Mercado em 5 Minutos: Bolsas globais encerram a semana com o pé esquerdo — e nem o Ibovespa escapa do mau humor
O dia não começou bem na Europa e nos EUA, com investidores permanecendo cautelosos com as perspectivas ainda pessimistas para as taxas de juros

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos fecharam de forma mista nesta sexta-feira (21), seguindo parcialmente as movimentações negativas de Wall Street verificadas durante o pregão de ontem, com os investidores permanecendo cautelosos, já que as preocupações com as perspectivas para as taxas de juros continuam pessimistas.
O dia não começou bem na Europa e entre os futuros americanos, com as ações nos EUA caminhando para o terceiro dia de queda consecutivo.
Os yields (rendimentos) dos títulos americanos continuam a subir e o mercado debate a temporada de resultados corporativos, que até agora não conseguiu definir uma predominância entre surpresas positivas e negativas.
O divisor de águas poderá ser a semana que vem, com a entrega dos números das grandes empresas de tecnologia.
Ontem, chamou a atenção a continuidade da força do mercado de trabalho nos EUA, o que deixa espaço para o Federal Reserve continuar subindo os juros. A ver...
00:44 — O descolamento brasileiro e a possibilidade de um Novo Marco fiscal
Na ausência de uma agenda relevante no ambiente local, os investidores se preparam para acompanhar o noticiário internacional, a temporada de resultados americana e o vetor técnico de exercício das opções na B3.
Leia Também
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Nesta semana, ainda que os últimos dois dias tenham sido ruins lá fora, o Brasil conseguiu se descolar bem do humor global (o Ibovespa, mais precisamente), principalmente com a alta de empresas de commodities e estatais, animadas com a força dos preços lá fora e na possibilidade de vitória de Bolsonaro, respectivamente.
Independente de quem ganhar, o desafio para 2023 é relevante, não apenas pela complexidade do mundo atual, cada vez mais volátil, mas também pelo panorama fiscal brasileiro.
O próprio governo já planeja uma proposta para mudar a dinâmica orçamentária brasileira, que não se sustenta mais da maneira como temos hoje.
Muito provavelmente, portanto, qualquer que seja o vitorioso no dia 30 de outubro, o teto de gastos deverá ser alterado.
O próprio Paulo Guedes parece vincular sua permanência no governo, em caso de vitória bolsonarista, à aprovação do que ele chama de Novo Marco Fiscal, que desvincula, desindexa e desobriga o orçamento.
Importante para a curva de juros e para as perspectivas futuras do país.
01:44 — O aperto monetário e a temporada de resultado
Ontem, nos EUA, a queda dos pedidos de auxílio-desemprego manteve os rendimentos dos títulos do tesouro americano elevados (mais atividade econômica requer mais juros).
Muito provavelmente, o Federal Reserve está disposto a atingir o mercado de trabalho e os lucros das empresas para controlar a inflação, mas os problemas de comunicação da gestão de Powell geram dúvidas no mercado.
Hoje, o mercado parece concordar com uma continuidade de alta, com o rendimento do Tesouro de 2 anos atingindo 4,6% e o rendimento de 10 anos se aproximando dos níveis vistos pela última vez apenas em 2008.
Dessa forma, devemos ver pelo menos mais um aumento de 75 pontos-base na reunião de novembro, daqui pouco mais de 10 dias — o mercado precifica uma taxa terminal de 5% em até nove meses.
Enquanto isso, os resultados corporativos seguem chamando a atenção.
Depois de hoje, quase 90 empresas no S&P 500 já terão reportado os lucros do terceiro trimestre, sendo que, pelo menos por enquanto, cerca de 75% deves veio em linha ou acima do esperado (historicamente, nos EUA, os lucros geralmente superam as expectativas — desde 1994, a taxa de superação histórica é de 66%).
Sim, até aqui os resultados foram melhores do que se temia, mas ainda há muita água para rolar.
02:47 — Luz no fim do túnel
Como especulamos já há algum tempo, a primeira-ministra do Reino Unido não permaneceu no cargo.
Ontem, sua renúncia foi recebida com um grande alívio, tornando-a a pessoa que por menos tempo ocupou o cargo (45 até ontem, sendo que vai ocupar o cargo até que um sucessor seja definido, provavelmente até o final deste mês).
Ainda que ajude, os problemas do Reino Unido estão longe de acabar.
De qualquer forma, pelo menos temos uma luz no fim do túnel.
Não necessariamente será um terror sem fim a crise atual na Grã-Bretanha — note como o parlamentarismo resolve rapidamente os problemas (imagine se Liz Truss tivesse sido eleita presidente, que caos seria).
Gradualmente, os mercados devem reduzir o prêmio de risco, principalmente se Rishi Sunak for escolhido primeiro-ministro (se Boris Johnson voltar, dificilmente o mercado ficaria tranquilo).
Independente de quem for, terá que lidar com uma economia fraca e inflação alta.
03:32 — Vibrações asiáticas
Na Ásia, a inflação de preços ao consumidor japonês em setembro veio em linha com o esperado, registrando 3% na comparação anual — apesar de acima da meta de 2% do Banco Central, o número parece não trazer preocupação.
Ainda assim, o mercado fechou em baixa, acompanhando o desempenho dos pares asiáticos.
Enquanto isso, a China caminha para o final do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, devendo colocar Xi Jinping em seu terceiro mandato muito em breve.
Paralelamente, por lá, o governo começou a relaxar algumas restrições de quarentena, afastando-se um pouco de sua política de zero Covid, apesar da forma elogiosa com que se referiu a ela durante o congresso. Isso pode ajudar o crescimento.
04:08 — E os veículos elétricos?
Chamou a atenção o resultado abaixo do esperado da Tesla, que jogou para baixo o preço das ações da companhia.
Ainda que o trimestre não tenha sido tão bom para a Tesla, especificamente, as perspectivas para o mercado são cada vez melhores.
Segundo o relatório "Acompanhamento do Progresso da Energia Limpa" da Agência Internacional de Energia (AIE), que visa acompanhar as iniciativas que buscam limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5°C (emissões zero até 2050), há uma longa avenida de crescimento pela frente para a indústria.
Para se ter uma ideia, as vendas de veículos elétricos dobraram em todo o mundo no ano passado, representando quase 9% do mercado total de carros.
A tendência está se recuperando novamente este ano, uma vez que já vimos as vendas de 2 milhões de veículos elétricos durante o primeiro trimestre, marcando um aumento de 75% em relação aos primeiros três meses de 2021.
- Leia também: Está na hora de comprar um carro híbrido ou 100% elétrico? Confira um guia dos veículos eletrificados
De fato, a AIE espera ver outra alta histórica para as vendas de veículos elétricos em 2022, elevando-as para 13% do total de vendas de veículos leves globalmente.
Entende-se que os veículos elétricos sejam a tecnologia chave para descarbonizar o transporte rodoviário, setor que responde por 16% das emissões globais.
O cenário de zero emissões líquidas até 2050 prevê uma frota de carros elétricos de mais de 300 milhões em 2030 e carros elétricos representando 60% das vendas de carros novos.
Cada vez mais será normal vermos carros elétricos ao redor do mundo, primeiro nas economias centrais e depois nos países emergentes.
Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil
Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado
Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?
A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.
Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília
Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores
Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump
Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro
O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump
Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem
Felipe Miranda: Em busca do heroísmo genuíno
O “Império da Lei” e do respeito à regra, tão caro aos EUA e tão atrelado a eles desde Tocqueville e sua “Democracia na América”, vai dando lugar à necessidade de laços pessoais e lealdade individual, no que, inclusive, aproxima-os de uma caracterização tipicamente brasileira
No pain, no gain: Ibovespa e outras bolsas buscam recompensa depois do sacrifício do último pregão
Ibovespa tenta acompanhar bolsas internacionais às vésperas da entra em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil
Gen Z stare e o silêncio que diz (muito) mais do que parece
Fomos treinados a reconhecer atenção por gestos claros: acenos, olho no olho, perguntas bem colocadas. Essa era a gramática da interação no trabalho. Mas e se os GenZs estiverem escrevendo com outra sintaxe?
Sem trégua: Tarifaço de Trump desata maré vermelha nos mercados internacionais; Ibovespa também repercute Vale
Donald Trump assinou na noite de ontem decreto com novas tarifas para mais de 90 países que fazem comércio com os EUA; sobretaxa de 50% ao Brasil ficou para a semana que vem
A ação que caiu com as tarifas de Trump mas, diferente de Embraer (EMBR3), ainda não voltou — e segue barata
Essas ações ainda estão bem abaixo dos níveis de 8 de julho, véspera do anúncio da taxação ao Brasil — o que para mim é uma oportunidade, já que negociam por apenas 4 vezes o Ebitda