Um sobe e desce que não para: Saiba como investir bem durante a volatilidade dos mercados
Portfólio diversificado e alto controle emocional são necessários para o investidor, uma vez que decisões irracionais tomadas em segundos podem colocar em risco um planejamento de anos

Caro leitor,
Você já deve estar cansado de escutar o quão difícil está sendo navegar os mercados atualmente.
Afinal de contas, se está aqui, você não apenas está ouvindo sobre, mas vivenciando essa situação.
Guerra na Ucrânia, lockdowns na China, impacto na cadeia de suprimentos global, inflação em terras americanas que não dá sossego…
O mar raivoso dos mercados
O Ibovespa está novamente nos níveis do começo do ano depois de ter se valorizado quase 20% nos primeiros meses de 2021.
Já os índices americanos amargam perdas superiores a 11% no mesmo período — o Nasdaq, por exemplo, já se encontra em bear market, com desvalorização da ordem de 25%.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: A disputa epistemológica entre números e narrativas tem um novo campeão
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
E quando olhamos alguns papéis específicos, o desastre é ainda maior.
Nem emergentes, nem boas empresas
Algumas das queridinhas no período da pandemia, principalmente as chamadas “emerging techs” (companhias ligadas ao setor de tecnologia que ainda não reportam lucro ou geração de caixa), veem seus papéis caírem 50%, 60%, 70%, até 90% das máximas.
Será que o pior ficou para trás? Ou ainda não faria mal um pouco de cautela ao investidor?
Ainda que ações de boas empresas também tenham sofrido desvalorizações — sete das maiores companhias do mundo perderam cerca de US$ 1 trilhão de valor de mercado nos últimos dias —, entendo que o sentimento atual pode abrir uma janela de oportunidade ainda melhor nos próximos meses.
A volatilidade nos mercados
Momentos de alta volatilidade, geralmente, são precursores de períodos conturbados para os mercados.
Com o Vix (considerado o “índice do medo” pelos investidores) ainda em patamares elevados pelo seu histórico — acima dos 30 pontos, quando uma leitura acima de 20 até antes da pandemia já era considerado um evento fora do comum —, teríamos que ver a resolução de diversos dos problemas citados no começo do texto para que ele voltasse à normalidade.
Infelizmente, não é isso que notamos no noticiário recente.
Guerra, covid e produção
O conflito no Leste Europeu, que deveria durar dias, já vai entrar no terceiro mês.
A China vem enfrentando novas ondas de Covid-19, impondo restrições nas maiores cidades do país e fazendo com que várias empresas ainda tenham problemas para atender à demanda por seus produtos.
A Sony e a Nintendo, duas das companhias mais icônicas do mundo dos games, já revisaram as estimativas de vendas de seus consoles porque seus fornecedores (em grande parte chineses) estão com dificuldades para produzi-los.
Juros nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, nem mesmo a fala de Jerome Powell, de que um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros estaria, por ora, fora de cogitação aliviou o sentimento dos investidores.
Isso logo após o comitê de política monetária americano ter decidido elevar a taxa por lá em 0,50 ponto percentual — maior aumento desde os anos 2000 — para combater a inflação no país.
Então, não seria o caso de baixar a guarda.
A volatilidade do S&P 500
Desde 1928, a mediana do número de dias em que o S&P 500 variou 2% (tanto para cima como para baixo) é de 8 dias em 250 pregões (um ano); somente nos quatro primeiros meses de 2022, já foi possível observar 14 desses dias voláteis.
Como comparação, em 2021 tivemos apenas sete dias em que o índice se moveu nessa magnitude.
O movimento atual, contudo, não se compara com o auge da pandemia, dois anos atrás, quando foram observados 44 dias com ganhos e quedas de 2%.
Mas todos nós entendemos que aqueles eram tempos extraordinários: o índice não havia sido tão volátil desde 2008, na crise financeira mundial que devastou os mercados globais.
Os mercados e o principal índice inflacionário do mundo
E caso a patada do urso atinja o principal índice acionário do mundo, as perdas ainda seriam consideráveis.
Segundo o Bespoke Investment Group, considerando os 14 bear markets no S&P 500 desde a Segunda Guerra Mundial, a desvalorização média observada no índice foi de 30%, com uma duração de pouco mais de um ano entre a máxima e a mínima do período.
Portfólio diversificado e o longo prazo
Nessas horas, um portfólio diversificado e um alto controle emocional são mais do que necessários para o investidor. Decisões irracionais tomadas em segundos podem colocar em risco um planejamento de anos.
Assim como no filme “O Regresso”, um ataque de urso pode tornar sua trajetória desgastante e até dolorida (embora não ao ponto de te tirar do jogo).
Mas momentos como esses te dão ensinamentos necessários para que você possa atingir seus objetivos no longo prazo.
Um abraço,
Enzo Pacheco
Leia também:
- Coinbase (COIN) derrete 23% nesta manhã e queda chega a 77% em 2022; o que está fazendo uma das maiores corretoras cripto desabar?
- Terra (a criptomoeda) vira pó em 24h e derrete mais de 90%, enquanto bitcoin (BTC) encosta nos US$ 29 mil; entenda o que aconteceu com a LUNA e o mercado hoje
- Com inflação mais uma vez acima do esperado em abril, economistas já falam em Selic acima dos 13,25%
Rodolfo Amstalden: Buy the dip, e leve um hedge de brinde
Para o investidor brasileiro, o “buy the dip” não só sustenta uma razão própria como pode funcionar também como instrumento de diversificação, especialmente quando associado às tecnologias de ponta
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?
Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação
Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante
Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial
Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump
Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes
Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso
O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.
Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º
Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação
Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump
Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump
Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável
Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa
Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio
Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias
Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808
A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.
Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek
Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor
Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?
Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares
Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente
Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar
Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal
Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem
Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”
Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores
Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou
Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2
Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa