também:
Mudança nos concursos públicos: Lula sanciona lei que amplia cotas; entenda como as novas regras funcionam
Novo percentual incidirá sobre total de vagas dos processos seletivos para cargos efetivos e temporários da administração pública federal
Alexandre de Moraes manda prender Carla Zambelli após saída da deputada do Brasil; entenda o caso
Procuradoria-Geral da República pediu a prisão preventiva na noite de terça-feira (3)
Carla Zambelli sai do Brasil dias após STF condenar a deputada à prisão por dez anos; entenda o caso
Zambelli foi para a Europa, onde diz ter cidadania, e afirmou que pedirá licença do mandato de deputada federal
Haddad fala em ‘sugestão estrutural’ como alternativa ao aumento do IOF após negociações com o Congresso
Alternativas ao aumento do IOF incluem a revisão de benefícios fiscais e a parceria com legislativo para fortalecer a arrecadação
Desaprovação ao governo Lula atinge o maior nível da série e coloca em risco reeleição do presidente, segundo pesquisa do AtlasIntel
O levantamento é o primeiro do instituto após as fraudes do INSS e do aumento do IOF
Plano alternativo ao IOF deve “evitar gambiarras” e Lula precisa entrar na negociação, diz Hugo Motta
Presidente da Câmara afirmou que o Brasil está cansado de tantos impostos e que se a equipe econômica não resolver, o Congresso irá
Há ‘fortes indícios’ de que foco de gripe aviária está contido, diz ministro da Agricultura
Brasil já entrou no período de vazio sanitário, em que contabiliza 28 dias sem novos casos para voltar ao status de “livre de gripe aviária”
“Se fizer o dever de casa e sinalizar um ajuste fiscal, imediatamente a economia melhora”, diz Mansueto Almeida
Economista-chefe do BTG Pactual acredita que com sinais claros de responsabilidade fiscal e controle de gastos, juros e inflação no país teriam espaço para cair rapidamente
Fraude no INSS: descontos indevidos já comunicados somam R$ 1 bilhão em devoluções; governo amplia atendimento com os Correios
Em entrevista coletiva, presidente do INSS falou sobre os ressarcimentos e confirmou parceria com os Correios para atendimento presencial a partir do dia 30
Lula assina MP que deixa conta de luz mais cara para a classe média e amplia isenção para baixa renda; veja como vai ficar
Texto, que ainda pode sofrer mudanças no Congresso, também amplia o mercado livre de energia e reduz subsídios para fontes renováveis
Comissão do Senado aprova fim da reeleição para cargos do Executivo e aumenta mandatos para 5 anos
Agora, o texto segue para análise do plenário do Senado
Conta de luz deve ficar mais cara, mas não para todos — projeto do governo prevê isenção para baixa renda e aumento para classe média, diz jornal
Reforma do setor elétrico tem como objetivo ampliar os beneficiados pela tarifa social, mas custo excedente recairá sobre demais clientes residenciais e pequenos comerciantes
Fraude do INSS: ação pede fim de regra que transfere ‘prova diabólica’ a aposentados
Segundo o documento, a Instrução Normativa PRES/INSS nº 186/2025 fragiliza aposentados e pensionistas ao inverter o ônus da prova, transferindo aos beneficiários a responsabilidade de comprovar os descontos indevidos
Exportações de frango na berlinda: Brasil mira retomar exportações em 28 dias
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou que, mesmo com a retomada do status de livre de gripe aviária, a normalização das exportações de carne de frango será gradual
Agência Brasil
INSS vai devolver R$ 292,6 milhões entre maio e junho; veja datas de pagamento
O valor a ser restituído corresponde às mensalidades de associações e sindicatos descontadas indevidamente em abril; a consulta pode ser feita pelo app Meu INSS ou pelo telefone 135
Dedo na cara: a nova crítica de Lula a Trump após viagem à Rússia e encontro com Putin
O presidente brasileiro deixou Moscou neste sábado (10) rumo a outro destino que deve desagravar bastante o republicano: a China
Governo vai usar dinheiro da União para ressarcir os aposentados que sofreram com golpe no INSS? Haddad responde quem vai pagar a conta
Em evento na B3, o ministro da Fazenda disse que o governo federal já tomou as primeiras medidas para captar recursos para ressarcir os aposentados
Como vai funcionar o ressarcimento após a fraude do INSS: governo detalha plano enquanto tenta preservar a imagem de Lula
O presidente do INSS, Gilberto Waller, informou que o órgão deve notificar prejudicados na próxima terça-feira (13), mas a data de início dos pagamentos ainda segue pendente
Governo pode usar recursos do Tesouro para bancar fraude do INSS? Veja o que já se sabe até agora
A estimativa é que cerca de 4,1 milhões de beneficiários do INSS tenham sido atingidos por descontos indevidos, com prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024
Entenda por que Bolsonaro pode se beneficiar se ação penal de Ramagem for suspensa no caso da tentativa de golpe de Estado
Câmara analisa pedido de sustação da ação contra o deputado Alexandre Ramagem; PL, partido de Bolsonaro, querem anulação de todo o processo