Nem tudo está barato: confira três dicas para escolher as melhores oportunidades de investimento na bolsa
Nem sempre a queda de um papel significa que ele está barato, afinal, além do preço, é necessário estar atento às pistas que te levam às melhores opções de compra naquele momento

O noticiário não nos dá descanso. É Bolsa caindo, são os “Fed boys” falando do aumento de juros americanos, a ômicron revivendo os pesadelos dos últimos dois anos… Uma sinfonia de desastre para a Bolsa.
Neste momento, seu foco nas manchetes, enquanto investidor, tende a ser diretamente proporcional à qualidade do seu sono.
Do nosso lado, enquanto analistas, nos interessa a evolução dos fundamentos das empresas.
Porque a Bolsa nem sempre sobe e, quando ela inevitavelmente cai, forma-se uma miríade de oportunidades de compra nas empresas de bons fundamentos.
Isso é praticamente um Jardim do Éden para o analista focado nos fundamentos.
Cíclicas domésticas
As cíclicas domésticas, como é o caso das empresas brasileiras de varejo discricionário, foram particularmente machucadas nesse bear market.
Leia Também
Isso é natural; as cíclicas tendem a refletir o movimento da Bolsa com mais intensidade. Se a economia vai bem, elas são mais beneficiadas; se vai mal, mais penalizadas.
O fato é que estamos em uma zona compradora para essa categoria. Em algum momento, a Bolsa vai subir e, quando isso acontecer, essas empresas tendem a subir mais.
Não estou dizendo para comprar todas as cíclicas domésticas. Como sempre foi o caso na gestão de carteiras, a seletividade é crucial para a performance.
Conglomerado de moda brasileiro
No meu primeiro Day One, tergiversei sobre a possibilidade do surgimento de um grande conglomerado de moda brasileiro, como já vimos acontecer na Europa. Nomes como LVMH, Kering e Hermés nos mostram a possibilidade de construir um grupo recheado de marcas fortes do varejo de moda.
À época da minha primeira carta, a Hering estava sendo disputada por companhias do setor. Acabou que a Arezzo &Co, a primeira ofertante, não teve sucesso na sua tentativa de compra, e quem levou a marca das camisetas básicas foi de fato o Grupo Soma.
Para a Arezzo, foi uma derrota temporária, porque um tempo depois a companhia comprou a Carol Bassi, uma marca de vestuário feminino voltada para as classes A e B, cujas peças têm um preço médio de R$ 1.600. O desfecho parece até mais favorável para a compradora, que tem um posicionamento de luxo, enquanto a Hering está mais aderente à classe B-.
Não é que um conglomerado de moda, então, parece estar se formando? A Arezzo &Co permanece focada na sua estratégia de “house of brands”, ou casa de marcas, e o caminho parece promissor.
Preço menor, fundamento maior
Esse é um dos vários exemplos que encontramos na Bolsa brasileira de preço caindo e fundamento melhorando. Uma oportunidade de compra quase óbvia.
O leitor deve ficar atento, contudo, às companhias cujo preço está caindo, mas cujos fundamentos estão piorando.
Um dos princípios do Peter Lynch é “nunca apostar em uma reviravolta enquanto uma marcha fúnebre está sendo tocada”. A grande maioria dos papéis brasileiros está barata — alguns, entretanto, merecidamente.
Pistas de oportunidades
Afora o necessário mergulho na dinâmica de negócios de cada empresa, algumas pistas podem nos apontar para as ações que nos oferecem uma oportunidade de compra de fato interessante.
Uma dessas pistas é a retomada do pagamento de dividendos.
A Arezzo &Co ficou dois anos sem distribuir caixa aos acionistas, uma medida necessária para proteger a sobrevivência do negócio nos trimestres desafiados pela pandemia de Covid-19.
Na última semana, interrompeu as vacas magras com um generoso juro sobre capital próprio. A Suzano, também uma cíclica (mas não doméstica), foi na mesma direção, anunciando um dividendo para os acionistas depois de dois anos sem fazê-lo.
Fusões e aquisições
Há também outras pistas que podem nos dizer alguma coisa, particularmente no cenário de desconto generalizado.
Em época de Bolsa barata, as fusões e aquisições se tornam mais frequentes para os empresários (ou empresárias) que aproveitam os preços baixos para fazer aquela compra que sempre sonharam, mas não fizeram antes por conservadorismo com o dinheiro dos acionistas. Arezzo &Co, como sabemos, fez isso.
Recompra de ações
Ou, de outra forma, as companhias aproveitam o preço depreciado das próprias ações para recomprá-las, o que diminui a quantidade de papéis em circulação.
Isso, em última instância, beneficia o acionista minoritário com preços mais atrativos para as ações que continuam negociando. Arezzo &Co também fez isso. A Raízen, controlada pela Cosan, também.
Da mesma forma que a Bolsa não pode subir para sempre, fica uma lição que os aventureiros de renda variável estão duramente aprendendo: ela também não pode cair para sempre.
Quando a Bolsa voltar a subir, tenha a certeza de estar devidamente posicionado (ou posicionada).
Um abraço,
Larissa
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA